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A apresentação de um antigo produtor – Quinta Dona Matilde

Texto João Barbosa

A cada curva do Douro parece haver uma quinta ou um recanto particular. É um rio com carisma, um vale em que a natureza e o homem se juntaram na criação. Nas curvas e contracurvas, alturas e margens, modo de encarar o Sol e ampla variedade de castas escreve-se um livro grande. Nem tudo merece ser personagem ou capítulo, mas é um calhamaço.

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Quinta Dona Matilde – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

A Quinta Dona Matilde tem direito a entrar na estória. Se vou buscar a imagem de livro é porque existe enredo acerca desta propriedade. Este domínio pertenceu, durante quatro gerações, à família Barros, que a comprou em 1927.

Em Maio de 2006, Manuel Ângelo Barros vendeu o Grupo Barros ao Grupo Sogevinus. A Quinta Dona Matilde foi agregada com os restantes activos. Contudo, o vinho é um diabrete e cedo começou a importunar o empresário que vendera a propriedade.

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Quinta Dona Matilde – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

Assim, Manuel Ângelo Barros e família decidiram que tinham de regressar ao vinho. Tantas voltas deram que acabaram por recomprar a Quinta Dona Matilde, no final de 2006 – os restantes activos permaneceram na Sogevinus.

A quinta situa-se em Canelas, entre Peso da Régua e o Pinhão, dentro do espaço demarcação inicial do Douro, estabelecida em 1756. Todo o domínio vinícola, 28 hectares, está classificado como Letra A – a mais alta da tabela de pontuação a cargo do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. Além das uveiras, a Quinta Dona Matilde tem olival tradicional, pomar, onde se destacam limoeiros e laranjeiras, jardins e terra deixada à natureza. Tudo isto soma 93 hectares.

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Quinta Dona Matilde – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

O Vinho do Porto foi sempre o destino das uvas desta quinta. Uma pequena parte ficava por fortificar, mas apenas para consumo da família. Na década de 60, a firma produziu um rosé e, na de 90, branco – mas sempre marginais. Na reencarnação familiar, a produção de vinho do Douro está a par da de Vinho do Porto. Actualmente vende uvas ao grupo The Fladgate Partnership.

Manuel Ângelo Barros afirma que não tem pressa em pôr os vinhos à venda, decisão raríssima em Portugal. Agora apresentaram a vindima de 2011, referente a tintos. Já o branco anunciado é o de 2015. A tradição da casa era a de fazer tawnies e assim será, embora a fabricação de néctares com indicação de idade esteja, para já, afastada. Decidido está a aposta na família dos rubis, nomeadamente vintages. A viticultura é competência de José Carlos Oliveira e a enologia é da responsabilidade de João Pissarra.

O Dona Matilde Branco 2015 é um lote feito com as castas arinto, gouveio, rabigato e viosinho. As uvas foram prensadas e a fermentação decorreu em cubas de inox.

Pela natureza montanhosa e com um rio a cortá-la, a região do Douro é generosa em variedade de características. Porém, este vinho surpreendeu-me, pois nunca diria tratar-se de um néctar daquela demarcação.

Não gosto muito de enumerar descritores sensoriais, mas justifica-se fazê-lo agora, para que conte por que não encontro o Douro neste branco. É um vinho em que predominam os perfumes de fruta tropical, especialmente de maracujá e ananás, associado a anis, uma pitada de erva-doce, tangerina e um pouco de limão. Na boca, o carácter tropical impõe-se. Vai indo e indo e com frescura.

E isto que acabo de escrever é bom ou é mau? É um vinho bem feito – bom! Em termos de gosto pessoal não me preenche. Seguidamente pergunto-me se este carácter tropical e imprevisível é dele ou foi uma vontade do enólogo e do produtor. Se é resultado apenas da natureza, calo-me já. Se é intencional, digo que vejo razão para o Douro produzir vinhos com este perfil.

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Os vinhos – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

O Dona Matilde Tinto 2011 é claramente um Douro e exemplar do ano. Trata-se dum lote de tinta amarela, touriga franca e touriga nacional – todas vinhas velhas, indica o produtor. Parte das uvas foi pisada em lagar. O vinho estagiou um ano em madeira. É guloso sem ser doce, suave, fresco e com bom tempo de boca. Tem aroma mentolado, um muito fino fumado de lenha de azinho. Belo!

O Dona Matilde Reserva Tinto 2011 é um lote, em que a touriga nacional representa metade. Somam-se touriga franca (30%) e um ramalhete de várias outras, misturadas numa vinha velha, em que predomina a tinta amarela. Parte das uvas foi pisada em lagares de granito. O vinho estagiou 18 meses em barricas novas de carvalho francês.

