Posts By : Olga Cardoso

Graham’s – Ne Oublie … Um Porto Tawny muito velho

Texto Olga Cardoso

A família Symington lançou um vinho de 1882 para celebrar a chegada do pioneiro da família a Portugal. O nome não poderia ser mais exemplificativo. Ne Oublie – que significa inesquecível ou em inglês, Not Forget ou Unforgerable! Ne Oublie é mais do que um vinho extraordinário, é uma jóia de família, uma relíquia histórica e cultural.

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Ne Oublie – © Blend All About Wine, Lda.

Estas expressões em francês têm origem muitos séculos atrás. Como exemplo podermos referir o Honi soit qui mal y pense que é uma expressão francesa que significa – Envergonhe-se quem nisto vê malícia, muito usada em meios cultos. Também é o lema da Ordem da Jarreteira, comenda britânica criada pelo rei Eduardo III de Inglaterra, no tempo das Cruzadas. É um dos lemas do Reino Unido, estando estampado na sua própria bandeira.

Diz a lenda que, em 1347, durante um baile, a Condessa de Salisbury, amante do mesmo Eduardo III, perdeu a sua liga, azul. O Rei depressa a recolocou, sob o olhar e sorrisos (cúmplices) dos nobres da corte e terá gritado (em francês, que era a língua oficial da corte inglesa) “Messieurs, honni soit qui mal y pense! Ceux qui rient en ce moment seront un jour très honorés d’en porter une semblable, car ce ruban sera mis en tel honneur que les railleurs eux-mêmes le rechercheront avec empressement.” No dia seguinte terá criado a ordem da Jarreteira, tendo como símbolo uma liga azul sobre fundo dourado, que ainda hoje é a mais prestigiosa ordem do Reino Unido, tendo somente 25 membros e cujo único Grão Mestre é o monarca da Inglaterra.

Não poderia ter provado este vinho em melhor companhia…tão britânica! Até o tempo se colocou à feição! Em solo português, Quinta do Bomfim, Pinhão, Douro, sob um enorme temporal de chuva e trovoada e com dois britânicos. Paul Symington, actual administrador da Symington Family Estates e Sarah Ahmed, a escritora inglesa actualmente mais focada em vinhos portugueses. Aos dois agradeço esta experiência!

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Ne Oublie – © Blend All About Wine, Lda.

Muitos consideram o seu preço proibitivo – cerca de € 5.500,00. Mas segundo Paul Symington – estamos a falar não só de uma bebida, mas sim de um produto de luxo, raro e exclusivo. “… se o vinho do Porto não consegue ter um produto ao nível da Hermès, da Cartier ou da Louis Vuitton, significa reconhecer que estamos num segundo nível…”!

E estamos seguramente a falar de um produto de nível superior. Um Porto do final do século XIX apresentado num decanter numerado, feito à mão, em cristal soprado, por mestres vidreiros da fábrica portuguesa Atlantis, com três anéis de prata moldados e gravados pelos ourives escoceses Hayward & Stott e guardado numa caixa de couro especialmente desenhada e produzida à mão pela famosa marca britânica Smythson, da Bond Street.

Os Symington são hoje a principal família do vinho do Porto. Líderes de vendas nas categorias especiais, são detentores das marcas Graham’s, Warre’s, Dow’s, Cockburn’s, Smith Woodhouse, Quinta do Vesúvio, Martinez, Gould Campbell e Quarles Harris e possuem mais de 1000 hectares de vinhas no Douro.

Este império e o elo emocional que a família mantém com o Douro, começaram realmente a ser construídos em 1882, quando o escocês Andrew James Symington, então com 19 anos, chegou a Portugal para trabalhar na Graham’s, outra família escocesa já há muito estabelecida no país e que, na altura, se dedicava à fiação de algodão.

E porque sou uma amante da história e de estórias, corro sempre o risco de me tornar entediante para quem me lê. Para abreviar essa parte…importa agora falar do vinho e da minha prova propriamente dita. [Caso pretenda ler sobre outros tawnies da grahms provados neste site poderão consultar o nosso artigo anterior]
Falamos de um vinho encerrado em apenas três pipas, uma das quais deu origem às 656 garrafas agora no mercado.

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Ne Oublie – © Blend All About Wine, Lda.

Como vinho, encaixa-se na mais pura tradição duriense, a tradição do Tawny, enquanto vinho “generoso” que é guardado em pipas e vai passando de geração para geração. Está na linha do Scion, o vinho com 155 anos que a Taylor’s lançou em 2010 a 2500 euros a garrafa. Apesar do preço elevado, o vinho foi um sucesso e criou um fenómeno de imitação no sector. Num espaço curto de tempo surgiram no mercado vários vinhos do Porto muito velhos a preços nunca vistos. O último a ser lançado foi o Taylor’s Single Harvest 1963, um dos vinhos que esta empresa herdou com a compra, o ano passado, da Wiese & Krohn, uma pequena casa familiar especializada em Porto Colheitas. Também envolvidas num estojo de luxo, cada uma das 1650 garrafas foram postas à venda ao custo de € 3000,00.

Com o Ne Oublie, os Symington colocaram a fasquia num patamar ainda mais alto. Mas, bem vistas as coisas, € 5500,00 – será mais ou menos o preço de uma garrafa de Porto Vintage Noval Nacional de 1963 (sem embalagem de luxo). E há vinhos bastante mais novos franceses, Champanhe, Bordéus e Borgonha — e que não são tão bons – igualmente tão caros. Ne Oublie está longe, pois, de ser uma excentricidade.

São vinhos como estes, exclusivos e apresentados luxuosamente – que elevam o Vinho do Porto ao mais elevado patamar.

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Ne Oublie – © Blend All About Wine, Lda.

