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As frescuras da Quinta do Pôpa

São três as propostas mais refrescantes que nos chegam da Quinta do Pôpa. Localizada perto de Tabuaço, são ao todo 14 hectares de vinha que alimentam, desde 2007, este sonho de um pai que se tornou realidade pela mão do seu filho. Hoje em dia são os netos Stéphane e Vanessa Ferreira que lideram o projeto com a enologia de Francisco Montenegro e João Menezes. São vinhos de homenagem com a marca Contos da Terra, a prestar homenagem ao Douro e às suas gentes enquanto os Quinta do Pôpa homenageiam a família proprietária.

Neste caso o destaque vai para aquele que é o primeiro Quinta do Pôpa Rosé, e a juntar-se a ele, as novas edições em branco do Quinta do Pôpa e do Contos da Terra. Comum a todos eles a baixa graduação que oscila entre os 12 e 12.5% Vol., tal como a frescura e a boa afinação de conjunto que mostram ter.

Quinta do Pôpa

Contos da Terra Branco 2015 – Foto de João Pedro Carvalho| Todos os Direitos Reservados

Contos da Terra Branco 2015: tem como base as castas Viosinho, Rabigato, Cerceal, Folgazão, com passagem apenas pelo inox. Como já aqui foi dito um vinho que homenageia o Douro e as suas gentes, mostra-se com mediana intensidade onde a fruta (citrinos e tropical) surge gorda e suculenta, leve floral, conjunto cheiroso e feliz, um vinho muito polivalente que facilmente agrada à mesa.

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Quinta do Pôpa branco 2015 – Foto de João Pedro Carvalho| Todos os Direitos Reservados

Quinta do Pôpa branco 2015: novamente com um lote de castas durienses a apresentar-se num perfil mais contido que o anterior, mesmo com estágio parcial em madeira, mostra-se ligeiramente mais envolvente com notas de fruta (tropical, citrinos) madura envoltas em capa de resina, leve baunilha a dar sensação de untuosidade, frescura de conjunto com boa intensidade.

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Quinta do Pôpa Rosé 2015 – Foto de João Pedro Carvalho| Todos os Direitos Reservados

Quinta do Pôpa Rosé 2015: resulta do lote de Tinta Roriz e Touriga Nacional, a mostrar-se muito fresco, delicado nos aromas com a fruta (morango, framboesa) em plano de destaque, sumarenta e cheia de sabor. Na boca é um misto de sensações, entrada mais arredondada com a fruta em destaque para terminar com uma boa dose de secura num final de boa persistência.

Texto João Pedro de Carvalho

Quinta dos Frades, um Douro Requintado

A Quinta dos Frades é uma propriedade de uma beleza incrível, plantada na margem esquerda do rio Douro, na Folgosa.

Pertença duma família aristocrática com grande tradição, ligada a vários sectores de negócios, a actual geração decidiu fazer uma homenagem ao seu fundador, com o lançamento dum vinho a que deram o seu nome: Delfim Ferreira.

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Quinta dos Frades – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foi um homem notável, que investiu em fábricas têxteis e na produção de energia eléctrica, tendo fundado em 1953 a Hidro Eléctrica do Douro, era um homem com visão que criou e deixou um imenso património. Vivia na Casa de Serralves, no Porto, que fazia parte desse património e foi ele que mandou construir o hotel Infante Sagres, também no Porto. Os seus descendentes continuaram a investir em várias áreas de negócio, sendo a dos sabonetes de luxo bem conhecida em todo o mundo, com a marca Ach. Brito.

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A vinha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E têm investido também na Quinta dos Frades, que tem vindo a ser remodelada, mas mantendo todo um património arquitectónico fantástico, que a família usa sempre que pode, e que é também utilizado para receber visitas, entre amigos e profissionais.

Muitas das vinhas da quinta ainda são trabalhadas com as “mulas”, em locais onde nem o tractor entra.

Também o extenso olival está muito bem tratado, produzindo azeite excelente para consumo próprio.

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Olival – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em recente visita, os jornalistas foram recebidos pelo administrador Aquiles de Brito que, juntamente com o enólogo Anselmo Mendes, fizeram uma visita guiada à quinta e alguns dos seus edifícios, á adega e ás vinhas.

