Posts By : José Silva

Por Terras de Baião

Texto José Silva

Inserida na região demarcada dos vinhos verdes, Baião é uma vila serrana, no cimo da serra da Aboboreira, onde a gastronomia tem ainda grande tradição, a par da excelência de muitos vinhos, entre brancos, rosados e alguns tintos. Em recente visita à região, o nosso poiso foi a beleza natural da Quinta da Covela, respirando aquele ar puro, com muito sossego e vinhos deliciosos.

A quinta está muito bonita, agora com as vinhas cheias de uvas e os laranjais e limoeiros carregados de frutos, apesar de ser já verão adiantado, com laranjas doces e saborosas e limões sumarentos e aromáticos.

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Laranjeiras – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ao lado da quinta, um bosque frondoso é protecção natural para uma produção em modo biológico com óptimos resultados. Passear pela quinta é fascinante e ao mesmo tempo retemperante, com todo aquele sossego à nossa disposição e uma grande diversidade de plantas, a começar nas vinhas e nos laranjais, mas também um enorme cerejal, vários outros tipos de árvores de fruta e muitas outras plantas e árvores frondosas que constituem uma moldura natural para a beleza da quinta.

A casa principal, em rude granito envolvida por trepadeiras e outros arbustos que lhe dão um ar confortável e acolhedor, está muito bem situada e tem duas esplanadas espaçosas, com exposições diferentes, utilizadas para apreciar muitas das refeições que ali se servem ao logo do ano. Em frente à casa, uma pequena adega, onde estagiam grande parte dos vinhos que ali se produzem.

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Casa Principal – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mais abaixo, uma simpática piscina sabe bem para nos refrescarmos nos dias de calor intenso durante o verão.

Os vinhos da Covela têm vindo a afirmar-se não só na região mas em todo o país, até porque são vinhos muito gastronómicos, a fazer óptimas ligações com vários tipos de comida portuguesa, e mesmo com comidas de outras terras, de que se destacam as comidas chinesa, japonesa, tailandesa e indiana. São vinhos com boa estrutura, muito frescos e com belíssima acidez, a que se juntam aromas florais, em alguns casos, e frutados, noutros, em conjuntos cheios de elegância e harmonia.

O Covela Edição Nacional Arinto 2013 é uma boa novidade. Um vinho muito fresco, cheio de mineralidade na boca, seco, com óptima acidez, jovem e elegante. O Covela Edição Nacional Avesso 2013 continua em grande nível, num ano de grandes vinhos brancos, com notas citrinas intensas, ligeiramente mineral, acidez equilibrada mas bem presente, muito elegante.

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Quinta da Covela – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Covela Rosé é impressionante, ao mesmo tempo elegante e complexo, com notas de frutos vermelhos e algumas fragrâncias florais, óptima acidez e ligeira mineralidade, um vinho gastronómico com grande final de boca.

Finalmente o Covela Escolha, um branco cheio de corpo e estrutura, elegante e suavemente floral, óptima acidez, alguma fruta de polpa branca, ligeiramente mineral, com grande final de boca. Um vinho para durar muitos anos.

[Veja o nosso artigo anterior sobre a Quinta da Covela.]

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Mesas Restaurante Tormes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

À noite, a opção foi jantar ali bem perto, num espaço novo inserido num ambiente tradicional cheio de história: o novo Restaurante “Tormes”, no complexo da Fundação Eça de Queiróz, propriedade que pertenceu ao célebre escritor português e onde repousa muito do seu espólio. Pois ali funciona agora um simpático restaurante, aproveitando instalações com belas paredes em granito e tecto de madeira. Existe uma sala de maiores dimensões para serviços, muito bem apetrechada. No restaurante as mesas são muito bem-postas e até há um belo piano que pertenceu ao escritor.

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Melão com Presunto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ele fez inúmeras referências nos seus romances a muitos pratos que apreciava, ou que, pelo menos, os seus personagens apreciavam. E neste restaurante, que tem um óptimo serviço de mesa, a ementa tenta reproduzir muitas das receitas que Eça relatava nos seus livros. Vem à mesa pão, broa de milho e melão com presunto como primeira entrada. Não faltam os peixinhos da horta, uns deliciosos cogumelos salteados, carnudos e saborosos e umas fantásticas febrinhas de porco de vinha d’alho.

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Lulas Fricassé – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como primeiro prato apreciou-se as lulas de fricassé, neste caso acompanhadas com batatas salteadas com a casca e sobre tosta de pão regional com alho, azeite, sal e uma salada verde. Depois veio a perdiz à convento de Alcântara, um clássico queirosiano, bem corada, com muita cenoura e batatinha aloirada, deliciosa. Terminou-se com uma sobremesa mista com ananás, trouxas-de-ovos e leite-creme. Puxado!

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Regional Minho Wine 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Durante o repasto apreciaram-se dois vinhos brancos da própria Fundação, primeiro um Vinho Regional Minho Colheita 2013, simples mas agradável, fresco, com óptima acidez e alguma fruta no nariz; depois um verde Tormes Escolha, muito bem apresentado, mais encorpado, ainda com bastante frescura e boa acidez, seco, complexo, um vinho elegante. Ambos acompanharam muito bem a refeição, num “cheek to cheek” bem interessante.

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Tormes Escolha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

De regresso à Covela, para a última noite na companhia daquele silêncio penetrante que faz bem ao corpo, relembramos Eça de Queiróz e compreendemos porque ele tanto apreciava esta região, quando, em carta dirigida a sua mulher, aquando da sua primeira visita a Tormes, em Maio de 1892, dizia assim: “A quinta…é excelente…e tão fértil que quase não necessita de adubos…É toda em socalcos…O monte desce até ao Douro…O que sobe e o que desce é tudo admirável de vegetação, de verdura, de águas, de sombras, de belas vistas…”
Até um dia destes, Baião…

Contactos
Quinta de Covela
William Smith & Lima Lda.
S. Tomé de Covelas
4640-211 BAIÃO
Tel: (+351) 254 886 298
E-Mail: info@covela.pt
Site: www.covela.pt

Fundação Eça de Queiróz
Restaurante Tormes
Caminho de Jacinto, 3110
Quinta de Tormes – Baião
4640-424 Santa Cruz do Douro
Tel: (+351) 254 882 120
Fax: (+351) 254 885 205
E-mail: info@feq.pt
Site: www.feq.pt

“Taste in Adegas”, Os Vinhos do Pico

Texto José Silva

É uma ilha encantadora, uma das nove ilhas que constituem o arquipélago dos Açores. De origem vulcânica, por todo o lado se vêm aquelas pedras castanhas e cinzentas, a revelar a sua origem nas erupções que ali aconteceram há muitas centenas de milhares de anos. Essas pedras são usadas para muitos fins, incluindo a construção de casas, e para aqueles muros baixinhos que moldam uma grande parte da paisagem da ilha. E que se destinam a cultivar a figueira e a vinha. Assim, os pequenos muretes protegem as plantas do vento forte e por vezes salgado e concentram o calor durante o dia, o que à noite mantém uma temperatura constante nas plantas.