É o Douro bem mostrado: esteva, menta, madeira e fumo de lenha de azinho, ameixa preta, doce de amora, geleia de morango (calma e mansa), figo, um pouco de tabaco loiro e xisto – tudo bem casado. Na boca continua duriense, ocupa o espaço plenamente, suave, com taninos a rirem-se (sem trincarem a pele), fresco e seco, longo e fundo.

Antes de passar aos generosos, quero referir que estes três vinhos pedem mesa. Os tintos dão esperanças de boa evolução em garrafa.

O Quinta Dona Matilde Porto Colheita 2008 é um tawny diferente do comum, a meio caminho do rubi. É resultado de um estágio em madeira menos demorado. Três anos em tonéis de carvalho e quatro em pipas de 600 litros.

É um vinho feliz e agradável surpresa. Tem o que se espera de um tawny e lembra um rubi. Lá estão os frutos secos, o caramelo, baunilha e uma pitadinha de iodo. A par das compotas de amora, ameixa, cereja, morango… É fundo e denso, longo.

O Quinta Dona Matilde Vintage 2011 é mais uma prova de que o ano foi muito generoso para com os vitivinicultores portugueses. É um lote de tinta amarela, tinta barroca, rufete, touriga franca e touriga nacional. O vinho estagiou dois anos em tonéis de carvalho, tendo sido depois passado para garrafa. Lá estão as muitas compotas que animam os vintage, do nariz à boca – profundo e longo.

Os vintage novos são o que são, mas também serão uma outra coisa. Devem beber-se já ou guardar-se? Sei lá! Sei lá se estou vivo amanhã. Sei que, se me mantiver acordado por mais anos, estará mais acima. Quem puder que o beba e guarde.

Contactos
Quinta D. Matilde
Bagaúste
5050-445 Canelas PRG
Portugal
E-mail: info@donamatilde.pt
Website: www.donamatilde.pt

João Portugal Ramos – Vila Santa Reserva Tinto 2013 e Marquês de Borba Branco 2015

Texto João Barbosa

Estremoz é uma das minhas vilas favoritas – que me perdoem os seus habitantes, mas não me conformo com o facto de ter sido promovida a cidade. É que a palavra «vila» tem um encanto e um charme que cidade não tem.

Bem… Estremoz merece uma visita. Para mim, o Alentejo é a região portuguesa… o Douro dos socalcos iguala, mas quanto à paisagem das povoações tenho bastantes tristezas. O Além Tejo é completo e a melhor preservada região portuguesa, do Guadiana ao Atlântico, da fronteira com o Reino do Algarve até ao grande rio ibérico. Vale bem a pena tirar uns dias para conhecer este Sul.

A fundação deu-se durante o período da ocupação romana. O seu mais imponente monumento, o castelo, tem data incerta. A Direcção-Geral do Património Cultural aponta, sem certeza, para o período da crise dinástica, que levou ao trono Dom Afonso III, em 1248, filho segundo do Rei Dom Afonso II e Dona Urraca, filha de Dom Afonso VIII de Castela. É por via de Dom Afonso III que entraram os castelos no escudo heráldico de Portugal, derivado do brasão de seu avô materno.

Dom Afonso III foi quem completou a conquista do território continental português, em 1249, com a tomada de Faro. Foi o segundo monarca português a usar o título de Rei do Algarve, feudo meramente honorífico. Este soberano procedeu igualmente a uma importante reforma legislativa, as chamadas Ordenações Afonsinas.

Porém, a figura histórica mais apaixonante que se liga a este monumento é a de Dona Isabel de Aragão, Rainha consorte, casada com Dom Dinis, filho de Dom Afonso III. A Dom Dinis se deve a salvação dos Cavaleiros Templários, através da transformação da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo Salomão na Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, que iria levar, já na segunda dinastia, à criação do império português. Este monarca foi apelidado de «O Lavrador», pelo impulso que deu à agricultura.

À Rainha Isabel se atribuíram muitos milagres, tendo sido canonizada pelo Papa Leão X, em 1516. O seu mais famoso milagre foi o de transformar pão em rosas. Conta-se que distribuía secretamente pão pelos pobres e que o Rei intrigado com os rumores, que não lhe agradavam, a terá surpreendido quando levava o alimento aos desfavorecidos. Ao ser questionada acerca do que levava escondido no vestido, respondeu: «São Rosas, senho». Então, do seu regaço se deixaram cair bonitas flores. Maravilhas idênticas são atribuídas a Santa Isabel da Hungria, sua tia materna, a Santa Cecília e a Santa Zita.

O castelo de Estremoz foi uma das residências de Dom Dinis, tendo nele vindo a falecer a Rainha Santa Isabel. Hoje, o monumento é uma pousada, pelo que o visitante pode privar intimamente com um pouco da História de Portugal.

Vamos ao vinho, razão desta visitita escrita a Estremoz. Vem um branco e um tinto de João Portugal Ramos, enólogo e produtor que várias vezes tem sido sujeito de textos aqui na Blend – All About Wine.

