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Na ilha do Faial, Açores, surge um novo restaurante…

Texto José Silva

O arquipélago dos Açores tem vindo a ser reconhecido em todo o mundo como um destino fantástico, quer por causa das suas paisagens, quer pela defesa ambiental e ecológica. São nove ilhas no meio do oceano Atlântico norte, onde o verde predomina, com um mar protegido onde abundam espécies de peixe fora do vulgar.

É uma das maiores reservas de atum do mundo, a par de outras espécies, como o cherne e o goraz. Mas também ali abundam dois mamíferos que proporcionam espectáculos deliciosos e divertidos: os golfinhos e as baleias.

É mesmo o único local no mundo onde se podem ver todas as espécies de baleias conhecidas. Mais recentemente, entre as ilhas do Pico e de S. Jorge, a moda é mergulhar com os tubarões, que também são abundantes.

As vinhas tradicionais da ilha do Pico são património da humanidade.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E há óptimos produtos em todas as ilhas, sobretudo peixe, algum marisco, uma excelente carne de vaca e muita variedade de queijos, além de frutos deliciosos, sendo o ananás de S. Miguel o mais famoso.

Os Açores são o único local na Europa onde se planta chá, na ilha de S. Miguel. A restauração das ilhas tem vindo a evoluir muito, beneficiando da qualidade destes produtos, sobretudo do peixe e da sua enorme variedade, e os vinhos tranquilos começam a ser presença constante nos restaurantes das ilhas.

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Sr. Genuíno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A ilha do Faial, bem conhecida por ter tido o último vulcão em actividade, em 1957, o vulcão dos Capelinhos, e o célebre Café Peter´s, tem também um cidadão que deu duas vezes a volta ao mundo no seu barco “Hemingway”, sozinho. É o sr. Genuíno, homem do mar e do peixe, dizem que um dos melhores conhecedores de peixe nos Açores, que trouxe dessas epopeias milhares de recordações e que acabou por casar no Brasil.

Agora mais calmo, resolveu abrir o seu próprio restaurante, na sua ilha natal, o Faial. Escolheu um local fantástico, a pequena baía da praia de Porto Pim. Um arquitecto amigo desenhou o projecto e surgiu, de raiz, um local onde se pretende divulgar o marisco e peixe dos Açores, através de algumas receitas tradicionais, mas também com alguma inovação, descobrir novas ligações, fazer novas propostas.

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Restaurante Genuíno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

São duas salas, uma em baixo e outra no primeiro piso, decoradas com simplicidade, em tons muito claros, mesas bem postas, ambiente descontraído com janelas enormes a deixar ver uma paisagem muito bonita, da praia de Porto Pim. A tranquilidade está por todo o lado. Neste “Genuíno” só se  serve peixe fresco e algum marisco, numa ementa apelativa e moderna.

Pão saboroso, queijo, requeijão e pimenta da terra para começar. Há duas sopas possíveis, Hemingway e creme de legumes. Como entradas um saboroso camarão à Genuíno, salada de atum fresco, salada de polvo muito bem temperada e palitos de peixe-espada à Cabo Horn.

Pegando em peixes das ilhas propõem-se nomes de locais que o sr. Genuíno visitou nas suas viagens, alguns deles mesmo incluindo preparação e temperos dessa regiões longínquas: filetes de peixe-espada com arroz do mesmo, atum no forno à Rapa Nui, escabeche quente de peixe à Polinésia, genuinamente arroz de peixe, arroz de polvo da costa (ao jantar).

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Ilha do Faial – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na grelha do Pico passam cherne do Guernica, peixe-espada com banana da ilha, atum timorense, goraz a meio canal e pargo à Vanuatu.

Há menu infantil e menu vegetariano e também fazem take away. Para terminar, sobremesa do “Genuíno”, pudim de chá da Gorreana, salada de fruta, pudim de inhame, ananás e prato de queijo. Os vinhos açoreanos, sobretudo do Pico e de S. Miguel estão bem presentes, assim como o Lajido e o Ksar, ambos do Pico e muito especiais.

O restaurante está sempre aberto, podendo comer-se a qualquer hora do dia, todos os dias.

Ali em frente, aquele mar fantástico contínua tranquilo…

 

Contactos
Restaurant Genuíno
Areinha Velha, 9 Horta
9900-067 Ilha do Faial, Açores
Tel: (+351) 292 701 542
Email: genuino@genuinomadruga.com

Festa do Vinho na Quinta da Boeira

Texto José Silva

Embora com um atraso considerável, pois já deveria estar pronta há cerca de um ano, foi finalmente inaugurada aquela que é considerada a maior garrafa de vinho do mundo. Foi construída em fibra de vidro, nos jardins da Quinta da Boeira, em Vila Nova de Gaia, tem 32 metros de comprimento e 9,5 metros de diâmetro e uma capacidade para albergar cerca de 150 pessoas. Está inserida num evento a que se chamou “Portugal In A Bottle”, que vai decorrer até 27 de Setembro de 2014.

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“Portugal in a bottle” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Dentro desta garrafa, que pretende ser um museu vivo de homenagem ao vinho português, percorre-se o país vinícola através dum filme 3D e da promoção e comercialização de vinhos, gastronomia e artesanato que vai atrair um público interessado, entre nacionais e estrangeiros. E mesmo dentro da garrafa gigante vão decorrer provas de vinhos das várias regiões.

