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    Vinha d’Ervideira Antão Vaz Vindima Tardia 2013

    Texto João Barbosa

    O ódio é uma coisa feia. Além de criar verrugas no nariz, entortar as unhas dos pés e azedar o fígado, o ódio não constrói nem ajuda. Vejam-se os casos da intolerância fanática e terrorista. É um exemplo fácil e actual, já bastante nas notícias.

    Alguém disse que um homem sem inimigos não tem préstimo. Discordo e inverto: um homem sem amigos é que não tem valor. Porém, ninguém é só mau ou só bom. Vou escrever sobre gente e de suas peripécias de gostos. Um debate civilizado é delicioso, sobretudo quando não é uma mera troca de palavras, retórica de confronto e ausência de pensamento. Há casos inexplicáveis, que são também interessantes para conversar.

    Tenho uma quezília! Uma guerra quixotesca contra a casta antão vaz. Sinceramente, se tantos agricultores a cultivam é porque são muitos os seus apreciadores. Quem estará «errado» serei eu. Um amigo tem ataques epilépticos – metáfora – se pressente a cabernet sauvignon, comigo é essa uva com nome de pessoa.

    Sou um bocado extravagante, por isso tenho arrufos românticos, que noutros tempos levariam a duelo de sabre, contra a antão vaz. É giro fazer género, como as mocinhas adolescentes sorrindo nervosas quando cruzam o olhar com o rapaz mais giro da escola… que era eu!

    Como cavalheiro defendendo uma dama ofendida – os prazeres do olfacto e do paladar – sou peremptório:

    – Odeio a casta antão vaz! Essas vinhas deviam ser todas arrancadas e os campos higienizados. Quem fosse apanhado com um pé de vinha dessa «coisa» deveria sofrer castigos corporais em campos de reeducação.

    Não odeio! Sei – aprendi no ano passado – que há palavras muito perigosas: nunca, sempre, tudo, nada, todos, nenhum…

    Numa visita recente à Adega da Ervideira, situada muito perto do burgo medieval de Monsaraz, fui obrigado a engolir uma série de insultos que dirigi à antão vaz. Engolir, literalmente.

    Esta casta branca é talvez a mais apreciada do Alentejo. Quase sempre (para mim) pesada, excessiva, enjoativa, cansativa e rústica. Defeitos que os apreciadores admitem existirem em alguns vinhos. Todavia, os alentejanos «descobriram» a arinto e o resultado final é superior à simples soma aritmética.

    Mas do que quero dar conta é dum monovarietal de antão vaz, que está na garrafeira de Deus… é um vinho do Diabo. Este é o segundo antão vaz – o outro também monocasta (Solista 2010, Adega Mayor, pelo enólogo Paulo Laureano) – que me dá prazer.

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    Vinha d’Ervideira Antão Vaz Vindima Tardia 2013 in wonderfulland.com/ervideira/

    Vinha d’Ervideira Antão Vaz Vindima Tardia 2013 tem uma frescura impressionante, nervo, doçura sem enjoo, é racing. Enche a boca, onde liberta aromas e chega longe, profundamente e com tempo.

    Só referi este por causa da minha zanga com a antão vaz e pela surpresa de ser uma colheita tardia, sem botrytis. Porém, há uma gama com alternativas e com o traço comum da qualidade e da facilidade com que agradam. Nélson Rolo é o enólogo responsável pelos vinhos da Ervideira.

    Já agora… vale a pena ir à Herdadinha, propriedade onde se situa a Adega da Ervideira, e entrar nas brincadeiras do enoturismo. Culminam em Monsaraz, com vista para o lago de Alqueva… Lindo! Mas tenho saudades de quando aquele mar não estava ali… suspiro, conformado.

    Contactos
    Adega Ervideira
    Herdadinha – Vendinha
    Reguengos de Monsaraz
    PORTUGAL
    el: (+351) 266 950 010
    Fax: (+351) 266 950 011
    E-mail: ervideira@ervideira.pt
    Website: www.wonderfulland.com/ervideira

    Olho no Pé: A coragem de ir onde nunca outro homem foi

    Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Ferreira

    No meu último artigo sobre o Douro disse “procurai e achareis”, porque nenhuma outra região portuguesa pode certamente gabar-se de ter uma tão rica diversidade de terroirs? Na realidade,  se procurarmos bem podemos até descobrir vinhos doces no Douro. É claro que não estou a falar de vinho do Porto. Estou a falar de vinhos de sobremesa influenciados por colheita tardia e por botrytis, isto é, sem ser necessária a adição de aguardente vínica.

    A adição de aguardente vínica interrompe o processo de fermentação que transforma os açúcares da uva em álcool, o que explica o porquê de os vinhos fortificados, como o vinho do Porto e o  Moscatel do Douro, serem doces. Por outro lado, os vinhos doces não fortificados, confiam simplesmente em ter níveis de açúcar altíssimos. Deixem as uvas na vinha por tempo suficiente e, se o tempo estiver seco e ensolarado, o Douro irá presentear-vos com enormes quantidades de açúcar. Então porque é que não vemos mais vinhos doces, não fortificados, no Douro?

    A resposta reside no facto de que, um grande énologo de vinhos de sobremesa tem de ser um equilibrista perfeito entre o açúcar e a acidez.