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Vila Santa Reserva Tinto 2013 – Foto Cedida por João Portugal Ramos | Todos os Direitos Reservados

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Marquês de Borba Branco 2015 – Foto Cedida por João Portugal Ramos | Todos os Direitos Reservados

Vila Santa – Estremoz é terra de mármore e esta referência vínica bem a essa rocha pode ser comparada: beleza e solidez. Vila Santa Reserva Tinto 2013 é um dado seguro do Alentejo vinícola.

Digo seguro porque quem o compra sabe que leva um vinho que não o irá defraudar na qualidade. Tem aquilo que admiro no vinho: consistência de qualidade e de tradução do ano. Se existe uma fórmula, ela é a de escolher com critério as uvas, deixando à natureza contar a sua versão da vida. Elegante, fácil de nos perdermos nele e com uma acidez que nos desmente os 14% de álcool.

O Vila Santa Reserva Tinto 2013 resulta de um lote de aragonês, touriga nacional, syrah, cabernet sauvignon e alicante bouschet. A ficha técnica não indica a percentagem de cada casta. Deduzo que, por não estar em ordem alfabética, isso traduz o maior peso que cada cultivar tem no conjunto.

Uma parte das uvas foi pisada em lagares de mármore e outra em balseiros de madeira, seguida de maceração pós-fermentativa. O vinho estagiou nove meses em pipas de carvalhos americano e francês.

O segundo vinho é também um clássico que se renova. A marca Marquês de Borba é também uma garantia. Não oscila, é fiável. Pode gostar-se mais ou menos, mas o padrão não resvala. Agora escrevo sobre o branco, referente à vindima de 2015.

Ora, o vinho… É um lote das castas arinto, antão vaz e viognier. É um vinho que está mesmo a pedir que o Verão chegue depressa. Tem a virtude duma graduação alcoólica que, infelizmente, nem sempre existe: 12,5%. Assim, tem uma leveza que desafia as comidas mais frágeis e estivais, mas igualmente convívio de conversa e preguiça.

O baixo grau de álcool e a casta arinto fazem maravilhas. Penso que, tal como nas vindimas anteriores, se mostra ao gosto dos enófilos. Não é o «meu» vinho – reporto-me apenas ao factor «gosto», não critico a qualidade do néctar. A justificação é a «maldita».

Tenho um problema com a variedade antão vaz… pouco haverá a fazer. Não é um problema do vinho nem da cultivar, é a minha boca que não simpatiza com estas uvas. O meu elogio à arinto deve-se a senti-la como um antídoto à minha casta branca de embirração.

100 Anos de Moscatel de Setúbal by José Maria da Fonseca

Texto João Pedro de Carvalho

É na Península de Setúbal que fica localizada uma das mais antigas denominações de origem controlada (D.O.C.) de Portugal – a região do Moscatel de Setúbal, cuja demarcação se iniciou em 1907 sendo confirmada e concluída em 1908. Geograficamente delimitada pelos concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia do Castelo pertencente ao município de Sesimbra. O Moscatel de Setúbal é feito a partir da uva que lhe dá o nome, faz parte do quarteto fantástico de fortificados Portugueses ao qual se juntam o Vinho do Porto, Madeira e Carcavelos. Os seus encantos perdem-se no tempo, com o papel da empresa José Maria da Fonseca a ser fundamental uma vez que é produtor no activo desde 1834, tendo um património único no mundo de vinhos moscatéis. Apreciado por reis e pelo povo, este autêntico tesouro que segundo Léon Douarche é “ O Sol em garrafa”. Já no tempo do Rei Dinis I de Portugal (1261-1325) que o Moscatel de Setúbal tinha fama, sendo exportado em grande quantidade para Inglaterra ou para França onde Luís XIV não o dispensava nas festas que dava em Versailles.

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Barricas – Foto Cedida por José Maria da Fonseca | Todos os Direitos Reservados

Feitas as devidas apresentações, a casa José Maria da Fonseca decidiu lançar em edição limitada uma caixa contendo quatro vinhos datados que no total perfazem 100 anos de Moscatel. Uma verdadeira tentação para todos os enófilos que podem assim provar e comparar quatro vinhos de excelente qualidade e de tão rara produção. Os Moscatel de Setúbal são colocados no mercado a partir de 2 anos de idade, podendo ostentar na rotulagem o ano de colheita, ou as indicações «10 anos de idade», «20 anos de idade», «30 anos de idade» e «Mais de 40 anos de idade», desde que o vinho em causa, ou cada uma das parcelas do lote que o originou, tenha no mínimo a idade indicada. Existe ainda o designativo Superior que não sendo este caso, é apenas atribuído a vinhos com um mínimo de cinco anos de idade e que tenham obtido na câmara de provadores a classificação de qualidade destacada. Neste caso o que temos no copo são quatro exemplares: 10 Anos, 20 Anos, 30 Anos e Mais de 40 Anos de idade.