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Muretes © Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Estas formações, únicas e de grande beleza paisagística, fruto do trabalho humano, chamadas currais ou curraletas, foram, em 2004, classificadas património da humanidade. E são, a par da observação das baleias, dos vinhos do Pico e da excelente comida local, um conjunto de atractivos que cada vez levam mais gente à ilha. E que tem ainda como cabeça de cartaz o imponente monte do Pico, um antigo vulcão com 2.350 metros de altitude, a serra mais alta de Portugal.

Os vinhos do Pico, esses, estão cada vez melhor, hoje recorrendo também a modernas tecnologias e a melhor trabalho nas vinhas, mas mantendo a sua grande tipicidade, utilizando as várias castas da região. Sobretudo os brancos, cheios de frescura e mineralidade a par duma acidez notável, mas também alguns tintos que já se revelam bem interessantes. E os licorosos, com grande tradição no Pico, hoje mais polidos e modernos, muito bons.

Mas no Pico há uma grande tradição, que agora também se abre ao público em geral e aos turistas em particular, que é a visita às pequenas adegas. Ali, os proprietários têm por costume receber amigos e convidados para provar os vinhos e apreciar petiscos tradicionais, sobretudo o saboroso caldo de peixe, que é na realidade uma caldeirada de peixe, mas sem batata, que é servida cozida, à parte. Alguns tipos de peixe são cozidos com vários temperos, parte do caldo vai ensopar fatias grossa de pão e, à parte, são servidas batatas cozidas e o molho de vilão tradicional.

Depois, em pequenas tigelinhas, é servido o caldo de peixe, bem quente. Na sobremesa aprecia-se queijo da ilha e rosquilha, um tipo de regueifa mas levemente adocicada, ainda na companhia do caldo.

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Molho de Vilão © Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Hoje, muitos desses produtores recebem nas suas pequenas adegas os visitantes, por um preço adequado, mostrando a beleza das construções, a maior parte das quais ainda sem electricidade. E dão a provar os seus vinhos e os seus petiscos. Uma vez por ano, com o apoio do governo regional, tem lugar o “Taste in Adegas”, organizado pela Adeliaçor, em parceria com a Escola de Formação Turística e Hoteleira de S. Miguel, cujo objectivo é esse mesmo, mostrar essas pequenas adegas e deixar que os turistas usufruam duma tradição que não se pode perder.

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“Taste in Adegas” © Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os vinhos do Pico têm vindo a melhorar de ano para ano, apresentando vinhos brancos de grande nível, em que a frescura e a acidez se destacam, cheios de elegância mas com personalidade e características particulares de cada um. E mesmo marcas menos conhecidas como “Curraleta”, “Buraca” ou “Cancela do Porco” se revelaram magníficos e acima de tudo bastante gastronómicos, fazendo óptima companhia quer aos pratos mais tradicionais da ilha, como as lapas grelhadas, o polvo guisado, a excelência do atum grelhado, o caldo de peixe das adegas, o bife à portuguesa e a costeleta duma carne de vaca irrepreensivel e, claro, o ananás açoreano, único no mundo, mas também a pratos mais elaborados a partir de produtos regionais como um tártaro de veja e sopa de beterraba fria ou lírio em crosta pecan e ragout de cogumelos.

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Curraleta | Buraca | Cancela do Porco © Fotos de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os licorosos do Pico, “Lajido” e “Csar”, continuam em grande nível, a que agora se junta um belíssimo “Curral Atlantis”, vinhos cheios de elegância, aromas cítricos suaves e bem integrados, notas de mel e aquela acidez vibrante que os torna apetecíveis e que liga muito bem com vários tipos de sobremesa e mesmo com a excelência do ananás açoreano.

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Lajido | Czar | Curral Atlantis © Fotos de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foi uma visita em que descobrimos a nova realidade da ilha do Pico e dos Açores em geral, com um turismo moderno em busca de locais paradisíacos com paisagens arrebatadoras e um mar fabuloso e rico, num destino com grande qualidade ecológica graças a um belo trabalho de preservação do património e valores culturais. De que a produção de vinho é uma das partes mais importantes, reconhecida internacionalmente.
Para o ano lá esperamos voltar.

Contactos
Rua do Pasteleiro s/n
Angústias
9900-069 Horta
Tel: 292 200 360
Telemóvel: 913 397 808
Email: adeliacor@sapo.pt
Site: www.adeliacor.org

Uma Tarde em Camarate com Domingos Soares Franco

Texto José Silva

Domingos Soares Franco dispensa apresentações no mundo do vinho. Pertence à família proprietária da empresa José Maria da Fonseca , onde é também o responsável da enologia, mas é acima de tudo um apaixonado do vinho e um pesquisador, sempre insatisfeito, sempre a tentar fazer melhor e a tentar fazer coisas diferentes.

O seu trabalho é certamente uma das grandes razões do sucesso dum dos maiores produtores de vinho portugueses. Mas é também uma pessoa divertida que gosta de se relacionar com muita gente, e de apreciar as coisas boas da vida. Todos os anos, em Junho, Domingo Soares Franco convida um pequeno grupo de jornalistas que também são seus amigos para um almoço absolutamente informal na sua casa de Camarate, onde a primeira regra é que cada um leve uma garrafa de vinho, às quais Domingos Soares Franco junta meia dúzia de garrafas da casa.

A segunda regra é que não há regras: provam-se os vinhos (que entretanto foram colocados em várias champanheiras com gelo para estarem à temperatura adequada), trocam-se opiniões, fazem-se comparações, recordam-se outras provas, outros vinhos, outros estilos. Com todos os convidados já presentes, a que se juntaram a mulher e o filho de Domingos Soares Franco e o seu sobrinho António, sentamo-nos à mesa, para uma refeição simples mas completa.

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Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Antes já se tinham petiscado uns frutos secos, umas tostas, pão e um queijo de Azeitão, curado, seco, que a mulher de Domingos Soares Franco não queria que ele colocasse na mesa, tal era o mau aspecto!

Mas Domingos, conhecedor quer do produto quer do gosto dos seus convidados, nem hesitou em colocá-lo na mesa. E o queijo lá desapareceu num ápice! Já se tinham provado os espumantes Terras do Demo Malvasia Fina e Terras do Demo Touriga Nacional, o alvarinho Nostalgia de 2013 e o II Terroirs do mesmo ano, e um branco do Dão da Quinta dos Carvalhais, que estiveram muito bem, cheios de vivacidade e frescura, a desaparecerem rapidamente.

