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Quinta do Vale Meão

Texto José Silva

Visitar a Quinta do Vale Meão é sempre um enorme prazer, é mesmo uma aventura deliciosa. Uma das quintas que pertenceu a D. Antónia Adelaide Ferreira, uma das mais conhecidas, é há já muitos anos pertença dum seu trineto, Vito Olazabal, um homem do Douro, profundo conhecedor da região, um apaixonado por estas terras, estas vinhas e estes vinhos. Casado com Luísa Nicolau de Almeida, filha de Fernando Nicolau de Almeida, ligada ao Douro também visceralmente. Os filhos ali vivem e trabalham, o Xito nas vinhas e na enologia, a Luísa na difícil tarefa de divulgar e vender aqueles néctares de excelência. O Douro corre-lhes nas veias, são uma família com “patine”…Em recente visita, aquando dos Encontros do Douro Superior, fomos recebidos, como sempre, com simplicidade e simpatia, com a qualidade e o bom gosto que se lhes reconhece.

Numa nova área junto à piscina, pais e filha (o filho encontrava-se no estrangeiro) foram inexcedíveis, como habitualmente.

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A piscina – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O relvado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ali à nossa frente, a paisagem falava por si e é muito difícil de descrever: a seguir à piscina o relvado (onde os miúdos jogam umas futeboladas), depois os vinhedos que vão até ao rio e mais ao fundo a morfologia deste Douro superior, brilhante, cheia de luminosidade, única.

Depois das boas vindas, o Vito comentou os vinhos que íamos provar, acompanhados de vários petiscos que se espalhavam já pela mesa, à nossa disposição. O Meandro branco, bem fresco, já corria pelos copos e a conversa amena alternou com a soberba da paisagem que dali se desfruta. Este branco está óptimo, com nariz algo exótico, apelativo, cheio de frescura e elegância, secundado pelo ataque de boca que alia frescura à acidez, com fruta branca madura e notas cítricas a deixar adivinhar ligeira mineralidade. Apetece sempre mais um copo…

Já em franco convívio, fomos convidados a subir para o imenso terreiro que ladeia a casa, com enormes árvores que providenciam a sombra apaziguadora da inclemência do sol. Ali, junto ao gradeamento sobranceiro à piscina, foram montadas as mesas, muito bem aparelhadas, para o repasto.

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Tiras de casca de laranja crocantes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Caldo Verde – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pãozinho regional, umas curiosas tiras de casca de laranja crocantes e lá veio um tradicional caldo verde a rescender, delicioso. Foram então servidos o Meandro tinto 2013 e a grande novidade, o Monte Meão 2013, feito a partir de uvas da Vinha da Cantina, da casta…Baga! Isso mesmo, Baga no Douro Superior!!

E que bem que está o vinho, cheio de estrutura, intenso, com garra, muito equilibrado e com óptima acidez, uma bela surpresa.

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Monte Meão 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como prato principal saboreou-se o bacalhau assado na brasa, lascado, com batata e ovo cozidos e azeitonas, polvilhado de salsa, cozinhado no ponto. A acompanhar, uma salada de tomate, outra de verduras e uma salada de porretas, como por ali se chamam, feita com os talos verdes do alho francês, muito saborosos. Então já se bebia também o Quinta do Vale Meão 2013, uma bomba deliciosa, cheio de estrutura, volumoso, muito frutado, intenso, um vinho extraordinário, um dos grandes tintos do Douro Superior. A conversa continuava muito interessante com o humor e a boa disposição dos anfitriões, com tantas e tantas outras histórias para contar, se pudéssemos por ali ficar até o sol se pôr.

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Tábua de quiejos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bolo de chila e amêndoas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas era chegado o final do repasto, com uma simpática tábua de queijos e um delicioso bolo de chila e amêndoas. Muitos continuaram nos tintos, outros atacaram o vinho do Porto Vintage de Vale Meão, do ano de 2001! Oh! La! La!

Uma deliciosa interpretação do que é um grande Vintage, um perfume, uma essência, cheio de corpo, acidez vibrante a equilibrar o conjunto, não apetece mais nada, para uma última espreitadela àquela paisagem que nunca cansa… Na hora da despedida, uma última olhadela para trás, onde o enorme portão da quinta exibe com galhardia, no ferro forjado: Quinta do Vale do Meão – Antónia Adelaide Ferreira – 1894.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O portão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma família com patine…

Contactos
Quinta do Vale Meão
5150-501 Vila Nova de Foz Côa
Portugal
Tel: (+351) 279 762 156
Fax: (+351) 279 762 207
Email: geral@quintadovalemeao.pt
Website: www.quintadovalemeao.pt

Covela e Quinta da Boavista – Novos vinhos

Texto José Silva

A compra da Quinta da Boavista, em 2013, foi o segundo grande investimento de Marcelo Lima e Tony Smith no mundo dos vinhos em Portugal. Agora foi tempo de apresentar os seus primeiros vinhos do Douro.

Aconteceu no “Yeatman” e foi uma prova comentada pelos responsáveis da viticultura e da enologia da empresa: o Gonçalo Lopes, o Rui Cunha e o consultor francês Jean Claude Berrouet, com mais de 50 anos de experiência a produzir grandes vinhos no mundo, acompanhado pelo seu filho Jeff Berrouet. Esta junção entre portugueses e franceses revelou-se muito acertada, pois há como que uma complementaridade de opiniões e de experiências. A Quinta da Boavista tem uma história notável ligada ao vinho do Porto e foi local de refúgio do Barão de Forrester, que ali viveu algum tempo.

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Patamares Quinta da Boavista – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

Com patamares muito altos, as vinhas são muito velhas e de acesso muito difícil, sendo ainda trabalhadas com recurso a machos e mulas, como se faz há centenas de anos. Um “terroir” incrível, que dá a tipicidade que tanto apreciamos nos tintos durienses, associado ás castas mais tradicionais da região: touriga nacional, touriga franca, tinta roriz, sousão, tinto cão, tinta barroca e alicante bouschet, a colocar estes vinhos tintos num patamar muito elevado. Berrouet diz que o vinho é um produto mágico, delicado, que transmite a história duma região e que a sua missão é transmitir-nos prazer quando o bebemos. É o que pretendem com os vinhos que ali estão a ser produzidos, transmitir as sensações que nos levem a interpretar aquele região e em particular aquela quinta. Todos os anos vão engarrafar um vinho de uma casta só.