O passeio pedestre terminou na Casa de Chá da Quinta dos Frades, mais um dos belos edifícios da quinta, com uma vista sumptuosa, um local de repouso e meditação.

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Casa de chá – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Foram provados alguns vinhos e foi apresentado o novo vinho de homenagem a Delfim Ferreira. E foi servido um delicioso almoço que fez boa companhia aos vinhos durienses: salada de bacalhau, salada de gambas e codorniz de escabeche foram acompanhados pelo Vinha dos Santos Branco 2015, a feijoada de coelho bravo foi acompanhada pelo Quinta dos Frades Grande Reserva 2013 e as carrilhadas de porco bísaro estufadas em vinho da Quinta dos Frades com açorda de penca do Douro foi acompanhada pela novidade, o Homenagem ao Comendador Delfim Ferreira 2011.

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Anselmo Mendes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Antes disso tinha decorrido a prova de vários vinhos da quinta:

O Quinta dos Frades Vinhas Velhas 2013 apresentou muita elegância, concentração, leve toque floral com fruta vermelha bem madura. No ataque de boca nota-se grande frescura, uma acidez fantástica, taninos secos, bela estrutura e um final médio mas muito saboroso.

O Quinta dos Frades Vinhas Velhas 2011 apresentou-se algo fechado, sedoso e muito elegante. Fresco, seco, apelativo. Volumoso e com grande estrutura, frescura e acidez de mãos dadas, frutos vermelhos bem presentes. Elegante mas poderoso com grande final para um belo vinho.

O Quinta dos Frades Vinhas Velhas 2009 mostra ainda muita fruta no nariz, é sedoso, algo fechado mas muito fresco. Grande acidez, estrutura poderosa, gordo, intenso, taninos ainda bem presentes mas domados. Um vinho austero, com leves notas vegetais, com alguma elegância. Um Douro próximo do tradicional com óptimo final.

E veio o Quinta dos Frades Vinhas Velhas 2008, mais escuro, denotando alguma evolução no nariz, aveludado, sedoso, alguma fruta bem madura e especiarias. Grande volume de boca, muito elegante, seco, muito fresco com acidez muito equilibrada, complexo e com um final fantástico. Um belo vinho que ainda vai evoluir!!

Terminou-se a prova com o vinho mais recente, o Comendador Delfim Ferreira Grande Reserva 2011. Que teve origem nas mesmas vinhas, numa zona com menos Touriga Nacional e Tinta Roriz, e que estagiou em barricas de primeira qualidade. Apresenta-se escuro mas muito elegante, aveludado, floral, bela fruta, muito fino. Intenso, com óptima estrutura, frutos vermelhos intensos, excelente acidez, frescura, taninos bem domados, secos, levemente apimentado, complexo e sedutor. Um grande final num vinho cheio de afectos, um vinho de comemoração.

Quinta dos Frades

Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na despedida da Quinta dos Frades, já temos vontade de lá voltar…

Texto José Silva

O Sossego da Herdade do Peso

Texto João Pedro de Carvalho

Situada no Baixo Alentejo, em plena Vidigueira, a Herdade do Peso acaba de colocar no mercado as últimas novidades, de nome Sossego, que se apresentam no formato branco, rosado e tinto. Surgem assim, na Herdade do Peso, os novos vinhos que se situam no patamar imediato ao Vinha do Monte, como vinhos indicados para um consumo mais casual e diário, com uma qualidade interessante para o objectivo pretendido. E é neste sossego por mim tão desejado e que me tem mantido nestes últimos dias bem afastado do reboliço da cidade, que me vou deixando deliciar pelos aromas e sabores dos vinhos que me vão passando pelo copo.