E veio a primeira surpresa de Domingos Soares Franco, uma comparação entre dois brancos da casa, com alguns anos de garrafa, que é assim que o enólogo os quer: o Pasmados Branco 2009 que está cheio de estrutura e complexidade, com uma bela acidez e a madeira muito bem integrada, que foi comparado com o seu “avô” Pasmados de…1963, uma coisa muito séria, evoluído, sedoso, seco, brilhante! A dar muito boas indicações para a possibilidade de envelhecimento destes vinhos.

Ainda passaram pela mesa o Casal Santa Maria Pinot Noir 2011, o Mapa 2010, o Casa da Pasarela O Enólogo 2010 e o Painel 2001, todos em muito boas condições, a dar-nos muito prazer a beber.

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Batuta 05 | Pasmados – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Voltando à mesa de almoço, foram servidos uns camarões grandes com maionese, alface e espargos, muito saborosos. E continuamos a nossa prova de vinhos, agora na companhia de óptima comida. Até havia um Ribeira del Duero 2003, um Mythos 2005 e um Batuta 2005, ainda em muito bom nível, com aquele toque dos tintos já com alguns anos e ainda a subir.

Aos camarões seguiu-se um prato com grande tradição na casa, uma sopa suculenta de ervilhas com chouriço e ovo escalfado, que fomos repetindo enquanto aguentamos, sempre na companhia daqueles vinhos fantásticos. Embora todos eles já tivessem sido provados nesta altura da refeição, voltaram aos copos os Romeira 1987, Bairrada Vinus Vitae 1987 e Quinta das Cerejeiras 1995, cheios de saúde, equilibrados, elegantes.

E veio então a segunda surpresa de Domingos Soares Franco, um tinto Colares de 1969, um clássico, aquela elegância no nariz, sedoso na boca, a dar prazer até à última gota. E uma relíquia dos vinhos portugueses, o José de Sousa Rosado Fernandes de 1940, um vinho absolutamente extraordinário, de que Domingos Soares Franco teve a ousadia de abrir duas garrafinhas! Difícil de descrever, absolutamente fantástico! Já não o provava há alguns anos, meu Deus, como continua exuberante, perfeito!!!

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Trilogia – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Chegada a ocasião das sobremesas, que foram colocadas no balcão – e das quais fazia parte obrigatória a verdadeira torta de Azeitão – vieram os licorosos, que em Azeitão são os moscatéis e também um vintage de 2000 da Ramos Pinto.

Passaram pelos copos o Alambre 20 anos (veja aqui um artigo Blend sobre este vinho), sempre seguro, muito agradável, e um delicioso Bastardinho 30 anos, cheio de elegância, uma acidez incrível, fresco, sedoso mas com uma bela estrutura, um grande vinho. E cantaram-se os parabéns, pois o filho de Domingos fazia anos.

Mas Domingos Soares Franco preparava a última surpresa da tarde: uma garrafa de Trilogia, um vinho exotérico, incrível, soberbo. Um vinho de contemplação! Depois disto, ficamos arrumados, a vociferar impropérios a Domingos e a lembrarmo-nos do patinho feio dos desenhos animados quando dizia: “It’s an injustice, it is!!!”

O sorriso aberto e franco de Domingos Soares Franco acompanhou-nos até casa, com satisfação.

Até para o ano Domingos, em Camarate…

Contactos
José Maria da Fonseca, S.A.
Quinta da Bassaqueira, Estrada Nacional 10
2925-542, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, Portugal
Tel: 351 212 197 500
info@jmf.pt
www.jmf.pt

L´And Vineyards, um hotel dedicado ao culto do vinho…

Texto José Silva

Está situado muito perto de Montemor-o-Novo, em pleno Alentejo, este hotel que é muito mais que isso. Banhado pela paisagem alentejana característica, beneficiando daquela quietude, daquele sossego, é uma unidade hoteleira muito moderna e que desenvolve, há cerca de três anos, um novo conceito, em que a produção de vinho faz parte integrante de todo o complexo.

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L’And Vineyards Resort – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No edifício central estão os serviços que o L’And oferece: restaurante, salas de estar e um spa que inclui uma piscina, havendo ainda uma simpática piscina exterior. E, por baixo deste edifício está, imagine-se, a adega. Mas uma adega de pequenas dimensões, com cubas de aço inox muito pequenas, uma versão liliputiana das adegas alentejanas, sendo o responsável pela produção dos vinhos o engº. Paulo Laureano, um enólogo com enorme experiência, que aceitou este desafio.

Cá fora, em frente ao edifício, estão as vinhas, mas também há vinhas mesmo ao lado da piscina, entre esta e as primeiras suites do hotel. São construções apenas de dois pisos, como aliás são todas as outras, numa integração ambiental que também foi desde o começo uma das grandes preocupações dos proprietários. Um lago artificial serve apenas para reter a água necessária para regar os imensos relvados e, a seu tempo, as vinhas.

Embora os automóveis possam aparcar junto aos apartamentos, o pessoal do hotel desloca-se em veículos eléctricos por todo o complexo. Não há ali os tradicionais quartos de hotel, mas sim suites de pelo menos dois quartos, com salas de estar enormes, cheias de luz e muito bem equipadas, com mini-bar, máquina de café Nexpresso, televisão com todos os canais possíveis, vídeo e suporte para Ipod e Iphone, ar condicionado e um pátio interior absolutamente privado.

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Vinhas L’And Vineyards – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Não faltam uns confortáveis chapéus de palha, que se podem revelar muito úteis, diria mesmo fundamentais, para enfrentar o vigor do sol alentejano. Cá fora, em cada suite, há uma lareira que pode ser acesa para se estar cá fora, à noite. Há também algumas vivendas que foram vendidas a privados, mas que fazem parte de todo o complexo, beneficiando mesmo de alguns dos seus serviços. É um local para descansar e fazer belas caminhadas a pé, mas que não deixa de estar bem perto de Montemor-o-Novo, com todas as necessidades mesmo à mão. No spa, bem como em todas as suites, usam-se os produtos de beleza da Caudalie, preparados à base de uvas e de vinho, sendo propostas no spa várias aplicações, massagens e tratamentos de vinoterapia, de belo efeito.

Mas como o corpo também tem que ser bem tratado interiormente, há um excelente restaurante, onde todos os dias é servido um completíssimo pequeno almoço. Embora esteja encerrado à segunda e terça-feiras, o restaurante tem um serviço impecável, com amesendação de grande qualidade e profissionais que não descuram o mais pequeno pormenor, e que inclui o serviço dum escanção, a propor-nos viagens apelativas pelo nosso mundo vínico. E que servem de suporte a uma ementa preparada diariamente pela equipa de profissionais dirigida pelo chefe Miguel Laffan que, com a sua experiência e bom gosto, lhe valeu em 2013 a atribuição duma estrela do prestigiado guia Michelin, aliás inteiramente merecida.

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Restaurante L’And Vineyards – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

É a busca de paladares e texturas suaves e requintadas em que a utilização exaustiva de produtos genuinamente portugueses é uma constante, com resultados brilhantes, que ali têm levado imensos visitantes, com uma percentagem enorme de portugueses, que cada vez mais dão valor aos nossos produtos, aos nossos vinhos e aos nossos profissionais.

