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Quinta do Cume, com Provesende a seus pés…

Texto José Silva

Jorge Tenreiro e Cláudia Cudell são os donos da Quinta do Cume, em Provesende.

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Jorge Tenreiro e Cláudia Cudell – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ele é cirurgião vascular, ela pintava quadros belíssimos. Ele continua de bisturi na mão diariamente, mas descobriu a tesoura de poda e outros instrumentos com que trata “cirurgicamente” as suas vinhas; ela quase já não pinta, pois dedicou-se de alma e coração à comercialização dos vinhos que ambos adoram fazer, com a sabedoria do enólogo e amigo Jean-Hugues Gros, um francês que já é mais duriense que muitos durienses. Foi apenas em 1998 que Jorge Tenreiro comprou os terrenos onde, sempre com a mulher ao lado, haveria de construir uma casa magnífica e começar a plantar vinha, sobretudo de uvas brancas.

Até que, em 2006, começaram a produzir vinho branco e um pouco de rosé.

Em 2009 começaram também a fazer tinto, tendo comprado vinhas velhas na parte de baixo da aldeia e  fazem tintos que hoje são já bastante apreciados.

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Vinhas Velhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá em cima, as vinhas de uvas brancas dominam a paisagem.

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As vinhas de uvas brancas dominam a paisagem – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E são sobretudo de Malvasia-Fina, com um pouco de Rabigato e Viosinho. Os mais de 600 metros de altitude dão-lhes a frescura e a elegância, os terrenos xistosos e pobres dão-lhes a mineralidade. Entretanto a produção foi evoluindo, e passaram a produzir um vinho branco Reserva todos os anos, um tinto Selection e um tinto Reserva, e o tinto Flor do Cume, este só para exportação. Naquele ano fabuloso que foi 2011, fizeram um tinto muito especial, o Grande Reserva, até hoje a única colheita, numa edição limitada a 1540 garrafas e 90 magnum. Actualmente a produção total da Quinta do Cume é de cerca de 40.000 garrafas.

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A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entretanto construíram uma adega, pequena mas moderna, que chega para as encomendas. O que não chegava era a localização do engarrafamento, que provocava verdadeiros “engarrafamentos” na adega, e por isso estão a construir um armazém para produto acabado, engarrafamento e rotulagem. Seguidamente vai ser uma fantástica sala de provas, que vai nascer do meio duma vinha, com o bom gosto habitual deste casal. E que, uma vez mais me recebeu com simplicidade para um almoço que teve tanto de simples como de delicioso.

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Salmão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para abrir o apetite um salmão fumado com gotinhas de limão soberbo.

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Alheira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ovos estrelados – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois umas alheiras ali da aldeia tostadinhas e estaladiças, na companhia de ovos estrelados, batata cozida e couve salteada, estas bem regadas de azeite, tudo acompanhado de pão da aldeia, cozido em forno de lenha.

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Batatas cozidas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Pêssego – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para sobremesa, uma deliciosa salada de pêssegos da quinta, não foi preciso mais nada.

Começamos com o Reserva branco 2014 em comparação com o 2013, e que bem lhe faz um ano de garrafa: elegante, fragrâncias de fruta branca e flores do monte, na boca tem acidez acentuada, frescura, notas de citrinos e alguma baunilha, tudo muito suave e bem casado. O 2014 está pleno de juventude, frutado, intenso, vai ser um belo vinho.

Para “atacar” as alheiras provou-se o Selection tinto 2013 e o Reserva tinto 2012. O Selection é um vinho moderno, com um leque vasto de harmonizações, suave mas persistente, muita fruta madura, fresco e apetecível, a pedir comida.

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Quinta do Cume Reserva branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta do Cume Selection tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta do Cume Reserva tinto 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta do Cume Grande Reserva 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O tinto Reserva tem aromas mais intensos, frutos vermelhos, notas de madeira, fumo e especiarias. Mas ao mesmo tempo tem frescura e muito boa acidez, é aveludado e muito elegante.

Ainda demos um salto ao Grande Reserva 2011, um tinto sério, concentrado, austero, com aromas exóticos. Na boca tem óptimo volume, notas de fruta preta, ligeiro toque de chocolate preto, bela acidez e final muito longo. Para guardar uns bons anos. Quando chegou a salada de pêssego, voltamos ao branco 2013, que se tinha mantido em gelo, e o casamento foi perfeito.

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Provesende – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá em baixo, continuava a pacatez da aldeia de Provesende…

Contactos
Quinta do Cume
5060-261 Provezende
Portugal
Tel: (+351) 91 445 7550
E-mail: quintadocume@netcabo.pt
Website: www.quintadocume.pt

Quinta de Lemos, um Projecto de Vida…

Texto José Silva

Celso de Lemos é um beirão que ainda novo emigrou para a Bélgica, onde se formou em engenharia química. Foi construindo ao longo da vida um verdadeiro império no mundo das roupas de cama e de casa de banho de qualidade superior. De tal forma que hoje a sua marca está um pouco por todo o mundo, equipando hotéis de luxo e casas de gente bem conhecida do mundo do espectáculo e do desporto. Mas este português de sucesso nunca perdeu a sua simplicidade e bom humor, sendo uma pessoa muito acessível e de bom trato. E nunca perdeu também o amor pela sua terra natal, situada bem no centro da região vinícola do Dão.

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Quinta de Lemos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foi pois com naturalidade que Celso de Lemos comprou uma quinta de 50 hectares na pequena localidade de Passos de Silgueiros, não longe de Viseu.

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Quinta de Lemos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já com a ajuda dos três filhos, ali mandou plantar 25 hectares de vinha, um enorme olival e desenvolveu uma colmeia, para produzir três dos grandes produtos tradicionais da região: vinho, azeite e mel.

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Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Equipamentos com a melhor tecnologia – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Construiu uma adega, onde, para além dos equipamentos com a melhor tecnologia, se podem apreciar obras de arte da sua vasta colecção, que é uma outra paixão. Por vezes organiza na adega exposições de arte, com artistas convidados de todo o mundo. Mas a grande obra de arte que sai daquela adega é o vinho do Dão. Com as mais nobres castas da região – touriga nacional, alfrocheiro, jaen e tinta roriz – foi desenvolvendo vinhos extraordinários, hoje premiados um pouco por todo o mundo e exportados para vários países.

