Posts By : José Silva

A Tradição, a História, a Produção de Vinhos com Arte

Texto José Silva

O Alentejo ainda encerra alguns locais cheios de magia, seja pela beleza da paisagem, pela imensidão das terras a perder de vista, pelos produtos da terra, seja pela história das famílias e das construções. Ali na região de Estremoz existe um local onde todos estes predicados estão bem presentes, a Quinta Dona Maria, datada do século XVIII, que chegou a pertencer a el-rei D.João V.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Sign

Dona Maria, Júlio Bastos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Entrance

Dona Maria – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O actual proprietário, Júlio Bastos, tem sabido não só manter a beleza e a qualidade das instalações tão cheias de história e dos esplendorosos jardins circundantes, como tem apostado acertadamente na produção de vinhos de grande qualidade, hoje reconhecidos um pouco por todo o mundo como produtos de excelência.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Beauty

A Beleza – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Quality-Facilities

A Qualidade das Instalações – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A partir de uvas muito boas de várias castas, de que se destaca naturalmente o Alicante Bouschet nos tintos, que são trabalhadas numa adega antiga muito bem recuperada, com belos lagares de mármore da região, onde ainda se pisa a pé, ali estagiam vinhos poderosos, cheios de raça mas também muito elegantes, com um perfil muito próprio e grande potencial gastronómico.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Vineyards

As Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com uma viticultura de rigor, vinhas bem conduzidas, com a característica de não serem regadas, conseguem-se uvas muitos sãs, vindimadas na ocasião certa, escolhidas cuidadosamente, para poderem ser elaborados os vinhos com a chancela Dona Maria.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Dona-Maria-Adega

Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na visita que fizemos recentemente, fomos recebidos pela enóloga Sandra Gonçalves e pelo proprietário, Júlio Bastos, para um passeio pela adega e toda a sua austeridade mas grande beleza e tentar entender como são trabalhadas as uvas que vão dar aqueles vinhos tão bons.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Wood-Ceilings

Tectos de Madeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-The-Old-Cement-Reservoirs.

Os Velhos Depósitos de Cimento – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A adega tem uns fantásticos tectos em madeira, com colunas em abóbada de cerâmica e grossa paredes de pedra, que também albergam os velhos depósitos de cimento, ainda utilizados depois de recuperados.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Room-Where-The-Wines-Rest

As Barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Noutro compartimento repousam os vinhos, em inúmeras barricas de carvalho francês e americano, que a seu tempo hão-de ser engarrafados para continuar a estagiar mais alguns meses…ou anos. Depois de esclarecedoras explicações sobre todo o processo produtivo, Júlio Bastos convidou-nos para a sala de provas onde a Sandra Gonçalves preparou uma prova que foi guiada pelos dois, com o Júlio Bastos sempre com o seu característico tom crítico, mesmo em relação aos seus próprios vinhos. Mas também imensamente didático em relação aos vinhos alentejanos em geral, de que é grande conhecedor. Perante nós desfilaram oito vinhos que nos deram grande prazer:

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Dona-Maria-Branco-2014

Os Brancos Dona Maria – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Dona Maria Branco 2014 mantém o perfil de aromas tropicais, bastante citrino, fresco, com acidez muito equilibrada e óptimo volume de boca. O Amantis branco 2013 com a casta Viognier a brilhar, tinha notas tropicais muito ligeiras e alguma fruta branca e ligeiro toque de fumo, com acidez balanceada a dar-lhe muita elegância.

O Viognier 2013 revelou-se um vinho ainda jovem, a combinar aromas de frutos brancos com algum floral mas muito elegante, com boca volumosa, cheio, acidez intensa mas equilibrada, a dar-lhe belo final. Depois um fantástico Rosé 2013, que se revelou muito equilibrado, com aromas tropicais muito suaves a par duma boca complexa, cheio de frescura, com notas de frutos tropicais, morangos, compota e uma acidez a ligar todo o conjunto, com um grande final.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-The-Reds

Os Tintos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Passados aos tintos, apareceu o Dona Maria Tinto 2012, um lote que apresentou aromas a frutos vermelhos maduros, notas ligeiras de fumo, de amoras. Na boca é vivo, com óptima acidez, frutos vermelhos intensos e um bom volume, um vinho muito equilibrado. O Touriga Nacional 2011 é um tinto que revela bem a qualidade do ano de colheita. Os aromas elegantes de violeta e bergamota, com notas ligeiras de fumo e algumas especiarias contrastam com uma boca cheia, aveludada, com notas de frutos vermelhos e algum chocolate e uma óptima acidez.

Seguiu-se o Amantis Tinto Reserva 2009, um vinho musculado, complexo, com aromas de frutos pretos maduros e alguma frescura. Na boca é volumoso, mantendo a complexidade, notas mentoladas, frutos vermelhos e algumas especiarias, acidez persistente e belo final.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Quinta-do-Carmo-Garrafeira-1986

Quinta do Carmo Garrafeira 1986 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para terminar a festa o Júlio Bastos abriu uma garrafa dum clássico da quinta, o Quinta do Carmo Garrafeira 1986, que foi previamente decantado. Apresentava uma cor violácea com laivos acastanhados a denotar a idade, muito elegante, nariz muito suave e aveludado, ainda com alguns frutos vermelhos. Na boca é delicado, macio, taninos deliciosamente suaves, cheio de complexidade, acidez muito equilibrada, persistente, ligeiramente fumado, com final longo, muito longo. Ganha se for aberto umas horas antes e prova que os tintos alentejanos também envelhecem bem.

Blend-All-About-Wine-Quinta-Dona-Maria-Beauty-of-the-Main-House

A Casa Pricipal – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Cá fora, no imenso terreiro, fomos “esmagados” pela beleza da casa principal, beleza que continua no interior, com várias salas que nos levam quase três séculos atrás. No canto duma delas, numa passagem secreta, parece que ainda vemos D. João V a entrar para uma visita furtiva a D. Maria, a cortesã a quem oferecera esta Quinta do Carmo…

Contactos
Quinta do Carmo 7100-055 Estremoz
Telefone: (+351) 268 339 150
Fax: (+351) 268 339 155
Email: donamaria@donamaria.pt
Website: donamaria.pt

Herdade das Servas

Texto José Silva

Na imensidão do Alentejo, entre Estremoz e o Vimieiro, mesmo à face da estrada nacional N4, a Herdade das Servas ocupa uma enorme extensão de terreno, a maior parte pelos imensos vinhedos da herdade.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Herdade das Servas

Herdade das Servas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

São vinte e duas castas brancas e tintas, entre nacionais e estrangeiras, que povoam os cerca de 220 hectares de vinhas, divididos por quatro vinhas em espaços diferentes, que a família Serrano Mira tem vindo a plantar há várias gerações, até ao presente.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Modern-Vineyards

Vinhas Modernas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Budding

Vinhas a abrolhar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Vinhas modernas, bem conduzidas, com rega gota a gota, que dá gosto ver e que na nossa visita começavam já a abrolhar.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-The-Headquarters

Instalações Administrativas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Também no mesmo terreno estão as instalações administrativas, a loja de venda de produtos e o moderno restaurante, já a funcionar muito bem.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-The-Cellar

A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E, claro, a adega, que também tem vindo a aumentar, seguindo as necessidades de vinificação de maior quantidade de uvas nos últimos anos.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Well-Equipped-Cellar

