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Quinta da Pacheca – A Essência do Enoturismo

Texto José Silva

É uma quinta cheia de história, que faz parte da história do vinho, pertencente à família Serpa Pimentel durante 4 gerações.

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The Quinta – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Os vinhos da quinta evoluíram imenso em meados do século passado, graças ao trabalho intenso do sr. eng. Eduardo Serpa Pimentel, avô da actual geração, com quem tive o prazer de provar várias vezes. Era um homem conhecedor, de mente aberta e fazia várias experiências nas vinhas durienses, de que recolhia ensinamentos que partilhava com quem o quisesse ouvir. Lembro alguns brancos que fez com castas como Rieseling e Gewurstraminer, coisas diferentes num Douro então ainda muito conservador. Os vinhos, esses, continuaram a fazer-se e chegaram à actualidade de boa saúde e recomendam-se. Estão mais modernos, mais acessíveis, diria mesmo mais apetecíveis e voltaram em força à prateleiras comerciais e à restauração, com imagem renovada, mais moderna, mas mantendo a classe dum nome bem conhecido. Graças também a novos investimentos que têm vindo a ser feito pelos novos proprietários – Maria do Céu Gonçalves e Paulo Pereira – empresários portugueses radicados em França, que compraram a maioria do capital da empresa e que agora a gerem juntamente com a família Serpa Pimentel.

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Tourism industry, the restaurant and hotel – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Na vertente turística o restaurante e o hotel são já uma referência no Baixo Corgo e mesmo em todo o Douro, tal a qualidade da oferta.

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Interior – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Interior – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Uma unidade muito bem integrada na velha arquitectura da quinta, com 15 quartos onde a beleza e o conforto são uma constante, com um serviço cuidado, impecável, também por isso mantendo uma taxa de ocupação elevada ao longo de todo o ano.

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The restaurant – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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The restaurant – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Numa sala de grande beleza, cheia de luz, funciona o restaurante onde, para além de deliciosos pequenos almoços, são servidas refeições com muita qualidade, preparadas com produtos portugueses e mesmo regionais, quando possível, em confecções simples e saborosas.

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Alheira and Asparagus Pasty – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Na última visita apreciamos de entrada um folhado de alheira e espargos sobre cama de repolgas salteadas em azeite da Pacheca muito saboroso.

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Piece of Veel – Photo by José Silva | All Rights Reserved

A que se seguiu um naco de novilho com cogumelo portobelo e risotto de salpicão de Vinhais, carne muito tenra e saborosa, cogumelo a saber a terra, carnudo e um risotto bem conseguido, com um produto muito português, o salpicão.

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Sweet made of Cheese and Coffee – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Para sobremesa uma delícia de café e queijo, com macarron de pistáchio, na companhia de panacota de frutos vermelhos, muito bem apresentado.

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The Wines – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Estes paladares foram acompanhados pelo Pacheca Branco Colheita já de 2014, cheio de frescura e muito elegante, uma acidez intensa num lote de castas muito equilibrado, um belo vinho. Depois foi o tinto, também colheita mas de 2012, com boa fruta no nariz, equilibrado, bom volume de boca e óptima estrutura, a pedir comida. Para a sobremesa foi o Porto Vintage de 2012, ainda cheio de fruta no nariz, muito vivo, fresco, notas intensas de frutos pretos bem maduros, chocolate e tabaco, com uma bela complexidade, a augurar grande futuro.

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New Tawny – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Acabamos a noite com um Tawny novo, muito agradável, com aromas de frutos secos, boa estrutura, sedoso, intenso e com óptima acidez. Claro que ambos os Portos estavam refrescados…

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Winery – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

De manhã foi um passeio pela adega com as suas grossas paredes de granito, mas sobretudo pela quinta e tudo o que está à volta, com o Douro logo ali adiante.

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The vineyards still bare – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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One of a kind Beauty – Photo by José Silva | All Rights Reserved

As vinhas, ainda nuas, à espera das temperaturas primaveris para abrolhar, têm uma beleza muito própria que não me canso de apreciar, estendem-se à beira do rio, e vão pela encosta acima.

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Many Houses – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Many Houses – Photo by José Silva | All Rights Reserved

As várias casas da quinta, que respiram antiguidade, continuam a receber-nos com dignidade.

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Terraces and Paths – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Os largos e as alamedas da quinta sugerem passeios retemperantes para apreciar toda aquela beleza, num vale que se estende até ao rio Douro.
Os vinhos, esses, repousam na adega até serem consumidos…

Contacts
Quinta da Pacheca
Cambres – 5110-424 Lamego
Portugal
Tel: (+351) 254 331 229
Fax: (+351) 254 318 380
Website: www.quintadapacheca.com

Londres, Meca do vinho

Texto José Silva

Das muitas capitais da velha Europa, é certamente Londres que se destaca como o local por onde passam os grandes vinhos do mundo, onde funciona uma espécie de “bolsa” dos vinhos que ali desaguam vindos um pouco de todos os cantos do planeta.

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Londres – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E que são passados a pente fino, provados, testados, avaliados e finalmente carimbados por uma classe de provadores de que fazem parte algumas elites, que incluem “Masters of Wine” e “Masters Sommeliers”, que por ali abundam. Depois é a procura mais ou menos intensa por parte de garrafeiras, lojas gourmet, restaurantes e wine bars e mesmo das grandes cadeias de supermercados, num mercado bastante aberto e em que a vontade de provar coisas diferentes e novas é cada vez mais evidente.

Os vinhos portugueses não fogem à regra, bem conhecidos e apreciados entre estes provadores e críticos, e que fazem parte de várias mostras e provas que vão tendo lugar ao longo do ano na capital britânica. Por isso mesmo é pena que tudo isso não se traduza em vendas mais significativas dos nossos vinhos no mercado do Reino Unido. Falta aquele “click” que leve os vinhos portugueses de qualidade ao grande público britânico e faça melhorar as vendas significativamente, num mercado que tem tanto de exigente como de fascinante.

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Prova – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Recentemente aconteceu mais uma prova de vinhos portugueses, bastante bem organizada pela ViniPortugal e com a presença de mais de 120 produtores, com muitas provas organizadas pelos muitos distribuidores que importam vinhos lusos, e onde os produtores aproveitaram para mostrar novos vinhos ou pelo menos novas colheitas, tentando melhorar a sua divulgação e, consequentemente, as vendas, acertando novos contractos ou confirmando os já existentes.

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Quinta de Cottas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como aconteceu com um produtor português do Douro, a Quinta de Cottas, que conseguiu renovar o contracto que já tinha com a companhia aérea British Airways, para que, depois de ter tido o seu vinho tinto colheita de 2010 servido a bordo dos aviões da companhia inglesa, seja agora o mesmo vinho tinto, mas da colheita de 2011, a ser servido nos aviões desta companhia aérea. É mais uma achega para a boa aceitação dos vinhos portugueses no difícil mercado britânico. Também na restauração alguns portugueses têm tentado a sua sorte em Londres, seja porque para ali foram em busca duma oportunidade, seja porque já lá viviam e quiseram tentar este mercado onde, apesar de tudo, não há grande oferta de qualidade.

