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Biodynamic Wine by Monty Waldin

Texto João Pedro de Carvalho

É a mais recente pérola a ser adicionada ao já vasto leque de livros dedicados ao mundo do vinho com a chancela da editora Infinite Ideias. Cada título da The Infinite Ideias Classic Wine Library cobre uma região, país ou tipo de vinho e se tivermos em linha de conta os outros livros que já aqui foram abordados então podemos dizer que a qualidade está uma vez mais colocada num patamar muito alto.

O livro cujo título é Biodynamic Wine, versa sobre um tema que será controverso e originário de grandes discussões tendo por um lado os seus admiradores e seguidores/praticantes, sendo que também podemos contar com uma grande quantidade de cépticos e não crentes. O autor é Monty Waldin, uma autoridade no que toca a vinho orgânico e biodinâmico, também crítico, consultor e viticultor. O livro é uma janela aberta para o vinho biodinâmico, uma verdadeira fonte de conhecimento onde o autor com uma escrita fluida e cativante nos explica passo a passo processos e filosofias desta maneira de estar no mundo dos vinhos.

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Biodynamic Wine by Monty Waldin

Ao longo de 222 páginas vamos sendo guiados pelo mundo do vinho Biodinâmico, não espere encontrar avaliação de vinhos ou de produtores porque simplesmente não vai encontrar. Feita a introdução necessária somos levados a conhecer as origens da Biodinâmica onde a figura de Rudolf Steiner ganha o esperado protagonismo. Nos capítulos que se seguem são abordados todos os preparados, onde ficamos a conhecer entre muitas outras coisas o porquê dos cornos de vaca serem cheios de estrume e enterrados a determinada altura do ano, isto e muito mais sempre guiados pelas mais variadas técnicas e tratamentos alterativos que vão sendo enumerados e explicados um a um. Qual a importância do vortex na altura de dinamizar os preparados? Ou qual a ligação dos organismos ao cosmos e como daí se trabalha seguindo o ritmo celestial? Por último um capítulo dedicado à certificação Demeter, o rigor é o mesmo de sempre tal como a vontade de continuar a ler e a entender este modo de estar que cada vez mais ganha adeptos entre os produtores de vinho por todo o mundo.

Um livro de referência e obrigatório para todos aqueles que de alguma maneira tenham ligação com o fantástico mundo do vinho, sejam profissionais do ramo ou wine lovers.

Quinta da Terrincha

Texto Bruno Mendes

Em Torre de Moncorvo, mais propriamente no Vale da Vilariça e junto à Estrada Nacional 102, a Quinta da Terrincha situa-se na Região Demarcada do Douro. Já pertenceu aos Condes de Pinhel e hoje em dia é propriedade da família Seixas Pinto que a adquiriu em finais do século XX, em estado de abandono.

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Vista aérea da Quinta da Terrincha – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

Trata-se de uma propriedade com uma extensão de mais de 300 hectares que sofreu uma vasta remodelação com a intenção de, não só rentabilizar o investimento realizado, mas também devolver toda a relevância e graciosidade que a Quinta da Terrincha um dia havia tido. Assim, a família procedeu à plantação de extensões consideráveis de vinha e olival e apostou no enoturismo, contando agora com um restaurante “Canto da Terrincha” e uma unidade hoteleira constituída por um hotel em fase de acabamento e 15 casas de turismo rural de tipologias T1, T2 e T3.

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Quinta da Terrincha – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

Aos 50 hectares de vinha inicialmente plantados com as castas (Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Sousão, Gouveio, Viosinho, Rabigato e Arinto, entre outras), juntou-se, em 2016, mais 13 hectares.

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Quinta da Terrincha branco – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Terrincha tinto – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

Destas uvas resultam os vinhos Quinta da Terrincha, nomeadamente o Quinta da Terrincha Tinto, o Quinta da Terrincha Branco, o Quinta da Terrincha Rosé e o Quinta da Terrincha Tinto Lote T13.

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Quinta da Terrincha Rosé – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Terrincha tinto Lote T13 – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

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As vinhas – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

Além do vinho, o azeite é outra aposta importante desta Quinta. São 80 hectares de olival com as castas Verdeal, Cordovil, Cobrançosa, Madural. O azeite Quinta da Terrincha é o resultado de um processo de produção biológica, que beneficia muito com as condições do clima e do solo onde se encontra plantado o olival.