O “Parque Natural da Quinta a Boeira-Arte e Cultura” é o resultado da recuperação duma antiga quinta de que fazia parte um velho armazém de vinho do Porto, agora adaptado a outras funções. O espaço é dominado pela enorme mansão senhorial, erguida no meio dum jardim fantástico, rodeado de enorme muro, a dar-lhe uma privacidade muito própria. Um local tranquilo de rara beleza, com um pequeno lago e arvoredo luxuriante, para passar momentos de lazer, com um restaurante a funcionar todos os dias e uma zona para serviços maiores, usufruindo sempre de todo o complexo turístico, que inclui um parque de estacionamento.

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Quinta da Boeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pois foi neste espaço fantástico que decorreu, entre os dias 30 de Maio e 1 de Junho, o “Portugal Wine Trophy – Portugal Grand Gold”, uma organização da Deutche Wein Market. É um concurso mundial que tem em Berlim, na Alemanha, duas edições anuais e que passa também por Seul, na Coreia do Sul, onde se realiza o “Asia Wine Trophy”.

Agora veio a Portugal, trazido pela mão da administração da Quinta da Boeira. Este prestigiado concurso tem o patrocínio do OIV e do UIOE, conhecidas pelo rigor que colocam no contrôle deste tipo de eventos. Neste primeiro “Portugal Wine Trophy” estiveram 60 jurados, 40% dos quais portugueses, que provaram 1.012 vinhos de todo o mundo e cujos resultados serão conhecidos mais tarde.

Os júris estrangeiros foram recebidos em Vila Nova de Gaia com a habitual hospitalidade portuguesa, visitaram as caves de vinho do Porto e alguns produtores de vinho. E puderam apreciar o enorme movimento de turistas nas cidades do Porto e Gaia, em divertidos momentos de lazer, em que não faltou a gastronomia tradicional do norte do país.

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Armazém Quinta da Boeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As provas decorreram no velho armazém de vinho do Porto da Quinta da Boeira, que oferece condições fantásticas de tranquilidade e temperatura para este tipo de provas, apoiado por profissionais competentes que estiveram à altura, quer na abertura e tratamento das garrafas – as temperaturas adequadas são fundamentais – quer no serviço dos vinhos aos júris, onde o timing é precioso. Provaram-se vinhos de todo o mundo, incluindo Portugal e foram atribuídas muitas medalhas de prata e de ouro e algumas na qualidade de grande ouro, o que revelou o nível dos vinhos em concurso.

O balanço, a julgar pelas opiniões gerais dos convidados estrangeiros e dos responsáveis alemães da organização, foi muito positivo, e tudo indica que para o próximo ano a Quinta da Boeira poderá receber novamente este prestigiado concurso, provavelmente ainda com maior número de vinhos em prova.

A maior garrafa de vinho do mundo ali continuará, entretanto, a divulgar a qualidade dos produtos portugueses.

 

Contactos
Rua Conselheiro Veloso da Cruz, nº. 608
Rua Teixeira Lopes, nº. 114
440-320 Vila Nova de Gaia
Tel: (+351) 223 751 338
Telemóvel: (+351) 961 360 897
Email: quintaboeira@sapo.pt
Site: www.quintadaboeira.pt

Restaurante G, da Pousada de S. Bartolomeu, Bragança

Texto José Silva

Um dos motivos mais interessantes para quem anda nesta actividade da gastronomia e dos vinhos, é, de vez em quando, descobrir coisas que nos surpreendem e nos deixam felizes. É também uma das razões porque mantemos a vontade e o gosto de continuar a desenvolver este trabalho. Foi o que aconteceu numa recente visita a Bragança, lá bem no interior transmontano, quando mão amiga nos levou até à Pousada de S. Bartolomeu para almoçar.

A pousada tem muita tradição, que conheço bem, pois ali pernoitei muitas vezes, em várias visitas a Bragança, mas a surpresa foi a recente entrada para a gestão do grupo Geadas, que tem o restaurante do mesmo nome em Bragança. Há várias décadas que é a casa de bem comer mais conhecida e conceituada da cidade, gerida por dois irmãos, a servir comida tradicional de Trás-os-Montes. Mas que nos últimos anos desenvolveu uma ementa alternativa de autor, baseada em produtos transmontanos. Agora, com esta aquisição, os dois irmãos resolveram transferir esse conceito de autor para o restaurante da pousada, que baptizaram de “G”, simplesmente.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

O espaço foi remodelado, ficou mais confortável e acolhedor, com uma oferta requintada, baseada em produtos da região, que se saúda. Sala cheia de luz, com vista sobre a cidade, lá do alto, precedida duma simpática sala de estar, onde se expõem alguns produtos, entre azeite, enchidos e doçaria. Amesendação impecável, com tudo o que é bom na mesa, serviço irrepreensível, incluindo o trabalho de vinhos, a cargo de profissionais com enorme experiência.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

 

Na refeição que partilhei com alguns amigos, começaram por nos servir pão regional transmontano de Bragança e uma bola de carne deliciosa, com enchidos da região, muito apaladada. O que pediu o primeiro copo de vinho, neste caso também transmontano, o tinto “Quinta das Corriças Reserva de 2011”, cheio de corpo mas ao mesmo tempo muito elegante, com acidez bem presente a dar-lhe equilíbrio, notas suaves de frutos vermelhos e algum fumo, apenas uma fragrância.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

Há vários menus de degustação propostos, cujo preço varia consoante a quantidade de pratos e de vinhos para cada um. Na nossa refeição começamos por apreciar um pão com salpicão de Vinhais, servido numa pedra redonda e que ainda vinha morno, e manteiga de ervas finas que se derretia facilmente ao entranhar-se na massa. Belo começo!

