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Blackett – Portos datados ou o caminho da tentação

Texto João Pedro de Carvalho

Sofro a bem sofrer uma valente paixoneta por Vinho do Porto e mais especificamente por Tawny datados. A escada ou caminho da tentação e também da perdição que representam os 10, 20, 30 ou mais de 40 anos é para mim um paraíso sem fim. Admito que a minha carteira não me permite gozar dos celestiais prazeres e de toda a exclusividade com que um +40 anos nos presenteia. Mas também digo que fico bastante satisfeito com os prazeres mais terrenos e acessíveis que os 10 e 20 Anos apresentam. Ora neste campo cabe trazer à conversa os mais novos exemplares do recente produtor já aqui abordado, Blackett. Na verdade, torna-se complicado ter de descer a escada, pois uma vez aqui em cima tudo parece mais bonito e airoso, são outros os luxos de um Porto 30 Anos e quem é que gosta de abdicar deles?

A apresentação do produtor foi a modos que feita no anterior artigo quando me foquei no Blackett 30 Anos. Desta vez troquei as voltas ao jogo, se é que o era, e comecei a prova pelo Blackett 10 Anos num estilo onde se esperava ser a fruta a surgir em grande quantidade como noutras casas, mas aqui não, a fruta surge mas nota-se que a evolução e mesmo todo o blend que por ali foi construído tem um bouquet ligeiramente mais evoluído e isso é bom, muito bom. Temos portanto um 10 Anos que aparenta ser um bocadinho mais velho, bem guloso e fresco, com uma grande envolvente e definição dos aromas. A fruta sim está presente nos seus retoques mais macerados, fruta passa, uma boa untuosidade que combina com os frutos secos e o toque amanteigado. No palato mostra-se muito fresco, complexo, belo equilíbrio entre a fruta/untuosidade/frescura/doçura num longo final. É a chave de ouro para terminar em beleza uma refeição de amigos, família ou mesmo aquele final de serão com a calma já instalada.

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Port Blackett 10 years – Foto Cedida por Alchemy Wines | Todos os Direitos Reservados

Terminando em beleza com o 20 Anos, onde me atrevo a dizer o que mais gostei da trilogia dos Porto Blackett, mais ainda que do 30 Anos. Balanço perfeito entre a energia da juventude e a sabedoria que só a idade sabe trazer, com tudo isto o resultado só pode ser muito bom. Maior presença dos frutos secos com toque de caramelo, amplo e untuoso, bem fresco, tudo a mostrar capacidade de nos cativar mais e mais. Conquistador no palato pela harmonia que mostra, ligeiramente mais seco embora com uma presença mais duradoura. É um Porto 20 Anos de grande nível que entra para o lote dos meus favoritos. É daqueles vinhos criados para acompanhar aqueles momentos só nossos, no sofá a ouvir o nosso cd favorito ou a ler o livro que nos agarra e que só o conseguimos largar quando termina, até à série que acompanhamos religiosamente ao final da noite.

Contactos
Alchemy Wines
Avenida da Boavista, nº2121 – 4º Sala 405
4100-130 Porto
Portugal
Website: www.alchemywines.pt

Port and the Douro – Richard Mayson

Texto João Pedro de Carvalho

Correndo o risco de me repetir volto a dizer que num país como Portugal, que conta com património único e do melhor que se faz no Mundo no que a vinhos fortificados diz respeito, custa-me a entender que não haja sequer uma edição actualizada escrita por algum dos especialistas nacionais sobre Vinho do Porto, Vinho da Madeira ou Moscatel de Setúbal. Mas neste caso é sobre o Vinho do Porto e sobre o Douro que incide a crónica, onde uma vez mais temos de agradecer a quem vem de fora e com largas décadas de experiência acumulada a escrever sobre vinhos Portugueses. O autor é Richard Mayson, bem conhecido por obras como Portugal’s Wine and Winemakers, The Wines and Vineyards of Portugal, que agora lança nova edição do seu best-seller Port and the Douro.

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Port and the Douro – Richard Mayson

Richard Mayson para além de produtor de vinho (Sonho Lusitano) em Portalegre é um profundo conhecedor dos vinhos de Portugal e um especialista no que a fortificados diz respeito, já aqui foi alvo de crónica o seu recente livro dedicado ao Vinho da Madeira. Pois desta vez decidiu lançar uma nova edição do Port and the Douro, uma obra que resulta do trabalho de largos anos a visitar produtores e a provar com eles lado a lado. O resultado está à vista de todos, uma vez mais num belíssimo livro que nos leva a conhecer o fantástico mundo do Vinho do Porto. Uma viagem completa onde nada parece falhar ou faltar, desde a história da região a como tudo começou, ao processo de vinificação e pelos tipos de Vinho do Porto, passeando pelas várias Quintas, vinhas, ou até pelas várias castas nativas da região. É preciosa a ajuda das várias ilustrações e mapas que nos ajudam a situar e perceber o que de forma cativante nos é dado a conhecer. A parte dedicada às vinhas como todo o livro é um exemplo dessa mesma facilidade com que Richard Mayson transmite o seu conhecimento, tal como todos os apontamentos e curiosidades que vão sendo objecto de destaque tal como a parte dedicada aos Homens que Moldaram o Douro.

