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Quinta da Murta = Arinto

Texto João Pedro de Carvalho

A região de Bucelas (demarcada desde 1911) fica situada às portas de Lisboa, concelho de Loures, e é caracterizada pela produção de brancos e espumantes com base na casta Arinto. Ganhou fama no estrangeiro aquando da Guerra Peninsular/Invasões Francesas, pelo facto do General Wellington terá levado uns pipos do branco de Bucelas para George III, passando o “Lisbon Hock” a ser exportado nessa altura em grande quantidade para Inglaterra. Terá sido também o vinho de Shakespeare imortalizado com o nome “Charneco”.

A região adormeceu durante largos anos e apenas se revitalizou com o surgimento de novos projetos no início dos anos 90, onde a figura do enólogo Nuno Cancela de Abreu teve um papel muito importante.

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Vinhas Quinta da Murta – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Um dos projectos do qual fez parte foi a Quinta da Murta, uma propriedade vinícola com 27 hectares, situada a 2,5 km de Bucelas, aproximadamente 20 km a norte de Lisboa e com a primeira colheita em 1994.

A propriedade possui 14,5 hectares de vinha, implantadas a 250 metros de altitude nas encostas do Vale da Ribeira do Boição, beneficiando de solos compostos por margas calcárias e calcários cristalinos, com numerosas presenças de fósseis. Com natural presença da casta Arinto, cuja acidez natural aliada às características dos solos e do microclima da região permite produzir na Quinta da Murta, agora com o enólogo Hugo Mendes, vinhos únicos com grande potencial de guarda onde brilha a gama de brancos e de espumantes.

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Quinta da Murta Reserva Bruto 2008 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta da Murta Reserva Bruto 2008 (DOC Bucelas)
Uma pequena parte do lote fermentou em barricas usadas, com posterior estágio em garrafa. Mostra um Arinto evoluído, complexo, aroma muito fresco com citrinos maduros, folha de limoeiro, maçã, muito vivo e direto com mineralidade de fundo. Boca com muita frescura, mousse ligeira com citrinos, vivacidade e mineral, numa bela acidez em final persistente e seco. Um espumante que pede pratos de marisco por perto, por exemplo mexilhões ou ameijoas ao natural, apenas com umas gotas de sumo de limão e coentros picados.


Contactos

Quinta da Murta, Estrada Velha do Boição nº 300
2670-632 Bucelas Portugal
Tel: 210 155 190
Telemóvel: 932 857 750
Fax: 210 155 193
Email: qmurtageral@hotmail.com
Site: www.quintadamurta.pt

Caves São João – Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1983 – 1985

Texto João Pedro de Carvalho

Não se pode falar da história do vinho do Dão, uma das mais antigas regiões vitivinícolas de Portugal, demarcada em 1908, sem mencionar as carismáticas Caves São João e os seus míticos Porta dos Cavaleiros dos anos 60 e 70.

Alguns deles fazem mesmo parte do lote dos melhores vinhos alguma vez feitos em Portugal. As Caves São João foram fundadas em 1920 pelos irmãos José, Manuel e Albano Ferreira da Costa, mas apenas em 1959, já com os descendentes dos fundadores, Alberto e Luís Costa, iriam surgir as marcas que lançaram as Caves São João para o estrelato – o Frei João (Bairrada) e o Porta dos Cavaleiros (Dão) cujo Reserva ostenta um bonito rótulo de cortiça, inovador para a altura.

Caves S. João – Foto de João Pedro de Carvalho | All Rights Reserved

Sem produção própria ou sequer vinificação na região do Dão, limitavam-se a comprar vinhos nas adegas cooperativas e em algumas quintas da região para posterior estágio e loteamento na sua sede localizada na Bairrada.

Aqui foi decisivo o grande conhecimento que os irmãos Alberto e Luís Costa detinham sobre a região, facto que lhes permitiu adquirir/abastecer de forma continuada com alguns dos melhores vinhos de toda a região.

A mestria com que dominavam a arte do lote e tendo em conta a qualidade da matéria-prima disponível, permitiu criar vinhos de excelsa qualidade com um cunho muito próprio aliado a um perfil marcadamente clássico da região, vinhos que perduraram na sua grande totalidade até aos dias de hoje.

Com a evolução dos tempos e consequente evoluir da região do Dão, passou a DOC em 1990, no final dos anos 80 muitos dos que antes forneciam as Caves São João com os melhores vinhos enveredaram pela produção própria, desta maneira a qualidade dos lotes disponíveis como seria de esperar sofreu um rude golpe.

No silêncio das caves residem nos dias de hoje mais de um milhão de garrafas que resistiram imaculadas à passagem do tempo e cujos vinhos na maior parte dos casos mostram uma saúde invejável. É pois todo um privilégio e uma rara oportunidade para os apreciadores poderem entrar em contacto com toda a glória e esplendor de tempos que já não voltam.

Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1985 – Foto de João Pedro Carvalho | All Rights Reserved

Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1983 (Dão) 

Mostra o aroma clássico que de imediato nos remete para a sua região de origem, o Dão.
Precisa de tempo no copo, complexo e profundo com muito mato, caruma, ervas de cheiro, fruta negra (cereja, framboesa) sumarenta bem limpa e fresca a ser acompanhada por notas de violeta, fumado, terroso e especiado (pimenta). Mais robusto que o 1985 com uma presença vegetal mais acentuada, pleno de harmonia na boca com muita fruta madura, cereja em destaque, pinheiro e especiaria, tudo com grande frescura, corpo médio numa passagem pelo palato sedosa e cheia de vivacidade, final longo e persistente.

Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1985 (Dão)

Aroma clássico da região, quase que em forma de compêndio, mais fresco e definido que o 1983, embora de igual patamar de qualidade, aqui com a energia de uma fruta vermelha (bagas silvestres) muito viva, tabaco seco, fumo, ameixa seca, pinhal, cheio de finesse. Boca cheia de fruta viva e suculenta que apetece trincar, acetinado no palato, um autêntico prazer que apetece beber, fantástico equilíbrio e uma frescura invejável. Um hino ao que de melhor o Dão e Portugal têm para oferecer. Vinho de classe mundial? Porque não.

Contactos
Caves de São João
São João da Azenha, Anadia, Ap-1
3781-901 – Avelãs de Caminho, Portugal
Phone: + 351 234 743 118
Email: geral@cavessaojoao.com
Site: http://www.cavessaojoao.com/

Roques & Maias – Os Novos Clássicos do Dão

Texto João Pedro de Carvalho

Se há produtores marcantes quer ao nível da Região quer ao nível dos vinhos que produz, o proprietário da Quinta dos Roques (Mangualde) e da Quinta das Maias (São Paio de Gouveia) é seguramente um desses casos, assumindo-se como um dos melhores produtores de Portugal e um dos pilares da Região do Dão.

A Quinta dos Roques fica situada a 450 metros de altitude, onde predominam os solos arenosos com presença de granito. Num total de 40 hectares divididos em 12 parcelas, viu em 1978 o seu vinhedo ser reconvertido para o que conhecemos hoje em dia. A Quinta das Maias fica situada no sopé da Serra da Estrela, em pleno Parque Natural a 600 metros de altitude, sendo a vinificação feita, desde 1992, na Quinta dos Roques.

A característica dominante desde que surgiram em 1990 é o fantástico equilíbrio que os seus vinhos conseguem mostrar entre elegância e potência, numa combinação perfeita entre o clássico e o moderno, aliada a uma tremenda vocação gastronómica. Neles encontramos um fio condutor que se soube manter através do tempo e ao longo da sua gama, tal como uma invejável consistência colheita após colheita, sempre alheados de modas ou das tentações mercantilistas do agrado fácil, mostram uma saudável austeridade que mesmo assim lhes permite um desfrute pleno enquanto novos.

FOTO 1 - ROQUES

Quinta das Maias (Jaen 1999) – Quinta dos Roques (Touriga Nacional 1999 | Alfrocheiro Preto 1999 | Reserva 1999) – Foto de João Pedro Carvalho | Todos os Direitos Reservados

O grande responsável por tudo isto é Luís Lourenço, membro do grupo de produtores Independent Winegrowers Association e um dos pioneiros e principais responsáveis pelo ressurgimento do “novo” Dão, aquele que em parte hoje conhecemos e apreciamos. Mantendo-se leal no que toca à região, quebrou em parte com os tradicionais vinhos de lote e cedo decidiu vinificar a solo as castas de que dispunha. Daqui resultou um melhor entendimento das castas e dos seus locais, permitindo aprimorar o perfil dos vinhos produzidos, tanto nos Roques como nas Maias e entender qual o melhor contributo de cada uma para o lote final. O culminar desses seus estudos surge pela primeira vez no ano de 1996 com o lançamento dos seus primeiros monocasta a que chamou Colecção e cuja iniciativa se tem repetido até aos dias de hoje sempre que os anos tenham qualidade para tal. Durante os primeiros anos a enologia esteve a cargo do Prof. Virgílio Loureiro que deu lugar em 2002 a Rui Reguinga.

Início de prova com o branco Quinta dos Roques Encruzado, um vinho que precisa de descansar dois a três anos após ser colocado no mercado para ganha uma outra dimensão, a nível da complexidade de sabores e aromas. Neste caso é um 2004 que com dez anos se mostra na plenitude das suas capacidades. Nos tintos foi feita uma pequena retrospetiva do ano 1999 em que todos os vinhos em prova se apresentaram com 12,5%Vol., estando presente o Quinta das Maias Jaén, Quinta dos Roques Alfrocheiro Preto, Quinta dos Roques Touriga Nacional e Quinta dos Roques Reserva.

Quinta dos Roques Encruzado 2004 (DOC Dão): Espetacular envolvência de aromas, complexidade envolta numa onda fresca com toque melado. Fruta (Citrinos) madura, suculenta, resina, rebuçado de limão, profundo e cativante. Boca com boa frescura a envolver a fruta, untuoso, grande presença com muita harmonia, final longo e persistente.

FOTO 2 - ROQUES

Encruzado Quinta dos Roques 2004 – Foto de João Pedro Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta das Maias Jaén 1999 (DOC Dão): É um miminho bom, cheio de fruta (amora, cereja, mirtilo) limpa, redonda e rechonchuda, envolta em frescura. Perfumado, sempre com um ligeiro toque rústico, bosque, flores, pinheiro. Delicada e refinada complexidade com palato de veludo tão característico do Dão, fresco e ainda com alguma garra a mostrar secura num prolongado e especiado final.

Quinta dos Roques Alfrocheiro Preto 1999 (DOC Dão): Mais escuro e fechado que o Jaén, fresco, fruta densa e mais gulosa com destaque para morango, bagas silvestres muito envolvente com rama de tomate e especiarias a complementar. Entra mais saboroso e domado na boca, mais acidez presente envolta por uma capa vegetal, muita e boa fruta pelo meio num conjunto de grande presença e envolvência, final longo.

Quinta dos Roques Touriga Nacional 1999 (DOC Dão): Sente-se a Touriga no nariz, violetas, bom perfume, evolução grande no copo com fruta resplandecente e muito madura (bagas, mirtilos, bergamota), baunilha, caruma, pinheiro, chocolate e tabaco num conjunto profundo e conversador. Boca com enorme vida e presença, muita classe com harmonia e sabor marcado pela fruta opulenta que se mastiga, folha seca de tabaco, final longo e persistente deste glorioso Touriga Nacional.