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

Numa outra pedra, esta mais baixa e comprida, veio uma lata, daquelas das conservas, que servia de recipiente para um à Braz de alheira de Vinhais com rodela de salpicão, a batata frita bem ligada com a pasta da alheira e o contraste com o salpicão a dar um toque de requinte.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

 Então veio novamente uma pedra redonda com um escabeche de perdiz a duas temperaturas, a carne da perdiz bem esfiada, tudo bem compactado e o escabeche por cima numa realização simples mas muito elegante. Nos pratos quentes provamos um caldo de aves (faisão e perdiz), com nabo e abóbora, suculento e muito apaladado, o caldo bem quente, numa bela composição cromática, com a cor alaranjada da abóbora a dominar, vários paladares bem integrados, um caldo exótico delicioso.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

O prato principal proposto foi um soberbo lombo de porco bísaro maturado, tenro, macio, muito bem cozinhado, no ponto, com uma ligeira capa da sua própria gordura, uma carne de excelência. Na companhia dumas couves do pote, tradicionais da matança, mas aqui estilizadas, servindo de recheio a um crocante mil folhas de sementes, delicioso. E ainda, como apontamento, um figo caramelizado recheado com alguns miúdos do porco. Quase uma obra de arte! Fechou-se o repasto com uma tradicional torta de laranja em boa companhia.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

Por esta altura já a segunda garrafa de vinho estava no fim…

Contactos

Pousada de São Bartolomeu
Rua Estrada do Turismo, 5300-271 Bragança
Tel: (+351) 273 331 493 Fax: (+351) 273 323 453
guest@pousadas.pt
Pousada-De-Bragança

Almoço no Chalet Vicente

Texto José Silva

Num dia temperado e cheio de sol no Funchal, a Olga e eu sentámo-nos a uma mesa da esplanada dum dos restaurantes mais acolhedores da cidade Madeirense para uma refeição tranquila. Chalet Vicente, uma casa solarenga com vários espaços e recantos, entre as salas interiores e a enorme esplanada.

E, logo à entrada da sala principal, pontifica um enorme grelhador, por onde passam peixes e carnes diversos. Mas a ementa é muito variada, entre petiscos e pratos principais, havendo mesmo ao almoço um interessante serviço de buffet.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Tudo aquilo é dirigido por um grande senhor da gastronomia madeirense, um homem com enorme experiência e muito bom gosto, o Nélio Ferreira, que não só nos recebeu, como nos orientou por uma refeição deliciosa, uma viagem por petiscos muito bem preparados, um desfile dos sabores da Madeira na nossa mesa, que souberam tão bem.

O bolo de caco, aquele pão fofinho delicioso, torrado e barrado com manteiga e alho, esteve sempre presente, ao longo da refeição, que começou com umas pouco vulgares mas soberbas ovas de peixe-espada preto, muito bem temperadas, suculentas e crocantes, uma boa surpresa.

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Filetes de peixe-espada preto e bolo de caco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Logo seguidas dum polvo estufado com batata doce, molho espesso e envolvente, o polvo tenríssimo, excelente. Então o amigo Nélio já tinha aberto uma garrafa dum vinho branco de mesa madeirense, dum pequeno produtor, o “Vai de Cabeça”, da casta Verdelho. À temperatura certa, esteve muito bem, seguro, fresco, com óptima acidez e aquele toque mineral intenso que dá belíssimas ligações. Como foi o caso dos bifinhos de fígado de vitela, com cebola e muito louro, delicados e extremamente saborosos. Vieram depois uns deliciosos filetes de peixe-espada preto, fofinhos e apetitosos, cobertos por um molho de banana e maracujá, uma maravilha

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Vai de Cabeça branco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Durante a refeição, chegou ao restaurante um atum pequeno, fresquíssimo, de que nos vieram mostrar à mesa algumas partes, já limpas e preparadas. E não resistimos à proposta do amigo Nélio, e apreciamos os bifinhos de atum com molho de vilão, na companhia dumas batatas doces tostadinhas, com mel de cana, algo muito especial, a carne do lombo de atum a desfazer-se em lascas generosa, o molho espesso e bem temperado, a batata doce com paladar exótico, mesmo muito bom.

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Bifinhos de atum com molho de vilão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas não terminamos sem provar uma das especialidades da casa, as perninhas de rã panadas, bem fritas, com seu molho branco, deliciosas. E já não conseguimos ir à sobremesa… mas conseguimos deliciar-nos com um vinho da Madeira da casa Barbeito, um verdelho 10 anos que esteve muito bem. Intenso no nariz, cheio de frescura e notas de frutos secos, casca de tangerina e caramelo. Na boca é uma explosão de mineralidade, fresco e com acidez vibrante, envolvente, notas tostadas, seco, delicioso.