Graham’s – Ne Oublie … Very Old Tawny Port
Profundo e hermeticamente concentrado, mostrou uma precisão como nenhum outro. Já provei outros Portos velhos, mas nenhum me impressionou tanto com este. Todos bons, sem dúvida, mas alguns revelam talvez demasiada concentração, excessivo melaço, algumas características exacerbadas ou talvez coisas a mais. Este mostra tudo no sítio. Dizer que se sentem aqui os frutos secos, como as nozes e as avelãs, será já um lugar comum…claro que todos estão presentes! Casca de laranja, algumas notas de madeira velha, algum mel e caramelo. Tudo existe neste vinho tão complexo. Para além disso temos o iodo e as notas de farmácia. A boca é notavelmente avassaladora. Bolas…quanta finura…nunca antes experimentada. Acidez al dente, concentração bem medida, profundidade e complexidade…na medida certa. A característica primordial deste vinho é mesmo a precisão. O mais “certeiro” Tawny alguma vez provado…talvez mesmo um dos maiores exemplares da excelência do DOURO!

Contacts
Symington Family Estates
Travessa Barão de Forrester 86
Apartado 26
4431-901 Vila Nova de Gaia
Portugal
Tel: (+351) 223 776 300
Fax: (+351) 223 776 301
E-mail: symington@symington.com
Site: http: www.symington.com

Trinca Bolotas – Nado e criado no Alentejo!

Texto Olga Cardoso

Provei este vinho pela primeira vez num almoço organizado pela Sogrape, no restaurante Largo, em pleno Chiado Lisboeta.

Pela mão do Chef Miguel Castro e Silva, fomos experimentando diferentes pratos bem harmonizados com vinhos da Herdade do Peso (Peso Estate).

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© Blend – All About Wine, Lda.

O mote deste encontro era precisamente a apresentação deste novo vinho alentejano e a mesa não poderia estar melhor decorada. Estava repleta de sobreiros em forma de bonsai, os quais no final do almoço foram simpaticamente oferecidos aos convivas.

À semelhança da mesa, o nome e a imagem do vinho também não poderiam ter sido melhor conseguidos.

A cor laranja remete-nos para a luz e o calor das planícies alentejanas e o nome Trinca Bolotas homenageia o tradicional “porco boloteiro”, o único sobrevivente dos suínos de pastoreio da Europa.

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Cachaço de Porco – © Blend – All About Wine, Lda.

Como não poderia deixar de ser, o prato escolhido pelo Chef Miguel Castro e Silva para harmonizar com o Trinca Bolotas foi um tenro e delicioso Cachaço de Porco. Excelente ligação!

Segundo Luis Cabral de Almeida, o enólogo que assume agora os destinos da Herdade do Peso, depois de 10 anos passados na Finca Flichman, também propriedade da Sogrape e situada em Mendonza, Argentina, dada a sua excepcional relação qualidade/preço (€ 5,99), este vinho é um sério candidato ao lugar de embaixador da viticultura da região.

Trata-se de facto de um vinho elaborado por uvas produzidas em conformidade com as directrizes de produção integrada de agricultura sustentável, ao qual facilmente poderemos vaticinar um grande sucesso comercial.

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Trinca Bolotas – Photo provided by Sogrape Vinhos, SA | All Rights Reserved

TRINCA BOLOTAS TINTO 2013 – DOC ALENTEJO
Na verdade este vinho não poderia ser mais alentejano! Faz inteiramente jus à região. No nome, na imagem, mas também nas suas características intrínsecas. Elaborado a partir das castas Alicante Bouschet (44%), Touriga Nacional (40%) e Aragonêz (16%), estagiou durante 6 meses em barricas novas de carvalho francês e caucasiano.

O charme do Alicante Bouschet made in Alentejo, faz-se bem sentir. Na cor, no volume e nos aromas a fruta preta de grande qualidade. A Touriga Nacional confere-lhe todo o seu lado floral e o Aragonês fecha o leque com aromas de fruta vermelha madura.

Na boca mostra-se bem fresco (sim a Vidigueira, por muito que achem que não, é um paraíso de frescura) e revela também boa estrutura, acidez correcta e taninos, que embora presentes, são macios e perfeitamente adequados à harmonização deste vinho com diferentes iguarias, nomeadamente, os tradicionais e deliciosos pratos de carne alentejanos.

Um vinho que faltava no portefólio alentejano da Sogrape Vinhos!


Trinca Bolotas. Da sua mesa vê-se o Alentejo | 2014 – (c) Sogrape Vinhos, SA

E porque o melhor se deixa sempre para o fim (pelo menos eu gosto de o fazer) aqui fica um pequeno vídeo, que nos mostra a vida deste Trinca Bolotas (e do porco propriamente dito!) no seu habitat natural – as planícies alentejanas ou mais propriamente … a Herdade do Peso.

Contactos
Herdade Do Peso E Anexas – Sociedade Agrícola, Lda.
Rua da Misericórdia 46
Site: www.herdadedopeso.pt

Niepoort – Batuta 2001

Texto Olga Cardoso

Estamos perante um vinho que gerou uma certa celeuma aquando da sua saída para o mercado. Para muitos, ascendeu prontamente ao melhor Batuta de sempre. Para outros, tornou-se numa fonte de discordâncias e contestações. Terá o produtor o direito de alterar o perfil de um vinho deste segmento, com este estatuto e com tamanha fileira de apreciadores?

Pois parece-me um tema de elevado interesse para uma animada discussão. Razões assistirão às diferentes facções. Tanto quanto conheço do Dirk Nieepoort e da sua paixão por vinhos, os dogmas e os status quo não serão certamente factores determinantes. Sem comprometer a qualidade, a sua fidelização de clientes, assentará mais na busca permanente da diferenciação, na vontade de ir mais além, de querer fazer mais e melhor e de experimentar até à exaustão numa busca incessante pela excelência.