Quinta dos Roques Reserva 1999 (DOC Dão): Mostra a arte e mestria do lote, depois de provadas algumas das principais castas que lhe compõem o lote, faltou Tinta Roriz e Tinto Cão. Perfeito entendimento das castas num conjunto cheio de classe, terciários de grande qualidade, fina complexidade de um conjunto muito composto, fresco e apelativo. Boca com frescura, fruta viva e saborosa a marcar o palato, boa concentração em equilíbrio com acidez e corpo de média estrutura. Sem cansar, este vinho brilha à mesa com a mais variada gastronomia. Um prazer.

Contactos
Quinta dos Roques
Rua da Paz – Abrunhosa do Mato
3530-050 Cunha Baixa – Portugal
Phone: 00 351 232 614 511
Email: info@quintaroques.pt
Site: www.quintaroques.pt/

Conceito Branco – Um Grande Vinho do Douro Superior

Texto João Pedro de Carvalho

Em visita recente ao Douro Superior tive oportunidade de provar algumas colheitas daquele que é um dos melhores brancos feitos em Portugal, o Conceito da enóloga Rita Marques Ferreira. No total foram provadas quatro das seis colheitas já lançadas no mercado, relembro que a primeira colheita deste branco foi 2006, mas em prova apenas estiveram os 2008, 2009, 2010, 2011 aos quais se juntou à última da hora o 2012.

Este fantástico vinho branco nasce em terras de Cedovim (Douro Superior), na Quinta do Cabido, onde residem os 10 hectares de vinha exclusivamente destinados para castas brancas, num planalto localizado a 500 metros de altitude. A transição de solos faz com que por ali mande o granito, em parte responsável pela excepcional qualidade destes vinhos, a outra parte provém da mão da enóloga, influenciada pelo tempo que esteve em Bordéus, onde foi aluna e estagiária do “guru” dos brancos de Bordéus (Denis Dubourdieu).

Na visão muito própria que a enóloga tem pela região e pelos vinhos que cria, nascem brancos de Conceito muito particular, num perfil diferente, mais fresco, sem arestas e onde o detalhe e equilíbrio é palavra de ordem. Dominam as castas locais, Rabigato, Códega do Larinho e Gouveio provenientes de vinhas muito velhas. A passagem por madeira tem vindo a ser afinada e as barricas novas deram lugar a barricas usadas (madeira Francesa e do Cáucaso).

A boa notícia, ou confirmação daquilo que poucos pensavam no início, é que a evolução dos vinhos em causa tem sido fabulosa e não é obra do acaso. Aliás, o Conceito branco tem vindo a ser afinado ao longo das suas “curtas” seis colheitas de história, mostrando-se sempre predicados mais que suficientes para conquistar, por direito próprio lugar entre os grandes vinhos brancos de Portugal.

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Alto Douro Vinhateiro – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Resrvados

Conceito branco 2008 (DOC Douro)
Complexo, amplo com a sensação de pão torrado a mostrar uma barrica muito bem integrada num conjunto cheio de harmonia, que alia frescura com flores e fruta de qualidade (citrinos, pêra) envolta em leve calda. Nada beliscado pelo tempo, boca com muito sabor, frescura e finesse, corpo cheio de detalhe num fundo fresco e mineral. Final longo e persistente.

Conceito branco 2009 (DOC Douro)
Mais amplo e texturado que o 2008, muita frescura num blend com uma fruta (citrinos, pêssego) sólida, bem madura e limpa, nada tocada pelo tempo e com grande pureza de conjunto. Um pouco menos expressivo mas sempre com harmonia e classe, tão características, mostra notas fumadas de uma madeira plenamente integrada, que o arredonda e embala no palato, sem perder o travo fresco e mineral de fundo.

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Conceito White – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Resrvados

Conceito branco 2010 (DOC Douro)
A partir desta colheita a madeira nova perdeu presença, dando ainda mais lugar à fruta (toranja, lima, pêssego) que se apresenta desta forma com maior frescura e definição. O conjunto mantem-se de igual forma em grande nível, complexo e profundo, mais floral e mineral, embora muito mais rico em delicadeza. Mineralidade sentida num conjunto fresco, com vigor que mostra maior sensação de pureza durante toda a prova.

Conceito branco 2011 (DOC Douro)
Vem na boa linha do 2010, aqui muito fino de acidez e conjunto, muito mais delineado nos aromas e sabores. Conjunto complexo, com boa exuberância da fruta (citrinos, pêra). Madeira em grande harmonia, mostra-se afinado, com boca cheia de sabor e frescura, muita classe numa prova repleta de prazer e vivacidade.

Conceito branco 2012 (DOC Douro)
Somos dominados pelos citrinos e pela mineralidade, da madeira pouco ou nenhum sinal, apenas aquela nota de pão torrado que marca toda a linha. Depois quase que ficamos reféns de uma ligeira austeridade mineral que nos domina por instantes, quer o nariz quer o palato, num conjunto ainda tenso, cheio de nervo que se pode até confundir, por momentos, como algo duro no palato e fechado no nariz.

Contactos
Conceito – Vinhos
Tel: (+351) 939 000 350
Fax: (+351) 279 778 059
Email: conceito@conceito.com.pt
Site: www.conceito.com.pt

Alambre 20 Anos…A magia do Moscatel de Setúbal

Texto João Pedro de Carvalho

Portugal é o único país do Mundo capaz de colocar à mesma mesa três generosos de classe Mundial, provenientes de três regiões fantásticas e únicas. Estes vinhos são o Vinho do Porto, Vinho da Madeira e obviamente o Moscatel de Setúbal.