O livro termina com uma vasta secção dedicada ao Vintage Port que é colocado à disposição de forma gratuita como um Guia de Vintage Port e que já aqui foi alvo de crónica. Embora se encontre agora em nova versão mais actualizada o que mostra ser uma grande mais-valia e ajuda para melhor entender o que caracteriza cada ano com chamadas de atenção para cada colheita, desde 2015 até 1844 o mais antigo provado pelo autor. Podemos encontrar ainda umas breves notas de como guardar, envelhecer e servir o Vinho do Porto, terminando com umas breves notas acerca dos principais produtores. Um livro à imagem do Vinho do Porto, delicioso.

Porto das 5 by Real Companhia Velha

Texto João Pedro de Carvalho

O Porto das 5 é um movimento criado pela Real Companhia Velha, que comemora este ano 260 anos da sua fundação e que pretende promover o consumo de Vinho do Porto junto do consumidor. O nome invoca o tão famoso “Chá das 5” levado para Inglaterra por Catarina de Bragança, filha de Dom João IV, casada com Carlos II de Inglaterra. Do dote do seu casamento constava uma caixa de chá, o mesmo chá que Catarina de Bragança já bebia em Vila Viçosa, terra onde nasceu, e que se tornaria no mais britânico de todos os hábitos, o famoso 5 o’clock tea. A explicação desta vontade surgiu na voz de Pedro Silva Reis, filho do actual presidente da Real Companhia Velha e responsável pelo marketing da empresa, que afirma que “Os portugueses estão cada vez mais a despertar para hábitos já bem enraizados noutros países, em que se reúnem depois do trabalho, em bares, wine bars, quiosques e esplanadas, para tomar um copo de vinho, a solo ou harmonizados com snacks ou finger foods”.

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Porto das 5 by Real Companhia Velha – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

O que se pretende com esta iniciativa é que o consumo de Vinho do Porto se torne um hábito à refeição ou até fora dela. A implementação deste “movimento” passa pela criação de cartas de vinhos do Porto com as respectivas sugestões de harmonização, que podem ser pairings de vinho do Porto com queijos, chocolates e, numa vertente não gastronómica, com charutos, entre outros. A oferta será adaptada aos locais onde vai estar disponível, sendo vasta a gama de vinhos do Porto com a assinatura da Real Companhia Velha. Para o demonstrar foram apresentados numa muito interessante harmonização de vários estilos de Vinhos do Porto com as mais variadas combinações e momentos.

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Royal Oporto Tawny 10 Years – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

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Royal Oporto L.B.V. 2011 – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

Os dois primeiros vinhos a serem sugeridos mostram toda a sua polivalência e são uma excelente porta para o fantástico mundo do Vinho do Porto com preços mais acessíveis aos quais o consumidor sem fazer grande investimento pode chegar e desfrutar em pleno em sua casa. Neste mano a mano, o Royal Oporto Tawny 10 Anos mostra-se fresco e de perfil equilibrado e doce, sem grandes exaltações com muito aroma de fruta passa, resultou em cheio com a proposta apresentada. Já o Royal Oporto L.B.V. 2011 mostra a garra e energia do estilo Ruby, cheio e opulento, reveste totalmente o palato com sabores de frutos silvestres, muito morango, amora, framboesa, num fundo fresco e apimentado. Um vinho mais polivalente e que mostra energia suficiente para acompanhar um bom corte de novilho acabado de sair da grelha.

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Real Companhia Velha Vintage 1970 – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

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Real Companhia Velha Vintage 1967 – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