Perninhas de rã panadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com o café não resistimos a outro cálice deste néctar madeirense, servido fresco, como deve ser, um final perfeito desta refeição digna dum Chalet!!

Obrigado amigo Nélio.

Contactos
Restaurante Chalet Vicente
Estrada Monumental, 238
9000-100 Funchal
Madeira, Portugal
Portugal
Tel: (+351) 291 765 818
Tel: (+351) 967 793 903
E-mail: chaletvicente@sapo.pt
Website: chaletvicente.com

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Justino’s – Prova de Vinhos Madeira

Texto José Silva

O vinho da Madeira ainda precisa de muita divulgação, ainda é um produto desconhecido para a maior parte dos apreciadores de bebidas alcoólicas, sobretudo de licorosos. E é pena, pois é um vinho de características únicas no mundo, um vinho com grande tradição, um vinho capaz de evoluir durante décadas, tornando-se mesmo num produto de colecção, uma peça rara e apetecível, só ao alcance de alguns.

Mas o vinho da Madeira também tem vindo a evoluir, a modernizar-se e os principais produtores tentam fazê-lo chegar aos mais jovens, que começam lentamente a descobrir este vinho de excelência, numa certa democratização dum produto que tem ajudado a dar a conhecer esta pequena ilha atlântica por esse mundo fora, principalmente em esferas da alta gastronomia e dos provadores de topo. Mas que pode ainda fazer muito mais por este minúsculo território onde o turismo de qualidade é cada vez mais uma realidade de todos os dias, todos os meses, todos os anos.

Uma visita à empresa Justino´s e à sua adega deu-nos uma pequena ideia dessa realidade vínica que é a produção de vinho da Madeira de qualidade. Visita que é sempre um prazer, são momentos de aprendizagem daquilo que se faz nos vinhos da Madeira de grande qualidade, com uma filosofia muito própria. E a prova disso são os vinhos que foram provados em óptimas condições, numa viagem guiada por 13 vinhos da Madeira da Justino´s que iriam ficar na memória.

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3 Years Fine Medium Dry & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

Começando num dos vinhos mais modernos e jovens, o 3 Years Fine Medium Dry, que se apresentou com nariz seco, intenso, muitos frutos secos, ligeiramente tostado mas ao mesmo tempo elegante. Na boca mostrou alguma doçura aliada, por contraste, a uma bela acidez, equilibrado, um vinho ainda jovem mas por isso mesmo fácil de beber, apreciar e entender.

Um Madeira para todos os dias, para ter sempre uma garrafa no frigorífico.

Seguiu-se o 5 Years Reserve Fine Dry, um vinho já com um toque clássico, apresentando uma bonita cor âmbar dourada, cristalino, muito fresco no nariz, aquele toque seco muito agradável, com boas notas de frutos secos, sobretudo nozes. Envolvente na boca, com grande acidez a dominar o conjunto, novamente notas de nozes e amêndoas, um vinho jovem mas já a atingir a adolescência, seguro e com final longo.

3 Years Fine Rich & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

3 Years Fine Rich & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

Voltamos depois aos 3 anos de idade, agora com o 3 Years Fine Rich, um vinho muito jovem ainda mas já muito agradável, para um público talvez mais feminino, com muitas notas de frutos secos no nariz, ligeiramente frutado, com um ligeiro toque seco. Na boca apresenta-se mais doce mas com muita elegância, alguns frutos secos e notas de caramelo, e uma excelente acidez a ligar este conjunto jovem e muito atraente.

Repetiu-se também a idade de 5 anos com o 5 Years Reserve Fine Rich, este com um nariz exuberante, complexo, com ligeira tosta, algum caramelo, frutado, muito envolvente. Na boca é doce mas tem bastante frescura, apresentando-se com óptima acidez, já com um volume de boca intenso e com final longo, um vinho Madeira ainda jovem mas já com as características dum clássico, com um preço ainda acessível, numa solução de compromisso muito interessante não só para os mais jovens e os principiantes, mas também para ter sempre à mão, para o dia a dia.

Depois entramos nos vinhos mais sérios, sérios no sentido clássico do termo, vinhos já dum outro patamar, ainda assim num nível de qualidade/preço muito interessante, os vinhos de dez anos, das castas mais conhecidas e apreciadas, e que apresentaram todos aquele tom âmbar que só variou na intensidade, entre um aloirado do Sercial, até ao castanho mais carregado do Malvasia.

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10 anos Malvasia, Boal, Verdelho e Sercial © Blend All About Wine, Lda.

O Sercial 10 anos foi talvez o mais equilibrado, muito elegante e fresco no nariz, ligeiramente seco e com notas de nozes muito suaves. Na boca é sedoso, envolvente, muito acessível e com bela acidez, muito fresco e mineral, revelando-se sedoso, a deixar um grande final.

O Verdelho 10 anos é muito elegante no nariz, ainda com aquele toque seco associado a alguns frutos secos e ligeiramente tostado. Na boca revela grande estrutura e envolvência, muito elegante e com uma acidez fantástica, intensa mas segura, mesmo dominante no conjunto, ainda alguns frutos secos e final longo, a deixar o palato completamente envolvido.