O Moscatel de Setúbal é um vinho generoso com Denominação de Origem Protegida (DOP) reconhecida desde 1907. No entanto, na  José Maria da Fonseca, a produção destes vinhos remonta a 1834 o que possibilita ter um património inédito de vinhos moscatéis em stock.

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Alambre 20 Anos Moscatel de Setúbal – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Photo by João Pedro Carvalho | All Rights Reserved

O Alambre 20 Anos é elaborado a partir da casta Moscatel plantada em solos argilo-calcários, que da produção anual vê uma parte ser destinada ao envelhecimento mais prolongado em cascos de madeira usada na mítica Adega dos Teares Velhos (Vila Nogueira de Azeitão).

O vinho em causa é uma referência obrigatória e um dos meus favoritos, tendo lugar indiscutível entre os melhores vinhos doces de Portugal, com um preço que a rondar os 24€ lhe dá uma invejável relação preço/satisfação. Fruto de um conjunto de grandes moscatéis, envelhecidos e lotados com mestria, resulta um blend de 19 colheitas em que a mais nova tem pelo menos 20 anos e a mais antiga perto de 80 anos.

Um vinho muito complexo e intenso. Elegante, com notas de frutos secos e fruta passa, laranja cristalizada, mel, ligeiro vinagrinho, envolto em frescura e harmonia. Boca com grande presença, gordo mas com bastante frescura, macio com travo melado e de fruta, num final maravilhoso. É o par perfeito para um bom chocolate negro com laranja ou simplesmente para terminar um jantar de amigos em grande classe.

Contactos
José Maria da Fonseca, S.A.
Quinta da Bassaqueira, Estrada Nacional 10
2925-542, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, Portugal
Tel: (+351) 212 197 500
Email: info@jmf.pt
Site: www.jmf.pt

O terroir do Javali…

Texto João Pedro de Carvalho

O Douro tem sido nos dias de hoje uma das regiões mais mediáticas de Portugal. Actualmente são inúmeras as Quintas de inegável importância histórica no sector do Vinho do Porto, mas também existem muitas Quintas que têm vindo a ganhar notoriedade enquanto produtoras de vinhos tranquilos (vinho de mesa). Tentar descobrir um projecto mais recente que se destaque principalmente pela qualidade dos vinhos tranquilos, sem ter o peso da história a recair nos seus vinhedos, não será fácil mas também não será impossível.

Prova disso é a Sociedade Agrícola Quinta do Javali. Empresa familiar fundada em 2000 com o objectivo de produzir e comercializar (exporta 80% da produção) os seus próprios vinhos DOC Douro e Porto, situando-se na margem esquerda do Rio Douro em Nagoselo do Douro, São João da Pesqueira, no Cima Corgo. A Quinta do Javali viu 10 dos seus 20 hectares serem replantadados numa vinha com as castas da região Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Barroca e Touriga Nacional.

O proprietário e enólogo da quinta, José António Mendes é um apaixonado pelo seu trabalho. Nota-se no brilho dos olhos quando a conversa muda e passamos a falar dos seus vinhos. Enquanto vamos provando as novas colheitas vai explicando que procura fazer sempre todo o trabalho na vinha, evitando intervir na adega, as leveduras são autóctones, os vinhos são todos feitos em lagar com pisa a pé e aliam potência com uma frescura incrível. Não são vinhos fáceis, de agrado imediato, requerem paciência, mostram uma grande densidade, camadas de sabor e aromas, frescos, estruturados com taninos ainda presentes que em novos torna a decantação quase obrigatória.

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Quinta dos Lobatos 2013 | Quinta do Javali Reserva 2011 | Quinta do Javali Vinhas Velhas 2011 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta dos Lobatos 2013 (DOC Douro)
Acabado de lançar no mercado, austero e novo, fruta rija e madura com alguma compota mas muito limpa, especiado, nota de esteva, carnudo, ganha envolvência com o tempo no copo. Boca cheia de vigor e frescura com a fruta a explodir de sabor, secura no fim, pimenta preta, fundo mineral e prolongado.

Quinta do Javali Reserva 2011 (DOC Douro)
Passa 18 meses em barrica. Mais envolvente que o Quinta dos Lobatos, barrica mais integrada apesar do poderio do cacau e tabaco, mostra fruta madura com compota, floral, especiaria doce. Boca com elegância permitida por taninos envoltos em estrutura dominada pela fruta maturada, fresco, conquistador e com menos austeridade a fazer-se sentir.

Quinta do Javali Touriga Nacional 2012 (DOC Douro)
Com uma quantidade muito limitada de 600 garrafas, o vinho é uma provocação aos sentidos. Fruta marcada pela frescura e qualidade, leve geleia, perfume de violetas e ervas aromáticas, tabaco e pimenta Mostra-se coeso, ambicioso, compacto e provocante. Com uma boca cheia de frescura e sabor, revela-se saboroso e preenche por completo o palato numa estrutura ampla em grande final.

Quinta do Javali Vinhas Velhas 2011 (DOC Douro)
Este vinho é um autêntico juggernaut. Chega de forma arrebatadora e domina por completo quem prova. Mostra toda a austeridade do Douro, estrutura firme e fresca, madeira que o ampara sem excessos (20 meses de estágio), fruta muito limpa e sumarenta com balsâmico, especiarias, notas de baunilha e chocolate preto. Enorme vigor e complexidade, disposta por camadas de aromas e sabores, tudo firme e sem abanar. Alimenta-se de tempo no copo ou no decanter, cresce, ganha novas formas mas sempre tenso, sempre novo. Na boca é fresco e amplo, fruta que se mastiga, saboroso, enérgico e grandioso com secura final à procura de pratos condimentados.