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O restaurante – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas que também podem ser provados na adega e no restaurante de topo que mandou construir ali mesmo na propriedade, o “Mesa de Lemos”, onde o chefe Diogo Rocha, também ele da região, prepara ementas fantásticas, para já apenas à sexta e sábado ou por encomenda.

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Hotel – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O restaurante está inserido num pequeno hotel, apenas com três quartos, mas que não está aberto a público, servindo para receber clientes, importadores e amigos, que assim podem partilhar este sonho maravilhoso que é a Quinta de Lemos.

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Hotel – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Numa última prova passaram à nossa frente alguns dos vinhos da quinta, todos revelando enorme qualidade e uma óptima imagem, apelativa e muito cuidada. O Touriga Nacional de 2009 apresentou-se num granada carregado muito elegante, com aromas de frutos silvestres, um floral sedoso, levemente fumado, ligeiramente mentolado, com notas de resina muito suaves. Na boca tem enorme estrutura, uma bela acidez e alguma frescura, notas de frutos vermelhos maduros, e um ligeiro abaunilhado que lhe dá grande elegância e um final longo e persistente. Também de 2009 foi o Alfrocheiro, este de cor rubi intensa. Nariz cheio de elegância, notas de frutos vermelhos, algumas flores silvestres, muito suave. Na boca tem bom volume, notas delicadas de frutos vermelhos, macio e envolvente, bela conjugação entre acidez e frescura, dando um vinho sedoso e elegante.

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Quinta de Lemos Touriga Nacional 2009 in celsodelemos.com

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Quinta de Lemos Alfrocheiro 2009 in celsodelemos.com

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Quinta de Lemos Jaen 2007 in celsodelemos.com

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Quinta de Lemos Donna Louise 2005 in celsodelemos.com

A casta Jaen é uma das melhores do Dão e quando bem trabalhada, dá vinhos impressionantes, como é o caso deste da Quinta de Lemos de 2007. Duma cor granada intensa, fechada, tem um nariz intenso, com muitos frutos vermelhos, a cereja muito madura, notas de baunilha e algumas especiarias. Na boca é poderoso, com óptimo volume, uma acidez fantástica, frutos vermelhos e algum fumo, sedoso e elegante, com imenso final. Finalmente, e ainda de 2005, provamos o Dona Louise, um tinto feito com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen. Dum granada intenso e elegante, apresenta um nariz cheio de frutos vermelhos maduros, esteva, urze e ligeiras notas de pinheiro. Na boca é muito sedoso, tem frescura e uma acidez muito equilibrada, com apontamentos ligeiros de frutos vermelhos, aveludado e ligeiramente austero, com final longo e delicado. Belo vinho a terminar uma prova em que o Dão revelou todo o seu potencial.

Contactos
Quinta de Lemos
Passos do Silgueiros
Silgueiros 3500-541, Portugal
Tel: (+351) 232 951 748
Fax: (+351) 232 951 495
E-mail: info@quintadelemos.com
Website: quintadelemos.com

Vinho Verde Wine Fest…não há outra festa assim!

Texto José Silva

Foi a segunda edição dum festival que veio literalmente para ficar. Relativamente ao primeiro, que se realizou em 2014, foram feitas algumas rectificações e o festival mudou para a ala nascente exterior da Alfandega do Porto, disponibilizando o dobro do espaço e um parque de estacionamento para os expositores. E com uma melhor dispersão das áreas de restauração, cujo número também aumentou, beneficiando duma praça central, com muitas mesas e cadeiras.

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Rio Douro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com o rio Douro sempre ali bem presente, a marcar uma paisagem única onde até o tempo ajudou, mesmo à noite, com temperaturas muito amenas, a prolongar o prazer da conversa com um copo de vinho verde na mão.

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30 Produtores – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Mais de 200 vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foram quatro dias muito intensos, em que os 30 produtores presentes deram a provar mais de 200 vinhos e onde, no balcão dos cocktails, se preparavam propostas muito interessantes, como por exemplo um cocktail com verde tinto de vinhão, que se revelou sensacional.

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4 dias intensos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cocktail Bar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O que por vezes fazia com que a fila fosse enorme!! Para completar tudo isto os cinco restaurantes e as quatro tasquinhas presentes, chegaram para todas as solicitações, desde o sushi às sandes de leitão, passando por petiscos tradicionais, comida de autor, pregos, hamburgueres e bifanas, presunto e até pão de ló. Entretanto e logo a seguir à abertura das portas, começavam as provas comentadas, divididas por duas salas, sempre esgotadas, tal o interesse dum público cada vez mais informado, até porque tem ali oportunidade de provar algumas novidades, apresentadas e comentadas pelos próprios enólogos, permitindo um diálogo directo com quem faz os vinhos e tem sempre muito a partilhar.

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Luís Lopes – – Foto Cedida por Vinho Verde | Todos os Direitos Reservados

Também houve provas comentadas por jornalistas do sector, e desta vez tivemos a presença de dois prestigiados jornalistas da Revista de Vinhos: Nuno Garcia e o próprio director desta revista, Luís Lopes. Do outro lado do recinto estava a sala dedicada em exclusivo aos showcookings. E foram 20 showcookings durante os quatro dias! Eu tive o privilégio de os acompanhar a todos, propondo para cada um dois vinhos que pudessem harmonizar com aquilo que os chefes iam propondo.

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Emília Jackson – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Também aqui houve uma novidade, a presença, logo no primeiro dia, de Emilia Jackson, a já célebre chefe que ficou em terceiro lugar no Masterchef australiano, uma simpática australiana a viver em Londres, que teve a ajudá-la uma não menos simpática Joana, também terceira classificada, mas no Masterchef português.

Claro que o público aderiu em massa, colocando alguns problemas à organização para explicar que não havia mais lugares.

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Ambiente de Festa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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RFM – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A dar um excelente ambiente a isto tudo, música muito bem escolhida, que à noite subia de tom e punha os corpos a mexer, num verdadeiro ambiente de festa, pois era mesmo disso que se tratava, da festa do vinho verde.

A RFM, sempre presente, ia fazendo entrevistas e dando informações, muitas delas em directo, fazendo também com que muito mais gente rumasse ao festival.