Veio então o Boal 10 anos, um clássico, talvez a casta mais equilibrada. Enorme elegância no nariz, exótico, complexo, extremamente agradável nos aromas. Na boca tem doçura evidente mas muito bem ligada com uma acidez intensa, que por vezes se sobrepõe à doçura e torna este vinho fascinante, com bom volume de boca, ligeiramente seco, um grande vinho!

Para terminar esta série de vinhos de 10 anos provou-se o Malvasia 10 anos, que se apresentou com um nariz suave e elegante, com notas de nozes, amêndoas e avelãs e alguma frescura. Apesar de ser o mais doce dos quatro, tem uma bela acidez, sendo a doçura elegante, com alguma complexidade, um vinho redondo, bem construído, um vinho mais acessível mas de muito belo efeito.

Chegou então a altura de passarmos a outro patamar, com três vinhos já com mais idade, ainda assim muito frescos e vivos, capazes de ser apreciados em ocasiões diversas e mesmo de fazer boas harmonizações com alguma comida, entre entradas e algumas sobremesas.

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Colheita 1995 e Colheita 1996 © Blend All About Wine, Lda.

 © Blend All About Wine, Lda.

O Colheita 1995 apresenta uma cor âmbar escura muito elegante, cristalino, límpido, muito apelativo. Nariz poderoso, intenso, muito envolvente, com a complexidade dos frutos secos bem presente, mas também ligeiras notas cítricas muito agradáveis. Redondo e intenso na boca, tem uma bela acidez, persistente, bem ligada com notas adocicadas, a dar ao conjunto vivacidade e estrutura, proporcionando um belo final.

Num registo semelhante esteve o Colheita 1996, com uma cor âmbar média muito elegante e agradável. Nariz bastante floral, intenso, os frutos secos bem evidentes a dar-lhe muita elegância. Na boca é ainda a elegância que sobressai, com notas doces envolventes, a acidez equilibrada mas sempre presente, ligeiramente tostado, um vinho muito agradável onde a nota predominante é mesmo a elegância.

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Terrantez Old Reserve © Blend All About Wine, Lda.

Nos grandes vinhos Madeira não pode faltar a casta Terrantez, muita rara e constantemente em perigo de desaparecer, apesar dos esforços louváveis dos principais produtores em tentar mantê-la, pois é um património da ilha sem igual. Provou-se o Terrantez Old Reserve, que apresentou uma cor âmbar clara, cristalina, muito limpo. Uma casta que produz os vinhos mais secos, aqui esteve no seu melhor, muito suave no nariz, limpo e exótico, mesmo inebriante. Excelente na boca, notável, seco, muito seco, com notas de nozes e amêndoa amarga, compota, muito suave, mas com óptima acidez e um grande final!

A prova chegava ao fim e entramos num patamar superior, com aqueles vinhos da Madeira a que um apreciador deseja sempre chegar, vinhos raros mas ainda cheios de força, ainda com muito para dar durante muitos anos.

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Sercial 1940 © Blend All About Wine, Lda.

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Malvasia 1933 © Blend All About Wine, Lda.

Primeiro veio o Sercial 1940 que apresentou uma cor âmbar escura, intensa, com laivos esverdeados, cristalino, muito elegante. Um nariz fantástico, cheio de requinte, mas ao mesmo tempo exuberante e ainda muito fresco. Na boca é soberbo, seco, com ligeiras notas de vinagrinho e uma acidez acutilante, intensa mas muito agradável, notas de nozes e toque citrino muito suave, um final muito longo, fantástico!

Terminamos esta prova de vinhos da casa Justino’s com o Malvasia 1933, já uma peça de colecção. Duma cor âmbar acastanhada, escuro, muito elegante. Grande nariz, cheio de frutos secos, complexo mas ainda fresco, cítrico, incrível. Enche a boca numa explosão de sensações, tostado, aveludado mas com uma acidez indescritível, poderosa, a liderar o conjunto, mas deixando que toda a diversidade de sabores esteja sempre presente, incluindo um delicioso e ligeiríssimo vinagrinho. Estrutura, corpo, intensidade, numa palavra…excelente!

Contactos
Justinos´s, Madeira Wines, S.A.
Parque Industrial da Cancela
9125-042 Caniço, MADEIRA
Tel: (+351) 291 934 257
Fax: (+351) 291 934 049
Email: justinos@justinosmadeira.com
Website www.justinosmadeira.com

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Jantar da Rota das Estrelas

Texto José Silva

Foi o primeiro de vários jantares inseridos na “Rota das Estrelas”, que este ano começou na ilha da Madeira, tendo como anfitriões o complexo turístico Cliff Bay, o seu restaurante “Il Gallo d´Oro” e o chefe Benoît Sinthon, detentor duma estrela Michelin. Mas nesta edição foi decidido inovar, o que é sempre muito interessante, sobretudo vindo de quem vem, pois normalmente são coisas com muita qualidade.