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Boavista Touriga Nacional 2013 – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

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Boavista Reserva 2013 – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

Nesta primeira colheita, foi o Boavista Touriga Nacional 2013, um vinho cheio de elegância, souplesse, com personalidade e uma grande expressão aromática. Ao mesmo tempo é sóbrio, com estrutura, muito fresco e com óptima acidez, vai ser interessante acompanhar a sua evolução. Foram engarrafadas 2.000 garrafas que vão custar em prateleira cerca de 22€.

O vinho de combate vai ser certamente o Boavista Reserva 2013, um Douro típico no copo, um lote cheio de elegância, intenso, bom volume, com tudo no sítio. Bela acidez, levemente seco, guloso, um vinho gastronómico ainda jovem mas que promete, e de que foram engarrafadas 5.000 garrafas que vão custar cerca de 40€. Depois foram feitos dois vinhos extraordinários, de duas vinhas muito velhas, quase filigranas, a Vinha do Oratório e a Vinha do Ujo.

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Quinta da Boavista Vinha do Oratório – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Boavista Vinha do Ujo 2013 – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

O Quinta da Boavista Vinha do Oratório 2013 é feito de uvas desta vinha que data dos anos 30 do século passado, plantada entre os 70 e os 160 metros de altitude com várias exposições solares. Apresenta muita complexidade, elegância, muita fruta madura, acidez concentrada e frescura, é intenso, ainda a evoluir, de que se engarrafaram menos de 1.000 garrafas, que vão custar cerca de 100€.

Finalmente outro vinho fantástico, o Quinta da Boavista Vinha do Ujo 2013, esta vinha plantada entre os 150 e os 200 metros, a proporcionar um vinho sedoso mas autoritário, sempre elegante e com alguma fruta no nariz. Belo volume de boca, óptima acidez, grande estrutura, sempre com muita elegância, fruta muito madura, longo e com imenso final. Um vinho de meditação, de que também só há cerca de 1.000 garrafas a menos de 100€ cada. Vinhos que nos transmitem o que é o terroir da Quinta da Boavista e que, como disse Jean Claude Berrouet, se resume a quatro palavras: os solos, o clima, as plantas e o homem.

 

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Amuse Bouche – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Espuma – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para apreciar os vinhos foi servido um jantar no “Yeatman” que teve um amuse bouche composto por quatro petiscos, depois um conjunto de crustáceos e sua espuma com caril e rebentos de cacau.

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John Dory – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Carne Marinhoa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o John Dory, um conjunto de sabores do mar, entre os quais percebes e polvo, com salicórnia. E finalmente a carne Marinhoa, grelhada, na companhia de creme de batata e especiarias.

Para sobremesa o creme de ruibarbo, com lima kafir, merengue de ruibarbo e gelado de queijo mascarpone. Um belo combate entre vinhos e pratos bem elaborados.

O dia seguinte…

No dia seguinte fomos convocados para o restaurante/marisqueira “Gaveto”, em Matosinhos. Apresentar as novas colheitas dos vinhos da Covela ao balcão duma marisqueira?! É verdade, foi mesmo assim.

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Rui Cunha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Gonçalo Lopes and Vítor Mendes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foi diferente e foi divertido. E dentro do balcão, quais empregados de luxo, estiveram o Gonçalo Lopes, o Vítor Mendes e o Rui Cunha, liderados pelo Tony Smith, nem mais. Porque os vinhos também devem ser servidos com humor. O primeiro foi o Covela Rosé 2015, feito só de Touriga Nacional, mantém o perfil aromático, a extraordinária acidez, a elegância e o requinte.

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Covela Rosé – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

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Covela Avesso – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

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Covela Arinto – Foto Cedida por Lima Smith, Lda | Todos os Direitos Reservados

É fresco e seco, um rosé gastronómico. O Avesso de 2015 é extraordinariamente fresco, aveludado no nariz, algo exótico. Na boca mantém-se a frescura a que se junta uma acidez vibrante, incrível, o que faz dele um vinho guloso. O Covela Arinto 2015 tem a frescura da casta bem evidente, é persistente, muito elegante, tem alguma mineralidade, intenso, saboroso, com bom volume, um vinho íntegro.

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Barnacles – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Zamburinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As zamburinhas, na chapa, estavam soberbas, cheias de ovas. Veio então o Covela Escolha de 2014, com Avesso e Chardonnay, com requinte e elegância no nariz, sedoso, exótico, complexo.

Grande frescura e muita acidez a dar-lhe equilíbrio, um vinho especial, que fez óptima companhia ao soberbo arroz de lavagante, que é uma tradição deste “Gaveto”. Queijo da serra e pão-de-ló de Ovar fecharam as hostilidades, na companhia dum tinto da Covela de 2007 muito especial, já uma raridade. Com o café, ou com mais queijo e pão-de-ló, vieram duas aguardentes bagaceiras da Covela muito saborosas. Uma, feita a partir só de castas brancas, é mais aromática, mais floral e tem 40% de álcool. A outra, preparada a partir de castas tintas, é mais poderosa, mais encorpada e tem 50% de teor alcoólico. Potentes!!

Ao balcão do “Gaveto”, a conversa continuava animada…

Restaurante Maria Pia, em Cascais

Texto José Silva

Mesmo sobre a marina de Cascais, encostado às muralhas da cidadela e com uma vista soberba para a baía, é um espaço amplo todo em vidro, parece que o mar entra por ali dentro.

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A entrada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A sala – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Decoração moderna, airosa, com alguns elementos antigos e meia dúzia de sofás à entrada, para aguardar por mesa ou mesmo petiscar qualquer coisa e beber um copo antes da refeição.