Adega muito bem equipada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Adega que está muito bem apetrechada, com toda a tecnologia moderna de controle de temperatura e de depósitos de inox onde fermentam primeiro e estagiam depois a maioria dos vinhos, após um trabalho cuidado de escolha das uvas quando estas chegam à adega, a partir do fim do mês de Agosto.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Casks-Room

Sala de Barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Também na adega há uma sala de barricas, muito fresca, com muito pouca oscilação de temperatura, onde vão descansar os grandes tintos das Servas, antes de serem engarrafados.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Amalia

Amália – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como curiosidade, há uns anos atrás, da colheita de 2006, a Herdade das Servas engarrafou e lançou no mercado, juntamente com a Fundação Amália Rodrigues, um vinho tinto que se chama precisamente Amália, numa homenagem singela à grande diva do fado.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-The-New-Restaurant

O Novo Restaurante – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No novo restaurante, com belíssimas instalações, muito bem decorado, mesmo com algum requinte, fizemos uma refeição de aromas e paladares alentejanos, como deve ser, na companhia de Luís Mira, enólogo e proprietário e Tiago Garcia, enólogo residente.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Two-Siblings

Dois Irmãos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Dois irmãos já com muita experiência neste mister, ela a chefiar a cozinha e ele a tomar conta da sala, exploram este restaurante que funciona nas instalações da quinta mas que está aberto ao público. Mesas muito bem postas e serviço impecável proporcionam uma refeição tranquila para apreciar comida e vinhos com tempo.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Alentejo-Bread

Pão Alentejano – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Butter-And-Butter-With-Chorizo

Manteiga e Manteiga com Chouriço – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O pão alentejano delicioso esteve sempre presente, para barrar com manteiga normal e manteiga com chouriço, e para acompanhar uma deliciosa paioca de porco preto.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Black-Pork-Paio

Paioca – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois vieram os sonhos de farinheira, tostadinhos e saborosos, popularmente conhecidos por “papa ratos”.

 

A representar os cogumelos alentejanos estavam as túberas salteadas em azeite e alho e umas enormes silarcas recheadas, bem boas.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Huge-Stuffed-Silarcas

Silercas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Main-Dishes

Pratos Principais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como pratos principais vieram à mesa costeletinhas de borrego panadas, empada de perdiz, os tradicionais pezinhos de porco de coentrada e um belo borrego assado no forno, tendo por companhia batatas fritas às rodelas e aos palitos, em ambos os casos excelentes e umas migas de espargos cativantes.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Quail-Pie

Empada de Perdiz – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Oven-Roasted-Steer

Borrego Assado no Forno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se com a simplicidade e bom gosto duma pêra bêbada deliciosa.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Pera-Bbebeda

Pêra Bêbeda – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma das apostas do restaurantes é ter apenas vinhos da Herdade das Servas na sua carta, o que se compreende.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-2014-white-Monte-das-Servas-Escolha

Monte das Servas Escolha branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Durante esta bela refeição provamos primeiro o branco de 2014 Monte das Servas Escolha, um vinho ainda muito novo mas já cheio de vida, fresco e elegante, irreverente, com óptima acidez e frutos brancos equilibrados, servido bem fresco, esteve muito bem.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Herdade-das-Servas-Colheita-Selecionada-de-2012

Herdade das Servas Colheita Selecionada tinto 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois entramos nos tintos, com o Herdade das Servas Colheita Selecionada de 2012, um vinho alentejano moderno, fresco, com boas notas de frutos vermelhos, limpo, taninos muito redondos, um vinho que pede comida.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Herdade-das-Servas-Reserva-2011

Herdade das Servas Reserva 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Terminamos com outro tinto, o Herdade das Servas Reserva da colheita de 2011, um vinho sério, cheio de elegância, com alguma complexidade no nariz, notas de frutos pretos intensas, acidez muito equilibrada, óptimo volume de boca e um final prolongado que prolonga também o prazer que este vinho nos dá.

Blend-All-About-Wine-Herdade-das-Servas-Poejo-Liqueur

Licor Poejo Montemorense – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ainda houve tempo, já com o café, de recordar o paladar dum digestivo bem típico do Alentejo, um licor de Poejo

E lá partimos, com vontade de ali voltar em breve.

Contactos
SERRANO MIRA SA
Herdade das Servas
Apartado 286
7101-909 Estremoz -Portugal
Tel: (+351) 268 322 949
Fax: (+351) 268 339 420
Email: info@herdadedasservas.com ou restaurante@herdadedasservas.com
Website: www.herdadedasservas.com

Santa Vitória

Texto José Silva

É no sul do Alentejo, muito perto da aldeia de Albernoa que situa este produtor de vinhos. Pertence ao grupo hoteleiro Vila Galé, que aliás tem um dos seus hotéis mesmo em frente à adega.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-1

Um dos hotéis – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma unidade muito especial, pois está num meio puramente rural e tem condições especiais para os pais levarem as crianças, que se divertem imenso.

No restaurante do hotel pratica-se uma cozinha de raiz alentejana, com óptimos produtos e, claro, os vinhos de Santa Vitória. Recentemente, à volta dos vinhedos, foram plantadas muitas centenas de árvores de fruto, sobretudo de pêra rocha e pêssego.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-2

Centenas de árvores de fruto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-3

As vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As vinhas continuam a evoluir e têm sido aumentadas, com a utilização de várias castas nacionais e francesas, que ali se dão muito bem: nas brancas Verdejo, Sauvignon Blanc, Viozinho, Antão Vaz, Arinto, Chardonnay. Nas castas tintas encontramos Touriga Nacional, Trincadeira, Aragonês, Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Alfrocheiro, Tinta Caiada, Alicante Bouschet e Baga.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-4

Adega muito bem apetrechada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma adega muito bem apetrechada, recorrendo a toda a tecnologia disponível no mercado, sobretudo o frio que permite elaborar vinhos frescos e elegantes, como o mercado actual exige e ali se sabe fazer.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-51

Grande capacidade de armazenamento © Blend All About Wine, Lda

E uma grande capaciade de armazenagem de vinho, em condições óptimas, permitindo um manuseamento fácil com toda a segurança. A equipa técnica é constituida pelo viticultor José Samarra com a enologia está a cargo da Patrícia Peixoto, enóloga residente e o Bernardo Cabral, que ali está desde o início, a fazerem um excelente trabalho, bem reconhecido nos mercados nacional e internacional.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-6

Grande Variedade de Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Há uma grande variedade de vinhos, desde os vinhos de entrada, mais simples mas nem por isso menos bons, passando por alguns vinhos duma casta só, brancos, rosés e tintos e a curiosidade de alguns deles oferecerem ainda a possibilidade das meias garrafas (0,375l). Depois, alguns vinhos mais elaborados, de qualidade superior e já amplamente premiados. E também a produção de azeite alentejano de enorme qualidade, com grande sucesso.

As instalações são muito acolhedoras e podem ser visitadas e os vinhos provados, num desenvolvimento de enoturismo que se recomenda que termine no restaurante do hotel, à volta de harmonizações entre comida e os vinhos. E foi no restaurante do hotel que nos sentamos para uma refeição em que se provou a excelência da comida, alguns dos vinhos da casa e as suas ligações, sempre fascinantes, sempre uma descoberta.

Pão Alentejano – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Azeitonas Britadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Não faltou à mesa o pão alentejano, provocador, e umas azeitonas britadas que não paramos de comer e, claro, o azeitinho para molhar o pão.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-9

Santa Vitória branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Santa Vitória Branco 2014 apresentou-se cheio de frescura e com acidez muito equilibrada, bastante frutado, um vinho jovem que já se bebe muito bem.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-101

Ovos mexidos com espargos © Blend All About Wine, Lda

Vieram então uns ovos mexidos com espargos, que é tempo deles, muito bem confeccionados, no ponto, não sobrou nada!