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Niepoort Batuta 2001 © Blend All About Wine, Lda | Todos os Direitos Reservados

Este Batuta mostrou-se mais desafiador e mais irreverente. Talvez um pouco mais contido à entrada, mas com o tempo em copo foi-se soltando e revelando todo o seu esplendor. Fruta e barrica em perfeito equilíbrio como se impunha. Os frutos eram de cariz silvestre. Amoras e mirtilos em evidência.
A tosta é já ligeira e muito bem integrada. Notas balsâmicas aparecem aqui e ali. Sensações terrosas e resinosas marcam a sua presença.

Tudo num registo muito bem desenhado e sem arestas. A sua acidez é perfeita e os seus taninos, embora presentes, são já muito suaves e sedosos. A sua longevidade parece ser já uma certeza, assim como o seu carácter e o seu enorme equilíbrio.

Desenganem-se os amantes da testosterona, pois não será aqui que irão encontrar a sua “terra prometida”. Um vinho que sem deixar de ser potente é também muito elegante, pleno de vitalidade e fulgor, um vinho com enorme profundidade e com um final ad infinitum!

Contactos
Niepoort (Vinhos) S.A.
Rua Cândido dos Reis, 670
4400-071 Vila Nova de Gaia
Tel. (+351) 223 777 770
Fax. (+351) 223 320 209
Email: info@niepoort.pt
Site: www.niepoort-vinhos.com

Quinta do Vallado – Tawnies 30 e 40 anos

Texto Olga Cardoso

Lançados no mercado em finais de 2012, estes Tawnies datados vem confirmar toda a qualidade dos vinhos produzidos pela Quinta do Vallado. Depois da excelência do seu Tawny 20 anos, esta Quinta, anteriormente detida pela lendária D. Antónia Ferreira e actualmente nas mãos da sua 5ª geração, colocou no mercado dois Portos velhos de bela estrutura e tonicidade.

São vinhos plenos de história. Vinhos mantidos pela mestria dos enólogos, que neste caso particular, mais do que fazer…importa não estragar o que o tempo já fez! Vinhos nobres e enaltecidos pela força da evaporação, que lhes confere uma enorme concentração e os transforma quase numa essência.

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Quinta do Vallado Tawnies – © Blend – All About Wine | Todos os Direitos Reservados

TAWNY 30 ANOS 

De cor ambarina com laivos alaranjados, este Tawny mostra-se de fácil empatia. Do encanto do vinagrinho à casca de laranja, das amêndoas torradas à noz-moscada, do figo seco aos pralinés, tudo se desvenda do seu conjunto olfactivo complexo e sedutor. Na boca apresenta-se glicerinado e viscoso. Com uma acidez muitíssimo bem medida, termina intenso e com notável profundidade. Exemplo de verdadeira mestria!

TAWNY 40 ANOS

De ar grave e sério, este Porto datado apresenta uma cor acobreada intensa e escura. No nariz revela notas inflamadas de caramelo, noz, avelã e muito, muito café. Bastante especiado, com evidentes toques de cravinho e canela, mostra-se untuoso, volumoso e aprimorado. Compacto e elegante, exibe uma frescura e uma acidez absolutamente irrepreensíveis. Perfeito para momentos de introspecção e para meditar nas grandes decisões da vida.

Contactos
Quinta do Vallado – Sociedade Agrícola, Lda.
Vilarinho dos Freires
5050-364 – Peso da Régua | Portugal
Phone: +351 254 318 081
Email: geral@quintadovallado.comgeral@quintadovallado.com
Site: www.quintadovallado.com

BARBEITO – A Hora das Malvasias

Texto Olga Cardoso

Falar de vinhos Barbeito é falar, em primeiro lugar, de tradição com paixão. Tudo começou em 1946 com Mário Barbeito Vasconcelos, numa altura em que existiam mais de 30 produtores e exportadores de vinhos Madeira. Hoje em dia existem apenas sete.

Em 1985, com o falecimento de Mário Barbeito, foi a sua filha Manuela Vasconcelos, quem assumiu a gestão da empresa, tornando-se na primeira mulher a exercer a actividade de exportação de vinhos Madeira. Em 1991, Manuela passou o testemunho ao seu filho, Ricardo Diogo Freitas. Apesar de manter o respeito por métodos tradicionais, Ricardo trouxe uma nova energia e espírito de inovação aos Vinhos Barbeito.

Gosto do seu atrevimento e da forma “rebelde” como encara a produção dos Madeira. Marcou a diferença ao lançar vinhos únicos, de cascos únicos e vinhas únicas. Para além disso, foi também um dos primeiros a valorizar a Tinta Negra (casta que não faz parte das chamadas castas nobres), através do envelhecimento da mesma no tradicional método de canteiro.

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Diploma – © Blend All About Wine, Lda | Todos os Direitos Reservados

Eu costumo chamar-lhe o Dirk Niepoort da Madeira. E é disto que o país precisa. Pessoas que pensem fora da caixa e que elevem o nome de Portugal e dos vinhos Portugueses.

Produzir vinhos e vendê-los nos mercados internacionais é hoje muito distinto do que era há 30 anos atrás. Competimos com grandes marcas e grandes países produtores. Por essa razão, impõe-se pensar diferente, fazer diferente e ser diferente! Somos muito pequenos, nunca poderemos competir em volume, mas poderemos competir em qualidade e singularidade.

Singularidade é coisa que não falta aos vinhos Madeira. São vinhos emocionais, vinhos intelectuais que contam com o tempo e a mestria de quem os faz…vinhos que envelhecem suavemente e para os quais o tempo é um factor de qualidade e distinção!

A Barbeito produz excelentes vinhos provenientes das diferentes castas Madeirenses, mas é de Malvasias que irei agora falar, até porque esta casta tem uma relação intrínseca com este produtor, quanto mais não seja por ser a casta preferida de Manuela Vasconcelos.