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A sala – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A sala – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesas bem-postas, com simplicidade mas muita qualidade e serviço a cargo de gente jovem, simpática, atenciosa, muito profissional. Uma das características desta casa de bem comer é que abre ao meio-dia e serve ininterruptamente até à meia-noite, sejam petiscos seja uma refeição completa. Isto é suportado por uma cozinha muito bem equipada onde trabalha uma equipa de profissionais liderada pelo chefe Pedro Mendes, já com grande experiência a liderar equipas desta área, que dão resposta muito positiva áquilo que lhes é pedido. O chefe aposta numa ementa em que os produtos do mar dominam naturalmente a oferta, entre marisco e peixe fresco, utilizando mesmo algas que dão ligações cheias de frescura, a saber a mar. E trabalha mesmo alguns produtos sazonais, na sua época, como é o caso das túberas, de que se fez recentemente um jantar bem agradável.

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Montado Alentejano – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Arroz de túberas e lombinhos de porco alentejano com farinheira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Que começou pelo “montado alentejano”- cabeça de xara, bolota e túbera – a que se seguiu um arroz cremoso de túberas e lombinhos de porco alentejano com farinheira do mesmo.

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Laranja – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Couvert – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Terminou-se com cinco texturas de laranja, muito bem conseguidas. Mas vamos provar alguns pratos da ementa deste restaurante Maria Pia.

Começa-se pelo couvert, que apresenta pão de azeitonas e pão caseiro, e por vezes umas tostinhas fininhas estaladiças, para molhar na esmagada de coentros ou barrar com manteiga normal, manteiga de beterraba ou manteiga com tinta de choco. Belo começo!!

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Sopa de tomate – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Gaspacho – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Não faltam as sopas e os caldos: sopa de tomate cremosa, com ovo batido e croutons aromatizados, canja de amêijoas do Algarve deliciosa e um refrescante gaspacho batido, ligeiramente picante, em que o tomate dá um creme espesso que envolve os outros vegetais crus. Que bem que soube!

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Bocas de caranguejo do Atlântico com emulsão de limão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ceviche de robalo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como entradas podem aparecer umas ostras trabalhadas, sempre a saber a mar, as bocas de caranguejo do Atlântico com emulsão de limão, deliciosas, ceviche de robalo bem temperado e tártaro de atum com sésamo e gengibre, e pataniscas de atum com molho de soja.

Ou uma travessa de amêijoas com limão e coentros, para comer à mão e molhar o pãozinho no molho, uma maravilha.

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Açorda negra de marisco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Gambas picantes sobre linguini negro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Sempre do mar vem a açorda negra de marisco com choco frito, uma bela ligação, as gambas extra quentes picantes sobre linguini negro e os fritos de robalo com risoto de algas, todos deliciosos.

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Risoto de bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Robalo à Bulhão Pato – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ainda o risoto de bacalhau cremoso, o xerém de berbigão do Algarve com lulas em tempura e um desconcertante arroz de coentros com robalo à Bulhão Pato, excelentes!

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Atum braseado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se em êxtase com atum braseado, creme de beterraba e legumes salteados, o atum no ponto, textura fantástica, os legumes variados muito bem trabalhados.

Já na esplanada, não se resistiu a um preguinho com carne excelente, em pão de azeitona e maionese de alho, tenro e saboroso, mesmo muito bom…O crumble de maçã com gelado quase que já não coube. A carta de vinhos está ainda a evoluir, e prometem-se muitas novidades, a mais importante das quais será uma esplanada num miradouro por cima do restaurante, com muito marisco fresco e espumantes, vinhos brancos e alguns rosés, bem frescos, sempre a correr, com aquela paisagem por companhia.

Vai ser bonito, vai!!

Bulls – Um rodízio de grande qualidade em Matosinhos

Texto José Silva

Num espaço que já albergou vários restaurantes ao longo das últimas duas décadas, em Matosinhos, um investidor resolveu criar um restaurante dedicado sobretudo ao tradicional rodízio de origem brasileira e muito popular entre nós. – Bulls.

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Entrada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Partindo de instalações onde a pedra de granito tem presença muito forte, decidiu-se manter a beleza dessa pedra e juntar-lhe soalho e tecto em ripas de madeira, de belo efeito. A enorme parede de fundo é branca, com o nome do restaurante.

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Grande parede branca – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Balcão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Num balcão de boas dimensões repousam alguns dos muitos vinhos duma carta bem preenchida, num trabalho que completa bem a qualidade geral do que ali se serve. Sala ampla, no entanto acolhedora, mesas muito bem postas, com tudo o que é necessário para usufruir uma boa refeição.

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Balcão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Onde o rodízio é rei, no entanto a partir de produtos de grande qualidade, a começar pelos tipos de carne que ali são utilizadas. Serviço profissional, da responsabilidade de alguém que há já muitos anos trabalha com este tipo de menus, que aqui é aprimorado.

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Caipirinha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ovos de codorniz – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Voltando às bebidas, não poderia faltar a caipirinha, muito bem preparada. Mas mais uma vez a diferença vem das várias aguardentes de cachaça utilizadas, todas de grande qualidade e muito bem expostas.

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Bolas de queijo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bola de carne – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já na mesa, e para fazer companhia à primeira caipirinha, vieram ovos de codorniz, cebola frita, bolinhas de queijo saborosas e fofinhas, bola de carne feita na casa muito boa, bolinhos de bacalhau, rissóis e croquetes, e uma belíssima salada de polvo, muito vem temperada.

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Entradas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Salada de Polvo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A escolha natural do que se ia comer recaiu no rodízio, que começou pelas tradicionais coxinhas de frango, linguiça toscana e filé com queijo. E logo vieram para a mesa as batatas fritas muito crocantes, a farofa muito bem feita, o arroz seco soltinho, para ligar com o feijão preto cremoso e a couve mineira bem condimentada.

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Arroz branco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Farofa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Estava lançado o mote!

Na cozinha continuavam a ser trabalhadas as várias carnes, afagadas pelo fogo vivo: cupim, costela, maminha, alcatra e picanha, neste caso na versão normal e na versão com alho, ambas deliciosas.