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Pessoas de todas as idades – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Por ali passaram pessoas de muitas idades, mas foi muito interessante ver gente jovem a apreciar os muitos vinhos verdes, comer um petisco e acima de tudo divertir-se e dar um toque salutar de juventude ao evento.

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Uma equipa vasta e jovem – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Jovem era também a vasta equipa de produção do evento, da empresa Offe, incansáveis e a colocar no terreno toda uma experiência e sabedoria que faz toda a diferença. No sábado, o dia mais longo do festival, passava já das 3:30 da madrugada quando os últimos visitantes abandonaram o recinto…

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O parque de estacionamento foi “invadido” por 120 automóveis antigos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No último dia, domingo, o parque de estacionamento foi “invadido” por 120 automóveis antigos, num ambiente de grande beleza, que também atraiu muita gente. As portas fecharam à 20:00, mas eram já quase 22:00 quando a festa acabou mesmo!!

Está de parabéns a Comissão dos Vinhos Verdes, o seu presidente e toda a sua equipa de profissionais, sempre presentes, acompanhando a par e passo o evento.

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Com a garantia amplamente divulgada de que para o ano há mais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com a garantia amplamente divulgada de que para o ano há mais.

O Vinho Verde Wine Fest 2015 foi mesmo isso, uma grande festa do vinho verde…

Quinta da Touriga-Chã, a plenitude do Douro Superior…

Texto José Silva

Jorge Rosas herdou não só esta belíssima quinta, mas também todo um património genético e a história duma família ligada ao Douro e à produção de vinhos de qualidade.

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A Quinta – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O seu bisavô, Adriano Ramos Pinto, foi o fundador da casa Ramos Pinto em 1880, o seu pai, José António Rosas, foi um visionário no Douro Superior, tendo ficado célebre por comprar os terrenos onde se ergue a quinta da Erva Moira. Mais tarde, em 1990, José António Rosas comprou a Quinta da Touriga, no lugar de Chã, em Foz Côa, também para produzir vinhos. E uma vez mais, como na Erva Moira, ali não havia nada a não ser pedras, xisto.

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Xisto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas a visão daquele homem e a sua sabedoria e conhecimento profundo dos terrenos, das vinhas e do clima desta região, veio, mais uma vez, dar-lhe razão. Nasceram então os vinhos tintos da Quinta da Touriga-Chã, e têm evoluído de tal forma, que estão entre os melhores vinhos tintos do Douro. Agora já pela mão de Jorge Rosas, que se mantém como administrador da casa Ramos Pinto, mas que dedica uma pequena parte do seu tempo e muita paixão, a levar por diante o trabalho iniciado por seu pai.

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A Casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A quinta tem uma casa muito interessante, cuja intervenção foi pouco invasiva, deixando que aquela paisagem extraordinária fale por si.

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A Piscina – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Construções Rústicas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesmo a piscina parece que faz já parte da paisagem, a par de algumas construções rústicas que ali se mantêm intactas.

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Algum Arvoredo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

À volta, além de algum arvoredo, é a vinha que envolve tudo, naquele serpenteado tão característico dos vinhedos de planalto.

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A Vinha envolve tudo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Serpenteado Característico dos Vinhedos de Planalto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Se no início fazia o vinho em adega alheia, mas muito distante da Touriga-Chã, em 2000 Jorge Rosas resolveu avançar com a construção de adega própria, hoje uma realidade e uma aposta ganha.

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A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Fazendo uso de Materiais Tradicionais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Projectada pelo mesmo arquitecto que tinha feito a casa, é uma adega que utiliza materiais tradicionais, como o xisto, mas que é acima de tudo muito funcional, versátil, como deve ser uma adega. Os mostos e, mais tarde, os vinhos, agradecem. Os vinhos desta quinta têm vindo a evoluir constantemente, dentro do perfil desejado pelo produtor, de tal forma que são reconhecidos e premiados um pouco por todo o lado onde estão presentes. Isto apesar da sua pequena produção, de pouco mais de 6.500 garrafas, divididas por dois níveis de vinho: o Puro e o Quinta da Touriga-Chã, este o mais cotado. E Jorge Rosas afirma categoricamente que quer continuar a fazer vinhos que sejam muito bons quando são lançados, mas que daqui a 5, 10 ou 15 anos sejam excelentes, devido à sua enorme capacidade de envelhecimento.

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Prova Vertical – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Parece que o tempo lhe tem dado razão, o que pudemos confirmar numa simpática prova vertical de algumas das colheitas ainda disponíveis na sua adega.

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Quinta da Touriga-Chã tinto 2010 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Quinta da Touriga Chã 2010 apresentou-se duma cor granada escura, muito carregado, com laivos violeta, muito intenso. Nariz ainda fechado, austero mas ao mesmo tempo com aquela elegância característica deste vinho. Frutado, fresco, aromas complexos de chocolate preto, de madeira, fumo e especiarias, vai abrindo, precisa de tempo no copo. Na boca é impressionante a força deste vinho, com os taninos ainda bem evidentes mas a evoluir,  cheio de frutos pretos, amoras, ameixas, mirtilos e algumas flores do monte. Leves notas de fumo, muito fresco e com acidez poderosa a ligar todo o conjunto e a proporcionar um final imenso. Está ali para durar e durar.

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Quinta da Touriga-Chã tinto 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o Quinta da Touriga Chã 2011, um ano excepcional, tem uma cor granada carregada, muito escuro, brilhante. Revela aromas variados de frutos pretos, cheio de frescura, algum fumo e notas de tabaco. Na boca é poderoso, cheio, intenso, com acidez e frescura a casarem lindamente, notas de chocolate preto, amoras, figos, ameixas, apesar disso um vinho que revela a sua enorme elegância, muito sedutor.

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Quinta da Touriga-Chã tinto2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O ano de 2012 apresenta também grandes vinhos tintos nesta região. O Quinta da Touriga Chã 2012 apresentou a mesma cor granada muito carregada, brilhante. No nariz uma explosão de aromas complexos de flores do campo e frutos silvestres, notas de humus, cheio de elegância, sedoso. Na boca revela toda a sua dimensão, muito intenso, aveludado e ao mesmo tempo poderoso, os frutos pretos bem maduros, notas de chocolate preto e ligeiramente especiado, revelando a sua grande elegância num final muito longo.