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    Equilibrista in unbornmind.com

    À medida que os açúcares da uva sobem, a acidez diminui. Se a acidez for muito baixa, o vinho vai ser demasiado doce, ou pior, flácido. Os grandes vinhos de sobremesa precisam tanto de altos níveis de açúcar como de acidez. Não é uma combinação fácil num clima quente e seco.

    É por isso que o punhado de vinhos doces do Douro que encontrei advêm de vinhas a grande altitude. E podem ser realmente impressionantes. Por exemplo, o Rozès Noble Late Harvest 2009, ao qual o meu painel atribuiu a Medalha de Ouro e o Troféu de Vinho Doce no Decanter World Wine Awards 2011, ou o Quinta do Portal Late Harvest 2007, um dos meus 50 Grandes Vinhos Portugueses 2010.Quanto mais elevadas estiverem as vinhas, mais elevada será a acidez, porque, em altitude, as temperaturas caem drasticamente, especialmente durante a noite. Junte-se a este facto o nevoeiro matinal e a humidade, e estão reunidas as condições perfeitas para a botrytis se firmar. E ao contrário do que seria de se esperar, este fungo dá lugar aos mais mágicos vinhos doces, não só porque concentra a doçura e a acidez, mas também porque dá lugar a uma complexidade melada, muitas vezes floral (camomila ou açafrão). Não é de admirar que também seja apelidada de podridão nobre!

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    Tiago Sampaio da Olho no Pé no Simplesmente Vinho – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

    A minha última descoberta no que toca a vinhos de sobremesa, são os vinhos produzidos por Tiago Sampaio da Olho no Pé. Descrevendo-se como “a one man show”, o despertar do interesse de Sampaio pelo vinho foi desencadeado pelo seu avô que o apresentou, quando ainda jovem, às vinhas do Douro e ao mundo do vinho. Mas tenho as minhas suspeitas de que o foco na frescura que Sampaio apresenta nos seus vinhos é resultado dos 5 anos que passou no Oregon (onde tirou um doutoramento em Viticultura e Enologia). O que explica os pálidos mas prometedores Pinot Noirs que tem no seu portfólio – a delicada casta da Borgonha beneficia das noites frescas do Oregon. Sampaio fundou a Olho no Pé quando regressou ao Douro, em 2007, depois da sua estadia nos Estados Unidos. Os vinhos de sobremesa que me mostrou no Simplesmente Vinho, realizado no início deste ano (finais de Fevereiro), são ambos produto de um field blend de vinhas velhas (com mais de 70 anos) maioritarimente composto por Gouveio, em Alijó e a 600 metros acima do nível médio das águas do mar. Devido à sua altitude, tal como Favaios, o município é tradicionalmente famoso pelo seu delicado e fresco Moscatel do Douro, bem como pelos brancos secos que agora começam a ganhar destaque. Aqui estão as minhas notas relativamente aos deliciosos vinhos doces de Sampaio:

    Olho no Pé Colheita Tardia

     2011 (Douro)

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    Olho no Pé Colheita Tardia 2011 – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

    Sampaio tem um toque muito delicado. Uvas escolhidas a dedo, repletas de açúcar (este vinho tem à volta de 200 g/l de açúcar residual), são colhidas em vindimas sucessivas e altamente selectivas. Foi fermentado de forma natural e muito lentamente. À medida que o sumo da uva se transformava, lentamente, em vinho, foram surgindo aromas e sabores complexos – açafrão, gengibre cristalizado, camomila e peras cozidas. Textura aveludada, muito fresco e puro, o vinho foi envelhecido em borras finas, em barricas de carvalho já usadas, o que permite que a fruta se mostre. Super-agradável com uma qualidade sedutora e não-trabalhada. 11%

    Olho no Pé 2011 (Vinho, Portugal)

    Se exagerar, será apenas um pouco (no que diz respeito ao Douro), mas reconheço que este cuvée que ainda não tem nome, ousa ir nenhum foi antes. É o produto das mais concentradas uvas atacadas por Botrytis, de 2011 (que é o mesmo que dizer todas as colheitas em que Sampaio já trabalhou). Apenas dois barris foram feitos, que, com o dobro da quantidade de açúcar residual (400 g/l) levaram muito, muito mais tempo para fermentar – dois anos! Com apenas 7% de teor alcoólico está abaixo do nível mínimo para a DOC Douro ou para a classificação VR Duriense. Ainda assim revela a mesma assinatura a açafrão de botrytis que o vinho Colheita Tardia – toque adorável e pureza. Um palato acetinado que revela açúcar caramelizado, algodão doce e uma maçã mais fresca, focada, brilhante e apertada junto do núcleo, conferindo-lhe um traço bem-vindo que equilibra a amargura e a acidez. Saboroso mas fresco, concentrado mas com leveza, esta doce sensação de uvas perdura muito tempo na boca e na memória. Uma experiência!

    Contactos
    Tiago Sampaio
    Rua António Cândido, 7
    5070-029 Alijó, Portugal
    Mobile: (+351) 960 487 850
    E-mail: info@foliasdebaco.com
    Website: www.foliasdebaco.com

    Bicentenário do Porto Fonseca

    Texto João Barbosa

    Os vinhos podem dividir-se em bons e maus; os que têm estórias e os que não têm; e os que têm História e os que a não chegam. A este degrau chegam os bons. A longevidade dá a nascer estórias que contam história. A regularidade cria boa reputação e concede estatuto elevado. Os Portos da Fonseca reúnem «bondade», estórias, história, fiabilidade e reputação.