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-11

Santa Vitória Grande Reserva branco 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Passamos então para o Santa Vitória Grande Reserva Branco 2012, um vinho mais sério, com um toque delicioso de madeira, ainda com alguma frescura, com nuances de fumo, de fruta branca, muito bom.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-121

Secretos de Porco Preto Grelhados © Blend All About Wine, Lda

O prato proposto foram os secretos de porco preto grelhados, com batata frita às rodelas estaladiças, espinafres salteados e rodelas de laranja, saborosos, tenros, apaladados.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-13

Santa Vitória Grande Reserva tinto 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Passamos então para o Santa Vitória Grande Reserva Tinto 2012, um vinho muito elegante, redondo, cheio de corpo, muitos frutos vermelhos, especiarias, a fazer grande companhia à carne de porco.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-14

Requeijão com doce de abóbora – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na hora da sobremesa optou-se por um requeijão fantástico, com doce de abóbora, de textura perfeita, a desfazer-se na boca.

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-15

Santa Vitória Alicante Bouschet tinto 2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E resolvemos acompanhar com um grande tinto feito apenas da casta Alicante Bouschet, também da colheita de 2012. Escuro, poderoso, aromas vegetais de pimentos verdes muito elegantes, cheio na boca, frutos pretos, fumo, ligeiramente apimentado, a contrastar muito bem com o requeijão. Uma bela experiência!

Blend-All-About-Wine-Santa-Vitoria-16

Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá fora, as vinhas esperavam-nos para um grande passeio…

Contactos
Casa de Santa Vitória Sociedade Agro-Industrial, SA
Herdade da Malhada
7800 – 730 Santa Vitória
Tel: (+351) 284 970 170
Fax: (+351) 284 970 175
Email: info@santavitoria.pt
Website: www.santavitoria.pt

O Antigo Carteiro, em Lordelo do Ouro, na invicta cidade…

Texto José Silva

Hélder Sousa é de Santo Tirso, mas veio estudar teatro para o Porto e formou-se como produtor de teatro, trabalhando nessa área durante algum tempo.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_1

Hélder Sousa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Até que, de repente, como também gostava de beber e comer, decidiu mudar de vida. Num acesso de ingenuidade resolveu avançar com um restaurante e tomou conta do Carteiro, que já existia.

E rebaptizou-o como o Antigo Carteiro. Foi até viver para o mesmo largo onde se situa o restaurante, que era um antigo posto dos correios. No largo conhece as pessoas e os vários locais, frequenta o café e as pessoas conhecem-no e respeitam o seu trabalho. O restaurante era de comida tradicional, familiar, e situa-se na rua Senhor da boa Morte, acima do Largo do Ouro, mesmo em frente ao rio Douro, com a aldeia da Afurada do outro lado, já em Gaia.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_3

Letreiro Original que Indica um Posto de Correios. – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No rés-do-chão funciona a cozinha e no primeiro piso há uma interessante e apelativa esplanada, onde se mantém o letreiro que indica um posto de correios.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_4

Há duas Salas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá dentro há duas salas, uma para a frente, com várias janelas e bordejada por espelho ao comprido, de belo efeito. A de trás mais pequena, mas ambas muito confortáveis, bem decoradas, em tons claros, muito airosas.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_5

As mesas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As mesas são bem-postas, muito completas e o serviço é familiar, personalizado, muito simpático, com o Hélder sempre presente, servindo, explicando como são preparados os pratos, que ingredientes levam, quais os produtos de que são feitos, nota-se bem a sua paixão, o bom gosto por este projecto de vida que abraçou com carinho, mas também com perseverança. O Hélder desenvolveu o seu próprio conceito e passou a oferecer um restaurante de toalha branca, com mais conforto e a servir a comida que ele gosta. Os vinhos fazem parte deste projecto, tentando servir vinhos diferentes e menos conhecidos, que façam boas harmonizações com a sua cozinha. Entende que a cozinha deve usar produtos muito bons, para que os resultados sejam os desejados. E tenta recuperar algumas coisas que caíram no esquecimento ou que são muito pouco usadas, como a língua afiambrada e os escabeches, de que é grande fã. Da sua ementa fazem também parte o bacalhau e o polvo, a língua de vaca e a perna de cordeiro, a bochecha de vitela, o joelho de porco e o arroz de enchidos, enfim, como ele próprio costuma dizer, uma comida dos pés à cabeça.

Recentemente juntou alguns amigos e dois produtores de vinho que, na tranquilidade duma tarde de domingo, embarcaram numa viagem saborosa e envolvente.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_6

Tostas com Tomate e outras com Salmão Curado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E começamos por umas tostas com tomate e umas outras com salmão curado, muito bem apresentadas e muito saborosas.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_7

Cavala Marinada com Tomate Seco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se uma deliciosa cavala marinada com tomate seco, um peixe que dá cozinhados fantásticos, esta cheia de requinte e muito bem temperada. O crocante do tomate seco fazia o complemento muito bem.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_8

Petingas de Escabeche – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As petingas de escabeche tradicionais comiam-se na totalidade, cabeça e tudo!

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_9

Língua Afiambrada com Pimenta rosa e Rúcula – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A língua afiambrada com pimenta rosa e rúcula esteve também cheia de elegância, muito apaladada.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_10

Risotto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se um risotto feito com arroz carolino, cogumelos shitake frescos, cogumelos porcinos secos e espargos verdes, um belo conjunto.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_11

Perdiz de Escabeche – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A perdiz de escabeche é uma tradição, aqui servida fria com tostinhas, deliciosa.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_12

Bochechas de Vitela – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois vieram as bochechas de vitela que foram marinadas durante várias horas, com puré de abóbora e grelos salteados, de grande nível.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_13

Sobremesa em Recipiente Triplo- Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se uma refeição muito completa com a sobremesa, servida num simpático recipiente triplo, também constituída por três sabores diferentes: mousse de chocolate, crumble de maçã com vinho do Porto e um suculento doce de ovos com amêndoa queimada e pimenta rosa. Este repasto completo foi acompanhado por dois vinhos brancos muito diferentes mas excelentes:

o Solar dos Lobos já de 2014, jovem, irreverente, cheio de frescura, com uma óptima acidez, consistente, a ligar muito bem com os escabeches.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_14

Solar dos Lobos 2014 branco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_15

Casal de Santa Maria 2010 branco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E um Casal de Santa Maria da colheita de 2010, com toque precioso de madeira, aromas complexos deliciosos, de espargos e algum tropical suave, bela estrutura e uma acidez cheia de elegância, a aguentar muito bem pratos como a língua afiambrada, o risotto de cogumelos e espargos e a bochecha de vitela.