Os últimos vinhos a entrarem em cena foram três Vintages em idade adulta, arrebatadores e memoráveis. Das propostas que foram colocadas na mesa descartei a que remetia para os charutos. Todos os vinhos que aqui coloco foram acompanhados numa base de queijo, seja com Queijo da Serra da Estrela quer com Stilton. O primeiro foi o Real Companhia Velha Vintage 1970 com Pêra-rocha recheada com queijo da Serra, um Vintage a mostrar-se muito envolvente, conquistou no imediato com toques de caramelo, fruta fresca misturada com fruta passa, flores e ligeiro bálsamo. Belíssima presença na boca, muito boa frescura com presença a forrar o palato, cheio de sabor e muito boa persistência, com energia suficiente para ir ao embate com o Queijo da Serra em que a acidez corta a parte mais gorda do queijo enquanto a sensação de untuosidade combina lindamente com o tom mais gordo que nos resta. Para o segundo momento de Stilton com cracker de especiarias e Granny Smith desidratada foi servido o Real Companhia Velha Vintage 1967. Se o anterior Vintage já me tinha deixado rendido aos seus encantos, o que dizer deste que quanto a mim se mostra ainda melhor, um deleite para os sentidos. Enorme elegância e frescura, novamente o caramelo de leite, untuoso, conquistador no imediato. Riquíssima complexidade, tudo muito bonito e aprumado, sério, no palato é largo e persistente, muito saboroso e com enorme persistência. E mesmo com o poderio do Stilton o Vintage 1967 mostrou-se um verdadeiro colosso, ombreando lado a lado, numa combinação também clássica e que novamente mostra a vontade que estes vinhos têm em vir para a mesa dos consumidores fazer destes brilharetes. Termino com um vinho que estava destinado aos fumadores, optei por resgatar o Real Companhia Velha Vintage 1957 e tentar fazer a harmonização com as duas propostas que já tinham sido feitas, sendo que a forma incisiva e acutilante como se mostra, muito mais frescura e menos untuosidade que os dois anteriores fazem dele um vinho indicado para os charutos que do outro lado da sala já fumegavam. No entanto foi com o Silton que mais gostei, o que demonstra a versatilidade do Vinho do Porto nos seus mais distintos estilos e a capacidade de acompanhar desde a refeição a momentos mais festivos até a momentos de pura descontracção a solo. Encontramos às 5 para um Porto?

Contactos
Real Companhia Velha
Rua Azevedo Magalhães 314
4430-022 Vila Nova de Gaia
Tel: (+351) 223 775 100
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Wesbiste: www.realcompanhiavelha.pt

Fonseca Guimaraens Vintage 2013 e 200 anos de história

Texto João Barbosa

A paz chegou à Europa a 18 de Junho de 1815, após Napoleão ter sido derrotado, na Batalha de Waterloo, por Arthur Wellesley. O imperador foi mandado para a ilha de Santa Helena, a meio do Atlântico Sul… ali não gozou das facilidades do cativeiro da ilha de Elba, donde se evadira para retomar a guerra.

O imperador viveu apavorado com a hipótese de ser envenenado…  sempre ouvi dizer que a cozinha francesa é sublime e que a inglesa é defeituosa – não tomo partido. Tanto receio que nem tocou no Vinho da Madeira que o cônsul britânico lhe ofereceu, quando o navio do presidiário escalou o Funchal… mas acho que foi por chauvinismo que não o bebeu.

Como no fim de todas as guerras, a sociedade encontrava-se desarrumada, muitas incertezas e oportunidades. A 8 de Abril de 1815, João dos Santos Fonseca comprou 32 pipas de vinho. Para celebrar o bicentenário, foi lançado um Porto Crusted, vinho de lote de diferentes vintages.

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Bicentenary Edition Crusted Port – Foto Cedida por Fonseca Port Wine | Todos os Direitos Reservados

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The Fladgate Partnership – Foto Cedida por Fonseca Port Wine | Todos os Direitos Reservados

O risco foi grande, pois ainda se combatia além Pirinéus. O senhor Fonseca foi financiado pela família Monteiro. Mais tarde entraram os Guimaraens e os Yeatman. Este agregado geriu a casa chegou até hoje, sendo Alistair Robertson o chefe da casa, descendente Yeatman.

Há «coisas» que evocam esse tempo, como o Monumento à Guerra Peninsular, na Avenida da Boavista, no Porto, em que o leão inglês subjuga a águia imperial francesa – mas trata-se duma peça pensada em 1909 e só concretizada em 1951.

Os exércitos francês e espanhol invadiram Portugal em 1807. Os franceses regressaram em 1808 e 1810. O conflito na Península Ibérica terminou em 1814, após a Guerra da Independência Espanhola.

Em Lisboa, a invasão teve consequências de longo prazo. O Terramoto de 1755 destruíra o palácio real. Na colina da Ajuda ergueu-se uma casa temporária, a Real Barraca ou Paço de Madeira. A chegada dos franceses levou à fuga da família real para o Brasil, a 29 de Novembro de 1807. Quando retornou, em 1821, o mundo tinha mudado.

O rei Dom João VI, embora não tenha vivido o Terramoto de 1755, nasceu em 1767, vivia apavorado com abalos sísmicos, pelo que continuou a viver na barraca. Após um incêndio, o Palácio da Ajuda foi começado em 1795, mas nunca se completou (cerca de um quarto está construído), porque a independência do Brasil, em 1822, fechou a torneira donde brotava ouro como água; já não havia como pagar para acabar a casa.

Voltando aos Fonseca… o primeiro Vintage foi em 1840, década doutros néctares com o mesmo estatuto. A casa da família situava-se no Pinhão e é hoje o Vintage House Hotel. Em Outubro deste ano, a The Fladgate Partnership (Fonseca, Taylor’s, CroftWiese & Krohn) comprou o hotel. A casa regressa a casa.