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Quinta da Touriga-Chã tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente veio o Quinta da Touriga Chã 2013 (ainda sem rótulo), o mais jovem da família, e que revelou acima de tudo isso mesmo, a sua juventude. Dum granada muito escuro, opaco, brilhante. Nariz poderoso, cheio de frutos pretos e flores selvagens, muito fresco, até ligeiramente apimentado. Na boca novamente a fruta muito intensa, frescura e muito boa acidez, um vinho saboroso e que promete. Precisa ainda de garrafa e vai certamente dar-nos muitas alegrias.

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Aquela beleza toda no horizonte – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois, aproveitando um calor sufocante, mergulhamos tranquilamente na piscina, com aquela beleza toda no horizonte…

Contactos
Quinta da Touriga
Apartado 17
Vila Nova de Foz Côa , 5151-909 Guarda
Tel: (+351) 279 764 196

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Álvaro Costa e NH Hotel Batalha

Texto José Silva

Álvaro Costa nasceu em Pousada de Saramagos, Famalicão, em 1978. Ali estudou e depois ingressou no ensino profissional em Vila Verde. Adorava ir colher legumes à horta e mexer no peixe e na carne, e as avós, a mãe e as tias deram-lhe o conhecimento da tradição. Em Vila Verde formou-se em cozinha e pastelaria. Ingressou no Hotel Meridien no Porto onde esteve cerca de um ano. Saltou então para um hotel na ilha da Córsega, também durante um ano. E na mesma ilha, durante meio ano, passou pelo hotel Cala Rossa, que detinha duas estrelas Michelin. O outro meio ano estagiou no hotel Bulgari, em Milão, e em Paris no também detentor de duas estrelas Michelin, Le Grand Cascade. Foi então abrir o hotel Sheraton no Porto, com o Chefe Jerónimo Ferreira. Depois foi a vez do Café Bogani e da República da Cerveja, em Gaia, já como chefe executivo. Em 2006 assume o hotel Carlton Pestana na Ribeira, no Porto, até 2012. Foi também responsável do desenvolvimento gastronómico das pousadas do Norte. Foi então chefiar o Pestana de Porto Santo, vindo depois abrir o Pestana do Freixo, no Porto. Ainda deu aulas na Portucalense e seguiu para Braga, para chefiar os hotéis Bom Jesus.

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Álvaro Costa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas não resistiu ao convite para liderar a gastronomia do novo hotel NH Hotel Batalha Collection, onde desenvolve uma culinária moderna e interventiva.

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NH Batalha Collection – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

É um hotel moderno, muito bem decorado, cheio de luz, num local emblemático da cidade do Porto, pegado ao velho cinema Batalha.

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Hotel moderno, muito bem decorado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Decoração em tons claros com algum granito à mostra, que também identifica a cidade.

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Decoração em tons claros – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na entrada à direita está o restaurante, à esquerda o bar, onde também se pode comer num ambiente despretensioso mas acolhedor, seja um salmão marinado na casa, umas ostras atrevidas, um tagliatelle negro com gambas ou um risotto de lima muito fresco.

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Salmão marinado na casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tagliatelle negro com gambas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Risotto de lima – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E é no bar que acontecem umas interessantíssimas happy hours com uma proposta irrecusável: ostras com gin.

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Ostras com gin – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Serviço impecável e a mestria do chefe a propor petiscos variados e pratos mais consistentes, com uma forte base nas nossas tradições. Um espaço que a cidade do Porto já merecia. Em recente visita, pudemos apreciar uma óptima refeição, com algumas das propostas que constam da ementa do restaurante, muito bem apresentadas, numa sequência em que passaram alguns pratos tradicionais, mas com a interpretação do chefe e apresentados de forma inventiva e muito agradável.

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Ostra marinada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A começar pela ostra marinada, ainda a saber a mar.

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Presunto bolota com caviar de melão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o presunto bolota com caviar de melão, em que as minúsculas esferas esverdeadas libertavam um fresco paladar de melão. As técnicas modernas ao serviço da tradição.

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Sardinha curada com couli de morango – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A tradicional e popular sardinha apareceu numa versão curada com couli de morango, cheia de frescura.

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Creme de shitaki – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para simbolizar uma sopa veio então o creme de shitaki servida num desconcertante tubo de ensaio, bem quente, uma óptima sopa de cogumelos!!

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Pouca Roupa branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entretanto já estávamos a beber um branco Pouca Roupa 2014 alentejano bem interessante.

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Caril de gambas com maçã – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Meu bacalhau à Gomes de Sá – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O saborosíssimo caril de gambas com maçã foi seguido pelo “meu bacalhau à Gomes de Sá”, uma versão muito bem conseguida deste prato tradicional dum homem nascido na Ribeira do Porto, Gomes de Sá. Os paladares estavam todos lá.

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Frango assado no forno com legumes e batata – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalizamos com uma curiosa versão de frango assado no forno com legumes e batata, divertida e saborosa. Já tínhamos então passado para o vinho Curvos Alvarinho, moderno e consistente, com óptima acidez, muito gastronómico.

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Tarte de maçã com queijo de S. Jorge e gelado de nata – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Verrine de frutos vermelhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nas sobremesas estiveram dois momentos muito bons: primeiro uma tarte de maçã com queijo de S. Jorge e gelado de nata, muito bem ligada, cremosa, uma delícia, depois uma verrine de frutos vermelhos cheia de elegância.

Um grande final!

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O eléctrico 22 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá fora já passava o eléctrico 22, que nos faz lembrar outros tempos…

Contactos
NH Collection Porto Batalha
Praca da Batalha, 60-65. 4000-101, Porto, Portugal
Tel: (+351) 227 660 600
Booking: (+351) 210 020 848
E-mail: nhcollectionportobatalha@nh-hotels.com
Website: www.nh-collection.com

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Hotel M’ar de Ar Aqueduto – Degust’Ar Restaurant

Texto José Silva

O chefe António Nobre nasceu em 1969 em Beja, onde estudou, filho duma mulher que cozinhava muito bem e com quem foi descobrindo os aromas e paladares da cozinha alentejana. Foi no entanto na marinha que descobriu que gostava de cozinhar, e ali tirou o curso de cozinheiro, tendo trabalhado na messe dos oficiais na linha de Cascais. Quando regressou a Beja, começou a trabalhar no restaurante “Muralha”, onde esteve quatro anos. Depois concorreu para a pousada, foi admitido e ali esteve mais quatro anos. Seguiu-se o hotel “Melius” e mais quatro anos de trabalho. Desde que o director do hotel da “Cartuxa” o foi buscar, há quinze anos, que está no grupo, que entretanto transformou o hotel e abriu os dois hotéis M´ar de Ar: Aqueduto e Muralhas, onde é o responsável por toda a restauração.