O menu degustação que se provou é uma boa solução, para apreciar entradas, peixe, carne e sobremesa, a que se podem juntar vários vinhos servidos a copo.

Começamos por petiscar umas amêndoas caramelizadas com caril, até que veio uma deliciosa sopa de peixe da costa vicentina, lagostim assado e croquete cremoso de ostra, seguido de tataki de atum em mil folhas, compota de cebola roxa e chutney de manga com salada de rábano, coentros, bergamota e wasabe. Também um delicioso salmonete em caldo de caldeirada com salada crocante.

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Tataki de Atum em Mil Folhas – Foto de José Silva | Todos os direitos Reservados

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Salmonete em Caldo – Foto de José Silva | Todos os direitos Reservados

Veio depois a carne com o lombinho de porco de raça alentejana assado lentamente, gratin de couve-flor texturizado com salteado de espargos, ervilha e morcela regional, uma festa para o paladar.

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Duo de cenoura, terra de pistacho com espuma de açafrão e gengibre e gelado de mel – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nas sobremesas provou-se o tiramisu de pistacho com chocolate branco e cerejas confitadas, gelado de café e crocante de chocolate tainori, para terminarmos com um duo de cenoura sobre terra de pistacho com espuma de açafrão e gengibre e gelado de mel.

Os vinhos propostos foram espumante bruto da Herdade do Esporão, muito elegante, suave mas com bolha persistente e cordão cremoso, o branco duas castas do mesmo produtor, com Roupeiro e Arinto, de 2012, fresco, muito elegante, com óptima acidez e alguma evolução, excelente vinho.

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L´And Vineyards Reserva 2010 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Grandjó de 2008 Late Harvest – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois veio o tinto L’And Vineyards Reserva 2010, cheio de estrutura, redondo, de aromas muito elegantes, aveludado mas com a força dos frutos vermelhos e taninos bem casados, um vinho a reter.

Para as sobremesas o escanção propôs um vinho do Porto Rozès White Reserva e um Grandjó de 2008 Late Harvest, e propôs muito bem.

Servidos na temperatura correcta em copos adequados, foram o epílogo de excelência para uma refeição magnífica neste L’And Vineyards.

Contactos
L’And Vineyards
Estrada Nacional 4
Herdade das Valadas
Apartado 122
7050-031 Montemor-o-Novo
Évora
Tel: (+351) 266 242 400
Fax: (+351) 266 242 401
E-mail: reservas@l-and.com or info@l-and.com
Site: l-andvineyards.com

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Na ilha do Faial, Açores, surge um novo restaurante…

Texto José Silva

O arquipélago dos Açores tem vindo a ser reconhecido em todo o mundo como um destino fantástico, quer por causa das suas paisagens, quer pela defesa ambiental e ecológica. São nove ilhas no meio do oceano Atlântico norte, onde o verde predomina, com um mar protegido onde abundam espécies de peixe fora do vulgar.

É uma das maiores reservas de atum do mundo, a par de outras espécies, como o cherne e o goraz. Mas também ali abundam dois mamíferos que proporcionam espectáculos deliciosos e divertidos: os golfinhos e as baleias.

É mesmo o único local no mundo onde se podem ver todas as espécies de baleias conhecidas. Mais recentemente, entre as ilhas do Pico e de S. Jorge, a moda é mergulhar com os tubarões, que também são abundantes.

As vinhas tradicionais da ilha do Pico são património da humanidade.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E há óptimos produtos em todas as ilhas, sobretudo peixe, algum marisco, uma excelente carne de vaca e muita variedade de queijos, além de frutos deliciosos, sendo o ananás de S. Miguel o mais famoso.

Os Açores são o único local na Europa onde se planta chá, na ilha de S. Miguel. A restauração das ilhas tem vindo a evoluir muito, beneficiando da qualidade destes produtos, sobretudo do peixe e da sua enorme variedade, e os vinhos tranquilos começam a ser presença constante nos restaurantes das ilhas.

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Sr. Genuíno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A ilha do Faial, bem conhecida por ter tido o último vulcão em actividade, em 1957, o vulcão dos Capelinhos, e o célebre Café Peter´s, tem também um cidadão que deu duas vezes a volta ao mundo no seu barco “Hemingway”, sozinho. É o sr. Genuíno, homem do mar e do peixe, dizem que um dos melhores conhecedores de peixe nos Açores, que trouxe dessas epopeias milhares de recordações e que acabou por casar no Brasil.

Agora mais calmo, resolveu abrir o seu próprio restaurante, na sua ilha natal, o Faial. Escolheu um local fantástico, a pequena baía da praia de Porto Pim. Um arquitecto amigo desenhou o projecto e surgiu, de raiz, um local onde se pretende divulgar o marisco e peixe dos Açores, através de algumas receitas tradicionais, mas também com alguma inovação, descobrir novas ligações, fazer novas propostas.

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Restaurante Genuíno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

São duas salas, uma em baixo e outra no primeiro piso, decoradas com simplicidade, em tons muito claros, mesas bem postas, ambiente descontraído com janelas enormes a deixar ver uma paisagem muito bonita, da praia de Porto Pim. A tranquilidade está por todo o lado. Neste “Genuíno” só se  serve peixe fresco e algum marisco, numa ementa apelativa e moderna.

Pão saboroso, queijo, requeijão e pimenta da terra para começar. Há duas sopas possíveis, Hemingway e creme de legumes. Como entradas um saboroso camarão à Genuíno, salada de atum fresco, salada de polvo muito bem temperada e palitos de peixe-espada à Cabo Horn.

Pegando em peixes das ilhas propõem-se nomes de locais que o sr. Genuíno visitou nas suas viagens, alguns deles mesmo incluindo preparação e temperos dessa regiões longínquas: filetes de peixe-espada com arroz do mesmo, atum no forno à Rapa Nui, escabeche quente de peixe à Polinésia, genuinamente arroz de peixe, arroz de polvo da costa (ao jantar).

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Ilha do Faial – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na grelha do Pico passam cherne do Guernica, peixe-espada com banana da ilha, atum timorense, goraz a meio canal e pargo à Vanuatu.

Há menu infantil e menu vegetariano e também fazem take away. Para terminar, sobremesa do “Genuíno”, pudim de chá da Gorreana, salada de fruta, pudim de inhame, ananás e prato de queijo. Os vinhos açoreanos, sobretudo do Pico e de S. Miguel estão bem presentes, assim como o Lajido e o Ksar, ambos do Pico e muito especiais.

O restaurante está sempre aberto, podendo comer-se a qualquer hora do dia, todos os dias.