E foi assim que foi anunciado o primeiro jantar desta rota para as caves Blandy, servido no seu Lodge. Dia 19 de Março rumamos ao Convento de S. Francisco, o Lodge da Madeira Wine Company, para participar num evento fantástico.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Na beleza das caves, aproveitando todos os recantos e salas, muito bem decoradas e iluminadas, espalhavam-se mesas e banquinhas, com camilhas e atoalhados, ocupadas pelos chefes residentes e convidados e as suas equipas, numa panóplia de cores e imagens de extrema elegância e beleza. O pessoal de sala fazia o acompanhamento, recolhendo pratos e copos e substituindo tudo de imediato. Em cada um dos locais as equipas, lideradas pelos chefes, preparavam ao vivo petiscos deliciosos, muitos deles mesmo servidos quentes, cujos aromas se espalhavam pelo ar, dando um ambiente de grande restaurante àquele local fantástico.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

E assim todos podiam passear à vontade, parando em cada banca para apreciar a comida que ia sendo servida, para trocar impressões com os chefes e tirar umas fotografias, num ambiente descontraído e informal, em que o mais importante era a comida. Mas também os vinhos, que neste evento serviram de suporte aos imensos petiscos e que tiveram a presença das “Portugal Wine Ladies”, um conjunto de mulheres ligadas à produção e comercialização de vinhos portugueses, que deram um toque feminino precioso para que as harmonias fossem bem conseguidas. O que foi completamente conseguido, um sucesso, e por isso também elas estão de parabéns. Os seus vinhos fizeram belas ligações com os petiscos de cada chefe e elas puderam explicar os vinhos e espalhar a sua simpatia por todo o lado.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Os chefes presentes, alguns deles bem conhecidos e mesmo detentores das afamadas estrelas do guia Michelin, estiveram no seu melhor, preparando e explicando a quem quis os pratos e as suas confecções. Alguns dos chefes cozinharam mesmo ao vivo, fazendo as delícias dos participantes. O anfitrião Benoît Sinthon, foi acompanhado por Ricardo Costa, do “Yeatman”, Vitor Matos, do “Largo do Paço”, Vincent Farges, da “Fortaleza do Guincho”, Miguel Lafan, do “L´And”, Paulo Morais, do “Umai”, Olivier Barbarin, do “Châteux d’Audrieu”, Sebastien Broda e Pascal Picasse, do “Le Park 45”, Henrique Sá Pessoa, do “Alma”, Joe Barza, chefe consultor no Líbano, Adam Simmonds, do “Danesfield House”, Fernando Agrasar de “As Garzas”, José António Campoviejo, do “El Corral del Indianu” e José António González do “El Nuevo Molino”.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Havia pratos de peixe e marisco confeccionados, ostras frescas com champanhe e caviar, havia sushi e sashimi, havia foie gras, havia carnes de borrego e de vitela, havia petiscos sofisticados de pequenas dimensões e pratos mais elaborados em quantidades maiores. E havia doçaria imensa, da mais tradicional à mais requintada. Havia uma mesa com muitas variedades de pão e havia uma enorme quantidade de queijos deliciosos. Junto aos chocolates estavam os vinhos Madeira, da Madeira Wine Company, que estiveram em muito boa companhia. E houve música tocada ao vivo, dando uma nota quase burlesca ao ambiente daquele espaço fantástico com mais de duzentos anos.

Naquela primeira noite da “Rota das Estrelas”, todos foram estrelas…

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Almoço nas Casas do Côro

Texto José Silva

A visitar vinhas, apreciar a paisagem arrebatadora do rio Douro e a provar vinhos pelo Douro Superior, era chegada a hora de repousar e de nos sentarmos à mesa. Foi o que fizemos na magnífica sala de jantar das Casas do Côro, depois duma interessante visita guiada ao complexo turístico. A sala está muito bem decorada, bom gosto por todo o lado, sóbria, muito acolhedora, até a luz é delicada, um local “cozy”. Mesa muito bem posta, com tudo o que é necessário para uma refeição tranquila e de qualidade.

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Casas do Côro Reserva © Blend All About Wine, Lda

E como as Casas do Côro também têm os seus próprios vinhos, foram eles que acompanharam toda a refeição. E fomos guiados pelos dois proprietários da casa: a Cármen foi descrevendo os pratos, o Paulo explicou-nos os vinhos. Tudo com um serviço de sala impecável, quer a servir a comida, quer a tratar e servir os vinhos. Vinhos que são elaborados por dois amigos da casa, Dirk Niepoort, que faz os vinhos Douro Rosado e Branco Reserva, e Rui Madeira que trata os vinhos Beira Interior Branco, Tinto e Tinto Reserva e vinhos Douro Tinto Grande Reserva. As Casas do Côro situam-se na linha de separação destas duas regiões.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

E foi com um branco da Beira Interior que começamos, o Casas do Coro Branco, já de 2013, um vinho feito com castas menos conhecidas, ainda assim bem interessantes, sobretudo na frescura que transmitem ao vinho. Dum amarelo citrino muito claro, cristalino, apresenta aromas de flores do monte, muito suave e elegante. Na boca é bastante sedoso, com uma acidez muito equilibrada, alguma fruta branca, pêra, ameixa, notas de citrinos intensas e alguma mineralidade a deixar um belo final.

Entretanto o pão veio para a mesa, da região, saboroso, e apreciou-se uma deliciosa bola de azeitona com azeite virgem e orégãos, muito bem elaborada, crocante mas fofa por dentro, muito boa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Do Douro veio um rosé da autoria de Dirk Niepoort, o Casas do Côro Rosado 2013, dum rosa pálido, com notas secas e elegantes no nariz, alguns frutos vermelhos, na boca apresentando uma boa acidez e muita elegância, volumoso, aveludado, envolvente e fresco.