Blend_All_About_Wine_Antigo_Carteiro_16

Vieira de Sousa Tawny – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para a sobremesa a escolha recaiu sobre um tawny da casa Vieira de Sousa, muito elegante, aromas de frutos secos intensos, redondo e profundo, com óptima acidez, crocante, levemente tostado, a proporcionar um grande final, já a tarde ia longa…

Contactos
O Antigo Carteiro
Rua Senhor da Boa Morte, 55
4150-686 Porto
Mobile: (+351) 937 317 523
E-mail: oantigocarteiro@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/oantigocarteiro

Miguel Laffan

Texto José Silva

Nasceu em Cascais em 1979. O pai era português e a mãe inglesa, da geração pós-guerra, e era uma grande cozinheira. A mãe viajou muito e teve influências da culinária de todo o mundo, sendo apreciadora de muitos tipos de especiarias e aromas, gosto esse que transmitiu ao filho. No entanto o Miguel achava que devia ser empresário da restauração, e por isso teve que começar do zero. Embora não tivesse formação hoteleira, teve grandes mestres e, com 20 anos, fez-se à vida. Um amigo da mãe, alemão, Bernard Pisfer, ajudou-o também, dando-lhe formação, mas deu-lhe um conselho fundamental: “tens que começar por baixo!” O que, para um menino de Cascais, foi muito complicado naquele tempo. No entanto esteve com ele dois anos, tendo-o também acompanhado no Brasil.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_1

Miguel Laffan – Foto de Jorge Simão | Todos os Direitos Reservados

Depois ganhou gosto, aprendeu, foi subindo e passou pela Fortaleza do Guincho, com o chefe Marc Leoudacec, outro grande mestre. E foi com naturalidade que acompanhou o grande chefe francês até à Borgonha, onde esteve cerca de um ano, seguindo-se uma experiência em Aix-En-Provence. Embora gostasse muito de França, e tivesse a experiência num restaurante com duas estrelas Michelin, não era certamente  ali que queria ficar. Entretanto o chefe francês Benoît Synthon estava à procura dum chefe para a Casa Velha do Palheiro, na Madeira e contratou-o, em 1996, tendo ficado dois anos na “Casa Velha”. Entretanto o grupo Lágrimas tomou conta do restaurante “Molho”, no porto do Funchal já com o Miguel Laffan a comandar. Seguidamente foi a passagem pela “Casa Branca”, ainda no Funchal, onde ficou outros dois anos e fez um trabalho intenso mas seguro.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_2

L’and Vineyards – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente, em 2011, abraçou o projecto “L’And Vineyards”, um projecto novo e muito diferente no Alentejo, onde tem muita liberdade de acção, o que lhe permitiu dar largas à sua criatividade, apresentando um trabalho consistente e de extremo bom gosto.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_3

L’and Vineyards – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E por isso foi com alguma naturalidade que viria a ganhar a primeira estrela do Guia Michelin, em 2013.

Como o Miguel diz, foi um dos maiores elogios da sua vida, correspondendo ao desejo e à aposta não só dele próprio, mas também dos proprietários do hotel. Na sua cozinha vai substituindo os pratos que já estão há algum tempo na ementa, ou vai fazendo alterações nos mesmos. Mas respeitando sempre a sazonalidade dos produtos, algo que acha fundamental. Quer preparar pratos actuais e modernos, com respeito pelos produtos, os seus paladares, os sabores e a tradição e, claro, dar preferência aos produtos deste Alentejo que o recebeu de braços abertos. Na última visita que lhe fizemos, recebeu-nos muito bem, como habitualmente, à volta dum jantar delicioso, com pratos da sua autoria.

Que para além dos aromas, jogo de texturas e paladares fantásticos, são verdadeiras obras de arte. Como diz o ditado: “Os olhos também comem…!”

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_4

Salmão da Escócia – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Começamos por um salmão da Escócia curado com amêndoa e alga, tártaro com bergamota, maracujá e funcho, em que predominou a frescura em contraste com o paladar do peixe curado.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_5

Textura de Cogumelos Silvestres – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se uma textura de cogumelos silvestres do Alentejo com espargos e presunto de bolota.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_6

Produtos do Mar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As notas secas da terra na companhia do presunto. Voltando aos produtos do mar veio o salmonete de Setúbal na salamandra com açorda de berbigão, lulas salteadas e caldo de caldeirada com salada crocante. Os aromas e paladares do mar em vária texturas, simplesmente brilhante!

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_7

Registo do Campo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Num registo do campo esteve soberbo o peito de pombo marinado em mel, maracujá e molho de soja, risotto de foi gras com salada acidulada de rábano e beterraba. Aqui os contrastes do agri-doce com a macieza da carne do pombo a sobressair.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_8

Tiramisu dePistachio – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E foram propostas duas sobremesas, primeiro um tiramisu de pistachio com chocolate branco e cerejas confitadas, gelado de café e crocante de chocolate tainori, desconcertante!

Depois um duo de cenoura sobre terra de pistáchio com espuma de açafrão e gengibre e gelado de mel, um grande final!

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_9

Um duo de Cenoura sobre Terra de Pistáchio – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pelos nossos copos foram passando vinhos do Douro da Quinta da Casa Amarela e do Alentejo da Herdade do Mouchão, num diálogo salutar e cheio de equilíbrio.

Blend_All_About_Wine_Miguel_Laffan_10

Os Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A conversa entre amigos continuou pela noite dentro…

Contactos
L’AND Vineyards
Estrada Nacional 4
Herdade das Valadas
Apartado 122
7050-031 Montemor-o-Novo
Tel: (+351) 266 242 400
Fax: (+351) 266 242 401
E-mail: reservas@l-and.com
Website: www.l-andvineyards.com

Quinta da Pacheca – A Essência do Enoturismo

Texto José Silva

É uma quinta cheia de história, que faz parte da história do vinho, pertencente à família Serpa Pimentel durante 4 gerações.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_1

The Quinta – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Os vinhos da quinta evoluíram imenso em meados do século passado, graças ao trabalho intenso do sr. eng. Eduardo Serpa Pimentel, avô da actual geração, com quem tive o prazer de provar várias vezes. Era um homem conhecedor, de mente aberta e fazia várias experiências nas vinhas durienses, de que recolhia ensinamentos que partilhava com quem o quisesse ouvir. Lembro alguns brancos que fez com castas como Rieseling e Gewurstraminer, coisas diferentes num Douro então ainda muito conservador. Os vinhos, esses, continuaram a fazer-se e chegaram à actualidade de boa saúde e recomendam-se. Estão mais modernos, mais acessíveis, diria mesmo mais apetecíveis e voltaram em força à prateleiras comerciais e à restauração, com imagem renovada, mais moderna, mas mantendo a classe dum nome bem conhecido. Graças também a novos investimentos que têm vindo a ser feito pelos novos proprietários – Maria do Céu Gonçalves e Paulo Pereira – empresários portugueses radicados em França, que compraram a maioria do capital da empresa e que agora a gerem juntamente com a família Serpa Pimentel.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_2

Tourism industry, the restaurant and hotel – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Na vertente turística o restaurante e o hotel são já uma referência no Baixo Corgo e mesmo em todo o Douro, tal a qualidade da oferta.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_3

Interior – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_4

Interior – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Uma unidade muito bem integrada na velha arquitectura da quinta, com 15 quartos onde a beleza e o conforto são uma constante, com um serviço cuidado, impecável, também por isso mantendo uma taxa de ocupação elevada ao longo de todo o ano.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_5

The restaurant – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_6

The restaurant – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Numa sala de grande beleza, cheia de luz, funciona o restaurante onde, para além de deliciosos pequenos almoços, são servidas refeições com muita qualidade, preparadas com produtos portugueses e mesmo regionais, quando possível, em confecções simples e saborosas.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_7

Alheira and Asparagus Pasty – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Na última visita apreciamos de entrada um folhado de alheira e espargos sobre cama de repolgas salteadas em azeite da Pacheca muito saboroso.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_8