O queijo é outro produto de destaque desta Quinta. A Quinta da Terrincha dispõe de uma produção própria de queijo Terrincho, uma denominação de origem protegida (DOP). Os queijos são produzidos na própria queijaria da quinta, e é elaborado com 100% de leite de ovelhas da raça Churra da Terra Quente Transmontana (também conhecida como ovelha Terrincha), que são vistas como excelentes produtoras de leite para a produção deste queijo único e muito apreciado em toda a extensão de Portugal. O Terrincho trata-se de um queijo curado com uma maturação mínima de 30 dias, podendo a mesma estender-se até um máximo de 90 dias dando assim origem à variante Terrincho Velho. Além disso, ainda se produz também queijo fresco e requeijão.

Outros produtos da Quinta da Terrincha são o vinagre, as uvas de mesa, as azeitonas, o mel, as abóboras, entre outros.

Além do Vale da Vilariça, a Quinta da Terrincha conta ainda com uma vasta área montanhosa e íngreme, num total de 80 hectares, em que podemos encontrar quedas de água, minas, charcos, entre outros, 20 hectares de choupos e um bosque de azinheiras e de zimbros que é um importante habitat prioritário da Rede Natura 2000. Tudo muito bem interligado com percursos pedestres que permitem aos visitantes experienciar na plenitude, e de uma maneira funcional, toda a beleza desta Quinta. Dali, no alto da serra, a vista é maravilhosa e pode ver-se toda a extensão da Quinta, do Vale e toda a sua envolvência.

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Quinta da Terrincha – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

Dispensando agora um olhar mais atento à extensão, num total de 70 hectares, dedicada ao enoturismo, a família Seixas iniciou em 2009 a recuperação de todos os edifícios existentes, contando agora com 15 casas de campo de tipologias T1, T2 e T3 que totalizam 30 quartos. Além disso, encontra-se em fase de acabamento um pequeno hotel de charme no Antigo Solar Oitocentista (Casa Mãe), que pretende proporcionar aos hóspedes uma estadia confortável, mas que ao mesmo tempo permita apreciar todo o ambiente de ruralidade e rusticidade que caracteriza a região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Tudo isto é complementado pelo restaurante Canto da Terrincha, com capacidade para 40 pessoas, e cujo lema é “cada cliente é um amigo!”. O objectivo é oferecer aos clientes um ambiente tranquilo e acolhedor para que possam desfrutar ao máximo dos pratos típicos regionais. A qualidade alimentar é garantida, uma vez que quase todos os produtos que se encontram disponíveis e são utilizados no restaurante são provenientes na própria quinta, que ostenta um certificado de agricultura biológica.

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Quinta da Terrincha – Foto Cedida por Quinta da Terrincha | Todos os Direitos Reservados

Algumas das especialidades que se podem experienciar neste restaurante são a Posta de vitela, Costeleta de vitela, Alheiras, Cabrito, Peixe do rio (bogas), Bacalhau no forno, Polvo, “afogado” em azeite, entre outras. Para finalizar, entre as muitas sobremesas, há uma muito especial, o delicioso queijo Terrincho com doce de abóbora.

Se ainda não conhece, a Quinta da Terrincha é sem dúvida uma Quinta a conhecer, quer seja acompanhado pela sua cara metade, família ou amigos, e deixe-se levar pelos seus vinhos, ambiente circundante e gastronomia!

Contactos
Quinta da Terrincha – Sociedade Agrícola, S.A.
Quinta da Terrincha, Estrada Nacional 102
5160-002 Adeganha – Torre de Moncorvo
Portugal
Tel: (+351) 279 979 525
E-mail: geral@quintadaterrincha.pt
Website: www.quintadaterrincha.pt