Neste caso é a franqueza de aromas que os domina por inteiro, a frescura em conjunto sempre bem afinado, mostra-se ao lado da fruta (madura e fresca) de intensidade mediana tal como se mostram a nível de corpo. E mesmo neste sossego deseja-se e procura-se alguma irreverência ou mesmo aquele algo mais que faça despontar o interesse naquilo que temos pela frente. Apetecia pois um pouco mais, mas talvez isso fosse pedir o que não se pode dar, ou o que não faz parte da estratégia delineada. Resta-nos, pois, em sossego apreciar estas novas referências:

Sossego branco 2015: num lote tipicamente alentejano com 75% Antão Vaz, 20% Arinto e 5% Roupeiro, fruta fresca e madura de bom nível com exuberância de bom tom, ligeiro floral a fechar o conjunto, algo discreto com boa secura no fundo, mas pronto para a mesa.

Sossego Rosé 2015: feito exclusivamente de Touriga Nacional, bonito na cor e na candura dos aromas, frescos, ligeiros e apelativos, sendo direto na forma como se faz mostrar. Presença mediana no palato sendo a fruta novamente protagonista, calmo, sereno, ligeira secura de fundo num perfil que agrada.

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Vinhos – Foto de Herdade do Peso | Todos os Direitos Reservados

Sossego tinto 2014: criado a partir de um lote de 75% Aragonez, 15% Syrah, 10% Touriga Nacional, com direito a estágio de 6 meses em barrica usada. Muita fruta madura em tom silvestre (amora, framboesa) com o aconchego da barrica, elegância num todo harmonioso. Boca num misto de fruta e frescura, corpo mediano com boa presença.

Os vinhos diferentes da Muxagat

Texto José Silva

Mesmo no limite da região demarcada do Douro, na Meda, em pleno Douro Superior, a Muxagat é um produtor bem conhecido na região.

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A adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma pequena adega, já com alguns anos, que tem vindo a ser ligeiramente adaptada aos tempos modernos, mas onde a produção de vinho ainda é feita acima de tudo por métodos tradicionais, aproveitando mesmo algumas técnicas antigas que dão muito boa conta de si.

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Xisto

Das vinhas da Muxagata, e algumas outras da região, vêm as uvas, brancas e tintas, daqueles terrenos xistosos, por vezes impiedosos, de clima extremo e grandes amplitudes térmicas, que a vinha agradece.

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Uvas apanhadas à mão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tracção Animal – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

E que ainda são apanhadas à mão e transportadas com o auxílio da preciosa tracção animal. Outras chegam à adega em caixas de plástico pequenas, que são colocadas num contentor frigorífico, para estabilizar a temperatura, antes de serem prensadas.

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Prensas Verticais – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

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Pisa a pé – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois são prensadas nas velhas prensas verticais, a proporcionar grande qualidade, ou então nos lagares de granito, com o recurso inigualável do pezinho humano, pois claro. Sempre a tradição nesta adega que acaba por ter ainda grande funcionalidade. Depois dos mostos retirados, os vinhos obtidos vão para cubas de aço inox ou para barricas de madeira de carvalho, onde hão-de estagiar o tempo necessário até serem engarrafados.

São também utilizados balseiros de madeira e os ovos de betão, técnica moderna que ainda ali está a ser testada, mas com bons resultados. Na última visita provaram-se alguns vinhos, que confirmaram aquilo que deles se esperava e conhecia.

O Rosé 2014 apresentou uma cor rosada apelativa, com aromas de morango e framboesa intensos e um ataque de boca suave e elegante, mas com bastante estrutura, algo exótico, muito agradável com final cheio de elegância.

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Muxagat Rosé 2014 – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

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Muxagat branco 2013 – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

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Os Xistos Altos – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

Depois foi o Branco 2013, com notas de frutos de polpa branca, pêra, pêssego e ameixa, levemente floral e muito mineral. Na boca tem acidez intensa, muito volume, notas citrinas e minerais com final longo e seguro.

Os Xistos Altos 2012 é um branco muito especial, tem fruta branca, algum floral, alguma mineralidade com toque fumado. Na boca apresenta-se ainda mineral, quase salgado, complexo, muito elegante e com excelente acidez. Grande final.

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Cisne tinto 2011 – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

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Tinta Barroca 2014 – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

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Muxagat tinto 2102 – Foto Cedida por Muxagat | Todos os Direitos Reservados

Cisne Tinto 2011 é um vinho concentrado, com notas florais e de frutos pretos, sobretudo amoras. Na boca é bastante elegante, com alguma fruta madura, taninos redondos, muito fino, com final longo.