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Carne – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E lá se iniciou o cortejo destas carnes fantásticas, em longos espetos de ferro, fatiadas na mesa com facas bem afiadas, em fatias muito fininhas. Para quem gosta, um pouco de molho de malagueta a dar vivacidade ao sabor da carne. E é uma e outra vez, e mais outra e outra ainda, até dizermos que chega, estamos satisfeitos.

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Cupim – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Maminha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Talvez lugar apenas para uns pedaços de abacaxi grelhado que se polvilha com um pouco de canela. Um grande rodízio, num espaço de muito bom gosto. Mas onde a ementa apresenta várias outras soluções, entre peixe e carne, do camarão tigre aos bacalhaus e ao tradicional cabrito assado no forno. A fruta e alguma doçaria feita na casa completam uma excelente refeição, onde as carnes de qualidade brilham muito alto.

Depois, recomenda-se um passeio até à beira mar…

Contactos
Bulls | Restaurante de Rodizio
Rua Brito e Cunha, 515
4450-088, Matosinhos
Tel: (+351) 229 381 184
Email: geral@bulls.pt or reservas@bulls.pt
Website: www.bulls.pt

Castas e Pratos

Texto José Silva

É uma casa de bem comer já com muitos créditos, que tem vindo sempre a evoluir, ano após ano, mantendo uma linha quer de serviço quer de ofertas culinárias, muito consistente, com rigor, segura.

Nasceu duma recuperação inteligente duma parte dum velho armazém dos caminhos de ferro, na Régua, que estava em risco de ser demolido.

Utilizando o enorme pé direito e a beleza do travejamento de madeira, acrescentou-se muito vidro que deixa entrar a luz natural e ver o Douro, mesmo ali ao lado. Do outro lado é o movimento dos comboios que ali param mesmo em frente.

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A entrada in www.facebook.com/castasepratos

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Mezzanine in www.facebook.com/castasepratos

Um mezzanine é a sala de refeições e na parte de baixo uma sala ampla, comprida, com uma mesa a quase todo o comprimento e enormes candeeiros de belo efeito.

As paredes estão totalmente cobertas com armários onde repousam as centenas de referências de marcas de vinhos que constituem uma das melhores cartas de vinhos do Douro.

Ali o vinho é tratado como merece, com todo o cuidado, e podemos beber um copo de vinho e ler uma revista ou o jornal, mas também podemos apreciar uma refeição em alternativa.

Um local de encontro, de tertúlia, com o vinho por companhia.

Lá fora, uma velha carruagem de carga foi adaptada e é uma deliciosa esplanada para o bom tempo, com a estação ali à vista.

Em cima, as mesas estão sempre muito bem postas, impecáveis, o serviço é claramente acima da média, com profissionais capazes e conhecedores a guiar-nos por uma culinária consistente e muito bem interpretada.

O Douro bem merece um restaurante como este. Na última visita fizemos uma refeição tranquila, de grande qualidade, acompanhada por vários vinhos servidos a copo, cuja escolha foi da responsabilidade do chefe de sala.

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Muxagat Xistos Altos Branco 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para a mesa vieram pão regional, azeite e azeite com balsâmico.

Começou-se por um Vértice Branco 2010, que tinha sido decantado, excelente, evoluído, muito elegante, cremoso, grande vinho. Os anos de garrafa só lhe têm feito bem.

Veio então o ensopado de perdiz e boletos, cheio de cremosidade, bem ligado, a carne requintada da ave a ligar muito bem com os paladares intensos e secos dos boletos, excelente. E o vinho casou na perfeição.

Seguiu-se o bacalhau com crosta de amêndoa e brandade de camarão. No ponto, a barandade  muito bem ligada a dar-nos a suavidade do paladar do camarão, o bacalhau lascante e a curiosidade da crosta de amêndoas muito bem conseguida.

Bebeu-se o Muxagat Xistos Altos Branco 2012, muito mineral, elegante, intenso, seco, ligeiramente evoluído, com uma bela acidez, esteve mesmo muito bem.

Em contraste, ainda no bacalhau, provou-se um tinto Encosta do Bocho Reserva 2009 que foi óptima surpresa. Nariz cheio de fruta e notas de baunilha, ligeiro floral e muita complexidade. Belo volume, muito corpo, excelente acidez a contrastar com os taninos maduros bem casados com a madeira. Fruta preta intensa, um vinho poderoso mas equilibrado. Este ano de 2009 continua a dar-me belas surpresas.

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Encosta do Bocho – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para sobremesa foi proposto um vulcão de abóbora com gelado de queijo da Serra.

Uma explosão de sabores, a versão sofisticada da clássica ligação de queijo da Serra com doce de abóbora, aqui reinterpretada.

E que teve a companhia soberba do Porto Casa de Santa Eufémia Reserva Branco Velho com mais de 30 anos. Âmbar cristalino, nariz exuberante, frutos secos intensos, elegância, casca de tangerina, muito fresco. Belo volume, intenso, acidez vibrante, seco, nozes e avelãs, muita frescura, complexidade, guloso, um grande vinho do Porto.

Com o segundo cálice, brindou-se a este Castas e Pratos, ao vinho e ao Douro…

Contactos
Castas & Pratos
Peso da Régua | Portugal
Tel: (+351) 254 323 290
E-mail: info@castasepratos.com
Webmail: www.castasepratos.com

O Legado do Sr. Fernando Guedes

Texto José Silva

Fernando Guedes entrou para a Sogrape, fundada por seu pai Fernando Vanzeller Guedes, em 1952, foi subindo na empresa familiar e assumiu naturalmente a sua direcção, guindando a Sogrape ao topo das empresas produtoras de vinho em Portugal. Os seus três filhos, Salvador, Manuel e Fernando, entraram a seu tempo na empresa e foram recebendo as várias responsabilidades do pai. Então, há quinze anos atrás, com 70 anos de idade, Fernando Guedes, que é uma figura nacional, decidiu reformar-se e entregar a gestão da empresa aos três filhos, pois assim, como disse, “…ficaria em boas mãos, se calhar em melhores mãos!” E como filho de peixe sabe nadar, a Sogrape não parou mais de crescer.