MALVASIA 2002 – Casco Único 260 D + E
Este vinho foi envelhecido em cascos de carvalho francês segundo o método tradicional de Canteiro. Nos seus aromas primários predominam o pêssego e as nectarinas. Mas são o caramelo e os frutos secos que se fazem mais sentir. Senti ainda algum caule e vegetal. A boca é densa e volumosa, doce como é típico de um Malvasia, mas anda assim, pareceu-me mais seco que a maioria dos Malvasias existente no mercado. Boa concentração, com notas de figos e casca de laranja. Elegante e com notável acidez, deverá ser servido e desfrutado a uma temperatura entre os 12 e os 14 graus.

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Malvasia (Single Cask) – © Blend All About Wine, Lda | Todos os Direitos Reservados

MALVASIA 20 YEARS – Lote 14050
Pareceu-me um vinho muito moderado no nariz. Fino e delicado. Elegante e com grande chame. Cativa pela contenção olfactiva que depois explode em enormes sensações no palato. Na boca é pungente, profundo e poderoso. É aqui que ele mostra toda a sua raça.

Imagino que seja um grande desafio para o produtor fazer um vinho destes. Quase feito a metro e esquadro. Tudo muito bem pensado e executado. A mestria da mão humana faz-se bem sentir aqui.

Foram produzidas apenas 1020 garrafas e quem tiver a oportunidade de o comprar, dará certamente o seu dinheiro por bem empregue. Apesar de poderoso, consegue ser também fino e bem cuidado. O seu final de boca revela toda a sua finura, acidez complexante e enorme persistência.

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Malvasia 14050 – © Blend All About Wine, Lda | Todos os Direitos Reservados

MÃE MANUELA – 40 Years
E eis que chegamos ao crème de la crème das Malvasias! Uma forma de terminar um artigo em apoteose! Sendo a Malvasia a casta preferida de Manuela Vasconcelos, Ricardo Diogo, resolveu fazer um tributo à sua mãe, engarrafando 1050 garrafas deste precioso vinho feito a partir de uma mistura de Malvasias com 40 anos e alguns vinhos mais velhos da colecção privada da família.

Com evidentes aromas a frutos secos e caramelo, são ainda percetíveis as suas notas de frutos cítricos e casca de laranja. Quase tudo é possível detectar-se neste vinho tal a sua complexidade. Figos secos, folha de tabaco e toques de madeira velha, são também bastante notórios.

Este vinho já mereceu enormes elogios por parte da imprensa especializada, nacional e internacional, e é muito fácil perceber a razão. Nobre, estruturado e elegante, mostra uma boca apaixonante, com uma acidez picante e um final muito focado…quase interminável!

Existem vinhos de antologia??? Então este é um deles…!!!

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Mãe Manuela © Blend All About Wine, Lda | Todos os Direitos Reservados

Veja aqui e aqui a opinião da Sarah Ahmed – The Wine Detective. 

Contactos:
Barbeito Wines
Estrada da Ribeira Garcia
Parque Empresarial de Câmara de Lobos – Lote 8
9300-324 Câmara de Lobos – Madeira – Portugal
Telefone: 00 351 291 765 832
Email: info@vinhosbarbeito.com.pt
Site: http://www.vinhosbarbeito.com

Vale dos Ares – Um novo Alvarinho de um novo Produtor!

Texto Olga Cardoso

“Vale dos Ares” é uma marca inspirada no nome do antigo concelho de Valadares = Vale dos Ares. “O antigo concelho de Valadares oficializou a sua existência no ano de 1317, ocupando à data a maior parte da área geográfica da sub-região de Monção e Melgaço. Devido à sua dimensão e capacidade de gerar riqueza, bem como alguma incapacidade dos Reis em controlar a irreverente população, a sua autonomia foi continuadamente adiada desde a fundação de Portugal. É esta vivacidade e entusiasmo da gente de Valadares que pretendemos assumir como os valores da marca “Vale dos Ares”.

Esta marca é titulada pela empresa MQ Vinhos, uma jovem empresa familiar que, nas palavras do produtor – Miguel Queimado – abraçou com toda a paixão o conceito de “boutique winery”, dedicando-se à produção de vinhos DOC. A MQ Vinhos está localizada na Quinta do Mato, precisamente a meio da sub-região de Monção e Melgaço e está na propriedade da família desde 1683.

A responsabilidade enológica está a cargo de uma mulher, Gabriela Albuquerque, sendo o objectivo primordial da equipa produzir um vinho único, feito com toda a atenção e cuidado, com controlo a par e passo de todos os momentos de produção, quer da uva, quer do próprio vinho.

Imbuídos de forte paixão, pretendem apresentar ao mercado um vinho que expresse, de forma perfeitamente clara e evidente, todas as características do seu terroir.

Efectivamente, parece ser este respeito pela singularidade da casta Alvarinho e pelo terroir que lhe serve de berço, que lhes permitiu produzir um vinho que não se limita a ser apenas mais um Alvarinho! Nasceu para ser uma boa referência da “latitude” Monção-Melgaço!

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Vale dos Ares Alvarinho 2013 © Blend All About Wine, Lda.

Só provei a colheita de 2013. Ainda assim, poderei afirmar que se trata de uma estreia do produtor, uma vez que este vinho saiu para o mercado com a colheita de 2012.

Com um perfil bastante aromático, mas sem máscaras ou excessivas exuberâncias, mostra-se muito fresco e com uma acidez bem controlada. Apesar dos seus toques tropicais, com o maracujá e o ananás em perfeita evidência, sobretudo no seu ataque inicial, a verdade é que com o decorrer da prova, são as suas notas cítricas e minerais que se fazem mais sentir.