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Restaurante em Covent Garden – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entre muitas outras ofertas na velha Albion, há um pequeno restaurante e wine bar em Covent Garden, de seu nome “Canela”, a servir vinhos portugueses e petiscos da nossa terra, que está a ter algum sucesso.

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Vinhos Portugueses – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma oferta de vinhos portugueses com alguma variedade e muitos petiscos que estão a ser muito bem aceites pela clientela do espaço. Ali nos encontramos com Jamie Goode, para um almoço divertido.

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Jamie Goode – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Quando quis beber uma cerveja “Guiness”, para começar, fui informado que só têm cerveja “Sagres” e “Superbock”, assim mesmo!

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Vadio 2013 white – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Jamie Goode escolheu um branco “Vadio”, da colheita de 2013, que esteve muito bem, cheio de frescura, simples e saboroso.

Pela mesa foram passando presunto e alguns queijos, na companhia de pão saboroso.

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Pataniscas de Bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Chouriço e Pão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois foram as pataniscas de bacalhau e um chouriço grelhado atrevido, que já pedia um tinto.

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Lagar de Darei 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foi ainda o Jamie Goode que escolheu um tinto “Lagar de Darei” de 2011, sóbrio, apelativo, bem interessante.

Plan B 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

De Bortoli 2008 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ao fim da tarde, numa conversa com Sarah Ahmed, à volta dumas garrafas de vinho branco australiano, fizemos a comparação entre estes dois mundos: os vinhos australianos estão por todo o lado!!

Mas em Londres há também alguns locais emblemáticos a servir e vender vinhos de todo o mundo, onde, apesar de haver vinhos portugueses, a sua oferta é diminuta, por vezes mesmo apagada. E onde urge colocar mais vinhos portugueses a serem provados e comprados por um público cada vez mais interessado.

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The Sampler – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Um desses locais é o “The Sampler”, em South Kensington, que tem uma oferta de 1.500 vinhos de todo o mundo, uma boa parte deles de pequenos produtores, que podem ali ser provados e comprados, com alguns bons vinhos portugueses disponíveis.

Hedonism Wines – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Elegante e Requintada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Noutra zona da cidade, em Mayfair, é a vez de uma loja de vinhos absolutamente fantástica, a Hedonism Wines. Elegante, requintada, muito bem climatizada, enorme, extraordinariamente bem organizada e onde podemos encontrar tudo, mesmo tudo, de todo o mundo.

Garrafas desde €8 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A €15.000 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

Desde vinhos a €8 a garrafa, até raridades a €15.000 a garrafa. Leu bem, €15.000 a garrafa!!

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Vinhos Portugueses – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E também ali estão alguns bons vinhos portugueses.

Em restaurantes, bares, wine bars e lojas gourmet, podemos encontrar vinhos portugueses, embora em ofertas muito limitadas, o que não corresponde à fama e à qualidade sempre crescente que têm vindo a assumir junto da crítica internacional. Está por isso na hora de dar o salto, de dar mais visibilidade aos nossos vinhos e de colocá-los nos locais mais emblemáticos da capital britânica. E mesmo que sejam produtores já com tradição, porque não fazê-lo duma maneira divertida…

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Porque não fazê-lo de uma maneira divertida? – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Aqui na Blend continuaremos a lutar por isso e disponíveis para apoiar todo o tipo de acções que possam ajudar.
Afinal Londres é já ali, a duas horas de viagem…
Cheers!

Restaurante Mendi – 18 anos a servir bem

Texto José Silva

É já uma instituição da cidade do Porto. Há 18 anos a funcionar no mesmo local, naquela ruela pedonal que ladeia o hotel Crown Plaza (antes Tiara). Por três vezes sofreu obras de renovação, embora mantendo sempre um ambiente onde impera a tranquilidade, com muita luz a entrar pelas enormes vidraças. Um pequeno balcão à entrada e uns bonitos cadeirões, onde se pode aguardar por mesa.

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Decorado em Tons Carmim – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Peças Orientais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados


Sala ampla, muito bem decorada em tons carmim, com alguns apontamentos de peças orientais, que incluem duas bonitas colunas, logo à entrada.

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Forno Tradicional – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservadosts Reserved

Em frente, a entrada para a cozinha, de que faz parte o forno tradicional (tandoori), por onde passam algumas das iguarias que vêm depois à mesa.

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Mani Ram – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tej Ram – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Tudo trabalhado por mãos experientes a cargo de dois cozinheiros eles próprios indianos, já há muitos anos no Mendi: Tej Ram e Mani Ram. Depois é o cuidado apurado na compra de produtos de qualidade, uma boa parte mesmo com origem na terra mãe deste tipo de cozinha.

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Especiarias e Temperos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na sala pairam aromas suaves de incenso a que se vão juntando aqueles outros que vêm da cozinha, das várias especiarias e tempêros que fazem da comida indiana uma das mais olorosas de todas.

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Kamal Rajani – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

À frente de tudo isto, a força e a vontade dum homem que sempre acreditou (e acredita) naquilo que faz, que deu corpo e continua a dar o espírito a este Mendi: Kamal Rajani. Nasceu na antiga Lourenço Marques, Moçambique, viveu em Inglaterra, depois foi até aos Estados Unidos e finalmente, em 1981, veio para Portugal para casar. Até que, em 1997, fundou o Mendi, onde está até hoje. Agora também ajudado pela sua filha Mafalda, a dar um toque feminino a este espaço tão agradável.

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Mesas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As mesas estão muito bem postas, sóbrias, e um serviço personalizado, que quase não se nota, tal a sua delicadeza, mas que também nos pode ajudar a percorrer uma ementa bastante completa, entre as muitas entradas e os pratos mais elaborados.

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Papadom – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A refeição começa impreterivelmente com os papadom, aquelas folhas fininhas, crocantes, com especiarias, ligeiramente picantes, e que nos dão o primeiro contacto com estes paladares exóticos. Sim, porque a comida indiana (e oriental em geral) é tradicionalmente picante. Embora, numa adaptação aos paladares europeus, no Mendi se possa apreciar tudo sem picante, se assim o entendermos. O que, confesso, descaracterizará um pouco esta cozinha tão nobre. Mas podemos, isso sim, controlar o nível de picante, basta pedir ajuda: pouco, médio, forte ou muito forte. Eu gosto de começar no médio e terminar no muito forte, já com umas gotas de suor nos sobrolhos e a escorrer pela nuca.

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Malaguetas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Gosto mesmo de ter ao meu lado um pratinho com as malaguetas frescas fatiadas e ir juntando ao que vou comendo, é um imenso prazer…É um picante forte, quente, de qualidade, muito saboroso.

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Nan – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sahi Nan – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O nan, que é o pão típico indiano, confeccionado no tal forno (tandoori), vai acompanhar toda a refeição: fofo, baixinho, bem temperado, com muito alho, ou numa versão (sahi nan), com queijo e vegetais e, lá pelo meio, umas laminazinhas atrevidas de malagueta, uma delícia.