Mas Fernando Guedes não abandonou a empresa, muito pelo contrário. Manteve-se activo, visitando a empresa todos os dias e continua a visitar as muitas vinhas da Sogrape, sobretudo no Douro, uma das suas grandes paixões. E foi numa das vinhas durienses que lhe surgiu a ideia de fazer um vinho único, diferente, que marcasse. Olhando para o portfolio da Sogrape, isso seria muito difícil. Fernando Guedes, um homem atento, astuto, perspicaz e muito sensível, foi insistindo com o Luís Sottomayor, director de enologia, para que fizesse um vinho a partir das uvas duma vinha centenária, que se desenvolve em patamares ainda mais velhos, cujas cepas retorcidas quase se confundem com a rudeza do xisto, na Quinta do Caêdo, ali em Ervedosa do Douro. Verdadeiramente apaixonado por esta vinha, Fernando Guedes, com o seu fino humor e boa disposição, foi insistindo com Luís Sottomayor, e finalmente, em 2007, conseguiu vencer a resistência do enólogo, que fez uma pequena quantidade de vinho a partir das (poucas) uvas da tal vinha centenária. O resultado foi surpreendente, premiando a teimosia de Fernando Guedes. Que propôs à família fazer um vinho de excepção, que seria o seu legado para as novas gerações. Seria como que uma mensagem, um conselho, uma indicação a dizer que é este o caminho, sempre em busca da excelência. E que melhor nome para este vinho do que simplesmente…Legado?! Assim, em 2008, era produzida a primeira edição deste néctar soberbo. Agora foi a vez de apresentar o mais recente Legado, da colheita de 2011 e que, mantendo uma enorme carga simbólica, teve lugar nas instalações do antigo Convento de Monchique, que foram as primeiras instalações da Sogrape no Porto.

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Num velho eléctrico do Porto – Foto Cedida por Sogrape Vinhos SA | Todos os Direitos Reservados

O trajecto para este espaço foi feito…num velho eléctrico do Porto, uma ideia deliciosa e desconcertante.

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Pedro Lemos and Fernando Van Zeller – Foto Cedida por Sogrape Vinhos SA | Todos os Direitos Reservados

Nas velhas instalações da Calçada de Monchique funciona hoje uma galeria de arte, local escolhido para a apresentação deste novo vinho, onde o chefe Pedro Lemos preparou uma fantástica refeição. Mas antes disso aconteceu uma prova vertical dos três Legado já editados – 2008, 2009 e 2010 – e o neófito de 2011, com a imagem de Fernando Van Zeller Guedes a pairar na sala.

Que permitiu verificar a evolução deste vinho fantástico, ao longo destas quatro colheitas em que a grande diferença está nos anos de colheita.

Na mesa de prova, lado a lado, avô e neta trocavam afectos, olhares carinhosos, numa relação cheia de cumplicidade. A prova começou com o Legado 2008, intenso mas elegante, com notas frescas de alguma mineralidade, de plantas silvestres, de fumo, ligeiramente balsâmico, com final imenso e delicioso…O Legado 2009 é um vinho diferente, intenso, levemente floral, com notas balsâmicas, alguma frescura e uma acidez deliciosa, taninos bem maduros e integrados, com um grande e longo final. O Legado 2010 tem nariz muito elegante, mineral, cheio de frescura, notas de esteva e alecrim, jovem e irrequieto, óptima acidez, taninos maduros muito elegantes, ainda a evoluir na garrafa mas que já se bebe muito bem.

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Legado 2011 – Foto Cedida por Sogrape Vinhos SA | Todos os Direitos Reservados

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Luis Sottomayor – Foto Cedida por Sogrape Vinhos SA | Todos os Direitos Reservados

Finalmente o Legado 2011, a grande novidade, de um ano excepcional, segundo o enólogo Luís Sottomayor o melhor de sempre. Ligeiramente vegetal, exótico, envolvente, notas de fumo, húmus, especiarias. Na boca tem frescura e uma acidez incrível, intenso, frutos vermelhos maduros, complexo mas cheio de finesse, um grande vinho que vai dar que falar.

Já na sala, ao sabor dum Mateus Rosé bem fresco, como é tradição da empresa, passaram arroz de marisco frito com camarão, batatas bravas, sapateira com guacamole e croquete de alheira.

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Santiago Ruiz Rías Bajas Branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Salmonete – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na mesa, com a nova aquisição em Espanha, o branco Santiago Ruiz Rías Bajas Branco 2014, provou-se e aprovou-se um delicioso salmonete, choco e molho de assado.

A estrela da noite, o Legado 2011, acompanhou com galhardia o pombo, topinambur e cogumelos silvestres. Simples, elegante, requintado.

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O Pombo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No final, a sobremesa composta por pão de especiarias, maçãs e caramelo, foi harmonizada com o Porto Sandeman Vintage 1968.

Foi neste ano que a Sogrape saiu das instalações de Monchique, onde já não cabia…Mais um simbolismo.

O chefe Pedro Lemos veio à sala explicar um pouco as excelentes harmonizações escolhidas e os copos levantaram-se várias vezes em honra da casa, da família, da excelência dos vinhos.

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O legado está entregue… – Foto Cedida por Sogrape Vinhos SA | Todos os Direitos Reservados

O legado está entregue…

Contactos
Sogrape Vinhos, S.A.
Rua 5 de Outubro, 4527
4430-852 Avintes
Portugal
Tel: +351 227-838 104
Fax: +351 227-835 769
Email: info@sograpevinhos.com
Website: sograpevinhos.com

Adega Matos, Uma Adega à Maneira Antiga

Texto José Silva

Lamego é uma cidade muito antiga, cheia de história, onde a gastronomia ocupa um lugar muito importante. São os enchidos, entre salpicões, chouriços e alheiras, é a excelência do presunto, são as típicas bolas, de massa estaladiça e baixinha, sejam de sardinha, de bacalhau, de presunto ou a mais popular, de carnes variadas. E estes produtos mantêm-se até hoje com o mesmo tipo de fabrico, uma grande tradição da cidade e da região. Mas também algumas casas de bem comer se têm mantido a servir óptima comida, baseada no receituário regional, utilizando muitos desses produtos.