Quinta do Javali Special Cuvée 2012 (DOC Douro)
Nasceu de um desafio lançado ao produtor por um apaixonado pelo mundo do vinho e ao mesmo tempo responsável pela distribuição em Portugal. O vinho dá uma prova de luxo, mais macio e delicado que o Vinhas Velhas, conquista pela finesse, complexidade e ao mesmo tempo não perde aquele fulgor e energia característica dos vinhos desta casa. O que mais chama a atenção é o delicado e bonito perfume floral que mostra ao lado de groselhas e framboesas muito frescas e limpas, quase aromas em HD. A barrica arredonda os cantos com toque fumado e baunilha. Na boca mostra uma bonita frescura que domina todo o conjunto, grande harmonia com enorme presença no palato, final muito longo.

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Quinta do Javali Porto LBV 2007/2008/2009 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta do Javali Tawny 20 Anos
De perfil delicado tem harmonia e boa dose de frescura. Nota-se que não tem a complexidade proveniente de um lote com vinhos tão velhos como outros 20Anos à venda no mercado. Bom fruto seco, laranja cristalizada, caramelo, figo, tudo envolto num conjunto bastante agradável, em final prolongado.

Quinta do Javali Porto LBV 2009
Da prova dos LBV 07, 08 e 09 foi este último que mais se destacou, apesar de todos eles estarem num nível de muito boa qualidade. Destacou-se o 2009 pela gulodice da fruta com a presença da mesma e a frescura num conjunto mais amplo e sumarento que os restantes. Na boca, sente-se mais presença da fruta compotada, chocolate e leve especiaria em final fresco e longo.

Contactos
Sociedade Agrícola Quinta do Javali
Apartado 71
5130-909 S. João da Pesqueira
Email: antoniomendes@quintadojavali.com
Site: www.quintadojavali.com

 

Independent Winegrowers’s Association, uma década ao sabor da excelência

Texto João Pedro de Carvalho

O grupo de amigos, composto por Luís Lourenço (Quinta dos Roques – Dão), Luis Pato (Luis Pato Wines – Bairrada), Pedro Araújo (Quinta do Ameal – Vinhos Verdes), João Pedro Araújo (Casa de Cello – Vinhos Verdes/Dão) and Domingos Alves de Sousa (Alves de Sousa – Douro) decidiu criar um grupo (IWA) com o objectivo de fazer uma promoção conjunta em mercados externos. Todos eles são bons exemplos de produtores de excelência, com carácter vincado e cujos vinhos são fiéis às regiões que representam.

A IWA comemorou no passado dia 10 de Maio o seu 10º Aniversário. A reunião anual teve lugar em Lisboa, tendo sido apresentadas as últimas novidades a lançar para o mercado. Foi um grande privilégio poder provar numa só tarde o que de melhor Portugal (ou parte dele) tem para oferecer.

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White Wine Commemorative Edition of 10 years IWA – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Uma viagem em formato de prova que começou na região dos Vinhos Verdes, desde a mineralidade vincada dos SanJoanne da Casa de Cello aos perfumes e encantos dos Loureiro da Quinta do Ameal. Descendo um pouco entramos nas terras do Douro com os Alves de Sousa, vinhos terrosos e vincados pelo terroir, como o Quinta da Gaivosa ou o Abandonado, perdidos no tempo como o fabuloso Porto Tawny 20 Anos.

É da região do Dão que nos chegam os Quinta dos Roques que nos acariciam o palato com a seda vermelha do Roques Garrafeira ou com a suculenta frescura da fruta vermelha do Roques Reserva. Ainda no Dão e sem ficar esquecido, o Superior da Quinta da Vegia mostra toda a beleza da região no copo e ao seu lado o Vegia Reserva, mais austero e pronto para as curvas do tempo. A jornada termina na Bairrada, onde Luís Pato nos brinda com uma Baga de referência, proveniente da Vinha Barrosa ou com a delicadeza e os encantos que o branco da Vinha Formal promete revelar com o tempo.

No fim, ao olhar para o trajecto percorrido e para o que foi provado, ficamos com a convicção de que provámos vinhos de grande qualidade que merecem ser conhecidos, capazes de brilhar muito alto em qualquer parte do mundo.

Quinta de Sanjoanne Alvarinho 2013 (Regional Minho)

É uma novidade do produtor, um Alvarinho tenso e mineral, fruta limpa sem fruta tropical em excesso, tenso e com muito boa frescura. Na boca muito sabor na passagem pelo palato, mineral em fundo com sumo de fruta pelo meio, secura limonada em final de boa persistência. Cheio de detalhe e bonito rendilhado, um Alvarinho cuidado e refinado que fará as delícias a acompanhar umas amêijoas ou mexilhões ao natural.

Quinta da Vegia Superior 2007 (DOC Dão)

Um tinto de respeito que andou “esquecido” mas bem guardado pelo produtor. Chegada a hora de o lançar no mercado o vinho é pura elegância e charme, complexidade numa fruta fresca e viva, leve toque de geleia com todo o ambiente característico dos grandes vinhos do Dão.

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Quinta Sanjoanne Alvarinho 2013 | Luis Pato Vinha Formal Branco 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Abandonado 2009 (DOC Douro)

De uma vinha abandonada nasceu o Abandonado, um topo de gama da região que conquista pelo seu perfume de violetas, menta e fruta suculenta com toque doce , tabaco, muita frescura e uma estrutura de luxo. Amplo e muito saboroso, cativa pela elegância e por uma passagem no palato rica e cheia de sabores de enorme presença. Final longo e apimentado.

Quinta da Gaivosa Porto 20 Anos Tawny (Vinho do Porto)

O lote tem uma média de idade de vinte anos mas sente-se no imediato que ali moram vinhos muito velhos e de grande qualidade. Complexidade e elegância que nos dão vontade de repetir sempre mais um pouco. O resto são os aromas e sabores clássicos associados a este tipo de vinhos de grande qualidade. Macio na boca, revela um final longo e especiado.