Piece of Veel – Photo by José Silva | All Rights Reserved

A que se seguiu um naco de novilho com cogumelo portobelo e risotto de salpicão de Vinhais, carne muito tenra e saborosa, cogumelo a saber a terra, carnudo e um risotto bem conseguido, com um produto muito português, o salpicão.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_9

Sweet made of Cheese and Coffee – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Para sobremesa uma delícia de café e queijo, com macarron de pistáchio, na companhia de panacota de frutos vermelhos, muito bem apresentado.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_10

The Wines – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Estes paladares foram acompanhados pelo Pacheca Branco Colheita já de 2014, cheio de frescura e muito elegante, uma acidez intensa num lote de castas muito equilibrado, um belo vinho. Depois foi o tinto, também colheita mas de 2012, com boa fruta no nariz, equilibrado, bom volume de boca e óptima estrutura, a pedir comida. Para a sobremesa foi o Porto Vintage de 2012, ainda cheio de fruta no nariz, muito vivo, fresco, notas intensas de frutos pretos bem maduros, chocolate e tabaco, com uma bela complexidade, a augurar grande futuro.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_11

New Tawny – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Acabamos a noite com um Tawny novo, muito agradável, com aromas de frutos secos, boa estrutura, sedoso, intenso e com óptima acidez. Claro que ambos os Portos estavam refrescados…

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_12

Winery – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_13

Photo by José Silva | All Rights Reserved

De manhã foi um passeio pela adega com as suas grossas paredes de granito, mas sobretudo pela quinta e tudo o que está à volta, com o Douro logo ali adiante.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_14

The vineyards still bare – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_15

One of a kind Beauty – Photo by José Silva | All Rights Reserved

As vinhas, ainda nuas, à espera das temperaturas primaveris para abrolhar, têm uma beleza muito própria que não me canso de apreciar, estendem-se à beira do rio, e vão pela encosta acima.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_16

Many Houses – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_17

Many Houses – Photo by José Silva | All Rights Reserved

As várias casas da quinta, que respiram antiguidade, continuam a receber-nos com dignidade.

Blend_All_About_Wine_Quinta_Pacheca_18

Terraces and Paths – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Os largos e as alamedas da quinta sugerem passeios retemperantes para apreciar toda aquela beleza, num vale que se estende até ao rio Douro.
Os vinhos, esses, repousam na adega até serem consumidos…

Contacts
Quinta da Pacheca
Cambres – 5110-424 Lamego
Portugal
Tel: (+351) 254 331 229
Fax: (+351) 254 318 380
Website: www.quintadapacheca.com

Londres, Meca do vinho

Texto José Silva

Das muitas capitais da velha Europa, é certamente Londres que se destaca como o local por onde passam os grandes vinhos do mundo, onde funciona uma espécie de “bolsa” dos vinhos que ali desaguam vindos um pouco de todos os cantos do planeta.

Blend_All_About_Wine_Londres_1

Londres – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E que são passados a pente fino, provados, testados, avaliados e finalmente carimbados por uma classe de provadores de que fazem parte algumas elites, que incluem “Masters of Wine” e “Masters Sommeliers”, que por ali abundam. Depois é a procura mais ou menos intensa por parte de garrafeiras, lojas gourmet, restaurantes e wine bars e mesmo das grandes cadeias de supermercados, num mercado bastante aberto e em que a vontade de provar coisas diferentes e novas é cada vez mais evidente.

Os vinhos portugueses não fogem à regra, bem conhecidos e apreciados entre estes provadores e críticos, e que fazem parte de várias mostras e provas que vão tendo lugar ao longo do ano na capital britânica. Por isso mesmo é pena que tudo isso não se traduza em vendas mais significativas dos nossos vinhos no mercado do Reino Unido. Falta aquele “click” que leve os vinhos portugueses de qualidade ao grande público britânico e faça melhorar as vendas significativamente, num mercado que tem tanto de exigente como de fascinante.

Blend_All_About_Wine_Londres_2

Prova – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Recentemente aconteceu mais uma prova de vinhos portugueses, bastante bem organizada pela ViniPortugal e com a presença de mais de 120 produtores, com muitas provas organizadas pelos muitos distribuidores que importam vinhos lusos, e onde os produtores aproveitaram para mostrar novos vinhos ou pelo menos novas colheitas, tentando melhorar a sua divulgação e, consequentemente, as vendas, acertando novos contractos ou confirmando os já existentes.

Blend_All_About_Wine_Londres_3

Quinta de Cottas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como aconteceu com um produtor português do Douro, a Quinta de Cottas, que conseguiu renovar o contracto que já tinha com a companhia aérea British Airways, para que, depois de ter tido o seu vinho tinto colheita de 2010 servido a bordo dos aviões da companhia inglesa, seja agora o mesmo vinho tinto, mas da colheita de 2011, a ser servido nos aviões desta companhia aérea. É mais uma achega para a boa aceitação dos vinhos portugueses no difícil mercado britânico. Também na restauração alguns portugueses têm tentado a sua sorte em Londres, seja porque para ali foram em busca duma oportunidade, seja porque já lá viviam e quiseram tentar este mercado onde, apesar de tudo, não há grande oferta de qualidade.

Blend_All_About_Wine_Londres_4

Restaurante em Covent Garden – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entre muitas outras ofertas na velha Albion, há um pequeno restaurante e wine bar em Covent Garden, de seu nome “Canela”, a servir vinhos portugueses e petiscos da nossa terra, que está a ter algum sucesso.

Blend_All_About_Wine_Londres_5

Vinhos Portugueses – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma oferta de vinhos portugueses com alguma variedade e muitos petiscos que estão a ser muito bem aceites pela clientela do espaço. Ali nos encontramos com Jamie Goode, para um almoço divertido.

Blend_All_About_Wine_Londres_6

Jamie Goode – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Quando quis beber uma cerveja “Guiness”, para começar, fui informado que só têm cerveja “Sagres” e “Superbock”, assim mesmo!

Blend_All_About_Wine_Londres_7

Vadio 2013 white – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Jamie Goode escolheu um branco “Vadio”, da colheita de 2013, que esteve muito bem, cheio de frescura, simples e saboroso.

Pela mesa foram passando presunto e alguns queijos, na companhia de pão saboroso.

Blend_All_About_Wine_Londres_8

Pataniscas de Bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Londres_9

Chouriço e Pão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois foram as pataniscas de bacalhau e um chouriço grelhado atrevido, que já pedia um tinto.

Blend_All_About_Wine_Londres_10

Lagar de Darei 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foi ainda o Jamie Goode que escolheu um tinto “Lagar de Darei” de 2011, sóbrio, apelativo, bem interessante.

Plan B 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

De Bortoli 2008 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ao fim da tarde, numa conversa com Sarah Ahmed, à volta dumas garrafas de vinho branco australiano, fizemos a comparação entre estes dois mundos: os vinhos australianos estão por todo o lado!!

Mas em Londres há também alguns locais emblemáticos a servir e vender vinhos de todo o mundo, onde, apesar de haver vinhos portugueses, a sua oferta é diminuta, por vezes mesmo apagada. E onde urge colocar mais vinhos portugueses a serem provados e comprados por um público cada vez mais interessado.

Blend_All_About_Wine_Londres_13

The Sampler – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Um desses locais é o “The Sampler”, em South Kensington, que tem uma oferta de 1.500 vinhos de todo o mundo, uma boa parte deles de pequenos produtores, que podem ali ser provados e comprados, com alguns bons vinhos portugueses disponíveis.