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Adega Matos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O balcão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ali por trás da Sé de Lamego, em rua estreita e empedrado de granito, encontramos com facilidade uma dessas casas, a Adega Matos. É um espaço muito simples, com pequena montra e um balcão logo à entrada.

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A sala do rés-do-chão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Painel de azulejos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A sala do rés-do-chão é pequena mas aconchegada e acolhedora, alguns painéis de azulejos nas paredes, e, ao fundo, a minúscula cozinha, muito bem organizada, onde a proprietária comanda tachos e panelas, com grande utilização do forno, como é típico lá por cima. Em cima, no primeiro piso, uma sala maior alberga um maior número de clientes. Mesas postas com simplicidade e serviço bastante personalizado a cargo do proprietário, que nos vai guiando pelas ofertas da casa.

O casal - Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O casal – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Este casal já explora a casa há mais de 35 anos, embora já existisse há mais anos, sendo uma das mais antigas da cidade. O aroma que paira na sala prepara-nos para as coisas boas que hão-de vir para a mesa.

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Pão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bolinhos de bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Vem logo pão e broa muito bons, e algumas entradas saborosas: bolinhos de bacalhau, presunto bem fatiado, bola de carne deliciosa e estaladiça, moelinhas, enguias, peixinhos do rio fritos o sardinhas de escabeche.

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Presunto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bola de carne – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A sopa de legumes do dia não falta.

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Bacalhau à Brás – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Polvo à Lagareiro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois podemos optar por bacalhau à Brás húmido e apaladado, uma boa posta de bacalhau assada no forno ou um óptimo polvo à lagareiro.

Nas carnes a escolha é maior: há alheira assada na brasa, há febras de porco e bife de vitela também trabalhados na brasa.

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Cabritinho – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Batatas assadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como pratos mais completos podemos apreciar cabritinho ou vitela ambos assados no forno, que têm a companhia de óptima batatas assadas também no forno e um delicioso arroz de forno, que vem à mesa em tacho de ferro, irresistível.

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Arroz – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Arroz malandrinho de salpicão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Assim como é irresistível um suculento arroz malandrinho de salpicão, um prato bem típico desta região, que ali na Adega Matos é preparado com rigor, rodelas avantajadas de salpicão delicioso, o arroz malandrinho mas com goma, e feijão vermelho, uma maravilha. Há vinho de produtor particular e alguns vinhos da região que acompanham bem este tipo de comida.

Como aconteceu com o Colheita Tinto Três Raposas de 2010, estruturado, com volume de boca, potente, bem bom.

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Três Raposas Colheita 2010 Tinto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sobremesas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já na sobremesa provaram-se algumas guloseimas como o leite creme com canela ou então queimado, mousse de chocolate muito bem feita e umas deliciosas filhoses, estaladiças, polvilhadas com açúcar e canela. Dois dedos de conversa com os proprietários levam-nos a tempos idos, á história da casa, à tradição da culinária que ali se pratica, à qualidade dos produtos utilizados e à enorme necessidade de manter este imenso património que faz parte da nossa cultura popular. Um passeio pelo ar fresco da cidade é obrigatório…

Contactos
Rua Trás da Sé, 52
5100 Lamego
Tel: (+351) 254 612 967
Telemóvel: (+351) 968 894 170
E-mail: restaurante_lamego1@sapo.pt
Website: adegamatos.no.sapo.pt

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Quinta da Alameda, uma Vinha Velha em Santar

Texto José Silva

Foi no restaurante “Antiqvvm”, no Porto, que Carlos Lucas e Luís Abrantes apresentaram o primeiro vinho da Quinta da Alameda, sua propriedade em Santar. Amigos de longa data, estes dois empresários, embora de áreas diferentes, decidiram há uns tempos comprar a Quinta da Alameda, uma propriedade bem conhecida em Santar, em pleno coração do Dão, com grande tradição e algumas vinhas muito velhas. A par do plantio de vinhas novas, estas vinhas velhas foram acarinhadas e trabalhadas para dali tentar retirar uvas muito boas e fazer vinhos de excelência. Parece que o objectivo foi atingido neste primeiro ano, embora com uma produção muito pequena, decorrente da idade das vinhas. Para mais tarde vai ficar a recuperação de algum património arquitectónico da quinta e a construção duma adega onde as uvas sejam trabalhadas, vinificadas e os vinhos guardados para estágio e engarrafamento. Um dos objectivos é evoluir para a produção em modo biológico, pensando também na defesa cada vez mais premente do ambiente.

Nesta apresentação, o enólogo Carlos Lucas juntou-se aos chefes do restaurante, Vítor Matos e Ricardo Cardoso, e com eles construiu as harmonizações que se mostraram mais adequadas, sempre com algo de surpreendente, como as equipas do Vítor Matos sempre nos habituaram.

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Rosa Teixeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ribeiro Santo Blanc de Noir – Foto Cedida por Quinta da Alameda | Todos os Direitos Reservados

Num espaço de grande beleza e elegância, requintado, onde a Rosa Teixeira não deixou que falhasse nada, fomos recebidos com o espumante Ribeiro Santo Blanc de Noir, já com provas prestadas. Apresentou-se amarelo com alguma evolução, muito elegante, com bolha finíssima e cordão suave. Seco, aromas de palha, tosta, alguns frutos secos, na boca tem volume, acidez muito equilibrada, muito envolvente e fez óptima companhia aos snacks Antiqvvm..

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Ribeiro Santo Encruzado 2014 – Foto Cedida por Quinta da Alameda | Todos os Direitos Reservados

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Salmão Marinado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já sentados à mesa, passamos ao vinho branco, o Ribeiro Santo Encruzado 2014, uma casta fantástica, um vinho de cor citrina, cristalino. Muito elegante e sedoso, alguma fruta branca intensa, levemente seco, fresco. Complexo, intenso mas aveludado, frescura e acidez equilibradas, alguma fruta de polpa branca com final sedoso e longo.

Fez companhia a um salmão marinado, coco, morangos, pêra abacate, coentros, capuchinha e ovas de truta e, à parte, um surpreendente tártaro de vieira com malagueta e citrinos, pérola de encruzado e salicórnia.