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Entradas Mistas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sheek Kabab – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O cortejo da refeição começou por uma entrada mista: samosa vegetal, hara bara kabab, onion bhaji e pakora. Que se vão enriquecendo com vários molhos, entre eles um requintado molho de menta.

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Goane & Prawn – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Murgh Makhani – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados


Depois veio o sheek kabab, que é uma espetada de borrego, também um delicioso goane e prawn, que é um saborosíssimo caril de camarão com leite de coco e finalmente um murgh makhani, caril de frango com natas, que pedi mais picante e que estava soberbo.

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Arroz Soltinho (Pulao) – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A acompanhar todos estes pratos, arroz, pois claro, um pulao soltinho, requintado e elegante, a fazer o contra ponto com as especiarias dos vários pratos.

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Kulpi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Barfi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados


Para finalizar, a sobremesa: um kulpi e um barfi, muito diferentes, sofisticados e suaves. Enquanto terminávamos a conversa, foram-se trincando umas sementes de especiarias, algumas mesmo ligeiramente adocicadas, que ajudam a fazer boa digestão.
Outras terras, outros costumes…
Parabéns ao Mendi pelos dezoito anos a servir bem!

Contactos
Av. da Boavista 1430, 4100 Porto
Tel: (+351) 226 091 200
Facebook: Mendi Restaurant

O chefe Marco Gomes, do “Foz Velha”, agora também com a “Casa do Marco”

Texto José Silva

Nasceu em Alfândega da Fé, em Trás-os-Montes, e tirou o curso em Bragança, tendo-se formado bastante cedo, iniciando um trajecto fulgurante que o levou a unidades hoteleiras e restaurantes um pouco por todo o país: Algarve, Lisboa, Viseu, Alfândega da Fé, Chaves e Amarante, onde foi então reabrir o restaurante da estalagem “Casa da Calçada”.

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Chefe Marco Gomes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Dali foi o salto para o Porto, para abrir o restaurante “Foz Velha”, na zona antiga da Foz, em frente ao mar e muito perto da foz do rio Douro, já lá vão doze anos.

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“Foz Velha” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ao longo dos quais o transformou num dos mais conhecidos e apreciados da cidade, onde pratica uma cozinha de autor, mas baseada quase sempre nos produtos portugueses e nos nossos aromas e paladares, mantendo sempre uma forte ligação a Trás-os-Montes, a sua terra mãe. Começou então uma carreira que lhe viria a dar um reconhecimento nacional e mesmo internacional, pois tem sido convidado para cozinhar em vários pontos do mundo: Espanha, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Suécia, Dinamarca, Suíça, Escócia, Alemanha, Hong-Kong e Macau. Neste último participou até no arranque dum novo projecto. Actualmente está ligado a um projecto na ilha de S. Miguel, o restaurante “Forneria Sta. Clara”, nos Açores.

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Chefe Marco Gomes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Participou também na elaboração de vários livros, um do quais bem curioso, que partilha com outros colegas e onde cada um tem a cozinhar consigo o próprio filho! Filho de peixe…

Fazer serviços de pequena, média e grande envergadura passou a ser uma constante, um pouco por todo o país. Dá formação em várias escolas, ajudando muitas vezes os alunos a fazer os seus estágios e até a encontrar colocação.
Com naturalidade, foi convidado a participar num programa televisivo, a “Praça da Alegria”, onde partilhou o espaço com outros colegas, e onde esteve até este programa ser “deslocalizado” para Lisboa. Hoje tem um espaço no programa da manhã do “Porto Canal”, um vez por semana, com bastante sucesso.

Mas como a vida é feita de evolução, recentemente decidiu efectuar uma enorme transformação no seu “velho” Foz Velha e meteu mão à obra. Tendo há alguns anos recuperado duas salas do piso térreo e criado a “Academia Marco Gomes”, um espaço polivalente onde se faz “show cooking”, formações diversas e refeições para pequenos grupos, manteve este espaço e criou um novo conceito, com imagem renovada, novos logotipos e decoração totalmente nova: a “Casa do Marco”.

Nova decoração – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lareira acolhedora – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foram feitas obras de renovação das infra-estruturas, melhorando o conforto, e no primeiro piso, onde funcionava o “Foz Velha”, passaram a funcionar dois espaços e conceitos: o “Foz Velha” mantém-se num espaço mais recatado, usufruindo da lareira acolhedora, e ali servem-se apenas menus de degustação, mantendo a qualidade e o nível de serviço a que já nos habituamos.

Um espaço mais recatado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

“Casa do Marco” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A parte maior da sala é agora a “Casa do Marco”, um espaço mais jovem, informal, mas com o traço comum na decoração, nas mesas e mesmo no serviço, mas agora com uma oferta de petiscos que se dividem em: Para Picar, Os Caldos, Dá Cá Um Bacalhau, Carne, Inovações, Por Encomenda, Que Lateirices, As Frigideiras, O Tacho, Acompanhantes e O Que É Doce, Doce É!! E está tudo dito…

Menu – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O que se pretende é que, debaixo do mesmo ambiente e serviço, se possam fazer refeições ligeiras ou completas, escolhendo livremente desta ementa divertida mas com uma grande variedade de oferta onde se pode mesmo só “picar”, ou ir até mais longe com pratos mais substanciais.

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“Pica-Pau” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com a inclusão de muito do receituário tradicional português e mesmo tripeiro (lá está o pica pau, as tripas à moda do Porto e mesmo a francesinha!!), o cliente tem a possibilidade de escolher não só o que mais lhe agrada, mas também as quantidades à medida do seu apetite. O que também se traduz no preço final, que pode ser uma boa surpresa. Muitos dos vinhos da carta variada são servidos a copo, a preços bastante sensatos.

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Chefe Marco Gomes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O próprio chefe Marco Gomes vem muitas vezes à mesa, inteirando-se da satisfação dos clientes e recolhendo opiniões que pode mesmo utilizar na melhoria da prestação desta “casa” que é dele, mas que quer partilhar com os clientes.

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Aros de Lula – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já lá comemos o pica-pau, a alheira e a chouriça grelhadas, um belo presunto de porco bísaro, uma óptima seleção de queijos, rodas de lulas douradas, ovos rotos e um salmão curado soberbo.

Caldo de Tomate – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Caldo de Cebola – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os caldos de tomate e de cebola são deliciosos, servidos muito quentes. O bacalhau à Braz estava no ponto, assim como o arroz de costelinhas em vinha d´alho.

Ovos Rotos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Açorda de Camarão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os ovos rotos e a francesinha tradicional são mesmo muito bons, assim como a açorda de camarão, o lombinho de porco em vinha d´alho, a posta de vitela grelhada e o costeletão de vitela, enorme, grelhado no ponto, excelente.

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Grão de bico com mão de vaca – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O arroz de estrugido é irresistível e as tripas à moda do Porto e o grão de bico com mão de vaca são coisas muito sérias. Nas sobremesas o destaque para a tarte folhada de maçã com gelado de maçã verde e a mousse caseira de chocolate com avelã.