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Vintage House Hotel – Foto Cedida por Fonseca Port Wine | Todos os Direitos Reservados

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Fonseca Guimaraens Vintage Port 2013 – Foto Cedida por Fonseca Port Wine | Todos os Direitos Reservados

Este ano foi lançado o Fonseca Guimaraens Vintage 2013. Esta designação surge em anos que não são considerados clássicos. Produzido à base de uvas da Quinta do Panascal, está guloso, complexo de frutas em geleias, mirtilos e amoras assaltam, e muito suave.

Pede uma musse de chocolate com dois dias, um deles guardado no congelador. Bebê-lo agora contenta-me o coração, mas pica-me na mente. Guarda-lo e esperar… o meu coração pode não aguentar.

Contactos
Quinta do Panascal
5120-496 Valença do Douro
Tel: (+351) 254 732 321
E-mail: marketing@fonseca.pt
Website: www.fonseca.pt

Adelaide Tributa…um Porto pré-filoxérico!

Texto Olga Cardoso

Se há vinhos que resistem ao tempo e se engrandecem com o passar dos anos e mesmo dos séculos, se há vinhos que sofrem metamorfoses absolutamente extraordinárias, se há vinhos que tocam a perfeição e conseguem deixar rendido o mais incauto dos enófilos…o Adelaide Tributa é seguramente um deles!

Este Porto apresenta uma cor âmbar intensa e um aroma magistralmente complexo. Frutos secos, como figos, amêndoas e avelãs, especiarias várias, com destaque para a noz moscada e o cravinho e muito, muito cacau, tudo é possível encontrar no seu nariz profusamente aromático e requintado.

Na boca mostra-se explosivo. Denso, untuoso, profundo, com uma acidez mordaz e acutilante e um final perfeitamente interminável.

O seu grau baumé de 13,7, indicia só por si, a sua já provecta idade. Segundo registos do produtor, estamos perante um vinho pré-filoxérico, que remonta a 1866 e provém de um lote original de cinco pipas.

Século e meio de evaporação e uma conservação em ambiente favorável, reduziram-no a apenas duas pipas e conferiram-lhe uma concentração veemente e colossal.

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D. Antónia Adelaide Ferreira – Foto Cedida por Quinta do Vallado | Todos os Direitos Reservados

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Adelaide Tributa – Foto Cedida por Quinta do Vallado | Todos os Direitos Reservados

 

Foi engarrafado numa série limitada de 1300 decanters originais de cristal, devidamente numerados e embalados numa caixa de madeira desenhada pelo Arquitecto Francisco Vieira de Campos. O seu preço, na ordem dos 3000 € a garrafa, fruto da sua qualidade e raridade, destina-o apenas a coleccionadores e apreciadores endinheirados.

Uma homenagem da Quinta do Vallado a D. Antónia Adelaide Ferreira, sua anterior proprietária e para sempre relembrada como a Ferreirinha, por alturas da comemoração do bicentenário sobre o seu nascimento.

Um vinho ímpar, aristocrático, tremendamente concentrado e complexo. Um Porto grandioso e sibilino, pleno de matizes e nuances, verdadeiro exemplar da excelência vínica que o Douro e o Porto poderão alcançar.

Contactos
Quinta do Vallado – Sociedade Agrícola, Lda.
Vilarinho dos Freires
5050-364 – Peso da Régua | Portugal
Tel: (+351) 254 323 147
Fax: (+351) 254 324 326
Email: geral@quintadovallado.com
Website: www.quintadovallado.com

Porto Blackett 30 Anos, marcado pelo poder do tempo

Texto João Pedro de Carvalho

Uma vez mais continuo na incansável procura pela novidade, encaro isto como uma boa desculpa para continuar a fazer algo que adoro, provar vinhos. E muito recentemente no meio de mesas atafulhadas de garrafas alguém me perguntou se conhecia a marca Blackett e os seus respectivos Portos. Esbocei um sorriso e disse que desconhecia, sorriso esse que aumentou quando à minha frente foi colocada uma garrafa de Porto Blackett 30 Anos. E é nestas alturas que nos sentimos qual criança com um brinquedo novo nas mãos, neste caso trata-se de um senhor tawny.