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Barrica – Foto Cedida por José Maria da Fonseca | Todos os Direitos Reservados

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Moscatel de 10, 20, 30 e 40 Anos – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Moscatel de Setúbal 10 Anos: Dotado de uma grande frescura, muita fruta com laranja cristalizada em destaque, ligeira compota, flores, figo seco com algum fruto seco (nozes) a começar a mostrar-se. Amplo e ao mesmo tempo muito bem equilibrado, envolvente com uma bonita complexidade. Grande equilíbrio entre as notas da juventude com aquilo que já mostra de um vinho com mais idade.

Moscatel de Setúbal 20 Anos: O salto na qualidade e também na paleta de aromas e sabores é notável. Todo o bouquet é dotado de uma belíssima intensidade que o faz perfumar a mesa e mesmo a sala, as notas de laranja aparecem mais evoluídas e a tender para a compota, com toque melado, ligeiro vinagrinho que espevita e aquela untuosidade do fruto seco, ao fundo parece estar aquele aroma dos cascos centenários. Na boca é uma delícia, intenso, amplo, conquista o palato pela acutilante frescura e imponente forma de estar, um vinho fantástico.

Moscatel de Setúbal 30 Anos: Um perfil de grande complexidade que se mostra profundo, ao mesmo tempo intenso e cativador. Torna-se complicado não deixar de ter o nariz enfiado no copo. Muitas notas de fruta citrina (laranja) confitada, caramelo, nozes, ligeiro vinagrinho, folha de tabaco, passa de figo. Boca arrebatadora mas novamente dotada de um notável equilíbrio de forças onde a acidez parece dançar com a doçura.

Moscatel de Setúbal 40 Anos: É o apogeu desta prova e um deleite para os sentidos. Um vinho de compêndio tal a maneira desempoeirada com que se mostra, se alguma vez ouvimos falar de o que seria um Moscatel de Setúbal com muita idade aqui está o exemplo disso mesmo. As boas vindas são dadas pelo toque de vinagrinho, o suficiente para espevitar o nariz, de seguida a untuosidade esperada com aromas de mel e figos secos, laranja cristalizada com fruta passa (figo, tâmaras) e muita frescura a envolver todo o conjunto. Na boca novamente a frescura, a madeira velha onde estagiou, especiarias, folha de tabaco, fruto seco e a geleia de compota, todo ele concentrado mas nada pastoso e dotado de uma enorme energia e harmonia de conjunto. Inesquecível.

Contactos
Quinta da Bassaqueira – Estrada Nacional 10
2925-542 Vila Nogueira de Azeitão. Setúbal, Portugal
Tel: (+351) 212 197 500
Email: info@jmf.pt
Website: www.jmf.pt

Quinta dos Carvalhais – Vinhos do Dão

Texto Bruno Mendes

A Quinta dos Carvalhais é uma marca Sogrape especialista em vinhos do Dão. Foi adquirida em 1988 na óptica da expansão de um projecto na região, que se iniciara em 1957. Está situada no concelho de Mangualde e conta com 105 hectares, 50 dos quais com vinha plantada com castas regionais nobres como a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, a Alfrocheiro, entre outras.

O enólogo responsável é Manuel Vieira e no moderno centro de vinificação produzem-se os vinhos Quinta de Carvalhais Único, Reserva, Colheita, Encruzado e restantes varietais, Colheita Tardia e Espumante Reserva Rosé, exclusivamente utilizando uvas próprias, aliando a experiência às técnicas mais actuais. Aqui produzem-se ainda os vinhos Duque de Viseu branco e tinto, neste caso conjugando uvas próprias com uvas adquiridas a produtores locais.

Para ficar a conhecer de uma forma mais detalhada a Quinta dos Carvalhais veja o vídeo abaixo e leia o artigo de João Barbosa aqui:

Três vinhos Tiago Cabaço

Text João Barbosa | Translation Bruno Ferreira

Regresso aos vinhos de Tiago Cabaço, depois da visita que lhe fiz no Verão passado. É um regresso também a Estremoz, onde além do património edificado se pode retemperar forças no restaurante da mãe do produtor, o acolhedor São Rosas.

Três vinhos para serem bebidos à mesa e sem pressas. Não sou dos que pensam que tintos pujantes têm de se guardar para os meses mais frios, quando o peso da carne exige alicerces anti-sismo. É verdade que aconchega de modo diferente, mas não passo o Verão a comer saladas e viandas de aves. Se digo do encarnado, o mesmo saliento nos amarelos.

Por partes, para que não se entornem as palavras confusamente. Dos brancos para o tinto. A enóloga Susana Esteban continua a pontuar bem.

O .Com Premium Branco 2015 é um lote das castas antão vaz, verdelho e viognier. A fermentação decorreu em cubas de inox e não foi feito estágio em madeira. É um branco para os apreciadores dos néctares alentejanos, nomeadamente os amantes da fruta antão vaz. É um vinho com nervo e não o tomaria sem comida, mas o marisco poderá levar uma traulitada. Que conheça algo mais substancial.

