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Murganheira – Espumantes de enorme qualidade

Texto Olga Cardoso

As Caves da Murganheira situam-se na região de Távora-Varosa, onde o Douro e a Beira Interior se encontram. Estas terras férteis do Vale de Varosa reúnem excelentes condições climatéricas e geológicas, propícias à elaboração de vinhos de qualidade superior, base dos melhores espumantes portugueses.

Foi fundada há mais de 60 anos e possuí cerca de 30 hectares de vinha própria, mas controla e acompanha mais de 1000 hectares de fornecedores de uva associados.

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Vinhas – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

O cuidado colocado na vinha é enorme e está nas mãos de profissionais muito experientes, cuja origem do seu conhecimento, estará provavelmente na sabedoria medieval dos Monges de Cister.

Murganheira é uma empresa de base familiar. Foi adquirida por Orlando Lourenço em meados dos anos 80, sendo actualmente comandada pelos seus filhos Miguel e Herlander. A direcção enológica também está nas mãos de um membro da família – da sua nora Marta Lourenço.

Possui uma adega muitíssimo bem equipada, onde rigorosos processos de vinificação são postos em prática, de acordo com técnicas ancestrais permanentemente aperfeiçoadas.

Para além das Caves da Murganheira, a empresa possui também as Caves da Raposeira e a propriedade alentejana Tapada do Chaves.

Os espumantes Murganheira estagiam nas suas caves de granito azul, com um ambiente perfeito para a evolução que garante toda a genuinidade a que a marca habituou os seus consumidores.

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As caves – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

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As Caves – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

O “Degorgement à la Volée” ainda aqui tem lugar e é o culminar de todo este processo de elaboração de espumantes de qualidade excepcional.

Com uma fama associada à qualidade, a Murganheira é também um dos produtores nacionais com uma melhor imagem gráfica, a qual se reflete em campanhas publicitárias, packaging original e um bonito espaço para recepção e prova.

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A sala de prova – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

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A sala de prova – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

Os seus espumantes encontram-se separados em 3 categorias ou grupos designados por especiais, clássicos e gastronómicos, e possuem, todos eles, uma excelente relação qualidade-preço.

Elegantes e cheios de carácter, os espumantes Murganheira são produzidos a partir das castas, Malvasia Fina, Gouveio Real, Cerceal, Chardonnay, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Pinot Noir.

Falar de todos em particular seria uma tarefa hercúlea e pouco adequada aos ditames cibernáuticos, pelo que elegi apenas os quatro que mais me surpreenderam.

MURGANHEIRA CHARDONNAY BRUTO 2008

Cor dourada intensa e perlage elegante. Aroma com complexidade, refinado, mostrando fruto em geleia, biscoito, flores, num registo de imediata empatia. Na boca mostra-se cremoso, com bom volume, macio e untuoso, muito texturado e com final gordo e muito agradável. Um belo espumante!

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Murganheira Chardonnay Bruto 2008 – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

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Murganheira Único Bruto 2008 – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

MURGANHEIRA ÚNICO BRUTO 2008

Elaborado a partir da casta Sauvignon Blanc, este espumante revela-se muito delicado no nariz com a casta um pouco escondida ao início. É na boca que ela se manifesta com os seus sabores mais vegetais. Frutos como o maracujá e o alperce são também evidentes, assim como notas de baunilha. Muito equilibrado e concentrado, este espumante possui uma mousse verdadeiramente cativante.

MURGANHEIRA CZAR CUVÉE ROSÉ BRUTO 2008

Cor salmonada, com um nariz marcado por subtis aromas a frutos vermelhos, acompanhados por notas ligeiramente fumadas e resinosas. A boca é terrivelmente elegante e apaixonante, com uma mousse muito delicada e os toques do Pinot (framboesa e groselha), a surgirem com enorme delicadeza e sofisticação. O Murganheira CZAR é um espumante de qualidade irrepreensível.

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Murganheira Czar Cuvée Rosé Bruto 2008 – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

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Murganheira Vintage Bruto 2006 – Foto Cedida por Murganheira | Todos os Direitos Reservados

MURGANHEIRA VINTAGE BRUTO 2006

Verdadeiramente notável, revela um nariz marcado pelos frutos vermelhos provenientes do Pinot Noir, acompanhados de aromas cítricos, biscoito e finas especiarias. A boca é colossalmente elegante. Mousse envolvente e acidez perfeita. Tudo muito delicado, com enorme brilho e classe. Um espumante português de classe mundial!

Aconselho vivamente um conhecimento mais profundo da gama Murganheira por todos aqueles que apreciam vinhos espumantes. Os seus gamas de entrada são espumantes com capacidade para proporcionar imenso prazer e os seus topos de gama são espumantes notáveis, plenos de finesse e categoria. Espumantes de qualidade superior.

Para ficar a conhecer melhor o universo Murganheira, veja aqui o vídeo institucional da empresa.