    Os centenários são pretexto para brindes. A firma Fonseca hoje integrada no grupo The Fladgate Partnership, celebra o bicentenário. Logo num ano em que outro – substancialmente mais importante – se evoca.

    No século XVI viveu um senhor, de seu nome Michel de Nostredame, que ficou célebre pelas profecias, aparentemente certeiras. Profetizou – leia-se e interprete-se como se quiser – o surgimento de três anticristos. O primeiro seria Napoleão Bonaparte e o segundo Adolf Hitler, cuja grafia apresenta semelhanças com o «Hister» anunciado pelo vidente.

    Blend-All-About-Wine-Fonseca-200-Wines

    Vinhos do Porto Fonseca in the-yeatman-hotel.com

    Tomo a liberdade de reescrever esta «verdade» acerca de anticristos: Josef Stalin, Fuminaro Konoe, Hideki Tojo, Mao Tse Tung, Pol Pot… e muitos ditadores de menor relevo. Napoleão só aos olhos da época pôde ser demónio. Segurou os lemas da Revolução Francesa e espalhou-os – muito enviesadamente – pela Europa.

    Antes da «verdadeira» guerra napoleónica, desenrolou-se a Guerra das Laranjas, em 1801, em que Espanha roubou Olivença. Em 1806, Portugal recusou-se a subjugar-se à ordem de participar no bloqueio naval às ilhas britânicas. Por isso foi invadido por Espanha e França, tendo o Rei Dom João VI, a família, a Corte e os criados fugido para o Brasil.

    Houve três invasões francesas, em 1807, 1809 e 1810. Designada por Guerra Peninsular, as entradas foram lideradas por Jean-Andoche Junot, Nicolas Jean de Dieu Soult e André Massena. Em 1811, as tropas anglo-lusas chutaram os invasores franceses e espanhóis.

    Napoleão Bonaparte caiu diante das tropas britânicas, comandadas por Arthur Wellesley, e aliados, em 18 de Junho de 1815, na Batalha de Waterloo. Findo o conflito, os soldados regressaram; os patriotas da Leal Legião Lusitana e os traidores da Legião Lusitana, que serviram França. Muitos dos traidores foram poupados e alguns têm até nome de rua. Não entendo o meu país.

    Os chineses escrevem crise com dois sinais gráficos conjugados: perigo e oportunidade. O risco é inerente aos negócios e em clima de guerra torna-se mais difícil. A Guerra Peninsular terminou a 10 de Abril de 1814, na Batalha de Toulouse. As notícias chegavam lentas, era quase impossível estar actualizado das movimentações dos exércitos. Ainda que tenha passado um ano, montar um negócio naquele contexto foi muito arriscado, até porque o cliente estava na Grã-Bretanha e no mar ainda havia navios inimigos.

    Em 1815, João dos Santos Fonseca comprou, apoiado pela família Monteiro, 32 pipas de Vinho do Porto. Mais tarde chegou, em 1860, a família Guimarães – nome anglicizado para Guimaraens – e posteriormente a Yeatman, na segunda metade do século XX.

    Uma firma ainda familiar. Duzentos anos depois, o que se pode dizer? Está tudo escrito nos dois primeiros parágrafos.

    Contactos
    Quinta do Panascal
    5120-496 Valença do Douro
    Tel: (+351) 254 732 321
    E-mail:marketing@fonseca.pt
    Website: www.fonseca.pt

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    Esporão, Um Clássico do Alentejo

    Texto José Silva

    É uma das maiores propriedades do Alentejo, com os seus 1.800 hectares de terreno, 450 dos quais ocupados por vinhas em plena produção e outros 80 com olival a produzir um óptimo azeite.

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    O restaurante – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Wine Shop – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Se a isto juntarmos uma adega muito bem projectada e inserida na paisagem rural, um restaurante a servir comida excelente, uma loja com grande variedade de ofertas e uma mancha de água que ajudou a moldar a paisagem, pare além de abastecer água a todo o   complexo, então temos um dos poucos locais de enoturismo no Alentejo onde passar apenas um dia pode saber a pouco.

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    Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Mas é a produção vinícola que mais chama a tenção, não só pela paisagem arrebatadora dos vinhedos a perder de vista, numa continuidade fora do vulgar, mas também pela qualidade e cuidado que põem em tudo o que ali fazem. E, claro, os vinhos, de vários patamares, mas onde a qualidade é uma constante e uma quase obcessão. Numa equipa liderada por um enólogo veterano que, embora oriundo da longínqua Austrália, já é bem português e que recentemente até se naturalizou em terras lusas. David Baverstock não esconde a sua paixão pelo que faz e que faz tão bem, mas é muito bem secundado por uma equipa de viticultura e enologia liderada por Luís Patrão. Os resultados, esses estão à vista, em cada nova colheita.

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    Casta Corropio – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Casta Molinha Macia – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Na viticultura tem natural destaque o campo ampelográfico que mantêm, com 188 castas portuguesas mas também de vários sítios do mundo, onde se tenta preservar muito do que é nosso e analisar a sua evolução e potencial. Castas com nomes estranhos como Tinta Pomar, Molinha Macia, Malvasia Cândida, Corropio, Uva Salsa, Tinta do Bragão, Arinto do Interior, Larião, Amor-não-me-deixes, Carrasquenho e muitas outras, ali estão a dar o seu melhor. Mas é nas castas mais tradicionais portuguesas (Alicante Bouschet, Aragonês, Touriga Nacional,Verdelho, Antão Vaz, Arinto, Roupeiro, Gouveio) e algumas estrangeiras (Syrah, Petit Verdot, Semillon) que vão buscar as bases para os seus vinhos mais emblemáticos.