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Porto Blackett 30 anos – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Antes de me alongar a falar sobre o vinho, convém centrar um pouco na pessoa que foi  George Blackett, nasceu em Leeds e estabeleceu-se na cidade do Porto no século XIX como comerciante de Vinhos do Porto. O seu posicionamento dentro do sector permitiu-lhe uma progressão assinalável figurando no Top five dos maiores comerciantes desse século. A actividade seria alargada pelos seus filhos nos primórdios do século XX com a associação ao transporte marítimo dando lugar à companhia Blackett e Magalhães. Com a passada do tempo a empresa que se dedicava ao comércio de Vinho do Porto foi mudando de nome, passou por Blackett e Companhia, mais tarde Blackett Sucessores até ser integrada numa grande companhia após a segunda guerra mundial, mais propriamente em 1949. Um nome perdido na História que foi resgatado pela Alchemy Wines, Port Wines & Vineyards, Lda e mostra neste caso um vinho marcado pelo poder do tempo, capaz de sobreviver e crescer ao longo de sucessivas gerações, tal como o propósito desta nova empresa. Este Blackett 30 Anos é proveniente de vinhas cuja idade varia entre os 40 e 60 anos, localizadas no Douro Superior e resulta de lotação de vinhos de superior qualidade envelhecidos em cascos, cuja idade média é de 30 anos.

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Adega – Foto Cedida por Alchemy Wines | Todos os Direitos Reservados

Nunca em tempo algum irei colocar em causa o majestoso Porto Vintage, mas aquilo que mais me encanta e facilmente me conquista é um copo de Porto Tawny, quanto mais velho melhor. É no estilo Tawny que reside, a meu ver, a alma e essência daquilo que é o Vinho do Porto. O lote é uma arte dominada pela figura do master blender que na sua genialidade trata por tu todas as velhas pipas que repousam nas imensas caves. É essa figura que quase sempre passa despercebida aos olhos do consumidor e que sabendo escolher por entre centenas de barricas as que considera melhores, como quem monta um puzzle, consegue criar verdadeiras obras de arte. Neste caso um Tawny 30 Anos com uma belíssima complexidade, muito fresco com uma limpeza de aromas fantástica, tabaco, noz, alperce cristalizado, caramelo de leite, ligeira laca, sensação de untuosidade num conjunto amplo e profundo, com final de boca guloso. Tudo muito preciso na forma como conjuga a juventude e vigor dos vinhos mais novos com a complexidade e educação dos vinhos com mais idade que lhe complementam o lote. Vinhos destes são a recompensa ideal para nos acompanhar no final de um dia de trabalho.

Contactos
Alchemy Wines
Port Wine & Vineyards
Avenida da Boavista, nº2121 – 4º Sala 405
4100-130 Porto
Portugal
Website: www.alchemywines.pt

Quinta da Leda Vintage 1990, o primeiro Quinta da Leda

Texto João Pedro de Carvalho

Em 1979 a antiga Casa Ferreirinha ou A. A. Ferreira prosseguindo a tradição da família Ferreira adquiriu um terreno inculto denominado Quinta da Leda na freguesia de Almendra. Foram plantados cerca de 25 ha de vinha com o objectivo de testar as qualidades dos vinhos produzidos na sub-região do Douro Superior. O encepamento consistia em Tinta Roriz 34% Touriga Francesa 33% Tinta Barroca 23% Touriga Nacional 8% e Tinto Cão 2%. Ao décimo ano surgiu o primeiro vinho ali produzido e também o primeiro Vintage obtido no Douro Superior pela Casa Ferreirinha, Quinta da Leda Vintage 1990, tendo direito a uma segunda edição apenas em 1999. Hoje em dia a Quinta da Leda conta com 75 hectares e nela se colhem as melhores uvas da empresa, destinadas a vinhos como Barca Velha e o próprio Quinta da Leda cujo primeiro tinto surge como varietal de Touriga Nacional em 1995.

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Quinta da Leda vista panorâmica – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Leda Port Vintage 1990 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Confesso uma e outra vez que não sou grande apreciador de Porto Vintage, nem eu mesmo chego a entender por vezes esta minha rejeição ou incapacidade de ficar em êxtase com o estilo Ruby. Tenho assumidamente uma clara preferência pelos Tawny, sempre fui apreciador de vinhos onde a oxidação é palavra de ordem e os vinhos têm de mostrar argumentos para saberem resistir com galhardia à passagem do tempo. É por isso bem possível que não me consiga recordar de muitos Vintages que me tenham marcado de forma categórica. Mas recentemente tive oportunidade de beber este Quinta da Leda, um Vintage com 25 anos de vida e que a meu ver está naquele ponto óptimo de consumo, nem mais para um lado nem para o outro. No instante do primeiro contacto, do primeiro sorvo, dei por mim a pensar em como teria sido este vinho na sua fase mais jovem, não terá sido certamente um portento de força e taninos rugosos a implorarem por cave e pelo contrário deverá ter sido sempre um vinho que em novo teria alguma ponta de austeridade necessária para desenvolver embora desde cedo mostrasse elegância e equilíbrio entre a opulência da fruta bem madura e sumarenta com a frescura. Uma fórmula que podemos aplicar aos vinhos Quinta da Leda desde que foram saindo para o mercado.