Ali em frente, aquele mar fantástico contínua tranquilo…

 

Contactos
Restaurant Genuíno
Areinha Velha, 9 Horta
9900-067 Ilha do Faial, Açores
Tel: (+351) 292 701 542
Email: genuino@genuinomadruga.com

Ideal Drinks – Belcanto

Texto José Silva

A Ideal Drinks é uma empresa que já nos habituou a um nível de qualidade superior, com uma imagem cuidada, uma comunicação moderna e eficaz, que gosta de juntar a tudo isto o factor surpresa, que é também uma prova da dinâmica que põe em tudo o que faz. E o que faz acima de tudo são vinhos extraordinários!

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Vinhos – Foto de Blend All About Wine | Todos os Direitos Reservados

Foi assim que rumamos a Lisboa, mais propriamente ao Chiado, onde a equipa chefiada pelo Engº. Carlos Lucas apresentou algumas novidades, desta vez no mais recente espaço do chefe José Avilez, a que chamou “Mini Bar”, ali mesmo na rua António Maria Cardoso, bem no centro do Chiado. É um bar em estilo inglês onde se apreciam bebidas muito variadas e se comem petiscos com a marca do chefe José Avilez.

Foi ali mesmo que foram apresentados os três novos vinhos da Ideal Drinks: o branco Colinas 2009, um bairradino cheio de elegância, com um nariz fantástico, sedoso, cheio e sedutor, e uma boca cremosa, com belo volume, quase fumada, muito boa acidez, aveludada e fina.

O primeiro tinto foi o Principal Reserva de 2010, um tinto internacional sempre muito bem feito, com Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Merlot, nariz intenso e ao mesmo tempo elegante, com boa fruta madura, boca cheia de estrutura, com alguma intensidade, acidez equilibrada, taninos finos e bem integrados e um final longo e persistente.

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Vinhos – Foto de Blend All About Wine | Todos os Direitos Reservados

Finalmente a novidade da noite, uma estreia mundial, o Quinta da Curia de 2010, um tinto extraordinário feito com uvas de uma única vinha situada na Curia, com Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah. Um tinto com aromas de frutos vermelhos bem maduros, algum floral, ligeiramente mentolado, muito fino e elegante, e uma boca cheia de intensidade, sedoso, notas de fumo, de frutos vermelhos, óptima acidez e muita frescura num vinho com volume, gordo, um tinto com raça.

São vinhos relativamente caros mas cujo publico alvo está em países com maior poder de compra e com clientelas apreciadoras de coisas diferentes. Ao mesmo tempo que o Engº. Lucas fazia a apresentação destes novos vinhos, o chefe José Avilez foi servindo pequenos petiscos com a sua assinatura: caipirinha em forma de uma esfera gelada que rebenta na boca e espalha os paladares da caipirinha, as azeitonas explosivas que se esmagam contra o céu da boca e a invadem com paladares de azeitona, e o Ferrero Rocher, que parece isso mesmo mas na verdade é uma esfera de foie gras divinal, ou umas gambas do Algarve quase cruas em ceviche, servidas em cima duma lima cortada a meio, seguindo-se um corneto temaki de tártaro de atum com soja picante e umas vieiras salteadas com sabores Thai.

Mas era tempo do jantar, e saímos deste bar para fazer, a pé, o pequeno trajecto que o separa do restaurante Belcanto, onde foi servida a refeição completa. Uma casa de bem comer que está muito bem decorada, onde a madeira é a nota omnipresente, com duas salas separadas por pequeno corredor que nos obriga a apreciar a cozinha aberta, onde a equipa do chefe Avilez se aprimora para que nada falhe. E nunca falha!

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Colinas Bruto Rosé 2009 – Foto de Blend All About Wine | Todos os Direitos Reservados

Mesas muito bem aparelhadas, com requinte, e serviço profissional, impecável, bem dirigido, simpático, sempre presente, como deve ser. Depois das boas vindas do chefe, a refeição começou, com o espumante Colinas Bruto Rosé 2009 a ser servido na temperatura certa, cheio de elegância e requinte, ao mesmo tempo que era servido um pão de azeitona delicioso e três manteigas em esfera, óptimas: manteiga tradicional dos Açores, manteiga fumada e manteiga de nozes.

O Principal Rosé 2010 já estava servido quando veio o torricado de cavala fumada em escabeche, numa mescla de aromas e paladares deliciosa, o fumado do peixe a ligar muito bem com o avinagrado do escabeche, e a ligar na perfeição com o vinho, uma boa escolha.

E já estava no copo o branco Eminência Loureiro 2010, um vinho desta casa já bem conhecido, quando veio para a mesa o cozido à portuguesa, uma “provocação” do chefe, um falso cozido preparado com legumes bébé, onde se destacava o paladar do nabo e um pouco de toucinho gordo, a dar textura e paladar intenso ao conjunto.

Começaram aqui a ser servidos os tintos, em primeiro o Principal Reserva de 2010, que já tínhamos provado e que esteve muito bem com o prato. Seguiu-se outro prato, pataniscas de bacalhau, tomatada e samos de coentrada, um conjunto complexo mas muito bem conseguido, as pataniscas a revelarem ser uns deliciosos filetes de bacalhau, fofos e apaladados, a tomatada a ligar bem com a estrutura gelatinosa dos samos, muitíssimo bom. O Quinta da Curia 2010 foi um óptimo companheiro do leitão, com a sua estrutura, mas acima de tudo a sua acidez, perfeito.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O leitão revisitado estava delicioso, na companhia dum puré fino de laranja, um taco de folhas de alface e um pequeno saquinho que parecia de plástico mas era para comer, com sabores citrinos e umas pequenas batatas fritas às rodelas, saborosas e crocantes. O naco de leitão, baixinho, de pele estaladiça, estava muito bem temperado, lembrava bem a sua versão bairradina tradicional.

Terminou-se com uma sobremesa ao jeito do chefe Avilez, um conjunto elegante de citrinos e doce de ovos, numa paleta de cores deliciosa, que se manifestava intensamente na boca. Muito bom! Que acompanhou com o último vinho da noite, o espumante Colinas Brut Reserva de 2010, sedoso, intenso, cremoso na boca, com óptima acidez, seco e muito elegante.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Grande refeição, em muito boa companhia, num restaurante de eleição. Não admira que possua uma estrela do prestigiado “Guia Michelin”.

Lá fora, a noite estava amena, a convidar a um passeio pela cidade de Lisboa.

Contactos:
Ideal Drinks, S.A.
Quinta do Seminário, Casais
P-3045-161 Coimbra
Phone: +351 231 528 312
Email: geral@idealdrinks.com
Site: www.idealdrinks.com

Belcanto
Largo de São Carlos, 10
1200-410 Lisboa
Phone: +351 213 420 607
Site: belcanto.pt

 

Festa do Vinho na Quinta da Boeira

Texto José Silva

Embora com um atraso considerável, pois já deveria estar pronta há cerca de um ano, foi finalmente inaugurada aquela que é considerada a maior garrafa de vinho do mundo. Foi construída em fibra de vidro, nos jardins da Quinta da Boeira, em Vila Nova de Gaia, tem 32 metros de comprimento e 9,5 metros de diâmetro e uma capacidade para albergar cerca de 150 pessoas. Está inserida num evento a que se chamou “Portugal In A Bottle”, que vai decorrer até 27 de Setembro de 2014.