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    Adega Moderna – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Novas Soluções Técnicas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Algumas destas uvas são depois trabalhadas numa adega moderna recentemente actualizada, com novas soluções técnicas também.

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    Barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    E depois vão descansar naquela cave de barricas enorme, incrível.

    Na recente visita provaram-se alguns deles e confirmou-se novamente o seu potencial.

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    Duas Castas branco 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    O branco Duas Castas 2013, a partir do Gouveio e do Antão Vaz, apresentou-se muito límpido, com aromas vegetais ligeiros, muito cítrico, delicado. Na boca tem bastante frescura, é intenso e persistente, notas frutadas e alguma mineralidade, um vinho cheio de juventude.

    O Private Selection Branco também de 2013 é um vinho completamente diferente. Um vinho moderno e sedutor, fermentado em madeira, o que se nota logo no nariz, algo exótico, cheio de elegancia, alguma fruta branca e notas de fumo, levemente tostado. Na boca é gordo, cheio, notas amanteigadas, algum chocolate muito suave, um vinho cheio de harmonia.

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    Reserva 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Ainda nos brancos passamos ao Reserva 2013, um vinho clássico, também fermentado em madeira, apresenta-se muito límpido, com alguma intensidade de fruta, entre citrinos e frutos brancos e notas muito ligeiras de fumo. Na boca é cheio, volumoso, fruta branca muito madura, acidez equilibrada e alguma frescura a combinar com a mineralidade persistente.

    O Private Selection Tinto de 2011 revela todo o potencial dum ano extraordinário. Aromas complexos de especiarias, alguns frutos vermelhos, notas de chocolate e tabaco muito suaves. Na boca é austero, cheio, com notas de cacau e café, intenso, boa acidez e final longo e saboroso.

    Blend-All-About-Wine-Esporao-branco-Quatro-Castas-2013

    Quatro Castas tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Passamos ao Quatro Castas Tinto de 2013, com algum floral no nariz, associado a frutos vermelhos e notas apimentadas bem divertidas. Na boca é volumoso, com óptima acidez, alguma complexidade, muito elegante com final médio bem interessante.

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    Reserva tinto 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Finalizamos com um clássico, o Reserva Tinto de 2012. Um vinho com um nariz exuberante, com presença de frutos silvestres, algum fumo, apimentado, elegante.

    Na boca é ao mesmo tempo elegante e austero, cheio de corpo, ligeiramente tostado, frutos pretos, boa acidez a dar-lhe equilíbrio e provávelmente grande longevidade. Belo vinho.

    Já na saída da herdade, a paragem obrigatória na Torre do Esporão, mandada construir entre 1457 e 1490 por Álvaro Mendes de Vasconcelos. Foi recuperada em 2003 e hoje alberga um museu arqueológico onde estão peças valiosas recolhidas no Esporão e nos Perdigões.

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    Arco do Esporão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Ermida de Nossa Senhora dos Remédios – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Ao lado da torre está o Arco do Esporão e a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, que também fazem parte da história desta propriedade, cuja origem se perde no tempo…

    Contactos
    Herdade do Esporão Enoturism
    Herdade do Esporão
    Apartado 31
    7200-999
    Reguengos de Monsaraz
    Tel: (+351) 266 509280
    Fax: (+351) 266 519753
    E-mail:reservations@esporao.com
    Website: esporao.com

    Quinta de Covela os novos vinhos de 2014

    Texto João Pedro de Carvalho

    Foi no passado dia 22 de Abril que a Quinta de Covela veio a Lisboa mostrar os seus vinhos da colheita de 2014. Num dos ícones da gastronomia Lisboeta, a Cervejaria Ramiro, foram provados os brancos monocasta e o rosé da Quinta de Covela. Guiados por toda a equipa, a introdução coube ao viticultor Gonçalo Sousa Lopes e ao enólogo Rui Cunha. O ano de 2014 foi muito bom, a chuva fez-se sentir na devida altura intercalando com o calor fazendo com que a maturação das uvas tenha sido lenta e arrisco a dizer perfeita. O resultado está à vista, vinhos bem frescos com aromas e sabores muito bem definidos de forma cristalina e a mostrar uma natural apetência para a mesa. A procura por estes vinhos tem vindo a aumentar, sendo a produção de momento ainda reduzida face à necessária replantação que se ficou a dever ao mau estado em que foi encontrado grande parte do vinhedo, cerca de 40%.

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    Equipa Covela – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

    Logo de início tivemos um mano a mano entre o Covela Edição Nacional Avesso com a colheita 2013 (garrafa magnum) e 2014. Uma diferença que se fez notar num Avesso 2013 muito mais sisudo e coeso, fruta (citrino, maçã) muito mais gorda sem grande definição aromática, num conjunto com alguma austeridade na boca, final seco.

    O Covela Edição Nacional Avesso 2014 brilhou com os seus aromas muito puros e quase cristalinos, um toque floral muito perfumado com a fruta em grande destaque, muita frescura com nervo e mineralidade em fundo. Conjunto coeso, cheio de vida, boca com grande vida e muito sabor, secura final a pedir mesa que foi o que sucedeu acompanhando com galhardia umas Ameijõas à Bulhão Pato.