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.Com Premium Branco 2015 – Foto Cedida por Tiago Cabaço | Todos os Direitos Reservados

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Tiago Cabaço Vinhas Velhas Branco 2014 – Foto Cedida por Tiago Cabaço | Todos os Direitos Reservados

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Tiago Cabaço Alicante Bouschet 2012 – Foto Cedida por Tiago Cabaço | Todos os Direitos Reservados

Tiago Cabaço Vinhas Velhas Branco 2014 é filho de uvas de videiras com mais de 35 anos. É um lote de roupeiro, arinto e antão vaz. A ficha técnica dá conta de que viveu estágio em madeira, mas não dá especificações. Seja como for, a madeira não derruba as características naturais. Este é mais robusto do que o .Com Premium Branco 2015 e tem a mineralidade que caracteriza vários vinhos de Estremoz. Tem um balanço interessante entre o calor e a frescura.

Por fim, o «suspeito». Digo suspeito porque antes de o abrir já desconfiava do que viria da garrafa. Tiago Cabaço Alicante Bouschet 2012 tem uma sina ingrata. Não é demérito, mas culpa do ano precedente ter sido muito generoso para os vinhateiros portugueses.

As uvas foram pisadas em lagares de inox. O vinho estagiou um ano em barricas de carvalho francês. A madeira acrescenta e não tira. Aprecio a conjugação das cerejas maduras, notas terrosas e de madeira. É alentejano e moderno. Directo ao goto!

Digo também suspeito porque nos faz cair sem dar quase conta – é um elogio. Ora, e o suspeito é perigoso. É que a graduação alcoólica é de 14,5% e a acidez dá-lhe «disfarce». Tem igualmente o temperamento quente e fresco. Jantem-no tardiamente, sentem-se às 23h00 – preferencialmente em local arejado e onde se possam escutar grilos, cigarras e o piar das rapinas nocturnas. Deixem-se ficar à conversa até…

Como remate, alerto o leitor destas minhas apreciações mais favoráveis ao tinto reportam-se ao factor gosto. Não sou apreciador da casta antão vaz, pelo que, mesmo realçando a qualidade intrínseca do vinho, as palavras não me ocorrem tão alegres. Por outro lado, gosto bastante da alicante bouschet. Acresce que esta variedade tinta é particularmente feliz na propriedade de Tiago Cabaço.

Contactos
Fonte do Alqueive – Mártires
Apartado 123, 7100-148 Estremoz
Tel: (+351) 268 323 233
Email: geral@tiagocabacowine.com
Website: www.tiagocabacowines.com

Porto das 5 by Real Companhia Velha

Texto João Pedro de Carvalho

O Porto das 5 é um movimento criado pela Real Companhia Velha, que comemora este ano 260 anos da sua fundação e que pretende promover o consumo de Vinho do Porto junto do consumidor. O nome invoca o tão famoso “Chá das 5” levado para Inglaterra por Catarina de Bragança, filha de Dom João IV, casada com Carlos II de Inglaterra. Do dote do seu casamento constava uma caixa de chá, o mesmo chá que Catarina de Bragança já bebia em Vila Viçosa, terra onde nasceu, e que se tornaria no mais britânico de todos os hábitos, o famoso 5 o’clock tea. A explicação desta vontade surgiu na voz de Pedro Silva Reis, filho do actual presidente da Real Companhia Velha e responsável pelo marketing da empresa, que afirma que “Os portugueses estão cada vez mais a despertar para hábitos já bem enraizados noutros países, em que se reúnem depois do trabalho, em bares, wine bars, quiosques e esplanadas, para tomar um copo de vinho, a solo ou harmonizados com snacks ou finger foods”.

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Porto das 5 by Real Companhia Velha – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

O que se pretende com esta iniciativa é que o consumo de Vinho do Porto se torne um hábito à refeição ou até fora dela. A implementação deste “movimento” passa pela criação de cartas de vinhos do Porto com as respectivas sugestões de harmonização, que podem ser pairings de vinho do Porto com queijos, chocolates e, numa vertente não gastronómica, com charutos, entre outros. A oferta será adaptada aos locais onde vai estar disponível, sendo vasta a gama de vinhos do Porto com a assinatura da Real Companhia Velha. Para o demonstrar foram apresentados numa muito interessante harmonização de vários estilos de Vinhos do Porto com as mais variadas combinações e momentos.