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Chef António Nobre

Embora faça várias deslocações pelo país e pelo estrangeiro, pois acha que é muito importante estar a par do que se passa noutros países e quais as novas tendências, é no Alentejo que se sente em casa. Promove a cozinha regional porque acha que devemos manter viva a chama da tradição. O seu lema é “inovar a tradição, respeitando os aromas e sabores da gastronomia portuguesa, porque fazem parte da nossa cultura”. Mas gosta de apresentar a sua cozinha tradicional alentejana com requinte, com novas roupagens, por vezes de aspecto mais agradável e por isso apetecível.

Por isso foi uma visita cheia de expectativa que fizemos recentemente ao restaurante “Degust´ar”, do hotel Mar de Ar Aqueduto, para um jantar tranquilo, num ambiente muito confortável.

O restaurante é muito bem decorado, numa simplicidade requintada onde nos sentimos muito bem. Logo à entrada está um balcão onde um “sushiman” prepara uma panóplia de peças deste tipo de culinária que se instalou definitivamente entre nós. De seguida a sala, de boas dimensões, com alguns recantos castiços, mesas muito bem postas, com bons adereços. O serviço é impecável, muito competente e simpático. Também simpático foi o chefe António Nobre quando veio à mesa perguntar se estávamos com tempo. Claro que estávamos e então ele mandou avançar com uma refeição muito completa, que estava já a preparar. E assim começamos com um couvert de que faziam parte azeitonas marinadas com orégãos, laranja e limão, azeite, manteiga de farinheira e pão.

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Bread – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Botifarra de Azurara – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Molha aqui, pica acolá, até que vieram as pequenas degustações: uma curiosa botifarra de Azaruja com doce de tomate caseiro; uns deliciosos figos com presunto de porco alentejano, chicória e vinagrete de mel da Serra de Portel; e uns alentejanos torresmos de rissol estaladiços com salada de espargos verdes, cerejas e uvas passas da Amareleja.

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Figs with Alentejo pork ham © Blend All About Wine, Lda

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Crunchy Alentejo risolle © Blend All About Wine, Lda

E passamos aos caldos, absolutamente obrigatórios no Alentejo: sopa de grão de bico com bóia, que é aquela gordura da barriga do porco saborosíssima e uma óptima sopa de beldroegas com queijo fresco e ovo de codorniz escalfado.

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Chickpea soup – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Purslane soup © Blend All About Wine, Lda

Já estávamos reconfortados e ainda faltavam os pratos principais. Que, embora respeitando a tranquilidade, chegaram sem grande demora, para manter o ritmo da refeição.

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Conger eel soup © Blend All About Wine, Lda

Como prato de peixe a sopa de safio à moda do Alentejo com hortelã da ribeira, plena de aromas, muito saborosa.

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Pennyroyal sorbet – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Enquanto esperávamos pela carne, o sorbet de poejo limpou-nos o palato como deve ser.

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Mertolenga beef neck © Blend All About Wine, Lda

Veio então um cachaço de vaca Mertolenga guisado lentamente com vagens de feijão branco e migas à serrador, que nos colocou os sabores da planície alentejana no prato. Excelente!

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Trilogy of “conventual” sweets © Blend All About Wine, Lda

O branco Alvarinho da Quinta de Curvos de 2014, muito fresco, com óptima acidez e fruta equilibrada acompanhou bem as entradas; o interessantíssimo palhete Gravato da Beira Interior de 2005, cheio de elegância, intenso, requintado, a fazer boa companhia aos caldos e ao peixe, taco a taco.

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The Wines © Blend All About Wine, Lda

E um “velho” Garrafeira Tinto 1988 de Palmela da velha J.P.Vinhos. Embora já sem força, ainda esteve à altura da carne Mertolenga e foi evoluindo no copo, lentamente mas apetecível. Soube mesmo bem.

O chefe António Nobre voltou à mesa, a saber como tinha corrido e mereceu uma salva de palmas, sincera.

Foi um M’ar de Ar que lhe deu…

Contactos
M’AR De AR AQUEDUTO
Rua Cândido dos Reis, 72
7000-782 Évora
Tel: (+351) 266 740 700
Fax: (+351) 266 740 735
E-mail: geral@mardearhotels.com
Website: www.mardearhotels.com

Taberna Típica Quarta-Feira

Texto José Silva

Num dos muitos rendilhados de ruelas estreitas de Évora, encontramos a rua do Inverno.

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Rua do Inverno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas a casa de bem comer de que vamos à procura irradia calor humano durante todo o ano: é a Taberna Típica Quarta-Feira.

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Taberna Típica Quarta-Feira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Espaço pequeno, rústico, castiço, uma sala airosa, bem arrumada, e um simpático balcão com um arco de tijolo ocre, por detrás do qual está a cozinha.

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Taberna Típica Quarta-Feira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesas bem postas e garrafas de vinhos alentejanos um pouco por todo o lado. Pelo ar já pairam aromas de tempêros alentejanos, fáceis de identificar.

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José Dias – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A Taberna Típica Quarta-Feira é dirigida pelo José Dias, Zé Dias para os amigos, um beirão nascido no Sabugal em 1948. Em 1964 foi para Évora para uma tipografia e por ali se radicou. Até que, há 25 anos atrás, abriu o restaurante, depois de ter tido café e cafetaria.