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    Covela Edição Nacional Avesso 2014 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

    O próximo vinho surge em tom de Arinto, muito austero e cheio de garra este novo Covela Edição Nacional Arinto 2014, muita frescura num conjunto ainda bastante novo. A base é de citrinos, com algum floral, embora todo o conjunto precise de mais tempo, por agora é o tom mineral de fundo que mais se faz destacar com uma enorme energia na boca. É um branco de bom porte atlético, muito menos brincalhão de aromas do que o Avesso. Neste caso pede pratos com um pouco mais de substância e vontade seja feita acompanhou umas Gambas al Ajillo.

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    Covela Edição Nacional Arinto 2014 e Covela Rosé 2014 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

    Outra das novidades o Covela Rosé 2014, feito a partir de Touriga Nacional que se vindima precocemente apenas para dar origem a este vinho. É um caso de sucesso e um dos melhores rosés feitos em Portugal, conquista pelo conjunto, jovem, fresco e delicado. Aromas e sabores muito detalhados, delicado floral com aquela frescura marcante. Palato equilibrado entre fruta/acidez com muito boa presença sem nunca deixar de ter aquela secura em final de boca que revigora o palato e lhe confere uma tão boa apetência gastronómica.

    Contactos
    LIMA SMITH Lda.
    Quinta de Covela,
    S. Tomé de Covelas
    4640-211 BAIÃO
    Tel: (+351) 254 886 298
    E-mail: info@covela.pt
    Website: www.covela.pt

    A Tradição, a História, a Produção de Vinhos com Arte

    Texto José Silva

    O Alentejo ainda encerra alguns locais cheios de magia, seja pela beleza da paisagem, pela imensidão das terras a perder de vista, pelos produtos da terra, seja pela história das famílias e das construções. Ali na região de Estremoz existe um local onde todos estes predicados estão bem presentes, a Quinta Dona Maria, datada do século XVIII, que chegou a pertencer a el-rei D.João V.

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    Dona Maria, Júlio Bastos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Dona Maria – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    O actual proprietário, Júlio Bastos, tem sabido não só manter a beleza e a qualidade das instalações tão cheias de história e dos esplendorosos jardins circundantes, como tem apostado acertadamente na produção de vinhos de grande qualidade, hoje reconhecidos um pouco por todo o mundo como produtos de excelência.

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    A Beleza – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    A Qualidade das Instalações – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    A partir de uvas muito boas de várias castas, de que se destaca naturalmente o Alicante Bouschet nos tintos, que são trabalhadas numa adega antiga muito bem recuperada, com belos lagares de mármore da região, onde ainda se pisa a pé, ali estagiam vinhos poderosos, cheios de raça mas também muito elegantes, com um perfil muito próprio e grande potencial gastronómico.

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    As Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Com uma viticultura de rigor, vinhas bem conduzidas, com a característica de não serem regadas, conseguem-se uvas muitos sãs, vindimadas na ocasião certa, escolhidas cuidadosamente, para poderem ser elaborados os vinhos com a chancela Dona Maria.

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    Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Na visita que fizemos recentemente, fomos recebidos pela enóloga Sandra Gonçalves e pelo proprietário, Júlio Bastos, para um passeio pela adega e toda a sua austeridade mas grande beleza e tentar entender como são trabalhadas as uvas que vão dar aqueles vinhos tão bons.

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    Tectos de Madeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Os Velhos Depósitos de Cimento – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    A adega tem uns fantásticos tectos em madeira, com colunas em abóbada de cerâmica e grossa paredes de pedra, que também albergam os velhos depósitos de cimento, ainda utilizados depois de recuperados.

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    As Barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Noutro compartimento repousam os vinhos, em inúmeras barricas de carvalho francês e americano, que a seu tempo hão-de ser engarrafados para continuar a estagiar mais alguns meses…ou anos. Depois de esclarecedoras explicações sobre todo o processo produtivo, Júlio Bastos convidou-nos para a sala de provas onde a Sandra Gonçalves preparou uma prova que foi guiada pelos dois, com o Júlio Bastos sempre com o seu característico tom crítico, mesmo em relação aos seus próprios vinhos. Mas também imensamente didático em relação aos vinhos alentejanos em geral, de que é grande conhecedor. Perante nós desfilaram oito vinhos que nos deram grande prazer:

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    Os Brancos Dona Maria – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    O Dona Maria Branco 2014 mantém o perfil de aromas tropicais, bastante citrino, fresco, com acidez muito equilibrada e óptimo volume de boca. O Amantis branco 2013 com a casta Viognier a brilhar, tinha notas tropicais muito ligeiras e alguma fruta branca e ligeiro toque de fumo, com acidez balanceada a dar-lhe muita elegância.

    O Viognier 2013 revelou-se um vinho ainda jovem, a combinar aromas de frutos brancos com algum floral mas muito elegante, com boca volumosa, cheio, acidez intensa mas equilibrada, a dar-lhe belo final. Depois um fantástico Rosé 2013, que se revelou muito equilibrado, com aromas tropicais muito suaves a par duma boca complexa, cheio de frescura, com notas de frutos tropicais, morangos, compota e uma acidez a ligar todo o conjunto, com um grande final.