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Royal Oporto Tawny 10 Years – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

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Royal Oporto L.B.V. 2011 – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

Os dois primeiros vinhos a serem sugeridos mostram toda a sua polivalência e são uma excelente porta para o fantástico mundo do Vinho do Porto com preços mais acessíveis aos quais o consumidor sem fazer grande investimento pode chegar e desfrutar em pleno em sua casa. Neste mano a mano, o Royal Oporto Tawny 10 Anos mostra-se fresco e de perfil equilibrado e doce, sem grandes exaltações com muito aroma de fruta passa, resultou em cheio com a proposta apresentada. Já o Royal Oporto L.B.V. 2011 mostra a garra e energia do estilo Ruby, cheio e opulento, reveste totalmente o palato com sabores de frutos silvestres, muito morango, amora, framboesa, num fundo fresco e apimentado. Um vinho mais polivalente e que mostra energia suficiente para acompanhar um bom corte de novilho acabado de sair da grelha.

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Real Companhia Velha Vintage 1970 – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

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Real Companhia Velha Vintage 1967 – Foto Cedida por Real Companhia Velha | Todos os Direitos Reservados

Os últimos vinhos a entrarem em cena foram três Vintages em idade adulta, arrebatadores e memoráveis. Das propostas que foram colocadas na mesa descartei a que remetia para os charutos. Todos os vinhos que aqui coloco foram acompanhados numa base de queijo, seja com Queijo da Serra da Estrela quer com Stilton. O primeiro foi o Real Companhia Velha Vintage 1970 com Pêra-rocha recheada com queijo da Serra, um Vintage a mostrar-se muito envolvente, conquistou no imediato com toques de caramelo, fruta fresca misturada com fruta passa, flores e ligeiro bálsamo. Belíssima presença na boca, muito boa frescura com presença a forrar o palato, cheio de sabor e muito boa persistência, com energia suficiente para ir ao embate com o Queijo da Serra em que a acidez corta a parte mais gorda do queijo enquanto a sensação de untuosidade combina lindamente com o tom mais gordo que nos resta. Para o segundo momento de Stilton com cracker de especiarias e Granny Smith desidratada foi servido o Real Companhia Velha Vintage 1967. Se o anterior Vintage já me tinha deixado rendido aos seus encantos, o que dizer deste que quanto a mim se mostra ainda melhor, um deleite para os sentidos. Enorme elegância e frescura, novamente o caramelo de leite, untuoso, conquistador no imediato. Riquíssima complexidade, tudo muito bonito e aprumado, sério, no palato é largo e persistente, muito saboroso e com enorme persistência. E mesmo com o poderio do Stilton o Vintage 1967 mostrou-se um verdadeiro colosso, ombreando lado a lado, numa combinação também clássica e que novamente mostra a vontade que estes vinhos têm em vir para a mesa dos consumidores fazer destes brilharetes. Termino com um vinho que estava destinado aos fumadores, optei por resgatar o Real Companhia Velha Vintage 1957 e tentar fazer a harmonização com as duas propostas que já tinham sido feitas, sendo que a forma incisiva e acutilante como se mostra, muito mais frescura e menos untuosidade que os dois anteriores fazem dele um vinho indicado para os charutos que do outro lado da sala já fumegavam. No entanto foi com o Silton que mais gostei, o que demonstra a versatilidade do Vinho do Porto nos seus mais distintos estilos e a capacidade de acompanhar desde a refeição a momentos mais festivos até a momentos de pura descontracção a solo. Encontramos às 5 para um Porto?

Contactos
Real Companhia Velha
Rua Azevedo Magalhães 314
4430-022 Vila Nova de Gaia
Tel: (+351) 223 775 100
Fax: (+351) 223 775 190
E-mail: rcvelha@realcompanhiavelha.pt
Wesbiste: www.realcompanhiavelha.pt

Cockburn’s Port

Texto Bruno Mendes

Foi em 1815 que os dois irmãos escoseses, já com um negócio de sucesso, Robert e John Cockburn decidiram montar uma filial no Porto, denominada R&J Cockburn’s. A Cockburn’s conseguiu construir uma reputação notável a nível de Porto Vintage e os registos demonstram isso mesmo, no início do século XX lideravam nas casas de leilões de Londres com os preços mais altos.

Como todas as primeiras empresas de vinho do Porto, a Cockburn’s viu o seu nome mudar, neste caso para Cock­burn’s & Co, nome que persiste até hoje. A família cresceu com a inclusão de outras famílias, como os Wau­chopes, os Smithes, os Teages e os Cobbs.

Há 10 anos, em 2006, a Symington adquiriu a Cockburn’s, passando assim a ser novamente propriedade de apenas uma família.

Para uma visão mais detalhada vej o vídeo abaixo.

Marcolino Sebo Wines – Quinta da Pinheira Colheita Seleccionada 2010 and Visconde de Borba Reserva 2011

Texto João Barbosa

Foi na indústria extractiva que Marcolino Sebo conseguiu com que pagar terra arável. Estremoz é terra de mármore e de vinha. Parcela a parcela junto 190 hectares, dos quais 130 estão com vinha.