Quinta do Vale Meão

Texto José Silva

Visitar a Quinta do Vale Meão é sempre um enorme prazer, é mesmo uma aventura deliciosa. Uma das quintas que pertenceu a D. Antónia Adelaide Ferreira, uma das mais conhecidas, é há já muitos anos pertença dum seu trineto, Vito Olazabal, um homem do Douro, profundo conhecedor da região, um apaixonado por estas terras, estas vinhas e estes vinhos. Casado com Luísa Nicolau de Almeida, filha de Fernando Nicolau de Almeida, ligada ao Douro também visceralmente. Os filhos ali vivem e trabalham, o Xito nas vinhas e na enologia, a Luísa na difícil tarefa de divulgar e vender aqueles néctares de excelência. O Douro corre-lhes nas veias, são uma família com “patine”…Em recente visita, aquando dos Encontros do Douro Superior, fomos recebidos, como sempre, com simplicidade e simpatia, com a qualidade e o bom gosto que se lhes reconhece.

Numa nova área junto à piscina, pais e filha (o filho encontrava-se no estrangeiro) foram inexcedíveis, como habitualmente.

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A piscina – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O relvado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ali à nossa frente, a paisagem falava por si e é muito difícil de descrever: a seguir à piscina o relvado (onde os miúdos jogam umas futeboladas), depois os vinhedos que vão até ao rio e mais ao fundo a morfologia deste Douro superior, brilhante, cheia de luminosidade, única.

Depois das boas vindas, o Vito comentou os vinhos que íamos provar, acompanhados de vários petiscos que se espalhavam já pela mesa, à nossa disposição. O Meandro branco, bem fresco, já corria pelos copos e a conversa amena alternou com a soberba da paisagem que dali se desfruta. Este branco está óptimo, com nariz algo exótico, apelativo, cheio de frescura e elegância, secundado pelo ataque de boca que alia frescura à acidez, com fruta branca madura e notas cítricas a deixar adivinhar ligeira mineralidade. Apetece sempre mais um copo…

Já em franco convívio, fomos convidados a subir para o imenso terreiro que ladeia a casa, com enormes árvores que providenciam a sombra apaziguadora da inclemência do sol. Ali, junto ao gradeamento sobranceiro à piscina, foram montadas as mesas, muito bem aparelhadas, para o repasto.

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Tiras de casca de laranja crocantes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Caldo Verde – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pãozinho regional, umas curiosas tiras de casca de laranja crocantes e lá veio um tradicional caldo verde a rescender, delicioso. Foram então servidos o Meandro tinto 2013 e a grande novidade, o Monte Meão 2013, feito a partir de uvas da Vinha da Cantina, da casta…Baga! Isso mesmo, Baga no Douro Superior!!

E que bem que está o vinho, cheio de estrutura, intenso, com garra, muito equilibrado e com óptima acidez, uma bela surpresa.

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Monte Meão 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como prato principal saboreou-se o bacalhau assado na brasa, lascado, com batata e ovo cozidos e azeitonas, polvilhado de salsa, cozinhado no ponto. A acompanhar, uma salada de tomate, outra de verduras e uma salada de porretas, como por ali se chamam, feita com os talos verdes do alho francês, muito saborosos. Então já se bebia também o Quinta do Vale Meão 2013, uma bomba deliciosa, cheio de estrutura, volumoso, muito frutado, intenso, um vinho extraordinário, um dos grandes tintos do Douro Superior. A conversa continuava muito interessante com o humor e a boa disposição dos anfitriões, com tantas e tantas outras histórias para contar, se pudéssemos por ali ficar até o sol se pôr.

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Tábua de quiejos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bolo de chila e amêndoas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas era chegado o final do repasto, com uma simpática tábua de queijos e um delicioso bolo de chila e amêndoas. Muitos continuaram nos tintos, outros atacaram o vinho do Porto Vintage de Vale Meão, do ano de 2001! Oh! La! La!