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    Os Tintos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Passados aos tintos, apareceu o Dona Maria Tinto 2012, um lote que apresentou aromas a frutos vermelhos maduros, notas ligeiras de fumo, de amoras. Na boca é vivo, com óptima acidez, frutos vermelhos intensos e um bom volume, um vinho muito equilibrado. O Touriga Nacional 2011 é um tinto que revela bem a qualidade do ano de colheita. Os aromas elegantes de violeta e bergamota, com notas ligeiras de fumo e algumas especiarias contrastam com uma boca cheia, aveludada, com notas de frutos vermelhos e algum chocolate e uma óptima acidez.

    Seguiu-se o Amantis Tinto Reserva 2009, um vinho musculado, complexo, com aromas de frutos pretos maduros e alguma frescura. Na boca é volumoso, mantendo a complexidade, notas mentoladas, frutos vermelhos e algumas especiarias, acidez persistente e belo final.

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    Quinta do Carmo Garrafeira 1986 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Para terminar a festa o Júlio Bastos abriu uma garrafa dum clássico da quinta, o Quinta do Carmo Garrafeira 1986, que foi previamente decantado. Apresentava uma cor violácea com laivos acastanhados a denotar a idade, muito elegante, nariz muito suave e aveludado, ainda com alguns frutos vermelhos. Na boca é delicado, macio, taninos deliciosamente suaves, cheio de complexidade, acidez muito equilibrada, persistente, ligeiramente fumado, com final longo, muito longo. Ganha se for aberto umas horas antes e prova que os tintos alentejanos também envelhecem bem.

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    A Casa Pricipal – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Cá fora, no imenso terreiro, fomos “esmagados” pela beleza da casa principal, beleza que continua no interior, com várias salas que nos levam quase três séculos atrás. No canto duma delas, numa passagem secreta, parece que ainda vemos D. João V a entrar para uma visita furtiva a D. Maria, a cortesã a quem oferecera esta Quinta do Carmo…

    Contactos
    Quinta do Carmo 7100-055 Estremoz
    Telefone: (+351) 268 339 150
    Fax: (+351) 268 339 155
    Email: donamaria@donamaria.pt
    Website: donamaria.pt

    Vinhos Vasques de Carvalho

    Texto João Barbosa

    Esquecendo a escala cósmica, um século é um sítio longínquo. Nesse tempo o mundo era a preto e branco… é o que se vê nas fotografias. Fora de brincadeira, atingir essa marca é para celebrar.

    Não sendo absolutamente extraordinário, a verdade é que poucos humanos podem ou puderam dizer que chegaram ou ultrapassaram a barreira do século. Ainda há dias partiu o cineasta Manoel de Oliveira, aos 105 anos. Quem o conheceu diz que era uma pessoa de grande jovialidade – tal como estes vinhos.

    Assim acontece com as empresas ou data de assentamento duma família num território. É na assinatura desse contrato que a história começa a contar. A companhia é jovem, criada em 2000, mas as raízes são seculares. A família Vasques de Carvalho estabeleceu-se em meados do século XIX no Vale do Rodo, onde hoje tem cinco hectares de vinha velha, plantada nos tradicionais em socalcos. Como a grande maioria dos agricultores do Douro, os Vasques de Carvalho vendiam o vinho às firmas de Gaia. Porém…

    Porém, houve um ano em que José Vasques de Carvalho, bisavô do actual administrador, não abriu mão da colheita. O lavrador guardou tudo de 1880. É uma jóia, confirmando a visão desse lavrador oitocentista.

    Ponto de ordem à mesa! O que já se pode conhecer? Além de Vinho do Porto, a Vasques de Carvalho apresenta uma gama de vinhos com denominação de origem Douro. Comum a todos eles, um perfil aromático muito elegante. Uma vez que as uvas brancas são compradas fora, penso que o desenho é arte do enólogo, Jaime Costa, de reconhecida competência. Todos eles muito frescos e elegantes.

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    Oxum branco 2013 in vasquesdecarvalho.com

    O Oxum Branco 2013 fez-se com uvas das castas viosinho, gouveio e rabigato. É bom vinho para tema de conversa entre enófilos apaixonados em debater os temas do nariz e da boca. Jaime Costa, que tem galões de general, refere «muito mineral, com notas frutadas de pêssego e citrinos maduros». Penso diferente e em concordância com o parceiro de prova: delicado sem ser frágil, com ramalhete de suave jasmim, flor de laranjeira e uma pitada de limão. A boca, infelizmente, fica aquém dos aromas. Cada qual escolha a sua, entre estas duas e outras hipóteses. Mas… belo vinho.

    Ora, o branco foi onde mantive maior divergência quanto ao enólogo, que foi persistente nos Douro. Sinceramente, acho que escrever descritores é aborrecido e duvido que alguém vá comprar 0,75 litros de frutos vermelhos…

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    Oxum tinto 2012 in vasquesdecarvalho.com

    Oxum Tinto 2012 mantém o apetite. Elegante e prazenteiro, com o Douro dentro e uma elegância acima da média. Acima fica o X Bardos Tinto 2012, robusto como um cavaleiro e de bom trato, com notável fundura de boca.

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    X Bardos branco 2012 in vasquesdecarvalho.com

    Os Tawnies provados divergem entre si. Ah! A elegância aromática estende-se a estes vinhos. A divergência é que esperava bem mais do Tawny 10 anos. Penso que pode ser melhorado.