A história vitícola de Marcolino Sebo começa em 1975, quando o país ardia de paixões políticas, quase desembocando numa guerra civil que dividiria o país ao meio – fico por aqui quanto à história de Portugal.

Até 1999, Marcolino Sebo vendeu as uvas para a Adega Cooperativa de Borba, tornando-se num fornecedor destacado. Nesse ano fez a primeira vindima em nome próprio e estreou a adega.

Todas as vinhas estão dentro da demarcação do Alentejo, dentro da sub-região de Borba. Nem todos os seus vinhos são DOC Alentejo (denominação de origem controlada), vários estão classificados como Regional Alentejano. Além dos vinhos tranquilos, Marcolino Sebo também produz licorosos e vende aguardentes bagaceira e vínica. Acrescente-se uma pequena produção de azeite.

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Marcolino Sebo in marcolinosebo.com

Tudo se aproveita e se poupa. Os generosos permitem-lhe não desperdiçar vinho que dificilmente venderia. As aguardentes são adquiridas a quem lhe compra subprodutos vínicos. As barricas já sem utilidade são usadas para o estágio dos espíritos.

O vinho é quase todo tinto: seis tintos, três brancos, um rosé, um licoroso branco, uma aguardente vínica (velha) e uma aguardente bagaceira. Porquê tantos tintos? Porque são os mais procurados – simples.

Numa gama tão larga, a ementa de Marcolino Sebo vai dos 2,5 euros até aos 20. Monte da Vaqueira (branco e tinto) é a base. As ideias que fogem ao perfil principal surgem com a marca Quinta da Pinheira, mas o emblema vai para as prateleiras como Visconde de Borba. O licoroso e as aguardentes são vendidos com o nome do produtor.

Bem, ao que interessa. Não experimentei a gama toda, mas ainda assim a amostra foi vasta. Síntese elaborada por Jorge Santos, com um orgulhoso sotaque alentejano e grande simpatia.

Portugal tem a sorte (mérito) com os seus vinhos generosos/licorosos – diferenciação burocrática para designar vinhos fortificados e que sinceramente só atrapalha. Com Vinho do Porto, Vinho da Madeira e Moscatel de Setúbal, entre outros, brilhar não é fácil. Estes néctares são tradicionais em quase todo o país e o Alentejo é uma das suas pátrias. Portanto… O MS Licoroso Branco, feito com um lote de rabo de ovelha e de roupeiro, está nessa família antiga. Tem frescura e é guloso. Quanto ao resto, não se pode comparar.

Jorge Santos explicou-me que os vinhos da casa pretendem responder a duas questões: a tradição e o mundo. Mas discordo! Está bem, isso da tradição, mas não encontrei outro sotaque que não fosse o das frases cantadas do «idioma» alentejano. Sublinho que Marcolino Sebo tem também vinhas de castas não portuguesas.

Só por si, isto que escrevi acima não é nem positivo nem negativo – pois há bom e mau no que é antigo e nas «viagens». Neste caso, o balanço é claramente positivo, seja nos néctares mais agarrados à pátria alentejana, seja nos que resolveram passear um bocadinho.

Olhando para o conjunto… e tratando-se de Alentejo, onde nos brancos pontifica a casta antão vaz… epá! A culpa não é nem do produtor, nem do enólogo, nem da casta. Não gosto da antão vaz! Está bem, esquecendo-me do gosto pessoal, há que dar voto de confiança.

Reconheço que há alguma injustiça escolher para comentar só alguns vinhos. Qual o critério a seguir? Ficar pelos topos de gama? Apontar aos de preço mais democrático? Dos vários critérios possíveis, vou escolher pelo lado materno – alentejana, embora duma terra sem vinha (Castro Verde).

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Visconde de Borba Reserva 2011 in marcolinosebo.com

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Quinta da Pinheira Colheita Seleccionada in marcolinosebo.com

Vou assumir conscientemente o gosto pessoal – já conto um pormenor deste assunto. O Quinta da Pinheira Colheita Seleccionada 2010 (alicante bouschet, aragonês e trincadeira) e o Visconde de Borba Reserva 2011 (alicante bouschet, aragonês, tinta caiada e trincadeira) agradaram-me no «ponto G» enófilo, pelo seu forte sotaque.

O pormenor a que me referia é que, ao almoço, com Jorge Santos e Sónia Sebo (filha de Marcolino Sebo e gestora da firma), fui «obrigado» a conhecer vários «elementos da família». No final, já alegres, o enólogo entregou-me três garrafas (as referidas e Quinta da Pinheira Tinto 2011) e disse-me que eram os «seus», aqueles cujo sotaque cantado lhe dão o calor da região.

Pois, sim. É verdade! Bem falam cantando.

Todos ali cantam. E o cante alentejano é Património Imaterial da Humanidade, sentenciou a UNESCO.