Veio então o Tinta Barroca 2014, feito com uvas de vinhas de altitude, 100% Tinta Barroca, apresenta aromas de framboesa, ginja, muito fresco no nariz. Na boca é aveludado, envolvente, pequenos toques de especiarias, belo volume e final muito longo.

Terminou-se com o Tinto 2102, dum vermelho escuro, opaco, apresenta-se fresco, com aromas de frutos vermelhos e algum balsâmico, levemente floral, muito complexo. Na boca realce para os frutos vermelhos maduros, notas leves de cacau, óptima acidez e taninos seguros e bem domados, a dar-lhe um final longo e saboroso. Belos vinhos, que agradecem algum tempo de garrafa e que agora têm a responsabilidade enológica de Luís Seabra, bom conhecedor do Douro, de que se espera a continuação dum trabalho de referência, com boas surpresas…

Aromas de Cidrô, as novidades da Real Companhia Velha

Texto João Pedro de Carvalho

O portefólio de vinhos da Real Companhia Velha produzidos na Quinta de Cidrô, assenta numa surpreendente colecção de castas nacionais e estrangeiras. Localizada perto de São João da Pesqueira com os mais de 150 hectares de vinha, as suas primeiras plantações datam dos finais do séc. XIX, altura que coincide com a construção do seu bonito e imponente Palácio. A Quinta de Cidrô viria a ser comprada pela Real Companhia Velha em 1972 e seria alvo de uma necessária reestruturação, tanto a nível das vinhas como do seu palácio, compra de novas parcelas e plantação de novas vinhas, tudo num sistema de vinha ao alto, como é possível observar na fotografia.

Num conceito que poderemos dizer de irreverência e inovação, castas brancas como Chardonnay, Boal, Alvarinho, Sauvignon Blanc ou Gewurztraminer ou tintas como a Pinot Noir, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Rufete, têm preenchido os nossos copos de aromas e sabores oriundos da Quinta de Cidrô. Em conversa ficamos a saber que falta no ramalhete das brancas a casta Riesling, que com toda a certeza por ali irá ser colocada. Certamente que a frescura das terras da Quinta de Cidrô vai acolher da melhor forma a nova inquilina, tal como tem feito com todas as restantes que tão bons resultados têm conseguido.

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Os vinhos em prova – Foto de Gonçalo VillaVerde | Todos os Direitos Reservados

Basta ter em memória o Quinta do Sidrô 1996 e comparar com o mais recente Quinta de Cidrô Chardonnay 2015, para entender o caminho de sucesso que tem vindo a ser percorrido nesta casa nos últimos anos. A prova teve uma mão cheia de brancos e um rosé, no total foram 6 vinhos e todos eles a mostrarem aromas espevitados e bem definidos, de perfil cada vez mais refinado e elegante mas com o Douro a marcar-lhes a alma. Uma evolução que se tem feito ao longo das colheitas onde cada vez mais os vinhos mostram os muitos encantos do local onde nasceram.

Quinta de Cidrô Alvarinho 2015: A mostrar frescura num conjunto bastante focado e coeso, estruturado e marcado pelo terroir do Douro com notas de fruto de pomar, citrinos e uma ligeira austeridade mineral em fundo. Passagem de boca com boa presença, saboroso e a fruta a marcar os sabores num final fresco e seco.

Quinta de Cidrô Sauvignon Blanc 2015: Ainda muito novo, expressivo num misto de fruta austera de caracter mais tropical e um toque de rebuçado de limão, vegetal fresco (espargo), conjunto coeso com o palato a médio tom no que a presença diz respeito. A fruta está menos presente que no nariz, terminando fresco e com boa persistência.

Quinta de Cidrô Boal 2014: A casta Semillon é conhecida no Douro como Boal, pelo que o vinho muda de nome, mas felizmente não mudou mais nada e por isso mantém todos os seus encantos. É claramente dos meus favoritos da prova, um vinho cheio e envolvente, que nos marca pela frescura e pelo tom mais morno que a madeira lhe confere. Cheio e opulento nos sabores e aromas, a acidez que tem domina-lhe por completo o espírito. Um daqueles para se ter, beber e se conseguir, guardar.