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    Vasques de Carvalho 10 anos Tawny in vasquesdecarvalho.com

    Dez anos não são 40, comparáveis em exercício intelectual. O Vasques de Carvalho 40 anos é um vinhaço. Um vinhaço! Um vinhaço! Um vinhaço!

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    Vasques de Carvalho 40 anos Tawny in vasquesdecarvalho.com

    Votos de sucesso, pois que produtores deste nível são sempre benvindos – recuso-me a escrever bem-vindos, por falta de lógica. Pois… já me esquecia… a firma porá à venda 750 garrafas do vinho de 1880. Uns milhares de litros do tesouro vão continuar sossegados nos tonéis. Um vinho com «tudo» dentro. Só vendo com nariz e boca.

    Contactos
    Vasques Carvalho
    Av. Dr. Antão de Carvalho n. 43
    5050-224 Peso da Régua
    Douro, PORTUGAL
    Telemóvel: (+351) 915 815 830
    Tel: (+351) 254 324  263
    Fax: (+351) 254 324 263
    E-mail: vasquescarvalho43@gmail.com
    Website: vasquesdecarvalho.com

    Bruxas da Páscoa e Vinho do Porto

    Texto Ilkka Sirén | Tradução Bruno Ferreira

    Chegou a Páscoa. Nós, finlandeses, somos exímios em pegar num feriado religioso, retirar-lhe tudo o que seja religioso e transformá-lo numa grande festa para comer e beber. Claro que há aqueles que seguem a tradição, mas para a maior parte das pessoas é apenas um longo fim-de-semana com amigos e família à volta de uma mesa a passar um bom bocado. Claro que temos uma boa parte de tradições de Páscoa. Os coelhinhos da Páscoa, os ovos de galinha e de chocolate são abundantes. O ovo de chocolate mais famoso é o Mignon e tem estado presente desde os finais do século XIX. Consiste na casca de um ovo verdadeiro recheada com nougat de amêndoa-avelã. Os tradicionais ovos de chocolate ocos não são nada quando comparados a este. Todas as Páscoas há cerca de 2 milhões de ovos Mignon à espera de serem consumidos, um número considerável tendo em conta que são todos feitos à mão.

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    Eu e o meu irmão mais velho vestidos de bruxas – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

    Falando de tradições estranhas da Páscoa, durante este período, os finlandeses também cultivam erva em casa. Calma, não é a ilegal mas sim a normal azevém verde, que é colocada numa pequena taça em cima da mesa para simbolizar o renascimento da vida depois do Inverno e a chegada da Primavera. Além disso há também a tradição de vestir as crianças de bruxas. Sim, é mesmo isso. Acredita-se que antigamente havia, durante a Páscoa, bruxas montadas nas suas vassouras que faziam todo o tipo de travessuras. Agora os miúdos vão de porta em porta vestidos de bruxas, abanando galhos de salgueiro aos estranhos para lhes desejar felicidades, e em troca podem receber alguns doces. Uma estranha mistura de tradições Ortodoxas e Pagãs. Antigamente eram feitas grandes fogueiras para espantar as bruxas, tradição essa que ainda hoje se mantém. Como pode ver na fotografia acima, em criança, costumava passar todas as Páscoas a parecer a avó do Harry Potter.

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    Graham’s LBV 2008 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

    Felizmente a minha carreira como Dumbledore não estava destinada. Em vez disso, posso beber este LBV mágico de 2008 da Graham’s e relaxar com a minha família. Na Finlândia o consumo de vinho sobe um pouco durante a Páscoa. Especialmente o vinho tinto que nas lojas de monopólio atinge mais 64% de vendas do que numa semana normal. O consumo de vinhos de sobremesa também sobe um bocado, o que me traz a este vinho do Porto. Um LBV aveludado é uma bebida excelente para Páscoa. Eu costumo servir Moscato d’Asti com sobremesas mais leves, como panna cotta. Mas com sobremesas de chocolate mais pesadas e com mämmi (uma estranha sobremesa finlandesa) prefiro um LBV firme. 2008 foi o ano da minha primeira visita a Portugal e trabalhei na vindima do Vale do Douro. Lembro-me de que o Verão não foi particularmente quente, para o que Portugal está habituado. Mas para mim, um pálido menino finlandês, parecia que estava a assar no forno e que estava a ficar maduro muito mais rápido do que as uvas. Quando a colheita começou houve algumas previsões meteorológicas sombrias e, mesmo com algumas chuvas, provavelmente muito necessárias, a qualidade do vintage saiu muito boa. Especialmente nalguns Single Quintas e, o nível do LBV é, na verdade, mais do que bom.

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    Vinho do Porto e Gouda Velho – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

    Com este firme mas delicado LBV Graham’s 2008 optei por algo super clássico no que toca à harmonização. Vinho do Porto e um queijo Gouda velho a desfazer-se é, provavelmente, a minha harmonização favorita de sempre. Quando o queijo se desfaz em pequenos cristais salgados na boca e o ingerimos juntamente com este vinho do Porto rico, frutado e com muita profundidade…o resultado final é, provavelmente, a coisa mais próxima da perfeição. O Porto tem já alguns anos e, sendo um LBV, começa já a ganhar aquela suavidade atraente em torno das bordas, continuado a ser vibrante e delicioso. Vou saborear este vinho com um grande sorriso no meu rosto e manter o copo debaixo de olho para que as sedentas bruxas da Páscoa não o venham roubar.