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“Portugal in a bottle” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Dentro desta garrafa, que pretende ser um museu vivo de homenagem ao vinho português, percorre-se o país vinícola através dum filme 3D e da promoção e comercialização de vinhos, gastronomia e artesanato que vai atrair um público interessado, entre nacionais e estrangeiros. E mesmo dentro da garrafa gigante vão decorrer provas de vinhos das várias regiões.

O “Parque Natural da Quinta a Boeira-Arte e Cultura” é o resultado da recuperação duma antiga quinta de que fazia parte um velho armazém de vinho do Porto, agora adaptado a outras funções. O espaço é dominado pela enorme mansão senhorial, erguida no meio dum jardim fantástico, rodeado de enorme muro, a dar-lhe uma privacidade muito própria. Um local tranquilo de rara beleza, com um pequeno lago e arvoredo luxuriante, para passar momentos de lazer, com um restaurante a funcionar todos os dias e uma zona para serviços maiores, usufruindo sempre de todo o complexo turístico, que inclui um parque de estacionamento.

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Quinta da Boeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pois foi neste espaço fantástico que decorreu, entre os dias 30 de Maio e 1 de Junho, o “Portugal Wine Trophy – Portugal Grand Gold”, uma organização da Deutche Wein Market. É um concurso mundial que tem em Berlim, na Alemanha, duas edições anuais e que passa também por Seul, na Coreia do Sul, onde se realiza o “Asia Wine Trophy”.

Agora veio a Portugal, trazido pela mão da administração da Quinta da Boeira. Este prestigiado concurso tem o patrocínio do OIV e do UIOE, conhecidas pelo rigor que colocam no contrôle deste tipo de eventos. Neste primeiro “Portugal Wine Trophy” estiveram 60 jurados, 40% dos quais portugueses, que provaram 1.012 vinhos de todo o mundo e cujos resultados serão conhecidos mais tarde.

Os júris estrangeiros foram recebidos em Vila Nova de Gaia com a habitual hospitalidade portuguesa, visitaram as caves de vinho do Porto e alguns produtores de vinho. E puderam apreciar o enorme movimento de turistas nas cidades do Porto e Gaia, em divertidos momentos de lazer, em que não faltou a gastronomia tradicional do norte do país.

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Armazém Quinta da Boeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As provas decorreram no velho armazém de vinho do Porto da Quinta da Boeira, que oferece condições fantásticas de tranquilidade e temperatura para este tipo de provas, apoiado por profissionais competentes que estiveram à altura, quer na abertura e tratamento das garrafas – as temperaturas adequadas são fundamentais – quer no serviço dos vinhos aos júris, onde o timing é precioso. Provaram-se vinhos de todo o mundo, incluindo Portugal e foram atribuídas muitas medalhas de prata e de ouro e algumas na qualidade de grande ouro, o que revelou o nível dos vinhos em concurso.

O balanço, a julgar pelas opiniões gerais dos convidados estrangeiros e dos responsáveis alemães da organização, foi muito positivo, e tudo indica que para o próximo ano a Quinta da Boeira poderá receber novamente este prestigiado concurso, provavelmente ainda com maior número de vinhos em prova.

A maior garrafa de vinho do mundo ali continuará, entretanto, a divulgar a qualidade dos produtos portugueses.

 

Contactos
Rua Conselheiro Veloso da Cruz, nº. 608
Rua Teixeira Lopes, nº. 114
440-320 Vila Nova de Gaia
Tel: (+351) 223 751 338
Telemóvel: (+351) 961 360 897
Email: quintaboeira@sapo.pt
Site: www.quintadaboeira.pt

Restaurante G, da Pousada de S. Bartolomeu, Bragança

Texto José Silva

Um dos motivos mais interessantes para quem anda nesta actividade da gastronomia e dos vinhos, é, de vez em quando, descobrir coisas que nos surpreendem e nos deixam felizes. É também uma das razões porque mantemos a vontade e o gosto de continuar a desenvolver este trabalho. Foi o que aconteceu numa recente visita a Bragança, lá bem no interior transmontano, quando mão amiga nos levou até à Pousada de S. Bartolomeu para almoçar.

A pousada tem muita tradição, que conheço bem, pois ali pernoitei muitas vezes, em várias visitas a Bragança, mas a surpresa foi a recente entrada para a gestão do grupo Geadas, que tem o restaurante do mesmo nome em Bragança. Há várias décadas que é a casa de bem comer mais conhecida e conceituada da cidade, gerida por dois irmãos, a servir comida tradicional de Trás-os-Montes. Mas que nos últimos anos desenvolveu uma ementa alternativa de autor, baseada em produtos transmontanos. Agora, com esta aquisição, os dois irmãos resolveram transferir esse conceito de autor para o restaurante da pousada, que baptizaram de “G”, simplesmente.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

O espaço foi remodelado, ficou mais confortável e acolhedor, com uma oferta requintada, baseada em produtos da região, que se saúda. Sala cheia de luz, com vista sobre a cidade, lá do alto, precedida duma simpática sala de estar, onde se expõem alguns produtos, entre azeite, enchidos e doçaria. Amesendação impecável, com tudo o que é bom na mesa, serviço irrepreensível, incluindo o trabalho de vinhos, a cargo de profissionais com enorme experiência.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

 

Na refeição que partilhei com alguns amigos, começaram por nos servir pão regional transmontano de Bragança e uma bola de carne deliciosa, com enchidos da região, muito apaladada. O que pediu o primeiro copo de vinho, neste caso também transmontano, o tinto “Quinta das Corriças Reserva de 2011”, cheio de corpo mas ao mesmo tempo muito elegante, com acidez bem presente a dar-lhe equilíbrio, notas suaves de frutos vermelhos e algum fumo, apenas uma fragrância.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

Há vários menus de degustação propostos, cujo preço varia consoante a quantidade de pratos e de vinhos para cada um. Na nossa refeição começamos por apreciar um pão com salpicão de Vinhais, servido numa pedra redonda e que ainda vinha morno, e manteiga de ervas finas que se derretia facilmente ao entranhar-se na massa. Belo começo!