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Um surpreendente tártaro de vieira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Muita frescura, sabores intensos mas equilibrados, a mestria do Vítor Matos à nossa mesa. Mas ainda antes da estrela da noite, houve lugar a uma surpresa, um vinho ainda em barrica, apresentado em garrafa com rótulo provisório, o Jaen 2013. De um ano difícil, um vinho que já é muito interessante e que surpreendeu até mesmo o seu autor, como Carlos Lucas fez questão de dizer. Granada suave, muito limpo, belos aromas de frutos vermelhos, notas de fumo, sedoso. Bom volume na boca, muito, mas mesmo muito elegante, aveludado, notas de chocolate preto, excelente acidez, final longo, um grande Jaen.

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Vítor Matos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Garoupa com rabo de boi e molho de trufa toscana – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para fazer companhia à garoupa com rabo de boi e molho de trufa toscana, ravioli de tinta de choco e carabineiro, emulsão de morilles, tagliatelles de lulas e funcho.

Então sim, veio a estrela da noite, o Quinta da Alameda Reserva Especial Tinto 2012. Numa garrafa muito bem apresentada, rótulo sóbrio e elegante, tem cor rubi intensa, muito limpo. Floral, notas de frutos vermelhos, esteva, pinheiro. Grande acidez, fresco, intenso, muita fruta, notas balsâmicas, eucalipto, sedoso, taninos bem maduros, irreverentes, final muito longo, um vinho extraordinário, para se beber já ou guardar por muitos anos. Afinal foi a segunda surpresa da noite!!

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Quinta da Alameda Reserva Especial Red 2012 – Foto Cedida por Quinta da Alameda | Todos os Direitos Reservados

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Lombo de veado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E acompanhou mesmo bem o lombo de veado ligeiramente fumado com trompetas da morte e vinagre de boletus, balsâmico velho, cremoso de cherovia e espinafres, pão de pistáchios e molho de especiarias.

Um prato cheio de complexidade a dar luta a um vinho fantástico.

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Regar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se com um Porto Tawny Reserva da Quinta das Tecedeiras a fazer companhia a uma sobremesa desconcertante, abóbora com requeijão e pudim apresentados num vaso, que o Vítor Matos haveria de regar, estando no prato a torta de cenoura negra, amêndoas torradas, sorvete de tangerina, creme e espuma de beterraba, legumes com xarope de sabugueiro. Sem palavras…

O Dão continua a dar que falar!

Outono na Quinta da Casa Amarela

Texto José Silva

O pai Gil, a mãe Laura e o filho Gil – eles são a Casa Amarela e a Casa Amarela são eles!

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O pai Gil, a mãe Laura e o filho Gil – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Têm construído este projecto, uma vida dedicada ao Douro, à Quinta da Casa Amarela e aos seus vinhos. Vinhos feitos com paixão, uma grande paixão, que partilham com clientes e amigos, com simplicidade, sem salamaleques, mantendo sempre um nível de qualidade de que não abdicam.

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Quinta da Casa Amarela – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Casa Amarela – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E fazem muito bem! Levam os seus vinhos por todo o país, mas também por alguns outros países. Um trabalho de persistência, de muitas horas ao volante ou dentro de aviões, muitas provas comentadas, mas muitos clientes satisfeitos. E as parcerias com colegas produtores de outras regiões: primeiro foi com o Paulo Laureano e os seus néctares alentejanos, depois o Paulo Rodrigues da Quinta do Regueiro e o Alvarinho de Melgaço, finalmente com Sir Cliff Richard e os seus vinhos algarvios. Tudo com a ajuda do enólogo Jean-Hugues Gros, o francês que também se apaixonou pelo Douro e por lá ficou, a fazer vinhos muito bons. Visitar esta quinta é sempre um prazer, somos recebidos como família, há já muitos anos.

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A nova sala de barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A beleza da casa coberta de vinha virgem – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A beleza da casa coberta de vinha virgem, agora a pintar-se daquelas tonalidades outonais, a nova sala de barricas, em que pedra e madeira fazem um casamento perfeito e a velha sala dos tonéis, onde a música clássica de fundo dá aquele toque de magia e recato.

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A velha sala dos tonéis – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Que os vinhos certamente agradecem.

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Aquela árvore enorme – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Cá fora, aquela árvore enorme já se confunde com as paredes da casa, imponente e autoritária.

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As vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Aguardam pelo merecido descanso de inverno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá mais acima, as vinhas repousam, aguardando pelo merecido descanso de inverno. Mas estávamos ali para provar os vinhos, sabendo que a Laura Regueiro não deixaria de nos presentear com uma refeição caseira, como só ela sabe apresentar.

Já no conforto da sala de estar, começamos pelo branco Casa Amarela Reserva 2014, cheio de frescura e acidez muito equilibradas, notas de fruta de polpa branca muito elegantes, persistente e a ligar muito bem com umas tostinhas com queijo gratinado e uma deliciosa compota de pimento.

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Casa Amarela Reserva 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Norte Sul 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o Norte Sul 2013, também com frescura, exótico, jovial, muito agradável, simples mas com estrutura, uma boa surpresa. Agora já estávamos numas fatiazinhas de bola de carne, muito típica na região, fofinha a saborosa.

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Bola de carne – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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II Terroir XIV – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Terminamos os aperitivos com o outro branco de parceria, o II Terroir XIV, em que a mineralidade do Alvarinho casa muito bem com a elegância e frescura do branco do Douro. Intenso, muito elegante, com óptimo volume de boca, um vinho gastronómico.

Já sentados à mesa, deliciamo-nos com uma sopa de acelgas com crocante de cebola, muito apaladada e bem quente.

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Sopa de acelgas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Casa Amarela Reserva Tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E já se abria o Casa Amarela Reserva Tinto 2013, que se apresentou pleno de aromas florais, com frutos vermelhos, intenso mas muito elegante, com notas de fumo, muito fresco, aveludado, com os taninos já bem casados e final saboroso.

Veio então para a mesa um soberbo joelho de porco assado no forno, muito bem temperado, a desfazer-se na boca, com batatas a murro e couves salteadas, mais uma rodelas de tomate bem maduro e cebola carnuda, bem temperados. Que bom!