Luís Pato Vinha Formal branco 2013 (Regional Beiras)

Ano após ano afirma-se como uma referência da região e do produtor. Um branco que gosta de envelhecer e que a prova no imediato está plena de energia. Amplo de fruta rechonchuda, flores amarelas, pólen, tudo junto e num plano complexo e delicado. A boca complementa o nariz, sempre naquele travo mais seco e com um final com a fruta amarela bem madura acompanhada de flores.

Luís Pato Vinha Barrosa 2011 (Regional Beiras)

A casta Baga ao mais alto nível. Mais sério e com mais austeridade que o Vinha Pan, o Barrosa consegue no imediato conquistar pela sua complexidade e riqueza aromática. Todo ele é um luxo, pela pureza de aromas e pela forma como o balsâmico e a rama de tomate se junta à fruta escura e suculenta (cereja, mirtilos pretos). Revela ainda um toque de pimenta num conjunto ainda muito novo, mas que dá no imediato uma prova de extraordinária a acompanhar um estufado de javali.

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Luis Pato Vinha Pan 2010 | Luis Pato Vinha Barrosa 2011 | Luis Pato 2009 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta do Ameal Clássico 2013 (Vinho Verde)

Um vinho de compêndio daquilo que é um grande Loureiro. Fresco, charmoso e conquistador, o que lhe advém da qualidade e definição dos seus aromas e sabores. Tudo em HD, conquista pela frescura e mineralidade que marca o palato, associados à fruta envolta em calda que faz as delícias na sua prova de boca.

Quinta do Ameal Escolha 2012 (Vinho Verde)

O topo de gama da casa, o mais sério e que menos tem a dizer enquanto novo. Sente-se austeridade no trato, folha de louro ainda verde, fruta limpa e madura, grande estrutura suportada pela madeira por onde passou. Fundo mineral num vinho com muito tempo de vida pela frente.

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Quinta do Ameal Escolha 2004 | Quinta do Ameal Loureiro 2004 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta dos Roques Bical 2013 (DOC Dão)

Branco de apenas 1200 garrafas, uma aposta muito especial do produtor, num vinho delicado e muito fresco, aromas de flores, fruta branca, limpeza de aroma com tudo a parecer um perfume de menina. Na boca convence pela acidez e pela presença da fruta delicada em final persistente.

Quinta dos Roques Reserva 2011 (DOC Dão)

Tenho o Roques Reserva 2005 como dos vinhos que mais prazer me tem dado nos últimos tempos. Agora saiu o 2011 e o encanto continua ao mais alto nível, o vinho é suculento, apetecível, com uma fruta vermelha que apetece trincar de tão madura e limpa que está. Amparado por uma madeira muito bem integrada, apresenta um belo corpo num vinho que mostra aquela secura de fundo em conjunto com a frescura, toque de alecrim e pinheiros da região.

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Quinta dos Roques Encruzado 2013 | Quinta dos Roques Malvasia-Fina 2013 | Quinta dos Bical 2013 | Maias 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Vinho Branco Edição Comemorativa dos 10 anos IWA (Vinho)

Branco comemorativo no qual foram utilizadas castas brancas, uma por cada produtor. Dessa forma o lote de nome LARBE (Loureiro, Alvarinho, Rabigato, Bical e Encruzado) que deu origem a 1200 garrafas. Vinho delicado, com frescura e boa complexidade, onde se sente uma vontade de crescer em garrafa. Boa mineralidade na boca com presença de frescura e cocktail de fruta.

Contactos
IWA
Av. da Boavista, 1607 – 5º Dto.
4100-132 Porto, PORTUGAL
Tel: (+351) 226 095 877
Website: www.iwa.pt

Os vinhos Atlânticos da Ilha do Pico (Açores)

Texto João Pedro de Carvalho

De todas as regiões demarcadas em Portugal os vinhos oriundos dos Açores são com toda a certeza os mais esquecidos, os menos discutidos, os menos divulgados e os que menos vezes chegam à mesa dos consumidores. No entanto a situação está a mudar e assiste-se a um esforço das entidades locais, entre produtores/CVR para que estes vinhos sejam encarados/consumidos de forma mais habitual.

Focando apenas na Ilha do Pico, são vinhos que nascem sensivelmente a meio do Atlântico, em solos de lava que marcam a paisagem da ilha e que a população local diferencia entre “lajidos” e “terras de biscoito” (Ilha Terceira). É uma região peculiar, moldada pelo ser humano nos famosos “currais”, Património Mundial da Humanidade pela Unesco, que isolada de tudo se tornou depósito natural de castas únicas e diferenciadoras (cheiros e sabores) levadas pelos colonos.

Copo de vinho em “Vinhos do Pico” – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Destacam-se três castas, o Arinto dos Açores que é diferente do Arinto de Bucelas, o Verdelho que foi a primeira casta implantada na ilha e idêntico ao da Madeira mas diferente do encontrado em Portugal Continental e o Terrantez do Pico, distinto do Terrantez da Madeira e do que se encontra no Dão.

Durante anos o mais famoso vinho da Ilha do Pico foi o licoroso, cuja principal característica é a não adição de aguardente, hoje em dia a oferta é mais vasta e estende-se por brancos frescos, de travo salino/mineral em conjunto com licorosos que oscilam entre o perfil mais seco ou mais doce, capazes de surpreender pela diferença.

Alguns dos Vinhos Provados – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Uma prova de contrastes, surpresas e comparativos onde a forte ligação à mesa com peixe e marisco se tornou mais que evidente. Contou com as presenças dos produtores Maria Álvares (Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico), Marco e Rui Faria (Curral de Atlântis), Paulo Machado (Insula Vinhos) e Fortunato Garcia (Vinho Czar), foi conduzida pelo enólogo António Maçanita (Fita Preta).