Elegante, equilibrado e com notável estrutura de boca, afigura-se o companheiro ideal para mariscos e peixes grelhados. Termina de forma séria, focada e harmoniosa. Não existe historial para que lhe possamos aferir uma adequada longevidade, mas poderei vaticinar-lhe uma complexante evolução em garrafa entre os 3 e os 5 anos, desde que devidamente acondicionado para o efeito.

Um curioso Alvarinho, que nos deixa a curiosidade para o seguir bem de perto!

Contactos
MQ Vinhos, Unipessoal Lda
Quinta do Mato, sn, Lugar do Mato
4950-740 Sá-MNC
Tel: (+351) 251 531 775
Telemóvel: (+351) 934 459 171
Email: info@mqvinhos.pt
Site: mqvinhos

LISBOA … uma região vitivinícola renovada!

Texto Olga Cardoso

A região de Lisboa, anteriormente conhecida por Estremadura, situa-se a noroeste da capital, numa área de cerca de 40 km de extensão. O clima é maioritariamente temperado em virtude da influência atlântica.

As vinhas que crescem próximo da costa amadurecem de forma mais lenta devido às brisas marítimas, enquanto as situadas em áreas mais soalheiras do interior estão bem resguardadas pelo terreno acidentado.

Photo by IVV – Instituto da Vinha e do Vinho, I.P. | All Rights Reserved

A Região de Lisboa é, presentemente, uma das mais importantes do país em termos de volume de produção e contempla 9 Denominações de Origem distintas, reconhecendo-se assim a tipicidade, singularidade e qualidade dos seus vinhos.

Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Encostas d’Aire, Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras, são as suas Denominações de Origem, contando ainda com a indicação geográfica homónima “Vinho Regional Lisboa”.  Veja aqui para mais detalhes.

Na zona Sul da região encontram-se as três Denominações de Origem mais conhecidas pela sua tradição e prestígio: Bucelas, Carcavelos e Colares.

Na sua parte central, encontramos as mais vastas manchas de vinha desta região, onde para além do Vinho com Indicação Geográfica Lisboa, foram reconhecidas pelas suas características de elevada qualidade as Denominações de Origem Alenquer, Arruda, Torres Vedras e Óbidos.

Mais junto ao mar vamos encontrar uma zona produtora de vinhos particularmente vocacionados para a produção de aguardentes de qualidade e que mereceram o reconhecimento da Denominação de Origem Lourinhã.

Na zona mais a Norte, distingue-se uma vasta região de vinha que se estende desde as encostas das serras dos Candeeiros e de Aires até ao mar. Ali, produzem-se os vinhos com direito à Denominação de Origem Encostas d’Aire.

Photo by ViniPortugal | All Rights Reserved

A região de Vinhos de Lisboa abarca assim uma área de vinha de 30 mil hectares, produzindo cerca de 20 milhões de garrafas de vinho certificadas, além de aguardente, espumantes e vinhos licorosos.

As principais castas brancas são o Arinto, Fernão Pires, Malvasia, Seara-Nova e Vital, enquanto nas castas tintas predominam o Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão, Tinta Miúda, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira, para além da contribuição de castas internacionais como o Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Syrah.

Na região vitícola de Lisboa produzem-se hoje diversos brancos de notável qualidade. No entanto, é de Bucelas, demarcada em 1911, que nos chegam os seus vinhos brancos mais famosos e apreciados.

Elaborados essencialmente a partir da casta Arinto, estes vinhos brancos apresentam uma acidez equilibrada, suaves aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

No que respeita aos tintos, esta região tem vindo a sofrer algumas alterações no seu panorama global. Se Colares e Carcavelos assumem hoje uma elevada importância histórica, outras Denominações de Origem, fruto da enorme reestruturação efectuada nas suas vinhas e adegas, produzem agora vinhos harmoniosos, equilibrados e conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

Photo by Carlos Janeiro | All Rights Reserved – Veja aqui o blog do Carlos

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa. A sua situação geográfica favorece a maturação das uvas, resultando em tintos mais intensos e concentrados.

Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa.

Fruto da modernização e da aposta na qualidade, o perfil dos vinhos tintos Lisboa começou a alterar-se, tendo adquirido mais cor, corpo, equilíbrio, intensidade e complexidade.

E agora convido-os a ver um video sobre a cidade das setes colinas, seus vinhos, história e diversidade.

 


CVR Lisboa | All Rights Reserved

Região Vitivínicola de Lisboa – vinhos de paixão!

Madeira – Relatos de uma prova apaixonante na Henriques & Henriques!

Texto Olga Cardoso

Estive recentemente na ilha da Madeira para participar na 5ª edição do evento Rota das Estrelas, um festival gastronómico internacional de enorme qualidade – veja aqui  (www.rotadasestrelas.com).

Como não poderia deixar de ser, a deslocação à Madeira incluiu também a visita a alguns produtores de vinho daquela ilha. Muitos foram os vinhos provados … e grande parte deles deixaram agradáveis memórias.

Um desses produtores foi a Henriques & Henriques, uma empresa cuja história remonta a 1850 e que, ao contrário do que é habitual na Madeira, possui considerável percentagem de vinhas próprias.

Nesta empresa, hoje pertencente maioritariamente à Porto Cruz, tudo transpira organização, limpeza e cuidado. Aquilo que me deixou mais impressionada, para além dos vinhos naturalmente, foi a sua encantadora tanoaria. Sim, na Madeira os produtores possuem tanoarias próprias tal a sua relevância no processo de vinificação e estágio dos seus vinhos licorosos.

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Tanoaria © Blend All About Wine, Lda.

A prova foi magistralmente dirigida por Humberto Jardim, C.E.O da empresa e grande conhecedor de vinhos Madeira. Por entre diferentes perfis, colheitas e castas, conduziu-nos naquela que foi uma “viagem” através do tempo, do conhecimento e das emoções.

O portefólio deste produtor é bastante grande e poderá ser conhecido através do seu site (www.henriquesehenriques.pt), do qual constam imagens e notas de prova dos diversos vinhos que o compõem.