Como entrada veio à mesa um rolo de bacalhau com puré tosco de verduras na cocote, muito quente, uma boa ligação entre o bacalhau e as verduras, um conjunto cremoso, e por cima um crocante delicioso a fazer o contraste, excelente. E não faltou a sopa, um creme de legumes da horta, olorosa e muito saborosa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se ainda um outro vinho branco, este do Douro, o Casas do Côro Branco Reserva 2012, onde Dirk Niepoort deu largas ao seu reconhecido bom gosto, com toque precioso de madeira, muito bem casada, aromas ligeiramente florais e fragrância suave de baunilha, belo volume de boca, muito envolvente, um casamento perfeito entre acidez e frescura, um vinho algo exótico com final longo e sedoso.

O prato principal foi um delicioso cabrito de leite assado no forno, que se apresentou desossado, em lascas pequenas, na companhia de batatas assadas no forno, tostadinhas, e um rolo de verduras muito saboroso.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se então o tinto Casas do Côro Beira Interior Reserva 2011, um ano que está a dar grandes vinhos tintos. Boa fruta no nariz, algumas notas de barrica e um delicioso toque mineral a dar-lhe grande elegância. Na boca tem persistência, lembra frutos silvestres, algum chocolate preto, ligeiramente especiado e com notas de fumo a par de alguma frescura, num vinho muito equilibrado.

Enquanto se apreciava este vinho tinto veio à mesa alguma doçaria de confecção própria e o queijo curado com umas tostinhas crocantes a dar o final à refeição.

Depois, já era hora de partir, Douro abaixo…

Contactos
Marialvamed – Turismo Histórico e Lazer, Lda
Largo do Côro
6430-081 Marialva – Portugal
Tel: (+351) 917 552 020
Fax: (+351) 279 850 021
E-mail: info@casasdocoro.pt ou reservas@casasdocoro.pt
Website: www.casasdocoro.pt

Almoço – Restaurante Palco

Texto José Silva

No primeiro encontro do painel de provadores da Blend, fomos recebidos no Restaurante Palco, do Hotel Teatro, num ambiente requintado e tranquilo, para um almoço em que se pretendia provar grandes vinhos portugueses da actualidade, em harmonia com uma culinária moderna baseada em bons produtos portugueses.

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Feitas as apresentações e com a presença de Paulo Costa, Director do Hotel, que nos fez companhia, começou uma refeição que se viria a revelar de enorme qualidade, ajudada também pelo trabalho excelente dos profissionais de mesa do restaurante, quer no serviço e apresentação de cada prato, quer num serviço de vinhos impecável, entre copos, temperaturas e quantidades servidas.

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Os vinhos, provados dois a dois, estiveram à altura da ementa e fizeram como que um bailado entre si e um diálogo sério com a comida, dando-nos imensos momentos de prazer. Começou-se com um espumante da Bairrada, o Encontro Special Cuvée 2010, que apresentou bolha muito fina com mousse persistente, aromas secos e tostados, na boca tem elegância, notas de palha, excelente acidez, seco, com grande final.

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Fizemos então uma viagem deliciosa por um menu de degustação que começou com uma tapenade de tomate seco bem apresentada, bem ligada, com textura suave e elegante, para barrar no pão, e que veio à mesa numa pedra redonda de belo efeito. Seguiu-se um corneto de azeitona com barandade de bacalhau, que vinha espetado num recipiente repleto de sementes tostadas, num contraste visual muito bem conseguido: a massa crocante e o recheio do pequeno corneto muito bem ligados, a desfazer-se na boca, o contraste bacalhau/azeitona a percorrer o palato e deixar boa memória.

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O Rosé Principal Tête de Cuvée 2010 que veio a seguir estava surpreendente, de uma cor salmão pálido muito requintada, aromas exóticos, com notas secas de fumo, suaves fragrâncias de frutos vermelhos e um volume de boca soberbo, com notas de framboesas e mirtilos muito sedosas, acidez muito equilibrada, alguma frescura, final muito longo.

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Ainda ao nível das entradas, surpreenderam o torricado de pão saloio com cavala fumada e creme de cebola tostada, em que o pão, muito bom, tostadinho, serviu de base ao exotismo da cavala fumada, encimada pela cebola tostada e ladeada por duas salicórnias em tempura. Uma explosão de mar e fumo na boca.

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Continuando nas entradas, com a viagem cada vez mais intensa, o chefe presenteou-nos com aquilo a que chamou “uma versão diferente de bife tártaro e batata frita com mostarda Savora”, assim mesmo: a tosta muito fina e crocante dobrada a formar um tubo, recheada pelo tártaro preparado com rigor, muito saboroso, a ligar de forma inusitada com o paladar forte da mostarda que recheava duas batatinhas fritas às rodelas.

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Depois veio um vinho branco do Dão, da Quinta da Passarela, o Vila Oliveira branco 2012, Casa da Passarela, um vinho extraordinário, com aromas complexos de fruta e plantas do monte, grande estrutura na boca, alguma mineralidade, com uma óptima acidez e um final longo e sedoso..