Uma deliciosa interpretação do que é um grande Vintage, um perfume, uma essência, cheio de corpo, acidez vibrante a equilibrar o conjunto, não apetece mais nada, para uma última espreitadela àquela paisagem que nunca cansa… Na hora da despedida, uma última olhadela para trás, onde o enorme portão da quinta exibe com galhardia, no ferro forjado: Quinta do Vale do Meão – Antónia Adelaide Ferreira – 1894.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O portão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma família com patine…

Contactos
Quinta do Vale Meão
5150-501 Vila Nova de Foz Côa
Portugal
Tel: (+351) 279 762 156 (chamada para rede fixa nacional)
Fax: (+351) 279 762 207
Email: geral@quintadovalemeao.pt
Website: www.quintadovalemeao.pt

Lusovini – Produção e Distribuição

Texto Bruno Mendes

Fundada em 2009, a Lusovini, com sede na Vila de Nelas, no Dão, onde estão localizados os seus escritórios, armazéns e adegas, tem desenvolvido o seu negócio através de uma política de internacionalização. A empresa já expandiu os seus horizontes até Angola, Moçambique e Brasil com os nomes Lusovini Angola, Mozamvini e Brasvini, respectivamente.

Além de produção própria em várias regiões vitivinícolas de marcas como Cativo (Vinho Verde DOC), Palavrar (Douro DOC), Torre de Coimbra (Bairrada DOC), entre outras, a Lusovini aposta também numa rede de parcerias com produtores e enólogos como Anselmo Mendes (Vinho Verde), Domingos Alves de Sousa (Douro), Luís Duarte (Alentejo), Álvaro de Castro, João Paulo Gouveia (Dão), entre outros, permitindo-lhe assim abranger um maior leque de regiões e público alvo.

Para ficar a conhecer melhor esta empresa produtora/distribuidora veja o vídeo abaixo:

Quinta de la Rosa – no coração do Alto Douro

Texto Bruno Mendes

Perto do Pinhão, a cerca de 100kms do Porto, nas margens do rio Douro podemos encontrar a Quinta de la Rosa, propriedade da família Bergqvist desde 1906. Actualmente conta com 55 hectares de vinhas com as castas tintas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinta Cão e Souzão e as brancas Viosinho, Rabigato e Códega.

Em 2011 a Quinta de la Rosa sofreu uma remodelação completa, que estava a ser preparada há 7 anos, e que terminou em 2012. Esta remodelação inclui uma nova adega, instalações de armazenamento com temperatura controlada, melhoria nas instalações de descarga e escolha das uvas, entre outras.

Para uma visão mais detalhada sobre este produtor veja o vídeo abaixo e consulte o artigo previamente publicado here.

Vinho Português – Moda ou Justiça?

Texto João Barbosa

Não parece haver dia em que não surja uma notícia positiva para a gastronomia portuguesa, seja referente a comida ou a vinho – sobretudo à bebida. Perante tal, como me devo sentir como português? Não sei e a razão é porque desconheço se tal acontece por moda ou justiça.

Quem lê dirá:

– Como não sabe? Tem obrigação de saber. Se escreve sobre vinho, tem de saber, obrigatoriamente.

É verdade! Mas há sempre um erro de paralaxe, resultado dos afectos e da memória. A subjectividade que dita que a comida da mãe seja a melhor do mundo ou que a selecção portuguesa mereça, logo desde o primeiro jogo, ganhar o campeonato de futebol.

Não sou um fanático, mas tenho em Portugal as raízes. É claro que penso que o destaque que o país está a ter na gastronomia tem mais de justiça do que de moda. Há certamente erro de avaliação, embora espero que reduzido.

Estar na moda é bom! Ajuda ao ânimo, puxa auto-estima para cima, dá notoriedade. Contudo, é passageira. Se alguma coisa está sempre na moda é porque não se trata de moda, mas de qualidade em abundância.

A moda é conjuntural e a qualidade estrutural. Por isso, quem está bafejado pelo reconhecimento só tem de insistir na procura da qualidade e na diferenciação. Desse modo irá ganhar valor.

É por isso que não gosto da sentença de que algo tem uma boa relação entre o preço e a qualidade. Não vejo que tal seja elogioso, embora a generalidade das pessoas considere que significa boa oportunidade ou justiça.

Pagar um hectolitro com dez cêntimos é uma boa relação entre a qualidade e o preço? É! É porque, independentemente da qualidade, quem conseguir aproveitar vai ganhar dinheiro. Mas isso não significa que o vinho tenha qualidade… claro que não, mas o postulado não é esse, mas o de um suposto equilíbrio entre uma coisa e outra.

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Wine in tasteportugal-london.com

Quero que o vinho português ganhe a reputação do francês ou do italiano – só para citar dois casos. Produzir bem está ao alcance de quem se empenhe e barato de quem consegue trabalhadores aflitos.