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D. Luísa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na cozinha está a D. Luísa, natural de Monte do Trigo, em Portel, que veio para Évora há 24 anos. Conheceram-se através duma irmã dela e, como cozinhava muito bem, o Zé Dias já não a deixou fugir do restaurante onde comanda a cozinha desde então. Ali pratica-se cozinha tradicional alentejana. O borrego assado no forno e o esparregado são uma referência. A jovialidade e simpatia do Zé Dias fazem o resto.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já dentro do restaurante, apreciamos muitos dos vinhos ali expostos, alguns já desaparecidos do mercado há muito, mas que o Zé Dias vai guardando e gerindo, para que possam ser apreciados pela vasta clientela da casa, que vem um pouco de todo o país, com muitos estrangeiros à mistura, que a fama foi-se espalhando. O Zé Dias recebe-nos, senta-nos à mesa, orienta-nos naquilo que havemos de comer, faz pedidos à cozinha, abre garrafas de vinho e acima de tudo diverte-nos com as suas muitas e muitas histórias, pejadas de personagens muito interessantes. Mas que o Zé Dias trata por igual, com simpatia e hospitalidade.

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Pão Alentejano – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Presunto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já sentados à mesa, veio excelente pão alentejano, para acompanhar o presunto muito fininho e paio de porco preto delicioso.

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Paio de Porco Preto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cogumelo Recheado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E um enorme cogumelo recheado, servido bem quente.

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Esparregado & cachaço de porco preto assado © Blend All About Wine, Lda

Um arroz soltinho e o tal esparregado fantástico, com ligeiro toque de vinagre, fizeram muito boa companhia a um cachaço de porco preto assado no forno com batatinhas aloiradas aos cubos, tudo bem quente. Na mesa fez-se silêncio. O vinho branco e tinto da casa, da responsabilidade do Paulo Laureano (pode ler um artigo de Sarah Ahmed sobre Paulo Laureano aqui), foi escorrendo pelos copos.

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Bolo de Bolacha © Blend All About Wine, Lda

Para sobremesa veio uma encharcada e uma espécie de bolo de bolacha, de confecção própria, uma gulodice irresistível. Mas também havia uma cerejas carnudas do Fundão, acabadas de chegar.

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Cerejas © Blend All About Wine, Lda

Lá se foi a dieta!!

A despedida do Zé Dias é sempre: “Até á próxima!”

Contactos
Rua do Inverno, 16 – 18
7000 – 599 Évora
Portugal
Tel: (+351) 266 70 75 30

Os Vinhos Velhos da Casa de Paços

Texto José Silva

A Casa de Paços é uma casa com grande tradição nos vinhos verdes, cuja produção é dividida entre a propriedade de Barcelos e uma outra em Monção.

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A casa mãe – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A casa mãe da Casa de Paços, em Barcelos, foi remodelada, mantendo a traça original, com muito rigor, tendo agora condições para eventos, almoços e jantares de grupos e para provas de vinho.

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Prova de Vinhos, Silva Ramos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como aquela que recentemente pai e filho Silva Ramos organizaram para alguns felizardos, entre os quais estive incluído.

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Beleza tradicional da casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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As novas vinhas que estão a ser plantadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Deu-se um passeio pela beleza tradicional da casa e do seu exterior, com uma vista de olhos às novas vinhas que estão a ser plantadas, as grossas paredes de granito, o alpendre e a estrada que ali passa.

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O Alpendre – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A estrada que ali passa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois sentamo-nos à mesa para iniciar uma deliciosa viagem por todas as classes de vinhos desta casa. Com uma grande diferença para provas normais: ali estavam algumas colheitas com vários anos em garrafa, vinhos antigos, que nos haviam de trazer boas surpresas e muito prazer a bebê-los. A que se juntaram algumas colheitas mais modernas que permitiram fazer a comparação.

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Provaram-se 39 vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Provaram-se 39 vinhos de sete categorias, numa verdadeira maratona vínica. Houve vinhos que já estavam no fim de vida, houve vinhos que ainda se bebem muito bem e houve alguns que estão ainda cheios de força.

Da linha Casa de Paços Loureiro/Arinto o 2005 apresentou-se muito limpo, nariz elegante, alguma evolução, notas de frutos secos, de melão, acidez fantástica, redondo, bebe-se com muito prazer. E é de 2005!! Mas o Casa de Paços Loureiro/Arinto 2008 foi a grande surpresa. Amarelo torrado, mais evoluído, esteve muito elegante no nariz, sedoso, ainda muito fresco e com alguma fruta. Bom volume de boca, óptima acidez, intenso, notas de mel, cheio de complexidade e final ainda longo. Um grande vinho. A colheita de 2011 apresentou-se com muita mineralidade, boa acidez, consistente e o de 2012 também, seco, com boa acidez e ainda alguma fruta, muito bom.

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Casa de Paços Loureiro&Arinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As duas colheitas mais recentes deste Casa de Paços Loureiro/Arinto estiveram em grande forma: 2013 com nariz muito fresco, extremamente floral, notas tropicais ligeiras, acidez vibrante e óptima mineralidade, o 2014 com fruta muito boa, muito elegante, fresco. Na boca é envolvente, leve, boa acidez, um vinho branco moderno. Na linha Casa de Paços Arinto veio uma das grandes surpresas, o 2004. Amarelo torrado, âmbar. Muito evoluído, elegante, notas de querosene. Na boca está incrivelmente intenso, com uma acidez poderosa, frutos secos, mel, complexo, notável para um vinho verde com 10 anos!! Também o Casa de Paços Arinto 2011, com notas ligeiras de baunilha, alguma frescura, muitíssimo elegante. Cheio de estrutura na boca, seco, óptima acidez, ainda fragrância de baunilha, pêssego, pêra, muito bom.

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Casa de Paços Superior 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os três vinhos Casa de Paços Superior em prova – 2010, 2011 e 2013 – estiveram muito bem, com destaque para o de 2013 que se apresentou ainda muito jovem, suave, fresco. Muito elegante na boca, excelente acidez, algum tropical, redondo, um vinho moderno e divertido. Seguiram-se os Capitão Mor Alvarinho, com um 2005  surpreendente, dum amarelo citrino muito limpo, alguma evolução, elegante. Ainda com fruta, intenso, muito boa acidez, bebe-se com prazer. O seu irmão mais novo de 2012 estava fresco, redondo, notas adocicadas, fruta branca, alguma compota. Boa acidez e frescura, algum tropical num vinho ainda a evoluir mas que já se bebe muito bem. O benjamim dos Alvarinhos, de 2013, está muito floral, ligeiramente tropical, intenso, fresco. Na boca é seco, bela acidez, notas adocicadas, citrino e levemente mineral. Um vinho moderno muito equilibrado.