Contactos
Quinta da Pinheira – Arcos
7100 Estremoz
Tel: (+351) 268 891 570
Fax: (+351) 268 891 571
Email: geral@marcolinosebo.com
Website: www.marcolinosebo.com

A Adega do Cartaxo e o renascer do Ribatejo

Texto João Pedro de Carvalho

Fundada em 1954, por um grupo de 22 associados, a Adega Cooperativa do Cartaxo tem raízes numa região com uma forte tradição vitivinícola onde existem referências históricas a esta actividade, anteriores ao seculo X. A Adega funcionou até 1974 nas instalações da antiga Junta Nacional do Vinho (actual IVV), desde então labora nas actuais instalações, sempre investindo no reforço dos seus recursos humanos e tecnológicos ao serviço de uma melhor produção vinícola. Na actualidade a Adega do Cartaxo possui 216 associados com uma área de vinha de 616 hectares dos quais 244 são DOC e 370 IGP, sendo sem sombra de dúvidas mais um dos bons exemplos em que uma Adega Cooperativa se soube remodelar e actualizar face às necessidades do mercado e as exigências do consumidor. A remodelação da imagem dos seus principais vinhos criando rótulos apelativos e distintos fazem parte dessa nova imagem, a qualidade dos vinhos com enologia a cargo do Engº Pedro Gil tem valido inúmeros reconhecimentos dentro e fora de portas.

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Adega do Cartaxo – Foto Cedida por Adega Cooperativa do Cartaxo | Todos os Direitos Reservados

Num portfólio recheado de inúmeras referências, decidi focar a atenção naqueles que para mim são as estrelas da companhia, cabendo ao Bridão Private Collection 2013 ser o primeiro de um conjunto de três vinhos escolhidos. Neste vinho o lote é a meias entre a Touriga Nacional e Alicante Bouschet, com estágio de 10 meses em barricas de carvalho Português. Um vinho maduro, concentrado e opulento, carregado de fruta madura com toque de especiarias. Boa a frescura que o rodeia, macio e guloso, e com uma boa complexidade e a facilidade com que cativa, diga-se que é daqueles vinhos que facilmente agrada sem ter muito que pensar, porque quem bebe vinhos não tem de perder tempo a pensar, bebe porque sabe bem e este vinho sabe bem, sabe muito bem.

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The three wines – Photo by João Pedro de Carvalho | All Rights Reserved

Dando o salto até ao Bridão Reserva branco 2014 onde despontam as castas Fernão Pires e Arinto, com fermentação e estágio em barrica de carvalho Francês durante 3 meses. O resultado é um branco que alia o peso da fruta com uma boa frescura e sensação de aconchego conferida pela madeira. O conjunto de aromas é convidativo de tal forma que literalmente sugere uma tarte de limão merengada tanto em aroma como no sabor onde a acidez se mostra vincada mas com o espectável arredondamento/cremosidade conferida pela passagem na madeira. Bom a acompanhar peixes no forno ou grelhados com molho de manteiga e limão. Para terminar o Bridão Reserva tinto 2013 que junta Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tinta Roriz e Syrah, com estágio de 6 meses em barricas de carvalho Francês. Tudo muito bem embrulhado com notas vegetais bem frescas, frutos do bosque em tons negros muito maduros, a madeira envolve o conjunto e nota mais para o bom trabalho realizado com as barricas. Boa complexidade num perfil sério de que se é fácil de gostar, apelativo apesar da ligeira austeridade que aparenta ter, algum tabaco, pimenta, ligeiro balsâmico a mostrar-se em pano de fundo. São três vinhos bastante apelativos com preço abaixo dos 10€ que facilmente conquistam o consumidor à mesa, haja pois boa comida por perto.

Contactos
Adega Cooperativa do Cartaxo
EN 365-2 2070-220
Cartaxo, Portugal
Tel: (+351) 243 770 987
Fax: (+351) 243 770 107
E-mail: geral@adegacartaxo.pt
Website: www.adegacartaxo.pt

Casa Ferreirinha – História e Arte

Texto Bruno Mendes

Fundada no século XVIII, por Bernardo Ferreira, a Casa Ferreirinha foi adquirida em 1987 pela Sogrape. Os vinhos produzidos por esta casa, e a casa em si, são sinónimo de história e arte. Uma figura incontornável na história desta empresa é, sem dúvida, Dona Antónia Adelaide Ferreira, que, com o seu espírito empreendedor, refinou a fórmula da empresa e a consolidou.

A Sogrape tem sabido respeitar e preservar todo o património histórico e cultural que a Casa Ferreirinha implica e sempre manteve até aos dias de hoje, porém, permitindo que a empresa se adeque à inovação e à actualidade. A empresa conta com várias gamas de vinho, como o Vinha Grande, Esteva, Papa Figos, Planalto, Callabriga, Reserva Especial, Quinta da Leda, AAF e claro, o lendário Barca Velha.

Para conhecer um pouco melhor a história desta casa, veja o vídeo abaixo.