Fica então o convite do chefe Marco Gomes para fazermos uma visita à sua “Casa do Marco”.

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Convite – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Vai valer a pena…

Contactos
Casa do Marco
Esplanada do Castelo 141  •  Porto 4150-196 PORTO
Tel: (+351) 226 154 178
Telemóvel: (+351) 918 818 147
E-mail: mail@fozvelha.com
Site: www.marcogomes.ptwww.fozvelha.pt

Anselmo Mendes, Produtor e Enólogo

Texto José Silva

Sendo de Monção, Anselmo Mendes acabou por se estabelecer em Melgaço, em 1997, onde comprou uma propriedade e onde, além duma pequena casa, acabou por construir uma adega. Que foi crescendo, crescendo, até ao limite possível. E assim, foi com naturalidade que lançou, em 1998,o seu primeiro vinho, o Muros de Melgaço.

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Anselmo Mendes – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Estudioso, pesquisador, aplica os ensinamentos da riquíssima história dos vinhos portugueses à produção dos seus próprios vinhos, juntando-lhes a modernidade apenas necessária. Gosta de estudar as vinhas, sendo hoje enólogo consultor em várias outras regiões do país e mesmo no Brasil. Também gosta de ensinar e dar formação a quem trabalha com ele e o acompanha, que também o ajudam a fazer experiências, muitas experiências, na vinha, mas sobretudo na adega, com que também se vai divertindo. Aliás Anselmo Mendes é uma pessoa divertida, de conversa fácil e muito interessante, que transpira a paixão e o conhecimento que tem deste mundo fascinante que é o vinho.

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New winery – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Quando a sua adega chegou ao seu limite físico, Anselmo Mendes resolveu construir uma adega de raíz, mais abaixo, moderna, bem equipada, mas com espaço adequado á quantidade de vinho que produz nos dias de hoje.

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Old facilities recuperated – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Mas aproveitou para recuperar as antigas instalações com muito bom gosto, transformando a adega das cubas numa zona de provas, que inclui uma confortável sala de estar e uma sala de provas muito bem equipada, com vista para o vale, que vai até ao rio Minho.

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Old Barrels’ room- Photo by José Silva | All Rights Reserved

A antiga sala de barricas, mantendo algumas das velhas barricas e equipamentos que já não se usam, é agora uma sala para as suas “experiências”, de que por vezes saem coisas deliciosas.

Numa visita recente, passamos pela adega para provar alguns vinhos das cubas, todos de 2014, com destaque para um Loureiro que nos deixou quase estarrecidos, tal a sua qualidade e potencial! E, claro, provaram-se os Alvarinhos que hão-de dar os vários vinhos deste produtor, bem conhecidos no mercado. No entanto Anselmo Mendes promete novidades para este ano…ficamos a aguardar.

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Bottling and labeling – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Saídos da adega, onde se engarrafavam e rotulavam já alguns vinhos, não passaram 5 minutos até estarmos nas “velhas” instalações, neste caso no conforto da sala de provas.

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Tastings’ room – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Mas não resistimos a passear um pouco pelas vinhas, nesta época do ano completamente nuas, após terem sido podadas, que daqui a um mês estarão a dar os primeiros rebentos.

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The vineyard – Photo by José Silva | All Rights Reserved

No frio da manhã o vale estava tranquilo, o fumo das lareiras aqui e ali, e os montículos das vides resultantes da poda a marcar também a paisagem, com um tanque de água corrente de permeio.

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Tank – Photo by José Silva | All Rights Reserved

E, a toda a volta, os imponentes muros de granito, a fazer algumas separações, entre o arvoredo e a vinha, e entre patamares de várias vinhas.

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Granite Walls – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Dizia o Anselmo: “Já não se fazem muros destes!” A diferença principal entre os vinhedos de Alvarinho de Monção e Melgaço (que constituem, em conjunto, a sub-região de Monção e Melgaço), é que em Monção os vinhedos estão principalmente num amplo vale, que vai estreitando para montante, apertado entre o rio Minho e a montanha, até que toma a forma de patamares, por ali acima, já em Melgaço. Estas vinhas do Anselmo são um bom exemplo disso.

Ainda passamos pela antiga adega de barricas, agora a aguardar novidades e novos processos, e ficou combinada nova visita em vindimas, lá para Setembro, para nos divertirmos um bocado. Mas era hora da prova principal, e sentamos-nos à mesa com o nosso anfitrião, para provar…18 vinhos!!

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18 wines’ tasting – Photo by José Silva | All Rights Reserved

A coisa prometia e lá fomos guiados pelo mestre, que foi explicando, aconselhando e por vezes justificando as suas escolhas. Mas será preciso justificação para provar estes vinhos?!

Começamos pelos Muros Antigos de 2014, 2012 e 2010. Mesmo o 2010 ainda muito fresco, com muito boa acidez, e o 2014 ainda cheio de fruta, algum tropical, sedoso, a prometer belas experiências lá para o verão. Seguiram-se os Muros Antigos Loureiro de 2014 e 2010. A outra casta que Anselmo Mendes trabalha intensamente, na perfeição, aqui a dar-nos duas perspectivas diferentes: 2014 muito floral, intenso, com óptima acidez na boca e um final muito fresco e persistente, e 2010 sensacional, evoluído mas ainda com bela acidez, alguma fruta branca madura, exótico, com final aveludado e elegante, a provar que também os brancos da região dos vinhos verdes envelhecem com galhardia.

Passamos então aos quatro Muros Antigos Alvarinho: 2014, 2012, 2010 e 2009. O primeiro, ainda muito jovem, quase um bebé, a precisar de tempo de garrafa, mas já a denotar alguma mineralidade a equilibrar a fruta, que está bem presente, com bom volume de boca, na linha dos seus irmãos mais velhos. 2012 é já um clássico deste patamar, a fruta mais moderada embora presente, uma mineralidade intensa, elegante mas robusto, muito boa acidez, num conjunto muito equilibrado ainda com alguma juventude. 2010 é um Alvarinho já com alguma evolução em que a fruta quase desapareceu, para dar lugar a notas secas, aromas químicos deliciosos ainda muito suaves, mas onde a mineralidade granítica se mantém e se afirma. Redondo na boca, persistente, volumoso, até ligeiramente austero, com muito boa acidez a dar-lhe prolongamento final. 2009 é já um Alvarinho evoluído, muito elegante, até mesmo exótico, cheio de complexidade, com aromas terciários inebriantes e difíceis de distinguir mas por isso mesmo tentadores e um final muito longo, sedoso, seguro.

Passando para outro estilo, provaram-se os Contacto de 2014, 2012 e 2010. Um Alvarinho mais aromático, este 2014 ainda cheio de fruta tropical, intenso, muito fresco, aveludado, um dos mais gastronómicos, pede comida. 2012 apresentou-se mais fechado, embora no copo fosse evoluindo, ainda alguma fruta, mas mais madura, fresco e elegante. 2010 a apresentar alguma evolução, mantendo o perfil de suavidade, agora quase sem fruta, mas com toque seco e notas tostadas, muito envolvente na boca, com acidez intensa a dominar um belo conjunto.