Obviamente que caro não significa qualidade. Acresce que ninguém gosta de se sentir estúpido, pelo que pagar 50 euros por 0,75 litro de zurrapa será episódio único. A justiça está no ponto em que um produto é vendido a preço idêntico ao de outro com qualidade comparável.

Ter uma «boa relação entre a qualidade e o preço» pode ajudar no início e aliviar a pressão sobre a tesouraria. A médio prazo torna-se injusta. Se ainda não convenci o leitor, penso ter o argumento derradeiro:

Portugal factura mais com hortofrutícolas do que com vinho. Isto significa que o valor-acrescentado não é pago com justiça. Generalizando e partindo do princípio que o custo da terra é comparável e que os factores de produção estão equiparáveis, mais vale fazer couves do que vinho. Não há encargos com enologia nem com armazenamento mais longo e empate de capital é muito menor.

Voltando ao início, o vinho português tem sido reconhecido e de modo variado. De todas as notícias, valorizo aquelas que não versam o factor preço. Reporto-me às avaliações da crítica, com pontuação qualitativa apenas, ou a vitórias em concursos de prestígio.

Dir-se-á que os grandes vinhos, aqueles que custam quase o mesmo que um pequeno automóvel citadino, não vão a concurso, pelo que as vitórias são relativas. Claro, quem tem a perder não vai a jogo. Compete a quem chega mostrar merecimento. Os jovens cavaleiros desafiam os grandes senhores.

Diz-se que «quem canta, seus males espanta», mas a música tem sido madrasta para os portugueses. Em 48 edições do Eurofestival da Canção, em que Portugal falhou apenas quatro edições, nunca músicos portugueses conseguiram ir além do sexto lugar – Lúcia Moniz, em 1996, com «O meu coração não tem cor».

A culpa foi da ditadura, mas a jovem democracia não foi premiada. Porque Portugal compra poucos programas de televisão, mas outros pequenos países compram o mesmo e venceram. Porque a língua portuguesa é difícil, mas o Brasil é uma superpotência musical… quase qualquer coisa serve para justificar os desaires.

Enquanto a música portuguesa não ganha o Eurofestival da Canção e a literatura lusófona não alcança o mais do que justo segundo Prémio Nobel, o vinho vai dando alento, consolando mágoas.

Que venha o reconhecimento duradoiro. E estou quase certo que, quando os vitivinicultores portugueses conseguirem solidificar a reputação, a gastronomia de comer (já vão surgindo sinais) vai tornar-se «obrigatória», o que levará os críticos do livro vermelho – não o do Maoísmo, mas o dos pneus – a afixar estrelas em casas que as merecem há muitos anos.

Grupo Enoport United Wines

Texto Bruno Mendes

A história da Enoport começa em 1881, através da fundação da empresa Adegas Camillo Alves, a mais antiga do grupo de empresas que veio a dar origem ao Grupo Enoport United Wines. Surgiu da vontade de João Camillo Alves comercializar vinhos de qualidade de uma forma organizada.

É um grupo que produz vinhos nas várias regiões do país, e de diferentes gamas, uma vez que adquiriu várias outras empresas ao longo dos anos, como por exemplo, a Cavipor, a Caves Velhas ou a Caves Acácio.

Para ficar a conhecer mais detalhadamente a história do Grupo Enoport United Wines veja o vídeo abaixo.

Cortes de Cima – Vidigueira

Texto Bruno Mendes

Foi na Vidigueira, em 1988, junto à Serra do Mendro, mais propriamente nas Cortes de Cima que Hans e a sua mulher Carrie se instalaram com vista a formar família e plantar uma vinha. Foi em 1991 que as primeiras vinhas foram plantadas e a opção, contrariamente ao que seria expectável, recaiu sobre as castas tintas. Entre elas, e à “revelia” dos regulamentos DOC na altura, estava a Syrah, e obteve tal sucesso que levou à alteração destes regulamentos.

A propriedade é composta por 400 hectares, dos quais 140 são de vinha plantada, 112 com as castas tintas Aragonês, Syrah, Touriga Nacional, Petit Verdot, Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, e 28 hectares com as castas brancas Antão Vaz, Alvarinho, Verdelho, Viognier, Sauvignon Blanc, Gouveio e Chardonnay.