Hedonism Wines – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Elegante e Requintada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Noutra zona da cidade, em Mayfair, é a vez de uma loja de vinhos absolutamente fantástica, a Hedonism Wines. Elegante, requintada, muito bem climatizada, enorme, extraordinariamente bem organizada e onde podemos encontrar tudo, mesmo tudo, de todo o mundo.

Garrafas desde €8 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A €15.000 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

Desde vinhos a €8 a garrafa, até raridades a €15.000 a garrafa. Leu bem, €15.000 a garrafa!!

Blend_All_About_Wine_Londres_18

Vinhos Portugueses – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E também ali estão alguns bons vinhos portugueses.

Em restaurantes, bares, wine bars e lojas gourmet, podemos encontrar vinhos portugueses, embora em ofertas muito limitadas, o que não corresponde à fama e à qualidade sempre crescente que têm vindo a assumir junto da crítica internacional. Está por isso na hora de dar o salto, de dar mais visibilidade aos nossos vinhos e de colocá-los nos locais mais emblemáticos da capital britânica. E mesmo que sejam produtores já com tradição, porque não fazê-lo duma maneira divertida…

Blend_All_About_Wine_Londres_19

Porque não fazê-lo de uma maneira divertida? – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Aqui na Blend continuaremos a lutar por isso e disponíveis para apoiar todo o tipo de acções que possam ajudar.
Afinal Londres é já ali, a duas horas de viagem…
Cheers!

Restaurante Mendi – 18 anos a servir bem

Texto José Silva

É já uma instituição da cidade do Porto. Há 18 anos a funcionar no mesmo local, naquela ruela pedonal que ladeia o hotel Crown Plaza (antes Tiara). Por três vezes sofreu obras de renovação, embora mantendo sempre um ambiente onde impera a tranquilidade, com muita luz a entrar pelas enormes vidraças. Um pequeno balcão à entrada e uns bonitos cadeirões, onde se pode aguardar por mesa.

Blend_All_About_Wine_Mendi_1

Decorado em Tons Carmim – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Mendi_19

Peças Orientais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados


Sala ampla, muito bem decorada em tons carmim, com alguns apontamentos de peças orientais, que incluem duas bonitas colunas, logo à entrada.

Blend_All_About_Wine_Mendi_2

Forno Tradicional – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservadosts Reserved

Em frente, a entrada para a cozinha, de que faz parte o forno tradicional (tandoori), por onde passam algumas das iguarias que vêm depois à mesa.

Blend_All_About_Wine_Mendi_3

Mani Ram – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Mendi_4

Tej Ram – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Tudo trabalhado por mãos experientes a cargo de dois cozinheiros eles próprios indianos, já há muitos anos no Mendi: Tej Ram e Mani Ram. Depois é o cuidado apurado na compra de produtos de qualidade, uma boa parte mesmo com origem na terra mãe deste tipo de cozinha.

Blend_All_About_Wine_Mendi_5

Especiarias e Temperos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na sala pairam aromas suaves de incenso a que se vão juntando aqueles outros que vêm da cozinha, das várias especiarias e tempêros que fazem da comida indiana uma das mais olorosas de todas.

Blend_All_About_Wine_Mendi_6

Kamal Rajani – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

À frente de tudo isto, a força e a vontade dum homem que sempre acreditou (e acredita) naquilo que faz, que deu corpo e continua a dar o espírito a este Mendi: Kamal Rajani. Nasceu na antiga Lourenço Marques, Moçambique, viveu em Inglaterra, depois foi até aos Estados Unidos e finalmente, em 1981, veio para Portugal para casar. Até que, em 1997, fundou o Mendi, onde está até hoje. Agora também ajudado pela sua filha Mafalda, a dar um toque feminino a este espaço tão agradável.

Blend_All_About_Wine_Mendi_7

Mesas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As mesas estão muito bem postas, sóbrias, e um serviço personalizado, que quase não se nota, tal a sua delicadeza, mas que também nos pode ajudar a percorrer uma ementa bastante completa, entre as muitas entradas e os pratos mais elaborados.

Blend_All_About_Wine_Mendi_8

Papadom – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A refeição começa impreterivelmente com os papadom, aquelas folhas fininhas, crocantes, com especiarias, ligeiramente picantes, e que nos dão o primeiro contacto com estes paladares exóticos. Sim, porque a comida indiana (e oriental em geral) é tradicionalmente picante. Embora, numa adaptação aos paladares europeus, no Mendi se possa apreciar tudo sem picante, se assim o entendermos. O que, confesso, descaracterizará um pouco esta cozinha tão nobre. Mas podemos, isso sim, controlar o nível de picante, basta pedir ajuda: pouco, médio, forte ou muito forte. Eu gosto de começar no médio e terminar no muito forte, já com umas gotas de suor nos sobrolhos e a escorrer pela nuca.

Blend_All_About_Wine_Mendi_9

Malaguetas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Gosto mesmo de ter ao meu lado um pratinho com as malaguetas frescas fatiadas e ir juntando ao que vou comendo, é um imenso prazer…É um picante forte, quente, de qualidade, muito saboroso.

Blend_All_About_Wine_Mendi_10

Nan – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Mendi_11

Sahi Nan – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O nan, que é o pão típico indiano, confeccionado no tal forno (tandoori), vai acompanhar toda a refeição: fofo, baixinho, bem temperado, com muito alho, ou numa versão (sahi nan), com queijo e vegetais e, lá pelo meio, umas laminazinhas atrevidas de malagueta, uma delícia.

Blend_All_About_Wine_Mendi_12

Entradas Mistas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Mendi_13

Sheek Kabab – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O cortejo da refeição começou por uma entrada mista: samosa vegetal, hara bara kabab, onion bhaji e pakora. Que se vão enriquecendo com vários molhos, entre eles um requintado molho de menta.

Blend_All_About_Wine_Mendi_14

Goane & Prawn – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Mendi_15

Murgh Makhani – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados


Depois veio o sheek kabab, que é uma espetada de borrego, também um delicioso goane e prawn, que é um saborosíssimo caril de camarão com leite de coco e finalmente um murgh makhani, caril de frango com natas, que pedi mais picante e que estava soberbo.

Blend_All_About_Wine_Mendi_16

Arroz Soltinho (Pulao) – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A acompanhar todos estes pratos, arroz, pois claro, um pulao soltinho, requintado e elegante, a fazer o contra ponto com as especiarias dos vários pratos.

Blend_All_About_Wine_Mendi_17

Kulpi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Blend_All_About_Wine_Mendi_18

Barfi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados


Para finalizar, a sobremesa: um kulpi e um barfi, muito diferentes, sofisticados e suaves. Enquanto terminávamos a conversa, foram-se trincando umas sementes de especiarias, algumas mesmo ligeiramente adocicadas, que ajudam a fazer boa digestão.
Outras terras, outros costumes…
Parabéns ao Mendi pelos dezoito anos a servir bem!