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

Numa outra pedra, esta mais baixa e comprida, veio uma lata, daquelas das conservas, que servia de recipiente para um à Braz de alheira de Vinhais com rodela de salpicão, a batata frita bem ligada com a pasta da alheira e o contraste com o salpicão a dar um toque de requinte.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

 Então veio novamente uma pedra redonda com um escabeche de perdiz a duas temperaturas, a carne da perdiz bem esfiada, tudo bem compactado e o escabeche por cima numa realização simples mas muito elegante. Nos pratos quentes provamos um caldo de aves (faisão e perdiz), com nabo e abóbora, suculento e muito apaladado, o caldo bem quente, numa bela composição cromática, com a cor alaranjada da abóbora a dominar, vários paladares bem integrados, um caldo exótico delicioso.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

O prato principal proposto foi um soberbo lombo de porco bísaro maturado, tenro, macio, muito bem cozinhado, no ponto, com uma ligeira capa da sua própria gordura, uma carne de excelência. Na companhia dumas couves do pote, tradicionais da matança, mas aqui estilizadas, servindo de recheio a um crocante mil folhas de sementes, delicioso. E ainda, como apontamento, um figo caramelizado recheado com alguns miúdos do porco. Quase uma obra de arte! Fechou-se o repasto com uma tradicional torta de laranja em boa companhia.

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Photo by José Silva | All Rights Reserved

Por esta altura já a segunda garrafa de vinho estava no fim…

Contactos

Pousada de São Bartolomeu
Rua Estrada do Turismo, 5300-271 Bragança
Tel: (+351) 273 331 493 Fax: (+351) 273 323 453
guest@pousadas.pt
Pousada-De-Bragança

Almoço no Chalet Vicente

Texto José Silva

Num dia temperado e cheio de sol no Funchal, a Olga e eu sentámo-nos a uma mesa da esplanada dum dos restaurantes mais acolhedores da cidade Madeirense para uma refeição tranquila. Chalet Vicente, uma casa solarenga com vários espaços e recantos, entre as salas interiores e a enorme esplanada.

E, logo à entrada da sala principal, pontifica um enorme grelhador, por onde passam peixes e carnes diversos. Mas a ementa é muito variada, entre petiscos e pratos principais, havendo mesmo ao almoço um interessante serviço de buffet.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Tudo aquilo é dirigido por um grande senhor da gastronomia madeirense, um homem com enorme experiência e muito bom gosto, o Nélio Ferreira, que não só nos recebeu, como nos orientou por uma refeição deliciosa, uma viagem por petiscos muito bem preparados, um desfile dos sabores da Madeira na nossa mesa, que souberam tão bem.

O bolo de caco, aquele pão fofinho delicioso, torrado e barrado com manteiga e alho, esteve sempre presente, ao longo da refeição, que começou com umas pouco vulgares mas soberbas ovas de peixe-espada preto, muito bem temperadas, suculentas e crocantes, uma boa surpresa.

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Filetes de peixe-espada preto e bolo de caco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Logo seguidas dum polvo estufado com batata doce, molho espesso e envolvente, o polvo tenríssimo, excelente. Então o amigo Nélio já tinha aberto uma garrafa dum vinho branco de mesa madeirense, dum pequeno produtor, o “Vai de Cabeça”, da casta Verdelho. À temperatura certa, esteve muito bem, seguro, fresco, com óptima acidez e aquele toque mineral intenso que dá belíssimas ligações. Como foi o caso dos bifinhos de fígado de vitela, com cebola e muito louro, delicados e extremamente saborosos. Vieram depois uns deliciosos filetes de peixe-espada preto, fofinhos e apetitosos, cobertos por um molho de banana e maracujá, uma maravilha

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Vai de Cabeça branco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Durante a refeição, chegou ao restaurante um atum pequeno, fresquíssimo, de que nos vieram mostrar à mesa algumas partes, já limpas e preparadas. E não resistimos à proposta do amigo Nélio, e apreciamos os bifinhos de atum com molho de vilão, na companhia dumas batatas doces tostadinhas, com mel de cana, algo muito especial, a carne do lombo de atum a desfazer-se em lascas generosa, o molho espesso e bem temperado, a batata doce com paladar exótico, mesmo muito bom.

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Bifinhos de atum com molho de vilão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas não terminamos sem provar uma das especialidades da casa, as perninhas de rã panadas, bem fritas, com seu molho branco, deliciosas. E já não conseguimos ir à sobremesa… mas conseguimos deliciar-nos com um vinho da Madeira da casa Barbeito, um verdelho 10 anos que esteve muito bem. Intenso no nariz, cheio de frescura e notas de frutos secos, casca de tangerina e caramelo. Na boca é uma explosão de mineralidade, fresco e com acidez vibrante, envolvente, notas tostadas, seco, delicioso.

Perninhas de rã panadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com o café não resistimos a outro cálice deste néctar madeirense, servido fresco, como deve ser, um final perfeito desta refeição digna dum Chalet!!

Obrigado amigo Nélio.

Contactos
Restaurante Chalet Vicente
Estrada Monumental, 238
9000-100 Funchal
Madeira, Portugal
Portugal
Tel: (+351) 291 765 818
Tel: (+351) 967 793 903
E-mail: chaletvicente@sapo.pt
Website: chaletvicente.com

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Justino’s – Prova de Vinhos Madeira

Texto José Silva

O vinho da Madeira ainda precisa de muita divulgação, ainda é um produto desconhecido para a maior parte dos apreciadores de bebidas alcoólicas, sobretudo de licorosos. E é pena, pois é um vinho de características únicas no mundo, um vinho com grande tradição, um vinho capaz de evoluir durante décadas, tornando-se mesmo num produto de colecção, uma peça rara e apetecível, só ao alcance de alguns.

Mas o vinho da Madeira também tem vindo a evoluir, a modernizar-se e os principais produtores tentam fazê-lo chegar aos mais jovens, que começam lentamente a descobrir este vinho de excelência, numa certa democratização dum produto que tem ajudado a dar a conhecer esta pequena ilha atlântica por esse mundo fora, principalmente em esferas da alta gastronomia e dos provadores de topo. Mas que pode ainda fazer muito mais por este minúsculo território onde o turismo de qualidade é cada vez mais uma realidade de todos os dias, todos os meses, todos os anos.

Uma visita à empresa Justino´s e à sua adega deu-nos uma pequena ideia dessa realidade vínica que é a produção de vinho da Madeira de qualidade. Visita que é sempre um prazer, são momentos de aprendizagem daquilo que se faz nos vinhos da Madeira de grande qualidade, com uma filosofia muito própria. E a prova disso são os vinhos que foram provados em óptimas condições, numa viagem guiada por 13 vinhos da Madeira da Justino´s que iriam ficar na memória.

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3 Years Fine Medium Dry & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

Começando num dos vinhos mais modernos e jovens, o 3 Years Fine Medium Dry, que se apresentou com nariz seco, intenso, muitos frutos secos, ligeiramente tostado mas ao mesmo tempo elegante. Na boca mostrou alguma doçura aliada, por contraste, a uma bela acidez, equilibrado, um vinho ainda jovem mas por isso mesmo fácil de beber, apreciar e entender.

Um Madeira para todos os dias, para ter sempre uma garrafa no frigorífico.