Curral Atlântis Arinto dos Açores Colheita Selecionada 2013 (IG Açores)
Muita frescura, toranja, lima, folha de limoeiro, salino, menos expressivo que o Verdelho. Muita energia no palato, frescura, sumo de citrinos maduros, mineralidade em conjunto com bom final de boca.

Curral Atlântis Verdelho Colheita Selecionada 2013 (IG Açores)
Marcado pelo toque mais tropical da fruta, cheio e maduro, fresco e salino, envolvente com nota de pederneira. Boca com frescura, vegetal fresco com fruta tropical, seco no final mediano.

Curral Atlântis Verdelho/Arinto dos Açores Colheita Selecionada 2013 (IG Açores)
Aroma de fruta tropical com citrinos maduros, boa frescura, muito limpo, notas de um Verdelho mais gordo e redondo que abraça o Arinto mais ácido e cortante. Conjunto com harmonia entre castas num vinho claramente feito para a mesa.

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Arinto dos Açores by António Maçanita 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Arinto dos Açores by António Maçanita 2013 (DO Pico)
Frescura num conjunto marcado pelo detalhe da fruta limpa (citrinos) e delicada, toque salino, todo muito equilibrado e a dar uma prova muito agradável. Na boca é fresco, salino, muito citrino presente com final persistente.

Insula Private Selection 2013 (IG Açores)
Feito com Arinto dos Açores, carácter vincado num vinho tenso e com muito vigor, notas de pederneira ao lado de fruta limpa e madura, toranja e limão. Boca com austeridade mineral, quase salino, fruta madura a envolver num final de boca seco e prolongado.

Frei Gigante Reserva 2012 (DO Pico)
Um perfil diferente do normal, blend de Arinto dos Açores com Verdelho e Terrantez do Pico. Conjunto perfumado com fruta madura (pêra, toranja), fumo, salino, ao mesmo tempo sensação de untuosidade e envolvência. Boca com boa presença da fruta madura, saboroso, boa acidez a terminar seco e mineral.

Um dos Vinhos Provados – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Lajido Licoroso Seco 2002 (DO Pico)
Não é um vinho de abordagem fácil, recorda ligeiramente os vinhos de Jerez, pela oxidação em conjunto com toque salino e fruto seco, amanteigado com ligeiro iodo. Boca com secura, fresco com frutos secos e iodo, num final persistente e longo.

Lajido Licoroso Reserva Doce 2004 (DO Pico)
Num perfil mais untuoso que o Lajido Seco, notas de frutos secos cobertos de caramelo, laranja caramelizada, uva passa, biscoitos, tudo em boa complexidade. Boca a condizer com os aromas, envolvente e com uma bela acidez. Final longo e persistente.

Czar Licoroso Superior Doce 2008 (DO Pico)
O mais exótico e fora do habitual, resina, toque de frutas cristalizadas com especiarias, ervas de cheiro e tisana, boa frescura a embalar o conjunto com toque salino em fundo. Gordo, complexo, guloso e estranho, diferente e divertido.

Curral Atlântis Verdelho/Arinto dos Açores Doce 2005 (DO Pico)
Passou 5 anos em barrica e 1 ano em garrafa, muito equilibrado, torrefacto, laranja caramelizada, salino e untuoso. Boca a mostrar muita frescura que liga com fruta caramelizada, calda de fruta, final longo e persistente.

Terras de Tavares – O Dão do João

Texto João Pedro de Carvalho

A Quinta da Boavista, pertença da família Tavares de Pina, onde se produzem os vinhos Terras de Tavares e Torre de Tavares, situa-se na Região Demarcada do Dão, Penalva do Castelo, entre as Terras de Penalva e as Terras de Tavares, a uma altitude aproximada de 450m.

A Quinta data dos finais do séc. XVIII tendo tido a vinha como actividade principal e hoje em dia conta ainda com a criação de cavalos raça Lusitana, mas também já ali se produziu o famoso Queijo da Serra da Estrela. Os cerca de 7ha de vinha situada em solos de transição xisto-granito de grande profundidade e elevados teores de argila conferem aos vinhos características muito especiais.

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Paisagem – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

A uva que antes era vendida para a Cooperativa local, deu origem em 1997 ao primeiro Terras de Tavares, considerado até hoje como um dos melhores vinhos do produtor. Apenas em 2005 começaram a ser vinificados na Quinta. Até então apenas elaboravam blends de toda a produção que eram produzidos na Quinta da Murqueira.

Na Quinta da Boavista, João Tavares de Pina, um amigo de longa data e produtor apaixonado pela região com toda a irreverência que o caracteriza, vai criando a seu gosto vinhos plenos de identidade, de forte ligação à terra, espelhos de cada colheita que apenas são lançados para o mercado quando ele considera estarem aptos para consumo.

Não procura o agrado fácil. Os vinhos são feitos à sua imagem, com madeira pouco presente e estágios prolongados em garrafa. Brilhantes à mesa, apreciadores de uma boa conversa, claramente marcados pela alma da região num cunho muito próprio que João trata de aprimorar colheita após colheita

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Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Em conversa ficamos a saber que o João tem um carinho muito especial pela Jaén que considera de enorme potencial, juntando também a Tinta Pinheira e a Touriga Nacional. À Quinta da Lomba (Gouveia) foi buscar as uvas de onde produzia os seus brancos à base de Encruzado, Cercial e Síria. Entretanto as vinhas foram vendidas, pelo que teremos de esperar, quem sabe até 2015 para termos um novo Torre de Tavares branco.

Numa visita recente à Quinta da Boavista, aproveitei o seu fantástico enoturismo para me deliciar com a excelente gastronomia regional que João Tavares de Pina nos prepara a acompanhar os seus vinhos. Tive pena de não ter levado os calções de banho para dar um mergulho na fantástica piscina, mas fica para outra altura.