Veio então o Muros de Melgaço com a sua garrafa estranha mas que é já uma referência. O 2013 apresentou-se cheio de força, notas de fruta tropical bem madura, muito maracujá, elegante e intenso, muito redondo na boca, com óptimo volume, um dos grandes clássicos de Anselmo Mendes. O 2009 apresenta grande evolução, já muito pouca fruta, muito suave, notas intensas de evolução, ainda alguma frescura, complexo mas muito seguro, ainda vai evoluir muito, para nosso prazer. Finalmente passamos aos dois patamares superiores dos Alvarinhos de Anselmo Mendes.

Primeiro os Curtimenta 2013 e 2012. O 2013 está poderoso, ainda com muita fruta, com notas tropicais, mas com uma mineralidade intensa e muita frescura. Na boca é incrível, a mineralidade quase salina a traduzir os terrenos graníticos na sua plenitude, fresco, acidez intensa e um final imenso. O 2012 é semelhante ao anterior, apenas mais elegante, mantendo o volume na boca, intenso, mineral, ligeiramente mais sedoso, a revelar que a evolução no tempo vai ser fascinante.

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A fantastic tasting – Photo by José Silva | All Rights Reserved

E terminamos uma prova fantástica com dois Parcela Única: 2013 e 2012. Qual deles o melhor! 2013 ainda cheio de juventude, a fruta tropical muito elegante, aveludado, cheio de requinte no nariz, quase um perfume. Na boca é envolvente, apresenta-se muito equilibrado entre a frescura, a fruta e a acidez, tudo dominado por uma mineralidade que se vai sentindo ao longo da prova, precisa de estar algum tempo no copo e não pode ser servido muito fresco. Final muito elegante e longo, muito longo. O 2012 em relação ao anterior tem um perfil semelhante, ainda mais elegante, a fruta a ficar mais suave, o perfume mais envolvente, muito complexo, um vinho fantástico.

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On the way out – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Deixamos Melgaço com a certeza que em breve teremos mais alguns excelentes vinhos no mercado. Em Setembro, lá estaremos nas vindimas.

Contactos
Zona Industrial de Penso, Lote 2
4960-310 Melgaço · Portugal
Tel/Fax: (+351) 227 128 541
E-mail: anselmo.mendes@netcabo.pt
Site: www.anselmomendes.pt

Restaurante “Cozinha do Manel”, vinte e cinco anos a servir boa comida

Texto José Silva

É um dos restaurantes clássicos da cidade do Porto, que celebrou recentemente vinte e cinco anos de vida. Fica na parte superior da cidade, na freguesia de Campanhã, não muito longe da estação de caminho de ferro com o mesmo nome. E continua a pertencer à mesma família, liderada pelo sr. Manuel, cujo diminutivo deu nome a esta casa de bem comer, muito conhecida na cidade, mas também um pouco por todo o país, onde foi criando clientes dedicados mas também muitos amigos. Aliás muitos desses amigos, que são ao mesmo tempo personalidades públicas bem conhecidas, estão registados em fotografias que ocupam a enorme parede da entrada, entre músicos, actores, jornalistas, jogadores de futebol e políticos.

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Parede da Entrada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas que nesta “Cozinha do Manel” são tratados como qualquer outro cliente, ou seja, são sempre muito bem tratados.

O sr. Manuel partilha a gestão da casa com o seu genro, enquanto mulher e filha partilham a cozinha e preparam os manjares que deliciam a clientela.

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O balcão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A casa tem à entrada um enorme balcão, onde outrora também se comia, e que é bordejado e ocupado por utensílios e artefactos antigos, numa decoração que tem também a companhia de imensas garrafas de vinhos e licorosos, muitos deles com uma respeitosa idade.

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Azeitonas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

Ao fundo do balcão, uma montra espelha a qualidade dos produtos, tendo sempre em exposição polvo, enormes postas de bacalhau, enchidos diversos conservados em azeite, azeitonas e vários tipos de legumes frescos, tudo à vista, sem truques. Logo a seguir é a cozinha, com um balcão de serventia onde são pousados tachos e travessas fumegantes que o pessoal de sala transporta para a mesa de seguida.

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Sala de Refeições – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Alguns degraus acima é a sala de refeições, sobre o comprido, com enorme janela ao fundo, decorada com sobriedade, azulejos até meio das paredes, grossas traves de madeira no tecto, soalho em tijoleira escura, de belo efeito. E uns curiosos quadros, que mais não são do que guardanapos de algodão do restaurante, em que alguns clientes fizeram desenhos, geralmente sobre a cidade do Porto, e que foram encaixilhados.

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Mesas bem-postas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As mesas são muito bem-postas, com atoalhados brancos imaculados e todos os pertencentes em cima, e o serviço é profissional e atencioso, bem liderado. A ementa do restaurante é relativamente curta, mas baseada em produtos de muita qualidade e uma confecção tradicional, genuína, apaladada. Há muito poucos grelhados, alguns cozidos, mas sobretudo comida de tacho, arrozes diversos e a grande tradição dos assados nos fornos de lenha, que são acesos todos os dias.

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Os fornos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Situados nas traseiras do piso inferior, com enormes portas de ferro, é quase um ritual acender os fornos pela manhã, com tempo, e novamente ao começo da tarde, para poder servir os assados ao jantar.

Por ali passam o bacalhau, o cabrito – este por encomenda – mas também diariamente a vitelinha saborosa, com as batatinhas tostadas por companhia.

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Vitelinha Saborosa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A acompanhar estes pitéus os grelos salteados ou um belíssimo esparregado, e um arroz que também vai àquele forno de lenha, simplesmente divinal.

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Salpicão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A refeição começa com pão e broa de milho, azeitonas, presunto, salpicão, bacalhau desfiado com cebola e azeite, bolinhos e pataniscas de bacalhau, petingas e alguns outros petiscos dependendo da época, que é sempre respeitada. Há sempre sopa de legumes, mas também pode aparecer uma canja ou umas papas de sarrabulho.

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Filetes fofinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A pescada fresca pode ser cozida com todos ou nuns filetes fofinhos, assim como o polvo, em filetes, na companhia de arroz do mesmo.

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Bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O bacalhau é uma tradição da cidade e aqui neste espaço é venerado: assado na brasa ou no forno, posta enormes, no ponto, sempre com muita cebola e batata cozida ou assada no forno. Em alguns dias há prato do dia – terça-feira é “obrigatório” o arroz de pato – por vezes, durante o inverno, um soberbo cozido à portuguesa e duas vezes por semana as mais que tradicionais tripas à moda do Porto.

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Arroz com salpicão, morcela e toucinho – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Aqui na Cozinha do Manel preparadas com rigor, excelentes, com a curiosidade de, junto com o arroz, serem servidas rodelas de salpicão e de morcela e pedaços de toucinho, irresistível.