Para ficar a conhecer mais sobre a história da Cortes de Cima veja o vídeo abaixo e fique atento ao artigo que irá sair na próxima semana

Quinta dos Carvalhais – Vinhos do Dão

Texto Bruno Mendes

A Quinta dos Carvalhais é uma marca Sogrape especialista em vinhos do Dão. Foi adquirida em 1988 na óptica da expansão de um projecto na região, que se iniciara em 1957. Está situada no concelho de Mangualde e conta com 105 hectares, 50 dos quais com vinha plantada com castas regionais nobres como a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, a Alfrocheiro, entre outras.

O enólogo responsável é Manuel Vieira e no moderno centro de vinificação produzem-se os vinhos Quinta de Carvalhais Único, Reserva, Colheita, Encruzado e restantes varietais, Colheita Tardia e Espumante Reserva Rosé, exclusivamente utilizando uvas próprias, aliando a experiência às técnicas mais actuais. Aqui produzem-se ainda os vinhos Duque de Viseu branco e tinto, neste caso conjugando uvas próprias com uvas adquiridas a produtores locais.

Para ficar a conhecer de uma forma mais detalhada a Quinta dos Carvalhais veja o vídeo abaixo e leia o artigo de João Barbosa aqui:

Port and the Douro – Richard Mayson

Texto João Pedro de Carvalho

Correndo o risco de me repetir volto a dizer que num país como Portugal, que conta com património único e do melhor que se faz no Mundo no que a vinhos fortificados diz respeito, custa-me a entender que não haja sequer uma edição actualizada escrita por algum dos especialistas nacionais sobre Vinho do Porto, Vinho da Madeira ou Moscatel de Setúbal. Mas neste caso é sobre o Vinho do Porto e sobre o Douro que incide a crónica, onde uma vez mais temos de agradecer a quem vem de fora e com largas décadas de experiência acumulada a escrever sobre vinhos Portugueses. O autor é Richard Mayson, bem conhecido por obras como Portugal’s Wine and Winemakers, The Wines and Vineyards of Portugal, que agora lança nova edição do seu best-seller Port and the Douro.

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Port and the Douro – Richard Mayson

Richard Mayson para além de produtor de vinho (Sonho Lusitano) em Portalegre é um profundo conhecedor dos vinhos de Portugal e um especialista no que a fortificados diz respeito, já aqui foi alvo de crónica o seu recente livro dedicado ao Vinho da Madeira. Pois desta vez decidiu lançar uma nova edição do Port and the Douro, uma obra que resulta do trabalho de largos anos a visitar produtores e a provar com eles lado a lado. O resultado está à vista de todos, uma vez mais num belíssimo livro que nos leva a conhecer o fantástico mundo do Vinho do Porto. Uma viagem completa onde nada parece falhar ou faltar, desde a história da região a como tudo começou, ao processo de vinificação e pelos tipos de Vinho do Porto, passeando pelas várias Quintas, vinhas, ou até pelas várias castas nativas da região. É preciosa a ajuda das várias ilustrações e mapas que nos ajudam a situar e perceber o que de forma cativante nos é dado a conhecer. A parte dedicada às vinhas como todo o livro é um exemplo dessa mesma facilidade com que Richard Mayson transmite o seu conhecimento, tal como todos os apontamentos e curiosidades que vão sendo objecto de destaque tal como a parte dedicada aos Homens que Moldaram o Douro.

O livro termina com uma vasta secção dedicada ao Vintage Port que é colocado à disposição de forma gratuita como um Guia de Vintage Port e que já aqui foi alvo de crónica. Embora se encontre agora em nova versão mais actualizada o que mostra ser uma grande mais-valia e ajuda para melhor entender o que caracteriza cada ano com chamadas de atenção para cada colheita, desde 2015 até 1844 o mais antigo provado pelo autor. Podemos encontrar ainda umas breves notas de como guardar, envelhecer e servir o Vinho do Porto, terminando com umas breves notas acerca dos principais produtores. Um livro à imagem do Vinho do Porto, delicioso.