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Joelho de porco assado no forno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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PL-LR IX – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para os copos, o tinto PL-LR IX, uma ligação fantástica com tintos de duas regiões, tão distantes e tão próximas. Aromas complexos, aveludado, ligeiras notas de fumo e alguma fruta preta madura. Na boca tem óptimo volume, é carnudo, intenso, poderoso, com acidez muito equilibrada e final longo.

Ainda a saborear o prato de carne, apreciamos o tinto Casa Amarela Grande Reserva 2011, uma bonita homenagem ao avô Elísio. Dum ano incrível, é um vinho distinto, muito elegante, requintado, cheio de complexidade aromática, com muito boa acidez e uma boca cheia, com longo final. Ainda vai durar muito anos na garrafa…se lá chegar!

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Casa Amarela Grande Reserva red 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Crumble de maçã – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente a sobremesa: primeiro o crumble de maçã que é obrigatório nesta casa, depois uma tira de queijo de meia cura na companhia de uvas brancas e tostinhas.

Primeiro abriu-se o Porto Tawny 10 Anos, com aromas de frutos secos intensos, notas de mel, de marmelo, excelente acidez e muita frescura.

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Quinta da Casa Amarela Porto Tawny 10 Anos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Casa Amarela Porto Vintage 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para o queijo foi a vez do primeiro Vintage comercializado pela casa, e logo o 2011!! Com fruta preta muito madura, notas de chocolate, levemente balsâmico, gordo, cheio, poderoso mas ao mesmo tempo elegante, um belo representante do que de melhor se faz nos vinhos do Porto modernos. Uma bela refeição, como sempre, entre gente boa, na companhia de vinhos com carácter.

E o Douro agradece…

Contactos
Quinta da Casa Amarela
Riobom
5100-421 Lamego
Tel: (+351) 254 666 200
Fax: (+351) 254 665 209
Mobile: (+351) 962 621 661
E-mail: quinta@quinta-casa-amarela.com
Website: www.quinta-casa-amarela.com

Toca da Raposa, um refúgio no Douro…

Texto José Silva

Ao longo dos últimos anos têm surgido no Douro alguns espaços que se dedicam a servir boa comida, com qualidade e produtos genuínos e que se têm consolidado, sendo hoje procurados quer por portugueses quer mesmo por estrangeiros, muito graças também á divulgação através das redes sociais, cada vez mais um instrumento valorativo e de rápido acesso.

Em Ervedosa do Douro, uma pequena povoação na estrada que sobe desde o leito do rio Douro até S. João da Pesqueira, abriu há alguns anos um desses espaços a que deram o nome de “Toca da Raposa”. Mesmo à face da estrada, mas com amplo parqueamento logo à frente, recebe-nos um espaço muito confortável e acolhedor, bem decorado, sóbrio, de muito bom gosto.

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Toca da Raposa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Algumas mesas logo à entrada, depois um amplo balcão e mais algumas mesas a seguir, soalho em madeira, algumas paredes em madeira e outras em xisto, muitas prateleiras repletas de garrafas de vinho, que ali também é muito bem trabalhado.

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Toca da Raposa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Toca da Raposa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A mãe a dirigir a cozinha com mestria, as suas mãos a fazerem por vezes verdadeira magia, a filha a dirigir a sala com sabedoria e bom gosto, apresentando os pratos e fazendo propostas de acompanhamento com vinhos de grande qualidade, em que o Douro, naturalmente, está representado em esmagadora maioria. O resultado é sempre magnífico, proporcionando ao visitante refeições intensas, com variedade, bem apresentadas, desde as entradas até aos pratos principais mais elaborados, com temperos equilibrados, cozinhados no ponto, dando sempre realce á qualidade dos produtos utilizados. Depois, quando passamos à escolha do vinho ou vinhos, teremos sempre o acompanhamento da filha, que mostra que os vinhos que podemos apreciar nas prateleiras e na vasta carta, não estão ali por acaso nem ao acaso. Nota-se que é pessoa conhecedora, esclarecida, conhece os vinhos, as suas proveniências, as suas características e as harmonizações que se podem conseguir com os pratos variados da ementa. A isto não será alheio o facto de por ali passarem muitos dos produtores da região do Douro e em especial daquela zona. S. João da Pesqueira é o concelho da região onde há o maior número de produtores de vinhos do Douro. Na última visita, depois de sentados confortavelmente á mesa, trincamos umas amêndoas torradas que fizeram companhia a um Porto Branco 10 Anos da Andresen, à temperatura certa. Muito bom.

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Míscaros Grelhados – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Filetes de Polvo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Logo de seguida, um delicioso pão regional fez companhia a algumas entradas muito bem confeccionadas: míscaros grelhados com azeite muito saborosos e filetes de polvo fritos com polme fofinho.

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Peixinhos do rio – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Alheira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

De seguida uns peixinhos do rio fritos de escabeche deliciosos, alheira tostada, muito saborosa, com aquele toque levemente azedo e pele crocante, com uns grelos salteados carnudos.

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Para fechar as entradas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E para fechar as entradas os sabores da azenha – pão regional torrado com azeite, presunto e queijo em azeite. Excelente! Até aqui tínhamos bebido o branco Gambozinos Reserva de 2013, que esteve sempre à altura, e então passamos para um tinto, o Beira Douro Colheita de 2012, ambos servidos a copo.

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Arroz de míscaros – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cachaço de porco Bízaro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O tinto fez boa companhia a um arroz de míscaros preparado no ponto, cremoso e apaladado, com febrinhas de cachaço de porco bízaro grelhadas.

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Cabrito grelhado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas ainda veio o cabrito grelhado com batata refugada e couve salteada, comida de aldeia muito bem confeccionada.

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já em esforço, mas com o Porto LBV da Noval 2008 no copo, atacamos a torta de amêndoa e o pudim de ovos, e um queijo da serra com marmelada e nozes que nos deixaram prostrados…mas muito satisfeitos.

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O Douro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois descemos para o Pinhão, ao encontro do rio Douro, sempre ele…