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Cabrito assado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O cabrito assado nos fornos de lenha, por encomenda, é delicioso, bichinhos pequenos, bem temperados, assados lentamente, tostadinhos por fora e suculentos por dentro, excelentes.

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Bolinhos de gerimu – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na sobremesa o leite-creme, mousse de chocolate, bolinho de gerimu e rabanadas fazem as delícias dos mais gulosos.

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Canecas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma garrafeira muito completa e uma grande divulgação dos vinhos verdes tintos, servidos com rigor, em canecas de loiça, de belo efeito.

Se tinha que apanhar um comboio, ali adiante na estação de Campanha, o mais certo é já o ter perdido…

Contactos
Restaurante A Cozinha do Manel
Rua do Heroísmo 215 4300-259
Porto, Portugal
Tel: (+351 )225 363 388

 

Restaurante Caxena

Texto José Silva

É num local improvável que descobrimos um restaurante que ficaria bem em qualquer cidade do litoral ou do interior.

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Situado no cimo da Serra do Suajo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas está situado no cimo da serra do Suajo, pertencendo ao concelho de Arcos de Valdevez, num local de grande beleza, com uma paisagem soberba, aqueles montes agrestes, com vegetação rasteira e algum arvoredo aqui e ali. A fauna, muito característica, é sobretudo composta pelo gado bovino da raça autóctone cachena, um boi de monte que se alimenta nos pastos abundantes, e dos garranos, cavalos selvagens que vivem em liberdade por aquelas serranias. Também aparecem javalis e alguns veados, e os lobos são por ali bastante abundantes. Pelos céus limpos esvoaçam milhafres e águias, a par das outras aves mais vulgares. Foi este sossego, esta tranquilidade, toda esta beleza, que entusiasmaram o proprietário, um empresário de Barcelos, que resolveu comprar uma ruína – um pouco atrás do local onde se situa o restaurante – que recuperou para ali passar fins-de- semana e férias com a família. Mas, quando resolveu abrir o espaço ao turismo rural, nunca mais lá conseguiu ir com a família, tal foi o sucesso.

Então comprou, mais à frente, várias casas duma minúscula aldeia, que recuperou e equipou, para o mesmo fim, com sucesso semelhante. E foi com naturalidade que, seguindo também os pedidos dos muitos e muitos hóspedes, acabou por recuperar outra ruína e construir o restaurante “Caxena”, a poucos metros das casas de turismo.

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Ar rústico, em granito – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com um ar rústico, em granito, que ali é abundante e também molda a paisagem, é completado com muita madeira, quer no exterior quer no interior.

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Simpático bar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá dentro, no rés do chão, um simpático bar, com balcão e sofás, e um expositor com alguns  produtos da região para venda, e que funciona também como wine bar, até às 23 horas.

Peças do um lagar antigo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Num recanto, algumas peças antigas do que teria sido um lagar, e depois, no interior, outra surpresa, a garrafeira do restaurante, muito bem decorada e recheada com muitas referências de bons vinhos de várias regiões.

Garrafeira e Carta de vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Este espaço é também a carta de vinhos, pois os clientes são convidados a vir ali e escolher o vinho ou vinhos que vão apreciar à refeição, estando todos eles com o respectivo preço indicado, e refira-se que são preços extraordinariamente acessíveis.

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Primeiro Piso – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma escadaria de madeira leva-nos ao primeiro piso, onde a sala se abre para a paisagem em enormes vidraças, com muita luz a entrar por ali dentro. Mais uma vez decoração muito atraente, aqui com os tectos totalmente em madeira, assim como o soalho, em madeira corrida.

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As paredes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Algumas paredes em granito e outras em tijoleira, numa das quais está encastrado um bonito e útil recuperador de calor, a dar conforto ao espaço, neste tempo de frio intenso.

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As mesas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesas de boa madeira muito bem-postas, com utensílios de qualidade. O serviço está a cargo de pessoas competentes, com formação, de bom gosto, atentos, com muita simpatia, impecável. A ementa é reduzida, e utiliza produtos endógenos, da região, fazendo assumidamente a sua correcta divulgação, o que é de aplaudir, para além dos petiscos que se podem apreciar durante o dia, no wine bar, para fazer companhia aos vários tipos de vinho. Na nossa refeição começamos pelo pão regional e a broa dos Arcos de Valdevez, comprada a um fornecedor que respeita a tradição, preparada com farinha de milho e cozida em forno de lenha.

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Preseunto & Queijo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E que acompanharam muito bem presunto delicioso, queijo seco e um requeijão fantástico, também de produção local.

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Feijão Tarrestre – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Numa mesinha de apoio está exposto o feijão também produzido por ali, o feijão tarrestre, nos seus tons castanho, beije, branco, vermelho e até preto, que seria utilizado no arroz, e que pode ser comprado ali mesmo.

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Entradas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Veio seguidamente um misto de entradas composto por pimentos padrón, cogumelos salteados e duas confecções tendo por base a carne de vaca cachena: uma espetada grelhada no ponto, com cubos de carne, chouriço, bacon, tomate e pimento verde, e um picadinho ou estufadinho, pedacitos de carne de vaca estufados, com cebola e cenoura, molho apuradinho, muito bom.

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Belouros – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

Mas também se experimentaram os belouros brancos, feitos de farinha de milho amassada com um pouco de banha, tendida de forma a formar um rolo, de que se cortam rodelas grossas que são fritas em banha e, já no prato, são polvilhadas com cominhos. Um primor de simplicidade e paladar!

E chega a hora do prato principal, em que há duas ou três opções. Optou-se pela posta de carne de vitela cachena, grelhada na brasa só com sal, e que foi acompanhada com o tal arrozinho malandrinho de feijão tarrestre.

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Carne Saborosa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Carne muito saborosa, tenra, suculenta e um arroz fantástico, bem temperado, de chorar por mais.

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Arroz Malandrinho – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se um belo repasto com dois produtos também locais: a laranja, doce e muito sumarenta, e os charutos dos Arcos, massa fininha recheada com doce de ovos.

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Cerqueiral 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Acompanhou-se esta refeição deliciosa com um vinho verde tinto da região, o Cerqueiral já de 2014, servido nas malguinhas características, encorpado, espesso, suave no nariz mas concentrado na boca, fresco e com acidez intensa, a ligar muito bem com a comida.

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Malguinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois da refeição, um passeio a pé por um dos muitos trilhos que por ali existem recomenda-se vivamente…

Contactos
Lugar de Oucias,
Carralcova
4970-105 Arcos de Valdevez
Telemóvel: (+351) 969 804 619
Telemóvel: (+351) 962 632 488
Hotel Quinta da Serra

Texto José Silva

Mesmo lá no alto do Jardim da Serra, numa zona muito montanhosa, de estradas sinuosas, mas onde a paisagem ganha outra beleza, outra amplitude, é um passeio fascinante, que pode passar pela grandiosidade do Cabo Girão.