    Contactos
    Graham’s Porto
    Vila Nova de Gaia
    Portugal
    Tel: (+351) 223 776 484 / 485
    Email: Lodge: grahams@grahamsportlodge.com
                 Geral: grahams@grahams-port.com
    Website: www.grahams-port.com

    Herdade das Servas

    Texto José Silva

    Na imensidão do Alentejo, entre Estremoz e o Vimieiro, mesmo à face da estrada nacional N4, a Herdade das Servas ocupa uma enorme extensão de terreno, a maior parte pelos imensos vinhedos da herdade.

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    Herdade das Servas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    São vinte e duas castas brancas e tintas, entre nacionais e estrangeiras, que povoam os cerca de 220 hectares de vinhas, divididos por quatro vinhas em espaços diferentes, que a família Serrano Mira tem vindo a plantar há várias gerações, até ao presente.

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    Vinhas Modernas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Vinhas a abrolhar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Vinhas modernas, bem conduzidas, com rega gota a gota, que dá gosto ver e que na nossa visita começavam já a abrolhar.

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    Instalações Administrativas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Também no mesmo terreno estão as instalações administrativas, a loja de venda de produtos e o moderno restaurante, já a funcionar muito bem.

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    A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    E, claro, a adega, que também tem vindo a aumentar, seguindo as necessidades de vinificação de maior quantidade de uvas nos últimos anos.

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    Adega muito bem equipada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Adega que está muito bem apetrechada, com toda a tecnologia moderna de controle de temperatura e de depósitos de inox onde fermentam primeiro e estagiam depois a maioria dos vinhos, após um trabalho cuidado de escolha das uvas quando estas chegam à adega, a partir do fim do mês de Agosto.

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    Sala de Barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Também na adega há uma sala de barricas, muito fresca, com muito pouca oscilação de temperatura, onde vão descansar os grandes tintos das Servas, antes de serem engarrafados.

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    Amália – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Como curiosidade, há uns anos atrás, da colheita de 2006, a Herdade das Servas engarrafou e lançou no mercado, juntamente com a Fundação Amália Rodrigues, um vinho tinto que se chama precisamente Amália, numa homenagem singela à grande diva do fado.

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    O Novo Restaurante – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    No novo restaurante, com belíssimas instalações, muito bem decorado, mesmo com algum requinte, fizemos uma refeição de aromas e paladares alentejanos, como deve ser, na companhia de Luís Mira, enólogo e proprietário e Tiago Garcia, enólogo residente.

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    Dois Irmãos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Dois irmãos já com muita experiência neste mister, ela a chefiar a cozinha e ele a tomar conta da sala, exploram este restaurante que funciona nas instalações da quinta mas que está aberto ao público. Mesas muito bem postas e serviço impecável proporcionam uma refeição tranquila para apreciar comida e vinhos com tempo.

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    Pão Alentejano – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Manteiga e Manteiga com Chouriço – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    O pão alentejano delicioso esteve sempre presente, para barrar com manteiga normal e manteiga com chouriço, e para acompanhar uma deliciosa paioca de porco preto.

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    Paioca – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Depois vieram os sonhos de farinheira, tostadinhos e saborosos, popularmente conhecidos por “papa ratos”.

     

    A representar os cogumelos alentejanos estavam as túberas salteadas em azeite e alho e umas enormes silarcas recheadas, bem boas.

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    Silercas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Pratos Principais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Como pratos principais vieram à mesa costeletinhas de borrego panadas, empada de perdiz, os tradicionais pezinhos de porco de coentrada e um belo borrego assado no forno, tendo por companhia batatas fritas às rodelas e aos palitos, em ambos os casos excelentes e umas migas de espargos cativantes.

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    Empada de Perdiz – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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    Borrego Assado no Forno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Fechou-se com a simplicidade e bom gosto duma pêra bêbada deliciosa.

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    Pêra Bêbeda – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Uma das apostas do restaurantes é ter apenas vinhos da Herdade das Servas na sua carta, o que se compreende.

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    Monte das Servas Escolha branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Durante esta bela refeição provamos primeiro o branco de 2014 Monte das Servas Escolha, um vinho ainda muito novo mas já cheio de vida, fresco e elegante, irreverente, com óptima acidez e frutos brancos equilibrados, servido bem fresco, esteve muito bem.

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    Herdade das Servas Colheita Selecionada tinto 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Depois entramos nos tintos, com o Herdade das Servas Colheita Selecionada de 2012, um vinho alentejano moderno, fresco, com boas notas de frutos vermelhos, limpo, taninos muito redondos, um vinho que pede comida.

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    Herdade das Servas Reserva 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Terminamos com outro tinto, o Herdade das Servas Reserva da colheita de 2011, um vinho sério, cheio de elegância, com alguma complexidade no nariz, notas de frutos pretos intensas, acidez muito equilibrada, óptimo volume de boca e um final prolongado que prolonga também o prazer que este vinho nos dá.

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    Licor Poejo Montemorense – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

    Ainda houve tempo, já com o café, de recordar o paladar dum digestivo bem típico do Alentejo, um licor de Poejo

    E lá partimos, com vontade de ali voltar em breve.

    Contactos
    SERRANO MIRA SA
    Herdade das Servas
    Apartado 286
    7101-909 Estremoz -Portugal
    Tel: (+351) 268 322 949
    Fax: (+351) 268 339 420
    Email: info@herdadedasservas.com ou restaurante@herdadedasservas.com
    Website: www.herdadedasservas.com