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Para fechar o ciclo das entradas, um prato que mais parecia uma paleta de cores, mas que na boca revelou uma enorme frescura e uma ligação muito interessante entre ingredientes tão diversos como as vieiras, cannelloni de abacate com sapateira, puré de raiz de aipo fumada com cítrico e camarinhas, aqueles camarões de rio minúsculos de aroma e sabor intensos, que faziam a ligação de todo o prato, excelente.

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Passamos depois a dois vinhos Alvarinho de Melgaço com perfis muito diferentes entre si, ambos muito bons. Primeiro o Curtimenta 2011 de Anselmo Mendes, que se apresentou muito suave no nariz, muito elegante, notas de frescura e de frutos tropicais bem maduros, na boca é envolvente, tem óptima estrutura e grande mineralidade, acidez intensa mas bem equilibrada, um vinho complexo mas exuberante.

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Nos pratos de peixe, começou-se com robalo com caldo de Bulhão Pato, mexilhão, lingueirão e esférico de batata, muito requintado quer no paladar, quer na textura, caldo aveludado, batata cremosa, textura do peixe de mar correctíssima, o mexilhão e o lingueirão a reforçar o paladar a mar, tudo muito suave na textura.

O segundo prato peixe foi o salmonete no seu caldo, gnochis de batata, o peixe de textura acertada, rijinho, saboroso, o caldo cremoso e muito sedoso, o gnochi de batata apaladado, num conjunto algo exótico, muito bom.

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E veio outro grande Alvarinho, o Soalheiro Reserva 2011, com aromas de madeira, tostado, com alguma mineralidade, na boca é intenso, belo volume, fresco e com óptima acidez, notas ligeiras de baunilha, a deixar grande final.

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Sendo o terceiro peixe o bacalhau de meia cura com caldo de cebola tostado, cebolinhas caramelizadas e cebolete, e cannelloni de lombarda com bochechas de bacalhau. Muito complexo na sua harmonização, revelou-se incrivelmente simples no paladar e na textura, tudo a ligar bem e a tomar conta do nosso palato, óptimo.

Seguiu-se o M.O.B. tinto 2011, que apresentou aromas florais cheios de elegância, alguma frescura, exótico, na boca com bela acidez, taninos muito redondos, bem construído, seguro e elegante, notas de frutos vermelhos maduros, aveludado, um vinho para ir descobrindo. Depois foi o Quinta da Casa Amarela Grande Reserva tinto 2011, concentrado, elegante, aromas intensos de frutos vermelhos, notas de fumo e madeira, na boca tem rusticidade, é especiado e elegante, tem volume, os frutos vermelhos bem maduros, um vinho gastronómico.

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Passando às carnes, começou-se com um produto extraordinário, o rabo de vitela maronesa com cremoso de batata trufado e foie gras. Várias texturas a ligar bem entre si, o foie por cima e o cremoso de batata por baixo da carne a transmitir-lhe um toque do trufado ligeiro, a carne a desfazer-se, de paladar intenso mas delicioso.

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Então apresentaram-se dois grandes vinhos de duas grandes regiões. O tinto do Dão, Vinha do Contador 2008, é um clássico daquela região, cheio de elegância, com aromas sofisticados de flores, de plantas silvestres, com um volume de boca incrível, bem estruturado, boa acidez e alguma frescura, frutos vermelhos maduros, algum fumo e um grande final.

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O Quinta do Crasto – Vinha Maria Teresa tinto 2011 representa a excelência do Douro, muito elegante no nariz, aveludado, notas florais de esteva e de urze. Na boca tem excelente volume, é cremoso, sofisticado, taninos soberbos, bem casados, longo, com um final imenso. Os dois vinhos fizeram companhia a todo o requinte e elegância da carne de veado no seu lombinho, beterraba, maçã reineta e cantarelos, paladares secos da terra e de húmus, a carne aveludada e saborosa, o molho a ligar o conjunto, num patamar culinário já muito alto.

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Antes da sobremesa e para limpar o palato, apreciou-se um Amontillado de Jerez, seco, com acidez incrível e com notas adocicadas a contrastar. A sobremesa dizia-se ser “o limão e as nozes em texturas”. E assim foi, várias texturas, das nozes e do crocante de várias folhas tostadas, o limão entre uma esfera, um creme e uma tosta. Resultado retumbante.

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Para as sobremesas apreciou-se um Porto Barros branco velho que esteve muito elegante, aromas intensos de frutos secos, ligeiras notas fumadas, alguma complexidade na boca, com alguma frescura e muito boa acidez a equilibrar o conjunto. E o Moscatel de Setúbal da Casa Horácio Simões que esteve muito bem, nariz intenso, com notas de citrinos, caramelo, fresco. Na boca é envolvente, aveludado, com óptima acidez, toque de casca de tangerina, notas ligeiras de frutos secos e algumas especiarias.

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Acabou-se com uma proposta com nome cheio de humor, mas ainda assim muito bem conseguida: “o bosque visto da baixa do Porto”. Muito bom.

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Fecharam-se os trabalhos com um espumante muito especial, o Quinta dos Abibes Grande Reserva Brut Nature 2009, pleno de elegância, bolha finíssima e cordão com alguma persistência. Nariz encantador, aromas a passar pela fruta branca, algumas nozes, palha, cheio de frescura e vigor. Na boca tem um volume seguro, acidez vibrante e aromas exuberantes, seco, fumado, cremoso, final longo e sedoso.

Um belo final!

Cheers!