Neste artigo irei falar apenas de cinco dos vinhos provados, aqueles que mais me impressionaram e emocionaram.

Pois é mesmo assim… os grandes exemplares do Madeira são vinhos que fascinam, que entusiamam e nos deixam perplexos.
São vinhos que passam por vicissitudes enormes ao longo do seu percurso, designadamente por uma maturação a temperaturas muito elevadas, vinhos que sofrem extraordinárias metamorfoses que os transformam em algo verdadeiramente excepcional.

Marcados por uma acidez pungente, resistem ao passar dos anos, décadas e séculos como nenhum outro..

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Vinhas © Blend All About Wine, Lda.

Sercial 1971
Marcado por alguma adstringência que se traduz em aromas e sabores a caules e engaço, este vinho mostra-se brilhante e cristalino. Com evidentes notas de frutos secos e especiarias, apresenta-se complexo, com a secura e a acidez viperina típica da casta. Profundo e vibrante, termina longo e persistente. Memorável Sercial.

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Sercial 1971 © Blend All About Wine, Lda.

Verdelho Solera 1898
Se há exemplos de perfeição, este Madeira será um desses casos! Embora suspeita, atenta a minha paixão por esta casta, a verdade é que este vinho me deixou completamente rendida e fascinada. Tudo é ouro neste vinho. Desde a sua cor de um ouro envelhecido até à sua nobre e brilhante complexidade, tudo reluz, impressiona e subjuga! O nariz liberta aromas a frutos secos, mel e delicadas notas de madeira velha. A boca é intensa, volumosa e tremendamente cremosa. Um vinho de antologia!

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Verdelho Solera 1898 © Blend All About Wine, Lda.

Boal 1957
Com um grau de doçura devidamente alicerçado numa acidez acutilante, este Madeira é outro exemplo de charme e pedigree. Aromas de caramelo, pralinés e metais ferrosos, revela uma enorme diversidade olfativa, num nariz que contudo se apresenta limpo e sedutor. A boca é cheia e redonda. Com um perfeito equilibrio e harmonia, deixa um final interminável de que tão cedo não me irei esquecer. Um dos melhores Boal que alguma vez provei!

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Boal 1957 © Blend All About Wine, Lda.

Terrantez 1954
Proveniente de uma casta muito difícil, que por essa razão corresponde apenas a uma percentagem ínfima dos encepamentos na Madeira, este vinho parece-me até um pouco louco e desmedido. Sendo difícil e rara, esta casta dá lugar a vinhos verdadeiramente únicos e arrebatadores. Este 1954 é talvez uma das suas mais puras manifestações. O nariz é uma bomba de aromas a frutos secos, mel e madeira velha muito suave. Com uma textura e uma estrutura notáveis, revela uma complexidade e um profundidade que fazem dele quase desumano. Se não fosse feito por homens, diria que se tratava de uma criação divina!

Founders Solera 1894
Feito essencialmente de Malvasia, a mais doce das castas nobres do vinho Madeira, este solera possui fortes aromas a passas, casca de laranja, sendo também um pouco especiado. Engrandecido pelo passar dos anos, apresenta hoje uma enorme concentração e complexidade. A cor é escura e intensa e a sua boca de um volume impressionante. Cheio e untuoso, com uma textura extremamente macia, termina bastante longo. Um vinho para se mastigar, um vinho que o tempo soube engrandecer!

Contactos
Henriques & Henriques – Vinhos, S.A.
Sítio de Belém
9300-138
Câmara de Lobos
Madeira – Portugal
Tel: (+351) 291 941 551/2
Fax: (+351) 291 941 590
E-mail: HeH@henriquesehenriques.pt
Site: www.henriquesehenriques.pt

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Prova de Tawnies datados (10,20,30 e 40 anos) e Colheitas (1982, 1969 e 1952)

Texto Olga Cardoso

A Graham’s, marca pertencente à Symington Family Estates, foi fundada em 1820 por W & J Graham e desenvolveu com o passar dos anos uma notável reputação como uma dos maiores produtoras de Vinho do Porto.

Se o vinho é uma forma de arte, os Portos com indicação de idade são seguramente uma das suas mais puras expressões. Da arte do envelhecimento, da arte da tanoaria e da arte da lotação, nascem Tawnies velhos absolutamente arrebatadores. Encontram-se entre os mais desafiantes estilos de Porto e exigem muito de quem os faz e produz. São fruto da perícia e do saber, da paciência e da minúcia, da dedicação e da entrega.

Encontrar o equilibrio correcto entre a elegância e a delicadeza que resultam do prolongado envelhecimento em casco, preservando simultaneamente a frescura e o sabor da fruta, é a missão que se impõe ao enólogo e a combinação que confere a estes vinhos toda a sua estrutura e longevidade. Os Tawnies datados são acima de tudo vinhos únicos e eruditos, que nos desafiam os sentidos e nos estimulam a razão.

Os Porto Colheita, dos quais sou uma fã assumida, são vinhos que exprimem a excelência e a magnitude de um só ano. Neste encontro, foram três os Colheitas provados, 1982, 1969 e 1952. Décadas de evaporação, conferem aos Colheitas mais antigos enorme concentração, até os transformar quase numa essência, originando intensos e profundos aromas a frutos secos e um paladar denso e untuoso, repleto de sabores ricos e complexos.

Portos Colheita são vinhos nobres e requintados, verdadeiros símbolos de prestígio e tradição. No meu caso particular, são vinhos que me entusiasmam, que me emocionam e que me remetem para uma outra dimensão! São vinhos que carregam consigo o peso da História, vinhos que encerram em si mesmos o Sonho dos Homens e que a cada trago nos reforçam o orgulho de ser Português!