Quinta de Cidrô Chardonnay 2015: É já um clássico e dos mais bem conseguidos exemplares de Chardonnay feitos em Portugal vai para largos anos. O vinho surge mais elegante e refinado, nota-se a mão do enólogo, numa ligeira sensação de pão torrado, aconchego da madeira muito subtil com frescura e elegância da fruta de pomar, ananás mais dissimulado, coeso e ao mesmo tempo delicado, limpo e cativante.

Quinta de Cidrô Gewurztraminer 2015: Aroma cheio de líchias e pétalas de rosas, cheio de frescura num aroma muito directo que chega a saturar o nariz e mesmo o palato que quase sempre é um misto de frescura com água de rosas. O problema é meu certamente pois são casos raros os vinhos desta casta que me conquistaram, este não foge à regra e foi o que menos gostei da prova.

Quinta de Cidrô Rosé 2015: Um Rosé feito a partir de Touriga Nacional e Touriga Franca, mostra-se seco com toque fumado, misto de frutos vermelhos e flores (rosas de Santa Teresinha). Replica no palato o já descrito, marcado pela fruta bem saborosa e por uma boa secura no final.

Contactos
Quinta de Cidrô
5130-307 S. João da Pesqueira
Tel: (+351) 254 738 050
Fax: (+351) 254 730 851
E-mail: turismorealcompanhiavelha@gmail.com
Website: www.realcompanhiavelha.pt

Quinta de Santa Cristina

Texto José Silva

António Pinto é um empresário de sucesso, na área da electricidade e electrodomésticos, mas que se apaixonou pela produção vinícola com origem numa propriedade familiar, em Celorico de Basto.

Apoiado pela mulher e pela filha, começou a fazer vinhos a partir de 2004. Sempre com a colaboração do enólogo Jorge Sousa Pinto, com grande experiência em toda a região dos vinhos verdes. A empresa vitivinícola chama-se Garantia das Quintas e a sua marca principal é Quinta de Santa Cristina. Tendo iniciado a comercialização de vinhos apenas com um branco e um tinto, rapidamente apareceram mais variedades, quer pela vontade de produtor e enólogo, quer pela solicitação do mercado. E não tardou a aparecer mesmo um espumante, hoje já uma referência na região. Em 2013 avançaram com a construção duma adega nova, mesmo ao lado da residência que ali possuem e praticamente no meio das vinhas, com o monte da Senhora da Graça à ilharga.

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A nova adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mais bonito não podia ser! Em recente visita à nova adega, verificou-se a sua enorme funcionalidade, a par duma estética cuidada, onde falta apenas uma sala de provas, que não vai tardar.

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A nova adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A nova adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para além das tecnologias mais modernas, incluindo o frio, construiu-se também um lagar de granito onde alguns dos vinhos são ainda pisados a pé, mantendo a tradição, e muito bem.

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O lagar de granito – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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As vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As uvas vêm dos cerca de 40 hectares de vinhas, a maior parte das quais ali à volta, mas em várias altitudes, que produzem várias castas da região, como Alvarinho, Arinto, Avesso, Azal, Trajadura e uma curiosa e única Batoca, de que este é o único produtor. Mas já lá vamos.

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“Sabores da Quinta” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois de terminada a visita à moderna adega e de vislumbrar o imenso vinhedo ali à volta, o produtor convidou os visitantes a segui-lo até um restaurante da região, muito perto, o “Sabores da Quinta”. E foi ali que produtor, a filha, o enólogo e o viticultor nos guiaram por uma viagem através dos vinhos principais, fazendo interessantíssimas ligações com a comida, numa prova bastante didática. Afinal o vinho deve acompanhar a comida!

Começou-se com o vinho base de 2015, composto por Arinto, Azal, Loureiro e Trajadura, simples, muito fresco, um vinho fácil de beber, bem fresco.