Vieram então os Morgado do Perdigão Loureiro/Alvarinho. As colheitas de 2004 e de 2005 estavam de boa saúde, o primeiro dum amarelo torrado muito limpo, ligeiramente evoluído mas elegante e fresco, ainda com fruta, notas de frutos secos, acidez muito equilibrada e final muito longo. O 2005 apresentou-se amarelo citrino, muito limpo, suave, fresco, notas levemente adocicadas e óptima acidez, pleno de equilíbrio. O 2008 está delicioso, intenso, ligeiramente evoluído, notas de frutos secos e com uma boca cheia, volumosa, seco, excelente acidez, muita complexidade, grande vinho. Mais uma curiosidade que também foi uma surpresa, os Reserva Capitão Mor em garrafas magnum.

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Reserva Capitão Mor em garrafas magnum – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Destacou-se a colheita de 2008, suave e fresco no nariz, exótico na boca, elegante, com muito boa acidez, notas de frutos secos mas ainda jovem para um vinho desta idade. Esteve também muito bem o 2013, dum amarelo citrino cristalino, aromas tropicais intensos, fresco e levemente floral. Na boca é muito elegante, mantém a frescura associada a uma boa acidez, persistente, com um final longo.

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Casa de Paços Fernão Pires – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Casa de Paços Fernão Pires 2008 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente vieram os Casa de Paços Fernão Pires com algumas boas surpresas. A começar pelo mais velho, de 2008, já dum amarelo torrado muito bonito, com notas de evolução no nariz, mas muito requintado, algum mel e compota. Na boca é complexo, com acidez muito equilibrada, notas ligeiras de marmelada, um final longo, um belo vinho. O 2012 também esteve muito bem, ainda muito frutado e com notas florais e de compota, na boca tem volume, notas de alperce e pêra cozida, acidez muito equilibrada, que rico vinho. Finalmente o Casa de Paços Fernão Pires 2014 é um vinho moderno, com nariz intenso de aromas tropicais e flores. Ainda muito jovem, tem bela acidez a contrastar com alguma doçura, elegante, com óptimo final.

No geral todos os vinhos se bebiam bem e nenhum estava estragado, mesmo os que já estavam no fim de vida útil.

Uma prova excelente, muito bem organizada, muito didática.

Contactos
R. José de Carvalho, 68
4150-439 Porto
Tel: (+351) 968 018 145 – Dr. Silva Ramos
Fax: (+351) 226 101 838
Email: quintapacos@gmail.com
Website: www.quintapacos.com

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Com instalações modernas, o Santa Luzia mantém a cozinha tradicional…

Texto José Silva

É um restaurante de Viseu com grande tradição, que sempre nos habituou a servir pratos do receituário tradicional quer regional, quer português. Há um par de anos o proprietário resolveu fazer um novo restaurante, muito perto do original (que agora passou a ser uma garrafeira). Cada vez com mais clientela, muita da qual também ali faz serviços, entre aniversários, baptizados e mesmo casamentos, era um passo necessário e assim se avançou para este novo Santa Luzia. Amplo parque de estacionamento, instalações muito modernas e funcionais e a sala para serviços separada do restante espaço.

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Decoração Sóbria – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Decoração sóbria, em tons preto, cinza e castanho, com o soalho em cerâmica branca.

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Mesas muito bem postas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesas muito bem postas, cuidadas, e serviço impecável, muito profissional, atencioso e atento, que inclui um óptimo serviço de vinhos. E uma garrafeira muito bem fornecida, em que, naturalmente, predominam os vinhos do Dão, mas com muitas ofertas de várias outras regiões do país.

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Um balcão de belo efeito – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cabeças de alhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em visita recente, para além de apreciarmos a qualidade do novo espaço, mal entramos na sala deparamo-nos com um balcão “ocupado” por produtos agrícolas tradicionais, de belo efeito: um descomunal pé de couve, cabeças de alhos e cebolas enormes, um pé de alface viçosa e uma montanha de tomate coração de boi!!

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Pé de alface viçosa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tomate Coração de Boi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já sentados à mesa veio pão regional muito bom e um prato com generosas rodelas do tal tomate coração de boi, bem polvilhado com sal grosso.

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Pão Regional – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Fatias do tomate Coração de Boi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Estava dado o mote para uma refeição muito boa.

 

Logo de seguida foi a vez do presunto, do salpicão e do queijo curado, umas petingas fritinhas e umas postas de sável de escabeche.

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Enchidos passados pelas brasas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Quase sem nos deixar respirar, vieram os enchidos passados pelas brasas: chouriça, farinheira e morcela da Beira. Enquanto nos debatíamos com estes petiscos, lá dentro, no calor dos fogões, preparava-se um galo de cabidela tradicional, que aguardávamos com ansiedade.

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Pedra Cancela branco Reserva 2013 Dão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nos copos, já corria o branco Pedra Cancela, feito com Malvasia Fina e Encruzado, cheio de frescura, com bela estrutura, acidez equilibrada e óptimo volume de boca, que acompanhou muito bem os petiscos de entrada.

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Galo de Cabidela com arroz – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E chegou o grande momento, apresentou-se à mesa um galo de cabidela com arroz, o tacho directamente para a mesa, como manda a tradição. Destapado o tacho, invadiu a mesa um aroma delicioso, perfumado pelo toque de vinagre no ponto. Iniciaram-se então as hostilidades. A carne do galo rijinha e saborosa, daquela que é preciso mastigar, muito bem cozinhada, o arroz carolino mesmo no ponto, muito bem temperado, o molho espesso e com o vinagre acertado, tudo bem quente, delicioso.

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Tivemos que repetir – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Pedra Cancela tinto Reserva 2012 Dão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E lá tivemos que repetir, pratada cheia, não resistimos. Entretanto já tínhamos passado para o tinto Pedra Cancela Reserva de 2012, um vinho cheio, retinto, com muito boa acidez e alguma frescura, volumoso, a fazer muito boa companhia ao galo de cabidela.