Bolhas Tintas a Testar os Limites

Texto Ilkka Sirén | Tradução Bruno Ferreira

O vinho espumante tem um lugar particular na nossa sociedade. É tratado, falado e consumido de maneira bastante diferente de qualquer outra bebida. A campanha de marketing do champanhe ao longo dos séculos deixou um permanente estigma festivo que afecta a maneira de bebermos vinho espumante. É tudo sobre festejo. Felizmente hoje em dia parece haver uma tendência para uma abordagem mais casual às bolhas. Pessoas a abrirem garrafas a meio da semana sem nenhuma razão importante para festejar. Está a tornar-se cada vez mais num vinho do dia-a-dia em vez de uma indicação para enfatizar o facto de que “estamos a ter uma festa”.

Apesar da contínua evolução do mundo do vinho, o vinho espumante continua praticamente inalterado. Parece que ninguém se atreve a desfazer o casamento do vinho com as bolhas, e, talvez, criar algo diferente. Fazer isso é considerado quase um sacrilégio. Mas de vez em quando deparamo-nos com vinhos espumantes que nos fazem despertar deste estranho estado de dormência vínica.

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Red Bubbles – Photo by Ilkka Sirén | All Rights Reserved

Um desses vinhos foi o Aphros Vinhão Super-Reserva Bruto. Fui a uma prova de vinhos aqui em Helsínquia e deparei-me com uma garrafa dessas bolhas tintas. Algo que não acontece com muita frequência. Primeiro pensei “ah, Lambrusco”, mas para minha surpresa veio de Portugal, e, de todos os lugares, da Região dos Vinhos Verdes. Apesar da Região dos Vinhos Verdes ser bem conhecida pelos seus vinhos brancos frescos, também há alguns fantásticos tintos que lá são produzidos. Um dos clássicos é um tinto de cor carregada da casta Vinhão. Dá lugar a vinhos tão intensamente vermelhos que depois de um copo mais parecemos uma personagem saída do Twilight. Além disso, os vinhos são normalmente acídicos e muito tânicos o que os torna não muito indicados para os iniciantes. Para o ser ainda mais bizarro, é tradicionalmente apreciado em malgas e com produtos do mar como peixe grelhado ou lampreia, com a aparência sinistra. O resultado final, delicioso.

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Aphros Vinhão Super-Reserva Bruto – Photo by Ilkka Sirén | All Rights Reserved

O vinho em si era opaco com tonalidades vermelhas e roxas. No nariz mostrou-se cheio de frutos vermelhos e especiarias. Uma explosão de aromas, tanto familiares como exóticos. A sensação na boa foi qualquer coisa. Nada o pode preparar para essa sensação se ainda não provou este tipo de vinhos antes. A “mousse” era rica e mais texturada do que o vinho espumante normal. Bastante intenso mas surpreendentemente fresco ao mesmo tempo. Muitos sabores temperados e terrosos com uns agradáveis taninos firmes no fim. O final teve um amargo toque refrescante similar ao de uma cerveja lupulada IPA (Indian Pale Ale). Um pouco herbáceo e vegetal mas não no sentido de não estar maduro.

Apesar de não ser exactamente um vinho mainstream, estou a vê-lo a ser a apreciado por muitas pessoas. Poderá requerer um certo estado de espírito ao bebê-lo e talvez uma boa comida para acompanhar, mas acho que muitas pessoas iriam apreciar a singularidade deste vinho. Na minha vida apenas provei um punhado de vinhos que se aproximam daquilo que este vinho tem para oferecer. Desfiante? Sim. Viável? Quem sabe. Saboroso? Sem dúvida nenhuma.

Contactos
Quinta Casal do Paço
Padreiro (S. Salvador)
Arcos de Valdevez 4970-500 Portugal
Tel: (+351) 914 206 772
Email: info@afros-wine.com
Site: www.aphros-wine.com

Tons de Outono

Texto Ilkka Sirén | Tradução Teresa Calisto

Se há uma coisa que sei, uma coisa da qual tenho a certeza absoluta, é que o Inverno na Finlândia é inevitável. Enquanto estação, não é das minhas preferidas. Não por causa da neve, que por vezes pode chegar até à cintura. Nem mesmo do frio, que pode atingir os 40ºC negativos em algumas partes da Finlândia. É a escuridão que me afecta verdadeiramente.

Mas do Outono, gosto. De certa forma, até gosto mais do que do Verão. A natureza na Finlândia é para além de linda quando as cores do Outono começam a aparecer. Há algo de verdadeiramente mágico nesta estação. Dias solarengos e frescos, folhas no chão, longos passeios na floresta… aah, que bom!