E enquanto beberico o que resta da garrafa em acto de pura gulodice acompanhei com uma mousse de chocolate com azeite e pimenta vermelha. Ligação fantástica que catapultou o vinho para outro patamar a nível sensorial, tendo acidez suficiente para limpar o palato a fruta vermelha bem fresca alia-se em plena harmonia com o chocolate 70% cacau. Muita qualidade a mostra-se bem complexo e rico em detalhe, com frutos do bosque a surgirem já macerados, tabaco, especiarias, chocolate negro, ligeiro terroso no fundo. Na boca replica tudo o aqui descrito, enorme frescura logo de inicio que acompanha toda a passagem pelo palato com um apontamento apimentado e seco no final. Certamente ainda vai durar mais alguns anos em garrafa mas para mim foi um Vintage que me deu muito prazer a beber.

Contactos
Sogrape Vinhos, S.A.
Rua 5 de Outubro, 4527
4430-852 Avintes
Portugal
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Fax: (+351) 227-835 769
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Website: www.sograpevinhos.com

Barão de Vilar LBV 2010

Texto João Pedro de Carvalho

Estamos já em pleno Outono, altura em que os dias ficam mais curtos e o tempo parece que demora a passar. Um contra senso talvez, uma vez que em pleno Verão os dias são maiores embora com mais tempo para nos distrairmos nem se dá pelo passar das horas. Por esta altura do ano entram em cena as nozes, as abóboras, as romãs ou as maçãs, é altura dos marmelos mas acima de tudo das castanhas. E falar de castanhas é um lembrar no imediato o cheiro das castanhas assadas a percorrer as ruas das nossas terras em dias de frio e neblina.

Foram tantas as vezes que fui comprar meia dúzia enrolada num cartuxo em papel de jornal, quase sempre das antigas páginas amarelas que nos deixava as mãos cheias de tinta, e corria para casa para as comer uma a uma bem ao lado da lareira. Hoje em dia ainda as compro na rua, mesmo a casa já seja em plena cidade onde desapareceu a lareira e por imposição das entidades competentes que acharam que o antigo papel de jornal nos ia deixar todos muito doentes, agora o papel passou a ser outro. Mas o que interessa é que o sabor e as memórias que recordo valem pelo instante, quase sempre acompanhado de um copo de Vinho do Porto. Quase sempre um LBV que costumo ter aberto em casa, calhou desta vez ser um Barão de Vilar LBV de 2010, com enologia de Álvaro van Zeller. É um quase antecipar a tradição de São Martinho, comemora-se a 11 de Novembro e diz que “come-se as castanhas e prova-se o vinho”, ou então que “no dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho”.

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Castanhas assadas

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Barão de Vilar LBV 2010 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Neste caso é um estilo de vinho que aprecio bastante nesta altura em que o frio se começa a instalar, a chuva começa a marcar presença e tal como este LBV é um vinho que já está muito pronto a beber, com frescura dos frutos vermelhos, com a ligeira austeridade que o Outono nos mostra e que na mistura de aromas e sabores tão característicos desta estação do ano nos consegue dar aquele momento de prazer que procuramos enquanto nos recostamos no sofá. Muito certinho, sem falhas nem grandes motivos de exaltação e é por isso que gosto dele, eficácia tremenda para aquilo a que se destina e isso nos dias que correm começa a ser raro encontrar vinhos que pela relação satisfação/qualidade/preço nos deixem tão satisfeitos e bem aconchegados.

Contactos
Núcleo de Acolhimento de Empresas de Sta. Comba da Vilariça, Lotes 10/11
5360-170 Santa Comba da Vilariça
Tel: (+351) 22 3773330
Fax: (+351) 22 3753735
Website: www.baraodevilar.com

Ferreira 10 anos Porto Branco

Texto Ilkka Sirén | Tradução Bruno Ferreira

Vivo numa cidade. Cresci no campo mas não me vejo a viver noutro sítio que não no meio do betão da minha cidade. Helsínquia tem o tamanho perfeito; não é nem muito grande, nem muito pequena. É a capital do país e apenas vive aqui meio milhão de pessoas. Bastante sossegada mas com movimento suficiente para a manter interessante. Ainda assim, sinto por vezes falta, em especial depois de uma semana de muito trabalho, da pacatez clássica do campo.

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Campo de Trigo – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Nada à nossa volta a não ser campos de trigo, florestas e lagos. A apenas uma hora de carro do norte de Helsínquia podemos encontrar todo o espaço e sossego que quisermos. Aquilo que costumo fazer é, pegar numa mão cheia de vinhos, boa comida e ir até lá para cozinhar e relaxar. Não estão a mentir quando dizem que cozinhar é bastante terapêutico. Não interessa se somos bons cozinheiros ou não, o facto de fazermos algo produtivo com as nossas próprias mãos é, em si, uma recompensa fantástica que nos faz ver as coisas de maneira diferente.