Seguiu-se o 5 Years Reserve Fine Dry, um vinho já com um toque clássico, apresentando uma bonita cor âmbar dourada, cristalino, muito fresco no nariz, aquele toque seco muito agradável, com boas notas de frutos secos, sobretudo nozes. Envolvente na boca, com grande acidez a dominar o conjunto, novamente notas de nozes e amêndoas, um vinho jovem mas já a atingir a adolescência, seguro e com final longo.

3 Years Fine Rich & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

3 Years Fine Rich & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

Voltamos depois aos 3 anos de idade, agora com o 3 Years Fine Rich, um vinho muito jovem ainda mas já muito agradável, para um público talvez mais feminino, com muitas notas de frutos secos no nariz, ligeiramente frutado, com um ligeiro toque seco. Na boca apresenta-se mais doce mas com muita elegância, alguns frutos secos e notas de caramelo, e uma excelente acidez a ligar este conjunto jovem e muito atraente.

Repetiu-se também a idade de 5 anos com o 5 Years Reserve Fine Rich, este com um nariz exuberante, complexo, com ligeira tosta, algum caramelo, frutado, muito envolvente. Na boca é doce mas tem bastante frescura, apresentando-se com óptima acidez, já com um volume de boca intenso e com final longo, um vinho Madeira ainda jovem mas já com as características dum clássico, com um preço ainda acessível, numa solução de compromisso muito interessante não só para os mais jovens e os principiantes, mas também para ter sempre à mão, para o dia a dia.

Depois entramos nos vinhos mais sérios, sérios no sentido clássico do termo, vinhos já dum outro patamar, ainda assim num nível de qualidade/preço muito interessante, os vinhos de dez anos, das castas mais conhecidas e apreciadas, e que apresentaram todos aquele tom âmbar que só variou na intensidade, entre um aloirado do Sercial, até ao castanho mais carregado do Malvasia.

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10 anos Malvasia, Boal, Verdelho e Sercial © Blend All About Wine, Lda.

O Sercial 10 anos foi talvez o mais equilibrado, muito elegante e fresco no nariz, ligeiramente seco e com notas de nozes muito suaves. Na boca é sedoso, envolvente, muito acessível e com bela acidez, muito fresco e mineral, revelando-se sedoso, a deixar um grande final.

O Verdelho 10 anos é muito elegante no nariz, ainda com aquele toque seco associado a alguns frutos secos e ligeiramente tostado. Na boca revela grande estrutura e envolvência, muito elegante e com uma acidez fantástica, intensa mas segura, mesmo dominante no conjunto, ainda alguns frutos secos e final longo, a deixar o palato completamente envolvido.

Veio então o Boal 10 anos, um clássico, talvez a casta mais equilibrada. Enorme elegância no nariz, exótico, complexo, extremamente agradável nos aromas. Na boca tem doçura evidente mas muito bem ligada com uma acidez intensa, que por vezes se sobrepõe à doçura e torna este vinho fascinante, com bom volume de boca, ligeiramente seco, um grande vinho!

Para terminar esta série de vinhos de 10 anos provou-se o Malvasia 10 anos, que se apresentou com um nariz suave e elegante, com notas de nozes, amêndoas e avelãs e alguma frescura. Apesar de ser o mais doce dos quatro, tem uma bela acidez, sendo a doçura elegante, com alguma complexidade, um vinho redondo, bem construído, um vinho mais acessível mas de muito belo efeito.

Chegou então a altura de passarmos a outro patamar, com três vinhos já com mais idade, ainda assim muito frescos e vivos, capazes de ser apreciados em ocasiões diversas e mesmo de fazer boas harmonizações com alguma comida, entre entradas e algumas sobremesas.

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Colheita 1995 e Colheita 1996 © Blend All About Wine, Lda.

 © Blend All About Wine, Lda.

O Colheita 1995 apresenta uma cor âmbar escura muito elegante, cristalino, límpido, muito apelativo. Nariz poderoso, intenso, muito envolvente, com a complexidade dos frutos secos bem presente, mas também ligeiras notas cítricas muito agradáveis. Redondo e intenso na boca, tem uma bela acidez, persistente, bem ligada com notas adocicadas, a dar ao conjunto vivacidade e estrutura, proporcionando um belo final.

Num registo semelhante esteve o Colheita 1996, com uma cor âmbar média muito elegante e agradável. Nariz bastante floral, intenso, os frutos secos bem evidentes a dar-lhe muita elegância. Na boca é ainda a elegância que sobressai, com notas doces envolventes, a acidez equilibrada mas sempre presente, ligeiramente tostado, um vinho muito agradável onde a nota predominante é mesmo a elegância.

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Terrantez Old Reserve © Blend All About Wine, Lda.

Nos grandes vinhos Madeira não pode faltar a casta Terrantez, muita rara e constantemente em perigo de desaparecer, apesar dos esforços louváveis dos principais produtores em tentar mantê-la, pois é um património da ilha sem igual. Provou-se o Terrantez Old Reserve, que apresentou uma cor âmbar clara, cristalina, muito limpo. Uma casta que produz os vinhos mais secos, aqui esteve no seu melhor, muito suave no nariz, limpo e exótico, mesmo inebriante. Excelente na boca, notável, seco, muito seco, com notas de nozes e amêndoa amarga, compota, muito suave, mas com óptima acidez e um grande final!

A prova chegava ao fim e entramos num patamar superior, com aqueles vinhos da Madeira a que um apreciador deseja sempre chegar, vinhos raros mas ainda cheios de força, ainda com muito para dar durante muitos anos.

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Sercial 1940 © Blend All About Wine, Lda.

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Malvasia 1933 © Blend All About Wine, Lda.

Primeiro veio o Sercial 1940 que apresentou uma cor âmbar escura, intensa, com laivos esverdeados, cristalino, muito elegante. Um nariz fantástico, cheio de requinte, mas ao mesmo tempo exuberante e ainda muito fresco. Na boca é soberbo, seco, com ligeiras notas de vinagrinho e uma acidez acutilante, intensa mas muito agradável, notas de nozes e toque citrino muito suave, um final muito longo, fantástico!

Terminamos esta prova de vinhos da casa Justino’s com o Malvasia 1933, já uma peça de colecção. Duma cor âmbar acastanhada, escuro, muito elegante. Grande nariz, cheio de frutos secos, complexo mas ainda fresco, cítrico, incrível. Enche a boca numa explosão de sensações, tostado, aveludado mas com uma acidez indescritível, poderosa, a liderar o conjunto, mas deixando que toda a diversidade de sabores esteja sempre presente, incluindo um delicioso e ligeiríssimo vinagrinho. Estrutura, corpo, intensidade, numa palavra…excelente!

Contactos
Justinos´s, Madeira Wines, S.A.
Parque Industrial da Cancela
9125-042 Caniço, MADEIRA
Tel: (+351) 291 934 257
Fax: (+351) 291 934 049
Email: justinos@justinosmadeira.com
Website www.justinosmadeira.com