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10, 20, 30 & 40 Years Old Tawnies © Blend All About Wine, Lda

 

TAWNY 10 ANOS, Douro

Conta no seu curriculum com duas medalhas de ouros atribuídas pela Decanter World Wine Awards e diversas medalhas de prata conferidas noutros prestigiados concursos. É, de facto, um dos melhores vinhos da sua categoria. Notas caramelizadas, intensas sensações de nozes, tâmaras e figos secos marcam o seu bouquet. Fruta rica e madura, associadas a notórias sensações de mel, proporcionam-lhe um paladar aveludado e um final macio e sedoso.

TAWNY 20 ANOS, Douro

Aroma simultaneamente delicado e intenso, revela a presença de frutos secos, como nozes e avelãs, combinados com notas de casca de laranja, tudo muito afinado e requintado. Na boca mostra-se redondo e concentrado, equilibrado e harmonioso, terminando com um final longo e elegante. Um vinho onde poderemos encontrar tudo o que se espera de um Tawny 20 anos!

TAWNY 30 ANOS, Douro

Complexo e magnífico, apresenta uma camada de frutos secos, casca de laranja, mel e compota de pêssego. A boca é plena, rica e muito limpa. As notas de mel e caramelo fazem-se sentir com alguma evidência, conferindo-lhe uma textura aveludada e intensa. Concentrado e com notável acidez, o seu final é longo e impressionantemente persistente.

TAWNY 40 ANOS, Douro

A sua cor apresenta já uns laivos esverdeados, consequência da elavada idade dos vinhos que lhe deram vida. O seu nariz é intenso, complexo e com marcada profundidade. Caramelo, pralinés, mel e até chocolate fazem-se evidenciar. A boca é densa, volumosa e portentosa. A sua acidez equlibrada e o seu acentuado comprimento, conduzem-no para um final longo e requintado.

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Porto Colheita 1982 & 1952 © Blend All About Wine, Lda

 

PORTO COLHEITA 1982, Douro

A Graham’s celebrou o nascimento do Príncipe George de Cambridge com uma Edição Especial de Vinho do Porto. Um Porto Colheita de excepção, 1982, o ano de nascimento do Duque e da Duquesa de Cambridge. Foi envelhecido durante mais de 30 anos em cascos de carvalho nas Caves 1890 da Graham’s em Vila Nova de Gaia e resultou da selecção de apenas seis cascos, levada a cabo por Charles Symington, principal provador e director de enologia.

Rico em frutos secos, com acentuadas notas caramelizadas e figos secos, revela uma boca aveludada, com taninos sedosos e sensações especiadas. O seu final é doce, longo e deliciosamente persistente.

PORTO COLHEITA 1969, Douro

É um Porto de um engarrafamento especial de apenas seis tonéis da colheita de 1969, produzindo cada um apenas 712 garrafas numeradas. Charles Symington provou cada um dos 21 barris de 1969 que ainda estão em envelhecimento nas caves da Grahams e selecionou as seis por ele consideradas excepcionais.

O seu nariz é uma verdadeira explosão de aromas. Nozes, caramelo, pau de canela, algum verniz e até folha de tabaco, aroma que me fez recordar uma marcante visita a uma fábrica de charutos em Havana. A boca é intensa e sedutora, denotando frutos cristalizados e especiarias exóticas, remetendo-me agora para os meus longos passeios pelas medinas de Tunis e Marrakech. Complexo e concentrado, este Colheita, termina intenso, focado e poderoso

PORTO COLHEITA 1952 – Jubileu de Diamante, Douro

Vinho do Porto de excepcional qualidade, especialmente seleccionado para comemorar o Jubileu de Diamante de Sua Majestade a Rainha Isabel II. Testemunhando seis décadas do reinado da soberana Britânica, este foi o vinho com o qual se fez o brinde real no final do almoço comemorativo. É, por essa razão, um motivo de grande orgulho para a família Symington, que tão sabiamente se decidiu pelo lançamento deste Colheita por associação a tão nobre efeméride.

Com uma extraordinária intensidade aromática, apresenta frutos secos, delicadas tâmaras Marroquinas, raspas de laranja e notas especiadas de noz moscada e cravo-da-índia. A boca é intensa e magestosa, com uma frescura assinalável e uma acidez mordaz. Verdadeiro hino ao equilíbrio e à harmonia estrutural. Para uns um adagio, para outros um allegro vivace, este Colheita é acima de tudo, um vinho ímpar, aristocrático, tremendamente concentrado e complexo. Um Porto grandioso e sibilino, pleno de matizes e nuances, verdadeiro exemplar da excelência vínica que o Douro e o Porto conseguem alcançar.

Contacts
Graham’s Porto
Vila Nova de Gaia
Portugal
Tel: (+351) 223 776 484 / 485
Email: grahams@grahams-port.com
Website: www.grahams-port.com

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Quinta do Pessegueiro – O Douro em busca da Excelência

Texto Olga Cardoso

A minha vontade de conhecer a Quinta do Pessegueiro era grande. Já tinha lido uns quantos apontamentos sobre o tema e até provado duas colheitas mais antigas numa feira da especialidade, mas visitar a propriedade e sentir o pulso ao projecto, seria certamente outra coisa. E realmente foi. Em boa hora decidi fazê-lo!

Gosto de provar os vinhos in loco, gosto de ver os trabalhos na adega, gosto de olhar para as vinhas e gosto sobretudo de falar com quem vinifica e produz os néctares que depois nos chegam ao copo. Um vinho não é apenas um líquido que uma garrafa encerra. É o resultado de sonhos, esforços e de estórias que importa conhecer.

A Quinta do Pessegueiro resulta de uma enorme paixão por vinhos, e em especial pelos vinhos do Douro, do francês Roger Zannier, proprietário de um grupo líder do vestuário infantil. O projecto teve o seu início em 1991, quando foi adquirido o primeiro terreno de uma propriedade que hoje é composta por três Quintas, todas elas situadas na região vitívinicola do Douro.