Contactos
Av. da Boavista 1430, 4100 Porto
Tel: (+351) 226 091 200
Facebook: Mendi Restaurant

O chefe Marco Gomes, do “Foz Velha”, agora também com a “Casa do Marco”

Texto José Silva

Nasceu em Alfândega da Fé, em Trás-os-Montes, e tirou o curso em Bragança, tendo-se formado bastante cedo, iniciando um trajecto fulgurante que o levou a unidades hoteleiras e restaurantes um pouco por todo o país: Algarve, Lisboa, Viseu, Alfândega da Fé, Chaves e Amarante, onde foi então reabrir o restaurante da estalagem “Casa da Calçada”.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4973

Chefe Marco Gomes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Dali foi o salto para o Porto, para abrir o restaurante “Foz Velha”, na zona antiga da Foz, em frente ao mar e muito perto da foz do rio Douro, já lá vão doze anos.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_504

“Foz Velha” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ao longo dos quais o transformou num dos mais conhecidos e apreciados da cidade, onde pratica uma cozinha de autor, mas baseada quase sempre nos produtos portugueses e nos nossos aromas e paladares, mantendo sempre uma forte ligação a Trás-os-Montes, a sua terra mãe. Começou então uma carreira que lhe viria a dar um reconhecimento nacional e mesmo internacional, pois tem sido convidado para cozinhar em vários pontos do mundo: Espanha, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Suécia, Dinamarca, Suíça, Escócia, Alemanha, Hong-Kong e Macau. Neste último participou até no arranque dum novo projecto. Actualmente está ligado a um projecto na ilha de S. Miguel, o restaurante “Forneria Sta. Clara”, nos Açores.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4968

Chefe Marco Gomes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Participou também na elaboração de vários livros, um do quais bem curioso, que partilha com outros colegas e onde cada um tem a cozinhar consigo o próprio filho! Filho de peixe…

Fazer serviços de pequena, média e grande envergadura passou a ser uma constante, um pouco por todo o país. Dá formação em várias escolas, ajudando muitas vezes os alunos a fazer os seus estágios e até a encontrar colocação.
Com naturalidade, foi convidado a participar num programa televisivo, a “Praça da Alegria”, onde partilhou o espaço com outros colegas, e onde esteve até este programa ser “deslocalizado” para Lisboa. Hoje tem um espaço no programa da manhã do “Porto Canal”, um vez por semana, com bastante sucesso.

Mas como a vida é feita de evolução, recentemente decidiu efectuar uma enorme transformação no seu “velho” Foz Velha e meteu mão à obra. Tendo há alguns anos recuperado duas salas do piso térreo e criado a “Academia Marco Gomes”, um espaço polivalente onde se faz “show cooking”, formações diversas e refeições para pequenos grupos, manteve este espaço e criou um novo conceito, com imagem renovada, novos logotipos e decoração totalmente nova: a “Casa do Marco”.

Nova decoração – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lareira acolhedora – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foram feitas obras de renovação das infra-estruturas, melhorando o conforto, e no primeiro piso, onde funcionava o “Foz Velha”, passaram a funcionar dois espaços e conceitos: o “Foz Velha” mantém-se num espaço mais recatado, usufruindo da lareira acolhedora, e ali servem-se apenas menus de degustação, mantendo a qualidade e o nível de serviço a que já nos habituamos.

Um espaço mais recatado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

“Casa do Marco” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A parte maior da sala é agora a “Casa do Marco”, um espaço mais jovem, informal, mas com o traço comum na decoração, nas mesas e mesmo no serviço, mas agora com uma oferta de petiscos que se dividem em: Para Picar, Os Caldos, Dá Cá Um Bacalhau, Carne, Inovações, Por Encomenda, Que Lateirices, As Frigideiras, O Tacho, Acompanhantes e O Que É Doce, Doce É!! E está tudo dito…

Menu – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O que se pretende é que, debaixo do mesmo ambiente e serviço, se possam fazer refeições ligeiras ou completas, escolhendo livremente desta ementa divertida mas com uma grande variedade de oferta onde se pode mesmo só “picar”, ou ir até mais longe com pratos mais substanciais.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4964

“Pica-Pau” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com a inclusão de muito do receituário tradicional português e mesmo tripeiro (lá está o pica pau, as tripas à moda do Porto e mesmo a francesinha!!), o cliente tem a possibilidade de escolher não só o que mais lhe agrada, mas também as quantidades à medida do seu apetite. O que também se traduz no preço final, que pode ser uma boa surpresa. Muitos dos vinhos da carta variada são servidos a copo, a preços bastante sensatos.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4970

Chefe Marco Gomes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O próprio chefe Marco Gomes vem muitas vezes à mesa, inteirando-se da satisfação dos clientes e recolhendo opiniões que pode mesmo utilizar na melhoria da prestação desta “casa” que é dele, mas que quer partilhar com os clientes.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4956

Aros de Lula – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já lá comemos o pica-pau, a alheira e a chouriça grelhadas, um belo presunto de porco bísaro, uma óptima seleção de queijos, rodas de lulas douradas, ovos rotos e um salmão curado soberbo.

Caldo de Tomate – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Caldo de Cebola – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os caldos de tomate e de cebola são deliciosos, servidos muito quentes. O bacalhau à Braz estava no ponto, assim como o arroz de costelinhas em vinha d´alho.

Ovos Rotos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Açorda de Camarão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os ovos rotos e a francesinha tradicional são mesmo muito bons, assim como a açorda de camarão, o lombinho de porco em vinha d´alho, a posta de vitela grelhada e o costeletão de vitela, enorme, grelhado no ponto, excelente.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4966

Grão de bico com mão de vaca – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O arroz de estrugido é irresistível e as tripas à moda do Porto e o grão de bico com mão de vaca são coisas muito sérias. Nas sobremesas o destaque para a tarte folhada de maçã com gelado de maçã verde e a mousse caseira de chocolate com avelã.

Fica então o convite do chefe Marco Gomes para fazermos uma visita à sua “Casa do Marco”.

Blend_All_About_Wine_Marco_Gomes_4501

Convite – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Vai valer a pena…

Contactos
Casa do Marco
Esplanada do Castelo 141  •  Porto 4150-196 PORTO
Tel: (+351) 226 154 178
Telemóvel: (+351) 918 818 147
E-mail: mail@fozvelha.com
Site: www.marcogomes.ptwww.fozvelha.pt

Anselmo Mendes, Produtor e Enólogo

Texto José Silva

Sendo de Monção, Anselmo Mendes acabou por se estabelecer em Melgaço, em 1997, onde comprou uma propriedade e onde, além duma pequena casa, acabou por construir uma adega. Que foi crescendo, crescendo, até ao limite possível. E assim, foi com naturalidade que lançou, em 1998,o seu primeiro vinho, o Muros de Melgaço.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_1

Anselmo Mendes – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Estudioso, pesquisador, aplica os ensinamentos da riquíssima história dos vinhos portugueses à produção dos seus próprios vinhos, juntando-lhes a modernidade apenas necessária. Gosta de estudar as vinhas, sendo hoje enólogo consultor em várias outras regiões do país e mesmo no Brasil. Também gosta de ensinar e dar formação a quem trabalha com ele e o acompanha, que também o ajudam a fazer experiências, muitas experiências, na vinha, mas sobretudo na adega, com que também se vai divertindo. Aliás Anselmo Mendes é uma pessoa divertida, de conversa fácil e muito interessante, que transpira a paixão e o conhecimento que tem deste mundo fascinante que é o vinho.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_2

New winery – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Quando a sua adega chegou ao seu limite físico, Anselmo Mendes resolveu construir uma adega de raíz, mais abaixo, moderna, bem equipada, mas com espaço adequado á quantidade de vinho que produz nos dias de hoje.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_3

Old facilities recuperated – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Mas aproveitou para recuperar as antigas instalações com muito bom gosto, transformando a adega das cubas numa zona de provas, que inclui uma confortável sala de estar e uma sala de provas muito bem equipada, com vista para o vale, que vai até ao rio Minho.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_4

Old Barrels’ room- Photo by José Silva | All Rights Reserved

A antiga sala de barricas, mantendo algumas das velhas barricas e equipamentos que já não se usam, é agora uma sala para as suas “experiências”, de que por vezes saem coisas deliciosas.