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A preparar a sauna – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Os sons crepitantes de uma sauna aquecida a lenha, são possivelmente os sons mais relaxantes deste planeta e é algo que associo às noites escuras de Outono. Há também algo no Outono que faz com que eu sinta uma sede fora do normal de bom vinho. Não que precise de muitas razões para beber vinho, mas a atmosfera lareira-aconchegante-hey-vamo-nos-enroscar do Outono, faz com que realmente se queira beber vinho como se não houvesse amanhã.

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Terras do Demo (A Garrafa e o Cais) – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Uma escapadela rápida para o campo depois de uma viagem de trabalho intensiva, é o que veio mesmo a calhar. Fui buscar um amigo meu ao aeroporto de Helsínquia numa noite, já tarde, e, enquanto conduzíamos pelo denso nevoeiro, a garrafa que eu tinha deixado no chão do carro, começou a chamar a atenção dos viajantes sedentos. O meu amigo estendeu a mão para a garrafa, que se revelou ser um vinho espumante rosé da região Távora-Varosa. Esta peculiar região de vinho montanhosa, partilha fronteira com o Douro a norte e o Dão a sul. É bastante remota e a maioria das vinhas crescem entre 500 a 800 metros acima do nível do mar.

Enfim, a garrafa que estava no chão do carro ficou meio vazia antes de chegarmos ao nosso destino, mas quando finalmente chegámos e nos instalámos, tive oportunidade de a provar antes que desaparecesse.

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Terras do Demo – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Terras do Demo Touriga Nacional Rosé Bruto 2012
Algumas bolhas de rosé são bastante delicadas e frescas, outras são mais substanciais, com mais carne à volta do osso. Este vinho está precisamente no meio desses dois estilos. À primeira vista, pôs-me a pensar “Não é exactamente champanhe, pois não?”. Ignorante, eu sei, mas no ponto. Depois de algum tempo, este revelou-se um vinho espumante muito decente, com um bom benefício para o seu custo. A garrafa promete demasiado, sem dúvida. Quer dizer, é uma garrafa lindíssima: o colar exsuda prestígio e tal, vestida para impressionar. Mas o líquido no interior é mais terra a terra. Uma boca agradável e cremosa, com um saboroso e ácido final de arando. Sentado ao fundo do cais, a ver o pôr-do-sol, este vinho pode ser um delicioso e inesperado prazer, desta curiosa “DOCsinha”.

Contacts
Moimenta da Beira
Sernancelhe
Vila Nova de Paiva
Sátão
Site: www.terrasdodemo.pt

Quinta da Murta = Arinto

Texto João Pedro de Carvalho

A região de Bucelas (demarcada desde 1911) fica situada às portas de Lisboa, concelho de Loures, e é caracterizada pela produção de brancos e espumantes com base na casta Arinto. Ganhou fama no estrangeiro aquando da Guerra Peninsular/Invasões Francesas, pelo facto do General Wellington terá levado uns pipos do branco de Bucelas para George III, passando o “Lisbon Hock” a ser exportado nessa altura em grande quantidade para Inglaterra. Terá sido também o vinho de Shakespeare imortalizado com o nome “Charneco”.

A região adormeceu durante largos anos e apenas se revitalizou com o surgimento de novos projetos no início dos anos 90, onde a figura do enólogo Nuno Cancela de Abreu teve um papel muito importante.

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Vinhas Quinta da Murta – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Um dos projectos do qual fez parte foi a Quinta da Murta, uma propriedade vinícola com 27 hectares, situada a 2,5 km de Bucelas, aproximadamente 20 km a norte de Lisboa e com a primeira colheita em 1994.

A propriedade possui 14,5 hectares de vinha, implantadas a 250 metros de altitude nas encostas do Vale da Ribeira do Boição, beneficiando de solos compostos por margas calcárias e calcários cristalinos, com numerosas presenças de fósseis. Com natural presença da casta Arinto, cuja acidez natural aliada às características dos solos e do microclima da região permite produzir na Quinta da Murta, agora com o enólogo Hugo Mendes, vinhos únicos com grande potencial de guarda onde brilha a gama de brancos e de espumantes.

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Quinta da Murta Reserva Bruto 2008 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta da Murta Reserva Bruto 2008 (DOC Bucelas)
Uma pequena parte do lote fermentou em barricas usadas, com posterior estágio em garrafa. Mostra um Arinto evoluído, complexo, aroma muito fresco com citrinos maduros, folha de limoeiro, maçã, muito vivo e direto com mineralidade de fundo. Boca com muita frescura, mousse ligeira com citrinos, vivacidade e mineral, numa bela acidez em final persistente e seco. Um espumante que pede pratos de marisco por perto, por exemplo mexilhões ou ameijoas ao natural, apenas com umas gotas de sumo de limão e coentros picados.


Contactos

Quinta da Murta, Estrada Velha do Boição nº 300
2670-632 Bucelas Portugal
Tel: 210 155 190
Telemóvel: 932 857 750
Fax: 210 155 193
Email: qmurtageral@hotmail.com
Site: www.quintadamurta.pt