Há sempre espaço para os amigos e a família. Se quisesse passar tempo sozinho mudava-me para a Sibéria e tornava-me um monge. Encontro conforto em ter a família e os amigos ao pé de mim, a fazerem aquilo que fazem. Quando a mesa está posta, a comida começa a chegar e os vinhos alinham-se. Mesmo sendo a Finlândia um país difícil de alcançar geograficamente, temos aqui bastantes vinhos. Mas há um tipo de vinho que esteve ausente durante demasiado tempo, vinho do Porto branco. Na Finlândia é frustrante ser um apreciador de vinhos fortificados quando a escolha é muito limitada. Mas agora chegou cá um “novo” vinho.

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A mesa está posta – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Ferreira 10-year-old White Port-Porto branco Tasting

Ferreira 10 anos Porto branco – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

É bem capaz de ser a melhor novidade do ano na Finlândia. O Ferreira 10 anos Porto branco é o recém-chegado de que toda a gente está a falar. Não consigo entender porque é que o vinho do Porto branco tem uma ligeira má reputação. Em todo o caso, para os que acham digo “ACORDEM!”. Vinhos do Porto brancos envelhecidos são, na minha opinião, alguns dos vinhos mais deliciosos e gastronomicamente harmoniosos. Este Porto sedutor é um excelente exemplo de um vinho do Porto branco de qualidade. A fruta madura, juntamente com os equilibrados aromas de envelhecimento em barril, cria uma excelente combinação de sabores. É abelha-rainha numa tábua de queijos, bom com queijo azul ou Gouda por exemplo, ou então como digestivo depois de jantar. É só deixar a cor dourada cintilar à luz da vela. É um cliché mas funciona, acreditem. Estou muito feliz por agora poder encontrar, aqui na Finlândia, um Porto branco que faça jus ao nome. Devagar, mas certamente, as pessoas estão a começar a descobrir o fantástico mundo dos vinhos do Porto brancos.

Um Royal Flush da Vasques de Carvalho

Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Mendes

Nunca antes o Poker partilhou um pensamento com vinho do Porto. Pelo menos na minha cabeça. Mas, Royal Flush, foi o que me veio à cabeça quando a Vasques de Carvalho me revelou a sua mão inicial – os seus Tawny Ports de 10, 20, 30 e 40 anos, brilhantemente acondicionados.

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Estilo com substância da Vasques de Carvalho – Foto Cedida por Vasques de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

É uma estreia arrojada, topo de gama, num sector onde são bastante patentes as dificuldades de entrada. Pensem nisto, fundar uma nova Casa de vinho do Porto requer um stock mínimo de 150.000 litros, isto se, como a maior parte das Casas, a produção não for exclusivamente proveniente de vinhas próprias. Além disso, a entitulada Lei do Terço determina que, os produtores de vinho do Porto têm de manter em stock 3 vezes mais do que a quantidade que colocam à venda. Assim, e com esta tensão sobre o capital, pode dizer-se que as Casas de vinho do Porto não nascem da noite para o dia.

Então como é que a Vasques de Carvalho conseguiu? A resposta está na parceria por trás da marca. Em 2012 António Vasques de Carvalho herdou as adegas, os 6 hectares de vinhas muito velhas (mais de 80 anos) em Baixo Corgo e aproximadamente 45.000 litros de Portos velhos da sua família(incluindo um lote raro de Porto Tawny de 1880 que o seu avô, José Vasques de Carvalho, guardou em separado). Luís Vale da Kurtpace SA (uma empresa de construção), um amigo de longa data de António, injectou o capital, permitindo assim à Vasques de Carvalho aumentar o seu stock para o requisito mínimo de 150.000 litros. Além disso, a dupla começou a reconstruir a adega e a cave de barricas na Régua (sobre a qual António dorme, uma vez que a cave está situada por baixo de sua casa). A empresa também adquiriu outra adega em Pinhão que já conta com 75.000 litros a envelhecer em pequenos balseiros e tonéis, e também com 4 tonéis com capacidade para 40.000 litros.

O enólogo Jaime Costa está encarregue do portfólio. Tendo trabalhado durante 16 anos na Burmester, o já galardoado Enólogo de Vinhos Fortificados do Ano em 2005 pela Revista de Vinhos, está bastante entusiasmado por ter mais uma vez à sua disposição tão finos e raros vinhos do Porto envelhecidos. Depois das muitas notícias referentes aos Portos Tawny muito velhos, e caros, significa que os Portos Tawny estão finalmente a ter os seus dias de glória.