Roger Zannier têm na família um dos seus valores mais arreigados. Por essa razão, confiou a Marc Monrose, seu genro, a Direcção Geral da Quinta do Pessegueiro. Conhecedor, focado e energético, Morose encarna na perfeição a missão e a visão preconizadas para alavancar e dirigir todo o negócio.

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Adega © Blend All About Wine, Lda

A condução enológica foi atribuída a João Nicolau de Almeida Júnior. Descendente de nomes emblemáticos da enologia Portuguesa e Duriense (neto de Fernando Nicolau de Almeida – o criador do mítico Barca Velha – e filho de João Nicolau de Almeida Sénior – grande “Mestre”da conhecida marca Ramos Pinto), João é não só detentor de elevada formação na área como também carrega nas veias todo o ADN necessário a bem fazer e interpretar – o Vinho!

Para o efeito, dispõe de uma adega moderna, sofisticada e concebida de forma a utilizar a gravidade natural ao longo de todo o processo que transforma a uva em vinho. Não obstante, nada disto retira ao João toda a responsabilidade que transporta às suas costas e que até ao momento está a conseguir conduzir com notável qualidade e reconhecido profissionalismo.

São duas as categorias dos vinhos produzidos pela Quinta do Pessegueiro, divididas entre os do Douro e os do Porto. Tinto e branco DOURO, nos primeiros, e Single Quinta Vintage e Branco Seco, nos segundos. Para além da Quinta do Pessegueiro, Roger Zannier detém também o Château Saint Maur, um AOC Côtes de Provence, França.

Em resultado de tão excitante visita, aqui fica uma pequena apreciação pessoal sobre cada um dos vinhos provados.

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Aluzé & Quinta do Pessegueiro | © Blend All About Wine, Lda

ALUZÉ BRANCO 2012, Douro
O nome provém da expressão a LUZ É… e eu diria que não É – mas sim, FOI! E foi muito bem…
Produzido a partir de vinhas velhas, maioritariamente Cercial e Gouveio, este branco mostra-se fresco e sedutor. Marcado por aromas cítricos e frutas brancas, tem na sua limpeza e mineralidade a tónica essencial. A boca revela uma estrutura média, sustentada por uma boa acidez e um final elegante e com alguma persistência. Um branco a ter em consideração!

ALUZÉ TINTO 2010, Douro
Vinho de entrada de gama deste produtor, resulta de um lote das castas Touriga Nacional (35%), Touriga Franca (30%), Tinta Roriz (15%) e ainda com (20%) de Vinhas Velhas. Revelando a presença forte de frutos do bosque, complementados por especiarias como a pimenta preta e o cravinho, este tinto Duriense é voluptuoso e intenso, mostrando um corpo médio e um final focado e preciso. Foi vinificado em balseiros de madeira e em cubas de aço inox, e estagiou durante 12 meses apenas em grandes balseiros, característica que lhe confere ainda suaves e integradas sensações de madeira. Um vinho convidativo e que apresenta uma excelente aptidão gastronómica.

ALUZÉ TINTO 2011, Douro
Proveniente de um ano de excepção no Douro, este tinto, elaborado da mesma forma e com base nas mesmas castas que o seu antecessor, mostra-se, contudo, mais intenso e concentrado. Com fruta preta e frutos do bosque a marcar forte presença, como ameixas, amoras e cassis, revela ainda um carácter especiado, que para além da clássica pimenta preta, apresenta também certas notas de noz moscada. Na boca revela-se fresco e mais estruturado, com taninos ainda muito presentes e ligeiras sensações de fumo e tosta bem casados, de tal forma que a sua fruta apresenta-se sempre em bom plano. Tudo bem integrado, equilibrado e em harmonia.

QUINTA DO PESSEGUEIRO TINTO 2010, Douro
De cor púrpura e carregada, revelou desde o início um toque mineral e muito fresco. No entanto, nada disto encobriu o seu carácter frutado e mentolado, com predominância das frutas vermelhas. De realçar ainda as suas sensações a erva molhada e alguma esteva. Na boca confirma-se a presença da fruta e a sua inegável mineralidade. Mostra-se fresco, com notável acidez e taninos já bastante finos. A madeira, embora presente, apresenta-se muito bem integrada, o que justifica e incentiva a sua vinificação em lagares e balseiros de madeira, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês e austríaco. Termina directo e persistente, revelando uma apetência especial pela harmonização com pratos de caça.

QUINTA DO PESSEGUEIRO TINTO 2011, Douro
Mantendo o seu carácter mineral e fresco, este tinto mostra-se mais concentrado e com todos os aromas em maior destaque e evidência. Ainda jovem e a requerer algum tempo de espera, o seu carácter frutado impõe-se à partida, pese embora as suas notas mentoladas se façam já sentir. Os seus taninos e a sua acidez bem colocada, permitem-nos augurar-lhe um futuro promissor. A madeira, embora presente, não se sobrepõe a tudo o resto, conferindo-lhe estrutura e permitindo que todo o seu conjunto se arredonde no final. Termina persistente e coloca-nos um sorriso nos lábios. Um Douro tinto de 2011 que faz inteiramente jus à sua raça!

De notar por fim, a louvável relação qualidade/preço dos vinhos aqui provados. Todos eles se situam entre os € 11 (ALUZÉ branco e tintos) e os € 22 (QUINTA DO PESSEGUEIRO).

QUINTA DO PESSEGUEIRO – Um projecto a não perder de vista!

Contactos:
Quinta do Pessegueiro – Sociedade Agrícola e Comercial, Lda
5130-114 Ervedosa do Douro / Portugal
Tel: (+351) 254 422 081
Fax : (+351) 254 422 078
E-mail: quintapessegueiro@zannier.com
Website: www.quintadopessegueiro.com