Numa visita recente, passamos pela adega para provar alguns vinhos das cubas, todos de 2014, com destaque para um Loureiro que nos deixou quase estarrecidos, tal a sua qualidade e potencial! E, claro, provaram-se os Alvarinhos que hão-de dar os vários vinhos deste produtor, bem conhecidos no mercado. No entanto Anselmo Mendes promete novidades para este ano…ficamos a aguardar.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_5

Bottling and labeling – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Saídos da adega, onde se engarrafavam e rotulavam já alguns vinhos, não passaram 5 minutos até estarmos nas “velhas” instalações, neste caso no conforto da sala de provas.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_6

Tastings’ room – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Mas não resistimos a passear um pouco pelas vinhas, nesta época do ano completamente nuas, após terem sido podadas, que daqui a um mês estarão a dar os primeiros rebentos.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_7

The vineyard – Photo by José Silva | All Rights Reserved

No frio da manhã o vale estava tranquilo, o fumo das lareiras aqui e ali, e os montículos das vides resultantes da poda a marcar também a paisagem, com um tanque de água corrente de permeio.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_8

Tank – Photo by José Silva | All Rights Reserved

E, a toda a volta, os imponentes muros de granito, a fazer algumas separações, entre o arvoredo e a vinha, e entre patamares de várias vinhas.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_9

Granite Walls – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Dizia o Anselmo: “Já não se fazem muros destes!” A diferença principal entre os vinhedos de Alvarinho de Monção e Melgaço (que constituem, em conjunto, a sub-região de Monção e Melgaço), é que em Monção os vinhedos estão principalmente num amplo vale, que vai estreitando para montante, apertado entre o rio Minho e a montanha, até que toma a forma de patamares, por ali acima, já em Melgaço. Estas vinhas do Anselmo são um bom exemplo disso.

Ainda passamos pela antiga adega de barricas, agora a aguardar novidades e novos processos, e ficou combinada nova visita em vindimas, lá para Setembro, para nos divertirmos um bocado. Mas era hora da prova principal, e sentamos-nos à mesa com o nosso anfitrião, para provar…18 vinhos!!

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_11

18 wines’ tasting – Photo by José Silva | All Rights Reserved

A coisa prometia e lá fomos guiados pelo mestre, que foi explicando, aconselhando e por vezes justificando as suas escolhas. Mas será preciso justificação para provar estes vinhos?!

Começamos pelos Muros Antigos de 2014, 2012 e 2010. Mesmo o 2010 ainda muito fresco, com muito boa acidez, e o 2014 ainda cheio de fruta, algum tropical, sedoso, a prometer belas experiências lá para o verão. Seguiram-se os Muros Antigos Loureiro de 2014 e 2010. A outra casta que Anselmo Mendes trabalha intensamente, na perfeição, aqui a dar-nos duas perspectivas diferentes: 2014 muito floral, intenso, com óptima acidez na boca e um final muito fresco e persistente, e 2010 sensacional, evoluído mas ainda com bela acidez, alguma fruta branca madura, exótico, com final aveludado e elegante, a provar que também os brancos da região dos vinhos verdes envelhecem com galhardia.

Passamos então aos quatro Muros Antigos Alvarinho: 2014, 2012, 2010 e 2009. O primeiro, ainda muito jovem, quase um bebé, a precisar de tempo de garrafa, mas já a denotar alguma mineralidade a equilibrar a fruta, que está bem presente, com bom volume de boca, na linha dos seus irmãos mais velhos. 2012 é já um clássico deste patamar, a fruta mais moderada embora presente, uma mineralidade intensa, elegante mas robusto, muito boa acidez, num conjunto muito equilibrado ainda com alguma juventude. 2010 é um Alvarinho já com alguma evolução em que a fruta quase desapareceu, para dar lugar a notas secas, aromas químicos deliciosos ainda muito suaves, mas onde a mineralidade granítica se mantém e se afirma. Redondo na boca, persistente, volumoso, até ligeiramente austero, com muito boa acidez a dar-lhe prolongamento final. 2009 é já um Alvarinho evoluído, muito elegante, até mesmo exótico, cheio de complexidade, com aromas terciários inebriantes e difíceis de distinguir mas por isso mesmo tentadores e um final muito longo, sedoso, seguro.

Passando para outro estilo, provaram-se os Contacto de 2014, 2012 e 2010. Um Alvarinho mais aromático, este 2014 ainda cheio de fruta tropical, intenso, muito fresco, aveludado, um dos mais gastronómicos, pede comida. 2012 apresentou-se mais fechado, embora no copo fosse evoluindo, ainda alguma fruta, mas mais madura, fresco e elegante. 2010 a apresentar alguma evolução, mantendo o perfil de suavidade, agora quase sem fruta, mas com toque seco e notas tostadas, muito envolvente na boca, com acidez intensa a dominar um belo conjunto.

Veio então o Muros de Melgaço com a sua garrafa estranha mas que é já uma referência. O 2013 apresentou-se cheio de força, notas de fruta tropical bem madura, muito maracujá, elegante e intenso, muito redondo na boca, com óptimo volume, um dos grandes clássicos de Anselmo Mendes. O 2009 apresenta grande evolução, já muito pouca fruta, muito suave, notas intensas de evolução, ainda alguma frescura, complexo mas muito seguro, ainda vai evoluir muito, para nosso prazer. Finalmente passamos aos dois patamares superiores dos Alvarinhos de Anselmo Mendes.

Primeiro os Curtimenta 2013 e 2012. O 2013 está poderoso, ainda com muita fruta, com notas tropicais, mas com uma mineralidade intensa e muita frescura. Na boca é incrível, a mineralidade quase salina a traduzir os terrenos graníticos na sua plenitude, fresco, acidez intensa e um final imenso. O 2012 é semelhante ao anterior, apenas mais elegante, mantendo o volume na boca, intenso, mineral, ligeiramente mais sedoso, a revelar que a evolução no tempo vai ser fascinante.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_12

A fantastic tasting – Photo by José Silva | All Rights Reserved

E terminamos uma prova fantástica com dois Parcela Única: 2013 e 2012. Qual deles o melhor! 2013 ainda cheio de juventude, a fruta tropical muito elegante, aveludado, cheio de requinte no nariz, quase um perfume. Na boca é envolvente, apresenta-se muito equilibrado entre a frescura, a fruta e a acidez, tudo dominado por uma mineralidade que se vai sentindo ao longo da prova, precisa de estar algum tempo no copo e não pode ser servido muito fresco. Final muito elegante e longo, muito longo. O 2012 em relação ao anterior tem um perfil semelhante, ainda mais elegante, a fruta a ficar mais suave, o perfume mais envolvente, muito complexo, um vinho fantástico.

Blend_All_About_Wine_Anselmo_Mendes_13

On the way out – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Deixamos Melgaço com a certeza que em breve teremos mais alguns excelentes vinhos no mercado. Em Setembro, lá estaremos nas vindimas.

Contactos
Zona Industrial de Penso, Lote 2
4960-310 Melgaço · Portugal
Tel/Fax: (+351) 227 128 541
E-mail: anselmo.mendes@netcabo.pt
Site: www.anselmomendes.pt