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Paisagem a partir do Jardim da Serra – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ali temos uma perspectiva incrível da costa sul da ilha da Madeira, com escarpas a pique sobre o mar, umas centenas de metros lá abaixo, onde as fajãs amenizam a descida até à água.

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Patamares – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas onde, em cada minúsculo patamar, se podem ver plantações diversas, fruto de trabalho manual em condições extremas. E muitas dessas plantações são vinhas muito velhas, onde os viticultores colhem todos os anos pequenas quantidades de uvas, que vão integrar lotes do famoso vinho licoroso da ilha. Lá mais acima, no Jardim da Serra, a mais de 800 metros de altitude, num hotel de cinco estrelas cheio de requinte, implantado num enorme jardim e na floresta adjacente, de grande beleza, funciona um restaurante igualmente requintado, liderado por um chefe francês há muitos anos radicado na ilha. Ocupa um espaço enorme num dos edifícios do complexo hoteleiro, ligeiramente elevado, completamente envidraçado de um dos lados, com vista soberba pela serra abaixo.

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Sala Ampla – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

É uma sala ampla, espaçosa mas acolhedora, cheia de luz, decorada com requinte em tons mornos, onde predominam o castanho e o cinzento, com um belíssimo soalho de madeira e uma lareira aconchegante num dos topos. Mesas muito bem-postas, cheias de elegância, com todos os pertences em cima, incluindo óptimo serviço de copos. O serviço, a cargo de pessoal jovem, é muito competente, atencioso e simpático, muito bem dirigido. Uma ementa eclética, onde entram muitos produtos de produção biológica da própria quinta, que estão em fase de certificação, apresenta peixe e carne frescos da própria ilha, confeccionados com requinte e extremamente bem apresentados. Na nossa visita, fomos recebidos pelo próprio chefe que, num português quase fluente, nos deu as boas vindas e explicou um pouco a filosofia da sua cozinha.

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Manteiga, Azeite e flôr de sal – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Passados à mesa, apresentaram-nos vários tipos de pão, para barrar com manteiga simples e outra com ervas, ou molhar no azeite e dar-lhe um toque de flor de sal.

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Vieira Corada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A oferta do chefe foi uma vieira corada, com creme de abóbora e crocante, com toque de pimenta rosa. Simples mas delicioso.

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Creme de maçarocas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se um requintadíssimo creme de maçarocas da quinta, atrevido, cremoso, muito apaladado, soube muito bem, bem quente.

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Rosé Primeira Paixão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Por essa altura já apreciávamos o Rosé Primeira Paixão, que ligou muito bem, quer com a vieira, quer com o creme de maçarocas. Veio então o peixe espada fumado preparado em tempura, ligeiramente crocante, saboroso, consistente, e um chutney de frutas de Cornus Kousa da própria propriedade a fazer uma óptima ligação.

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Peixe-Espada fumado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O vinho era já o bairradino Entre II Santos branco, a ligar muito bem, na temperatura certa. Passamos ao prato de carne, que foi um borrego orgânico recheado com acelgas, assado, que foi servido com puré de batata e castanhas. Paladares cruzados que se completaram muito bem, mais uma vez produtos locais mas confeccionados com grande requinte.

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Borrego – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O vinho tinto também da Bairrada, Entre II Santos esteve sempre à altura. A refeição iria terminar com a mesma qualidade com que começara, uma tarte tatin de maçã domingo, gelado de chocolate e erva caninha, simples mas cheia de requinte, sabores suaves que se completaram muito bem.

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No nosso caso foi jantar, mas quem vá almoçar, é aconselhável dar um passeio pela beleza dos jardins e da floresta e dar uma olhadela à horta biológica, de onde vêm muitas das ervas aromáticas e legumes que depois podemos apreciar à mesa.

Contactos
Quinta da Serra
Estrada do Chote Nº 4/6 – Jardim da Serra
9325 – 140 Camara de Lobos Madeira
Portugal
Tel: (+351) 291 640 120
E-mail: info@hotelquintadaserra.com
Site: www.hotelquintadaserra.com

Narcissus Fernandesii, simplicidade e requinte de mãos dadas

Texto José Silva

É um hotel de cinco estrelas ainda muito recente, situado em Vila Viçosa, bem no interior alentejano, numa região de grande produção de mármore. E este produto nobre está por todo o lado nas belas instalações do hotel, em combinações tradicionais e outras mais modernas e mesmo muito arrojadas. Neste hotel, como não podia deixar de ser, funciona um restaurante, mas que apresenta algumas soluções decorativas muito particulares, de extremo bom gosto, como a iluminação.

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Fantástica Iluminação de Sala – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E que tem na sala principal uma mesa que é uma obra de arte: uma enorme mesa de mármore com um tampo de vidro, que é feita dum único bloco de mármore branco, uma beleza!

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Mesa de Mármore com um Tampo de Vidro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Serve como mesa principal para o buffet de pequeno-almoço, muito completo, e para refeições para grupos, a dar um toque exótico a uma bela refeição.

O restaurante tem à frente da equipa de cozinha um jovem chefe de português que desenvolve um trabalho notável, a formar os seus ainda mais jovens colegas, dando-lhes os conhecimentos necessários para que nada falhe ou falte, quer no dia-a-dia dos pequenos-almoços, nos almoços executivos e de trabalho, quer nos jantares mais sofisticados, com mais tempo.

O chefe Pedro Mendes pode assim desenvolver o seu trabalho, apoiado em produtos de excelência, a maior parte deles portugueses e alguns mesmo menos vulgares, como a utilização de algas do mar e de bolota alimentar, entre outros exemplos.

Chama-se “Narcissus Fernandessi” e tem já clientela dedicada, com muitos estrangeiros, que ali vão em busca da qualidade das ementas requintadas e variadas, de alguma surpresa que o chefe e a sua equipa, muitas vezes preparam, e de belas harmonizações com muitos dos melhores vinhos alentejanos.

A equipa de sala, liderada por um profissional experiente e atento, reúne todas as condições para nos servir com simpatia e competência, ajudando a proporcionar-nos uma experiência gastronómica que não vamos esquecer.

Na última visita, com alguns amigos, tivemos um jantar delicioso, cheio de equilíbrio, com apontamentos de enorme bom gosto.

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Pão Regional – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Não podia faltar o pão regional e o óptimo azeite do Alentejo, para amaciar o palato.

Começou então um desfile de pratos saborosos, apresentados com requinte e explicados pelo pessoal de sala duma forma simples mas eficiente.

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Creme de Moganga e Nata Trufada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Veio primeiro um creme de moganga e nata trufada, servido numa simpática chávena, muito saboroso e delicado, a nata bem ligada, muito bom. Seguiu-se uma soberba sopa de gila com pão de bolota – um dos produtos que o chefe Pedro Mendes trabalha com paixão – pó de presunto e ovo de codorniz.

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Sopa de Gila com Pão de Bolota sem o Caldo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sopa de Gila com Pão de Bolota – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Primeiro veio o prato com os conteúdos e de seguida foi acrescentado o caldo, bem quente, de belo efeito. Estava delicioso! Veio então o carabineiro do Algarve, carnudo e apaladado, com creme de couve flor e coentros, endívia e emulsão de limão. Díficil de descrever, tanta simplicidade e tanto requinte, tanta elegância, com todos os elementos a fazerem uma harmonização perfeita.