Para além dos Portos Tawny – a jóia da coroa da Vasques de Carvalho – o portfólio incluí também um vinho do Porto branco velho, um Vintage Port 2013 e vinhos do Douro (Oxum, X Bardos, Velhos Bardos Reserva). No próximo ano a empresa irá lançar a Late Bottled Vintage Port 2012, 880 garrafas de vinho do Porto Tawny muito velho 1880 e a primeira Aguardente Vínica DOC Douro. Apesar dos tintos do Douro, Oxum e X Bardos (ambos de 2012), não me terem impressionado, os Portos Tawny (os únicos Portos da Vasques de Carvalho que provei) impressionaram, especialmente o de 40 anos. A sua fantástica concentração e complexidade é indubitavelmente atribuída ao toque conferido pela presença da Vintage 1880, da qual a empresa mantém um considerável stock  – 1 tonél de 6.000 litros e duas barricas de 400 litros (estes últimos serão provavelmente para lançamento do Very Old Tawny do próximo ano. Jaime Costa disse-me que os 4 Tawnies são 90% provenientes de stocks velhos da Vasques de Carvalho e 10% de outros vinhos que a empresa comprou entre 2012 e 2014.

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Os Tawnies da Vasques de Carvalho em prova – da esquerda para a direita 10, 20, 30 & 40 anos – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Envelhecido no Douro (contrapondo com os climas mais frios e húmidos de Vila Nova de Gaia), o espectro de sabores dos Tawnies da Vasques de Carvalho é rico e escuro. Mas fiquei intrigada pelo seu requinte – um equilíbrio elegante, persistência (boa acidez) e integração suave e sedosa da aguardente vínica. Perguntei a Jaime Costa se isto seria, talvez, derivado da localizção da principal fonte de fruta (Baixo Corgo é relativamente frio e húmido). Concordou e respondeu “Acho que teve grande influência, porque as temperaturas para o envelhecimento não são tão altas como no alto Douro, e os vinhos ganham muito maior acidez, que será importante durante o envelhecimento e para equilibrar o nível de açúcar nos vinhos. Dessa maneira, obtém-se Tawnies consistentes que não causem enjoo enquanto bebemos vinhos do Porto velhos porque, como sabe, muitas vezes, os Tawnies velhos, por causa do açúcar, podem causar esse efeito.

Aqui estão as minhas notas de prova da gama de Tawnies da Vasques de Carvalho:

Vasques de Carvalho 10 Years Old Tawny Port – tom acastanhado e com ameixa seca e rica, figos, tâmaras secas caramelizadas e notas de frangipane no nariz, que persistem num palato sedoso e brilhantemente equilibrado com uma intensa ressonância nogada. Uma adorável frescura no final – não se sente que seja pesado apesar da riqueza do perfil de sabor. Um 10 anos com classe, concentrado, composto por vinhos entre os 7 e os 14 anos. 136g/l de açúcar residual. 20%

Vasques de Carvalho 20 Years Old Tawny Port – um tom de Tawny carregado mas muito brilhante, bastante vermelho no núcleo, com uma penumbra mais para o amarelo. Com laranja caramelizada no nariz e palato cítrico, é também frutado e elegante com amêndoas tostadas, geléia de pêssego e camadas de baunilha bourbon. Mais uma vez muito sedoso, com casca de cassia e um palato amadeirado intenso. É composto por vinhos entre os 12 e os 25 anos. 138g/l de açúcar residual. 20%

Vasques de Carvalho 30 Years Old Tawny Port – âmbar profundo, muito brilhante, com um nariz mais nogado do que o de 20 anos, não perdendo nada nos frutos secos – pêssego, figo seco, tâmaras, marmelada, bolo de mel, marzipan e notas de cravinho e casca de cassia. Na boca revela-se denso, camadas de um panforte concentrado com figo seco, nozes, especiarias e peles cítricas, bem como laranja de chocolate de leite e marmelada com pedaços. Notas de madeira atractivas (aquele carvalho apurado, aqui menos sabor a amêndoa e mais a noz) que estão bem integradas, tal como a sua aguardente vínica, que proporcionam um final longo, suave, intenso mas bem equilibrado. Composto por vinhos entre os 18 e os 40 anos. 131g/l de açúcar residual. 20%

Vasques de Carvalho 40 Years Old Tawny Port – Composto por vinhos envelhecidos entre 25 a 135 anos, e como isso se nota! O “40 anos” é um âmbar profundo no núcleo com bordas de açafrão que se esbatem para o verde azeitona. Notas de pastelaria de grande classe são abundantes num nariz e palato super complexos, ricos em mel e madalenas amanteigadas ricas em gemas de ovos, financier de amêndoa e panforte mais denso. Iodo subtilmente atenuante e notas de vinagrinho conferem tensão e ritmo – uma energia adorável. Sem qualquer sinal de secar, o final é fantasticamente persistente, muito nogado e muito cítrico com marmelada, pele de laranja cristalizada, e até laranjas caramelizadas (um testamento à sua frescura). Um requintado final a conhaque persiste bastante tempo. Delicioso. 144g/l açúcar residual. 20%

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