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A refeição acabou com… – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se um repasto muito bom com umas cerejas carnudas e doces, que é tempo delas. A zona histórica de Viseu esperava-nos para um passeio retemperante…

Contactos
Estr. Nacional 2
3515-331 Viseu
Tel: (+351) 232 459 325
Email: geral@restaurante-santaluzia.pt
Website: www.restaurante-santaluzia.pt

Os Novos Vintage da Família Symington

Texto José Silva

Foi o renovado espaço da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, mesmo em cima dos rochedos e do mar, que a família Symington escolheu para apresentar os seus dois mais recentes vinhos do Porto.

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Casa de Chá da Boa Nova – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Os rochedos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em frente à famosa construção, projectada pelo arq. Siza Vieira, lá continua a lápide com a quadra de António Nobre, que por ali gostava de ir em busca de inspiração.

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O espaço está fantástico – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O espaço está fantástico, com aquela luminosidade que vem do mar, o restaurante agora a cargo duma equipa liderada pelo chefe Rui Paula, que não só executou um óptimo serviço de vinhos, sem falhas, como depois nos serviu uma deliciosa refeição, acompanhada por vinhos deste produtor do Douro: os Altanos brancos estão cheios de frescura, elegantes, com óptima acidez, brancos modernos. Os tintos do Vesúvio estão em grande nível, cheios de estrutura, possantes mas com muita elegância, vinhos muito gastronómicos.

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Apresentação Cuidada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os primos Charles e Ruper Symington fizeram uma apresentação muito cuidada dos vinhos que íamos provar, pois, para além dos dois vinhos novos, fizemos uma curta mas deliciosa viagem por alguns vinhos do Porto soberbos. Charles Symington ainda fez uma curiosa e interessantíssima apresentação sobre a utilização das novas tecnologias de estudo e controle das vinhas através de técnicas em que se domina completamente a morfologia e composição das terras, da sua humidade, acidez e muitos outros parâmetros. O objectivo? Melhorar sempre a prestação das vinhas, obter cada vez melhores uvas. Os resultados estão á vista.

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Grahams Colheita 1972 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Começamos então por dois Tawnies extarordinários: primeiro foi o Graham’s Colheita 1972 – dum âmbar escuro, laivos dourados e acastanhados, apresentou-se com toque seco no nariz, notas de flor de laranjeira, nozes, avelãs, tabaco, pleno de fragrâncias. Na boca tem complexidade, frutos secos, caramelo, acidez incrível, ainda notas secas, levemente fumado, sempre a evoluir no copo com um final a perder de vista…Já um vinho do Porto clássico.

Seguiu-se o Dow’s Colheita 1974 – dum âmbar médio, límpido, está muito elegante, com notas de laranja, algo citrino, muito delicado, fragrância de amêndoas, com especiarias, um verdadeiro perfume. Grande elegância na boca, acidez poderosa, persistente, casca de laranja, ainda muito fresco, nozes e amêndoas, algum fumo, tabaco, final muito longo para um vinho extraordinário.

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Dow’s Vintage 1975 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Era então a vez dos Vintage, começando pelo Dow’s Vintage 1975, com a curiosidade de ter sido servido a partir duma garrafa modelo Tappit Hen, de 2,1 litros, que a família ainda usa com alguma regularidade. O vinho já está a clarear, dum tom rubi pálido. Extremamente elegante no nariz, ainda com alguma fruta, compota, notas ligeiras de especiarias. Bela acidez, muito envolvente, alguns frutos secos, cereja, muito elegante mas persistente, final muito longo num vintage para evoluir ainda durante muito tempo.

Seguiu-se o Warre’s Vintage 1977 – aspecto atraente, um rubi claro, médio. Nariz austero mas elegante, fumado, ainda fresco, notas de compota, plantas silvestres. Na boca apresentou-se profundo, com uma acidez fantástica, muito complexo, notas de fruta passada, ainda cheio de frescura, final longo e saboroso.

Finalmente apresentou-se um delicioso Graham´s Vintage 1977, um ano em que este produtor fez grandes vinhos do Porto. Ao contrário dos seus primos, apresenta ainda cor incrível, vermelho escuro, quase opaco. Nariz fantástico, profundo, austero mas cheio de elegância, muita fruta preta, chocolate, muito bom. Muito volumoso, acidez muito equilibrada mas potente, deliciosamente complexo, alguns frutos secos e um final fantástico, cheio, envolvente, um grande vinho.

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A provar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A provar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois duma ligeira pausa, para respirar fundo e ouvir ligeiras explicações dos dois primos sobre os novos vintage, veio o Dow’s Quinta da Senhora da Ribeira Vintage 2013. Opaco, quase preto, brilhante. No nariz apresentou-se com notas de chocolate preto, frutos pretos muito maduros, amoras, ameixas, uvas passas mas também bastante floral. Poderoso na boca, notas doces, chocolate, figos muito maduros, tabaco, acidez vibrante, muito envolvente, uma bela interpretação dum vintage moderno, excelente.

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Quinta do Vesúvio Vintage 2013 e Dow’s Vintage 2013 Quinta da Senhora da Ribeira © Blend All About Wine, Lda

Finalmente a tradição do Quinta do Vesúvio Vintage 2013. Muito escuro, quase preto, sedoso. Nariz cheio de fruta, muita elegância, floral, fumo, tabaco, cacau e especiarias. Incrível na boca, acidez fantástica, poderosa, frutos pretos bem maduros, ligeiramente especiado, quase picante. Toma conta da boca e nunca mais acaba…A interpretação, perto a perfeição, dum local, dum terreno, dumas vinhas, da Quinta de Vesúvio! E da tradição da pisa a pé em lagares de granito. O regresso às memórias dos primórdios do Douro. Um grande vinho do Porto!

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Cavala Fumada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já à mesa do restaurante, depois dum copo de champanhe ao ar livre, começamos por uma entrada de cavala fumada com pimentos, falso tomate com requeijão e merengue de azeitona e azeite, servido numa simpática lata de conserva.

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Enguia Fumada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o prato de peixe, enguia fumada com beterraba e tutano.

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Carré de Cordeiro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na carne foi o carré de cordeiro com tupinambur em especiarias e funcho.

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Selecção de Queijos Nacionais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tiramisu – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma seleção de queijos nacionais antecedeu a sobremesa, um desconcertante “take me that” (tiramisu).

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O mar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entretanto já tínhamos regressado ao vinho do Porto…O mar, esse, continuava a bater nas rochas…

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