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Carabineiro do Algarve – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas ainda fomos surpreendidos com um “foie-gras” confeccionado no ponto, a rondar a perfeição, com uma emulsão de diospiro a fazer uma ligação fantástica e meio bom-bom de “foie”, na companhia dum crocante pão de bolota a completar o requinte, excelente.

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Foie-Gras – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Crocante Pão de Bolota – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O prato de carne que foi apresentado era exótico, complexo, mas muito, muito bom: carne de veado fumada em azinho e alecrim, com redução de vinho Madeira, favinhas com coentros, creme de marmelo e uns pedacitos de couve flor panada, que belo prato!

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Carne de Veado Fumada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Passamos então às sobremesas. Primeiro o mogango e o almeice, num belo casamento de produtos menos vulgares, depois torta de mel, esponja de bolota, gelado de diospiro e creme de limão, contrastes soberbos e resultado voluptuoso, num grande final.

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Mogango e Almeice – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Esponja de Bolota – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os vinhos que acompanharam esta festa dos sentidos foram um Herdade do Pombal branco de 2011, um alentejano de Estremoz, já com alguma evolução, e por isso mesmo cheio de elegância, com notas secas e fumadas, belo volume, gordo, envolvente, a provar que os vinhos brancos evoluem muito bem com a idade.

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Herdade do Pombal white 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Lima Mayer red 2008 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O outro foi um tinto de excelência, o Lima Mayer de 2008, ali da zona de Monforte, cheio de frescura e acidez, muito complexo e por isso mesmo fascinante, a aguentar muito bem as harmonizações propostas nesta bela refeição.
O Alentejo no seu melhor…

Quinta do Convento Nª Sª Visitação – Vinhas com Vista para o Mar

Texto José Silva

Pertence à região de Lisboa esta propriedade que fica situada lá no alto da serra de Montejunto, não longe do mar. E é desse mar que a sub-região de Óbidos recebe uma influência directa, ventos fortes, frescos, salgados, a par duma óptima exposição solar.

Falo da Quinta do Convento de Nossa Senhora da Visitação, que associa uma unidade de turismo de habitação e serviços, a uma produção de vinho com alguma importância na região.

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Quinta do Convento da Nª Sª da Visitação – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As construções antigas foram muito bem recuperadas quer para as salas onde se servem refeições para grupos e eventos, quer para uma unidade hoteleira com grande nível embora de pequena dimensão, de que faz parte uma capela muito antiga muito bem recuperada e um lago a dar um ar bucólico ao espaço exterior.

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Capela Antiga – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Lago – – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Onde se destacam várias árvores de grande porte, que resistem estoicamente à ventania frequente, por vezes de grande violência.

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Árvores de grande Porte – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Um desse edifícios foi transformado em adega, onde funcionam equipamentos modernos abrigados pela antiguidade das grossas paredes.

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Equipamentos Modernos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em baixo da adega, na sala de barricas, descansam os vinhos que vão envelhecer ainda mais algum tempo.
Mesmo no topo da quinta, num velho moinho, foi criada uma suite muito confortável com uma vista soberba sobre a serra e a planície, lá em baixo, e o oceano lá ao longe. Em dias muito limpos dali se avista o arquipélago das Berlengas.

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Moinho – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas estávamos ali também para provar alguns dos vinhos da casa, num local tranquilo junto à adega.

Desde logo a curiosidade dum vinho branco feito a partir das castas Sauvignon Blanc e Fernão Pires, do ano de 2012, um interessante casamento entre duas castas tão diferentes, uma portuguesa e a outra de origem francesa. Apresentou-se num amarelo claro, citrino, cristalino, cheio de frescura no nariz, notas exóticas de fruta branca e um toque vegetal muito ligeiro. Na boca tem uma boa estrutura, mantém a frescura e apresenta acidez equilibrada, tem personalidade e um óptimo final.

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Sauvignon Blanc Fernão Pires 2012 | Semillion 2012 © Blend All About Wine, Lda

Seguiu-se outro vinho branco, agora apenas da casta Semillon, também da colheita de 2012. Apresentou-se com cor amarela média, cristalino. A casta a proporcionar um nariz intenso e elegante, com alguma complexidade, aromas de frutos brancos, alperce, pêra, ligeiro toque de mel e algum fumado. Mantém-se essa complexidade na boca, com bom volume, acidez bem presente mas equilibrada, alguma fruta madura, redondo e intenso, com belo final.

Passamos então aos tintos com o regional Lisboa 2007. Duma cor rubi intensa, muito limpo, apresentou-se com aromas intensos de frutos vermelhos, alguma frescura, notas de fumo. Na boca é um vinho simples, com notas de frutos vermelhos, bem estruturado, a curiosidade de ser feito a partir das castas Tinta Roriz, Tinta Barroca, Pinot Noir e Caladoc, esta última menos vulgar, notas de chocolate e algum fumo e final longo e saboroso.

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Regional Lisboa 2007 | Premium 2007 © Blend All About Wine, Lda

Continuando nos tintos provamos o Premium 2007, resultado da conjugação das castas Pinot Noir, Tinta Roriz e Caladoc, a dar uma cor rubi intensa, muito limpo. No nariz a intensidade dos aromas dos frutos pretos, algum fumo e um toque interessante de eucalipto. Na boca mantém as notas de fruta preta bem madura, acidez bem presente, taninos domados, muito elegantes, alguma frescura, redondo e persistente, com final longo e seguro.

Depois foi a vez do tinto só de Pinot Noir do ano de 2007. A mesma cor rubi intensa, muito limpo, nariz com aromas intensos de frutos vermelhos, notas ligeiras de fumo, elegante, fino. Na boca é austero, elegante, alguma fruta vermelha, taninos suaves e redondos, óptima acidez e alguma frescura a dar um final médio e intenso.

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Syrah 2008 | red Pinot Noir 2007 © Blend All About Wine, Lda

Ainda de uma só casta fez-se o Syrah de 2008, também de cor rubi intensa, muito limpo. Aqui os aromas muito diferentes, notas de fruta vermelha, chocolate preto, especiarias intensas e algum fumado. Na boca é intenso, autoritário, taninos possantes mas domados, notas de fruta preta, bela acidez, toque de chocolate preto, final longo e persistente num vinho com raça.

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Reserva 2007 © Blend All About Wine, Lda

Finalmente provamos o Reserva 2007, feito a partir das castas Touriga Nacional e Syrah. Mantém-se a cor rubi, muito limpo. Um nariz extraordinário, fino, muito complexo, notas de frutos pretos muito maduros e algum fumado. Na boca é intenso, os frutos pretos bem presentes, algum chocolate preto, acidez equilibrada e taninos já domados a dar-lhe alguma austeridade, um vinho com bastante complexidade mas muito elegante, com grande final.

Lá ao longe ainda podemos ver o mar…

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