Maritávora Grande Reserva Branco Vinhas Velhas, príncipe do Douro Quinta dos Abibes, a Bairrada em modo Sublime

Chili com vinho (Esporão)

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Texto Ilkka Sirén

“O que é que se come na Finlândia?”, é uma pergunta que ouço com bastante frequência. As pessoas esperam todo o tipo de respostas estranhas, como por exemplo, que como carne de urso crua e que tenho o meu próprio alce no qual vou todos os dias para o trabalho. Não é bem assim. Temos bastantes pratos tradicionais na Finlândia, mas a maior parte só comemos uma vez por ano. Não temos nada do género do bacalhau, como em Portugal, que se come quase diariamente ou pelo menos uma vez por semana. Os finlandeses em geral não utilizam muitas espécies na alimentação e, para ser honesto, a comida aqui é por vezes bastante insípida. Por outro lado, aqui, apreciam-se os sabores naturais dos bons ingredientes. Vegetais, raízes, bagas e cogumelos são algumas das coisas mais preciosas aqui no Norte gelado. Mas, sendo eu um fã de, por exemplo, cozinha tailandesa e vietnamita, aprecio comidas com sabores fortes e picantes.

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Swirl – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

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Tortilha – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Agora, a caminho de mais um difícil Inverno, sentamo-nos e esperamos que as folhas caiam e cubram tudo com cores bonitas. Neste momento já as noites estão a ficar mais frias e, quem sabe, se não começará já a nevar no próximo mês. De facto, neste momento, o Verão já só é uma longínqua miragem. Isto tem imapacto directo na cozinha das pessoas, especialmente na minha. E não é só isso, começo a cozinhar pratos mais calorosos e faço pickles de, literalmente, tudo. O Outono também se reflecte na minha escolha de vinhos mas vamos voltar a esse ponto mais tarde.

Tortilhas, tacos, burritos e carnitas estão longe de ser comidas tradicionais finlandesas mas devo confessar que sou um fã. A tortilha em si, aquele pão fino, é apenas um veículo para todas as coisas deliciosas; neste caso um habanero picante e um chili naga jolokia de carne. Apesar do chili naga jolokia ser cerca de 400 vezes mais picante que o molho de tabasco, a ideia aqui não é destruir o palato. Gosto de criar molhos poderosos e equilibrados mas ao mesmo tempo saborosos. Nem sempre consigo.

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Esporão Reserva 2011 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

A pergunta é: com que servir este tipo de prato? O meu impulso natural seria “cerveja ou nada”. Sim, cerveja seria sem dúvida a harmonização mais fácil, mas tinha que existir outra coisa. Muitos teriam optado por um branco semi-seco, talvez um Riesling. A doçura a equilibrar o picante do chili, etc. De certeza que funcionaria mas, neste caso em particular, seria demasiado elegante. As tortilhas são tudo menos elegantes. São desengonçadas, desconcertadas e deliciosas. Queria algo com cojones apropriados para a situação. Entre então o Esporão Reserva 2011. Um blend robusto de Alicante Bouschet, Aragonês, Cabarnet Sauvignon e Trincadeira. Negro e denso como a árvore do rótulo, o Esporão Reserva 2011 é uma dádiva de Deus para as nossas noites frias e escuras. É definitivamente um vinho que devemos deixar perdido na garrafeira durante 1-12 anos mas que, com o chili de carne picante, deu lugar a uma harmonização brilhante. A princípio achei que seria um assalto aos sentidos. E devo dizer que houve bastante acção quando este amplo alentejano colidiu com o chili. Mas pouco depois, quando a poeira baixou, houve um saboroso e ligeiramente surpreendente casamento de sabores. Caso não estejam habituados ao chili a combinação poderá ser um pouco forte demais mas, se adorarem chili como eu, podem descobrir aqui algo muito especial.

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Wine Writer - Blend | All About Wine

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