Começando pelos brancos ainda disponíveis no mercado:

Torre de Tavares Síria 2009 (Regional Beiras)
Aroma a mostrar notas de muito boa evolução, intensidade média, flores, fruta (tangerina, maçã verde) com muita frescura e mineralidade de fundo. Boca com estrutura coesa, saboroso, com notas de fruta madura, num final fresco e bastante mineral.

Torre de Tavares Encruzado 2008 (DOC Dão)
Encruzado que não foi filtrado, mostra aroma evoluído com complexidade, cheio de detalhes, fruta madura, flores amarelas com toranja e marmelo, palha, sensação de untuosidade com boa mineralidade. Boca envolvente, fruta em calda, frescura com mineralidade em fundo.

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João Tavares Pina – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Nos tintos os destaques são:

Rufia 2012 (DOC Dão)
O Rufia nasceu na colheita 2009 como um 100% Rufete (Tinta Pinheira). Agora na nova edição juntou-se com a Touriga Nacional e a Jaén. O resultado é um vinho atrevido e cheiroso, pouco consensual devido à componente vegetal (rama de tomate) que está em evidência, embora a fruta esteja presente com muito boa qualidade e quase que se trinca. O vinho é mais sério do que se pode imaginar, um verdadeiro rebelde que alia compotas e balsâmico, sustentado por uma bela estrutura, com taninos presentes em final saboroso.

Torre de Tavares Jaén 2008 (DOC Dão)
Será posto à venda nos próximos meses. Apesar dos seis anos que já tem, está ainda muito novo mas cheio de encantos e recantos tão característicos do Dão. Está limpo e fresco, cheio de energia, muito fruto silvestre, balsâmico, pinheiro, cacau, madeira integrada com boa frescura. Explosão de sabor no palato, frescura com taninos a pedir comida por perto. O final deste belíssimo Jaén é longo e persistente.

Torre de Tavares Jaén 2007 (DOC Dão)
Vinho que desperta um sorriso, muito limpo e rico de aromas, coeso e envolvente a mostrar o grande vinho que é. Aromas característicos do Dão bem vincados, mato, pinheiro, frutos silvestres, muita frescura sempre presente, cacau e mineral em fundo. Boca a condizer, grande estrutura de apoio, muito boa frescura com a fruta sumarenta a marcar presença, taninos firmes com final especiado e longo.

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Terras de Tavares Reserva 1997 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Torre de Tavares Touriga Nacional 2008 (DOC Dão)
Uma Touriga Nacional mais contida e delicada, com aroma limpo, sedutor e fresco. Notas de  alfazema, mato, vegetal e fruta madura bem integrada. Boca bem estruturada a mostrar fruta (cereja) bem casada com a madeira, balsâmico e mineral em fundo com taninos ainda por polir. Final longo e persistente.

Terras de Tavares 2006 (DOC Dão)
Resulta do blend Touriga Nacional e Jaén, com estágio de 3 anos em barrica e posterior estágio em garrafa. O vinho mostra-se ainda muito novo, cheio de vigor e a pedir tempo. Floral, com fruto negro e mineralidade em fundo. Na boca mostra muita força, taninos presentes, fruta gorda e frescura. É vincadamente terroso e possuí um grande final.

Terras de Tavares Reserva 1997 (DOC Dão)
Blend de Jaén e Touriga Nacional com domínio da primeira sobre a segunda. Complexo e delicado, limpo e perfumado, exibe notas de resina, floral, cacau, fruta vermelha gulosa (mirtilo e cereja), complementados com toques terrosos e especiados. Na boca é suave mas firme, longo, e com taninos domados. Muito elegante e com travos de um Dão clássico, precisa de tempo no copo. Final longo e persistente, num vinho que enaltece a sua região.

Contactos
Quinta da Boavista – Castelo de Penalva
3550-058 Penalva do Castelo, Portugal
Tel: (+351) 91 985 83 40 (João Tavares de Pina)
Email: jtp@quintadaboavista.eu
Site: www.quintadaboavista.eu

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João Portugal Ramos Loureiro 2013, os prazeres acessíveis do Vinho Verde

Texto João Pedro de Carvalho

A aventura de João Portugal Ramos no mundo do vinho começou em 1980. Chegou a andar pelo Dão, Lisboa e Setúbal, mas nos dias de hoje apenas conta com presença nas regiões do Alentejo, Tejo, Beiras e Douro.

Os canais internacionais de distribuição pediram-lhe um Vinho Verde e foi isso que o fez lançar em 2011 o seu primeiro vinho daquela região, o Lima Loureiro em exclusivo para o mercado Americano.

Consolidado o projecto sediado em Monção, investimento que rondou 1 milhão de euros, lançou com sucesso na colheita de 2012 o João Portugal Ramos Alvarinho (Portugal, UK e USA).

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João Portugal Ramos Loureiro 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Chega agora a vez de lançar no mercado Português e com igual sucesso o João Portugal Ramos Loureiro 2013 (3,79€ PVP). Um vinho de aroma fresco e elegante, citrinos, erva-príncipe, ervas de cheiro combinadas com mineralidade de fundo. No palato mostra boa acidez e sabor refrescante com bom final de boca. Sob a influência marítima, a região dos Vinhos Verdes tem nos seus vinhos um verdadeiro símbolo de boas vindas ao verão, resultando numa harmonia perfeita com marisco, ceviche ou simplesmente como vinho de esplanada.

Contactos
João Portugal Ramos Vinhos S.A.
Vila Santa
7100-149 Estremoz
Portugal
Tel.: (00 351) 268 339 910
Fax.: (00 351) 268 339 918
www.jportugalramos.com