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Quinta de Santa Cristina branco 2015 – Foto Cedida por Quinta de Santa Cristina | Todso os Direitos Reservados

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Quinta de Santa Cristina Alvarinho-Trajadura 2015 – Foto Cedida por Quinta de Santa Cristina | Todso os Direitos Reservados

Depois veio o Alvarinho Trajadura 2015, uma conjugação de duas castas que já estão habituadas uma à outra, um vinho cheio de fruta mas sem exagero, fresco e com acidez muito equilibrada, bastante gastronómico e que atacou muito bem os petiscos que começavam a vir à mesa.

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Pataniscas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Feijoada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Presunto, alheira, salada de feijão frade, pataniscas de bacalhau, feijoada e fígado de cebolada ligaram também muito bem com o interessante Alvarinho Loureiro, a dar o melhor das duas castas, fresco, algo floral e tropical, óptima acidez, uma ligação surpreendente.

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Quinta de Santa Cristina Loureiro-Alvarinho – Foto Cedida por Quinta de Santa Cristina | Todso os Direitos Reservados

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Bacalhau Assado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E veio o Alvarinho, um dos clássicos deste produtor, um vinho cheio de elegância, fino, levemente frutado e com notas tropicais, volumoso e com final longo.

Mais um a ligar bem com os petiscos, mas também com o bacalhau assado no forno com batatinha assada e muito azeite, que, entretanto, chegara à mesa.

Mas a grande surpresa da tarde foi um vinho branco feito com uma casta rara, originária desta sub-região de Basto, a Batoca. E de que este produtor é o único detentor, sendo este o primeiro engarrafamento, da colheita de 2015. Cheio de elegância, frutado no nariz e com alguma intensidade, muito equilibrado e fresco. Bela surpresa.

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Carne assada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de Santa Cristina Batoca – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já estávamos a apreciar a carne assada no forno com castanhas e arroz de forno, quando foi servido o Santa Cristina Reserva Branco 2014, feito com algumas das castas da quinta, de que se escolheram as melhores, com ligeiro estágio em madeira.

Embora tenha algum tropical, apresenta também frutos secos, tem óptima estrutura, muito elegante na boca, sedoso, com grande final.

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Santa Cristina branco Reserva 2014 – Foto Cedida por Quinta de Santa Cristina | Todso os Direitos Reservados

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Quinta de Santa Cristina Bruto branco 2013 – Foto Cedida por Quinta de Santa Cristina | Todso os Direitos Reservados

Ainda antes das sobremesas provou-se um dos espumantes da quinta, o Bruto Branco 2013, feito apenas com Arinto. Com bolha muito fina, apresentou-se muito cítrico, cheio de frescura, alguma tosta na boca, elegante e sedutor. Um belo final.

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Monte Senhora da Graça – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá fora, o monte da Senhora da Graça continuava altivo…

Quinta de Pancas, o renascimento de um clássico

Texto João Pedro de Carvalho

Continuo no meu pequeno tour pelas belas Quintas que rodeia a cidade de Lisboa, desta vez fui visitar a prestigiada Quinta de Pancas que tanto e tão bom vinho tem colocado na mesa dos consumidores nas últimas décadas. A Quinta de Pancas, fundada em 1495, está localizada a 45 km a noroeste da cidade de Lisboa, na freguesia de Santo Estevão e Triana, no chamado “Alto Concelho de Alenquer” junto ao lugar de Pancas. Entre a Serra de Montejunto e a lezíria da margem direita do rio Tejo, por entre montanhas, montes, vales e planícies a Quinta de Pancas mostra-se altaneira com os seus 50 hectares de vinha. Por ali os solos predominantes são calcários, variando a sua origem conforme a altitude das respectivas parcelas e ao declive das mesmas. Dominam nas variedades tintas a Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Syrah, Merlot, Castelão, Alicante Bouschet, Tinta Roriz, Touriga Franca, Petit Verdot e Malbec. Nas variedades brancas temos a Arinto, Chardonnay e Vital.

Durante anos os seus vinhos conquistaram os gostos dos consumidores mais exigentes, foram famosos e alvos de cobiça na década de 90 os Special Selection onde brilhava entre outros o Touriga Nacional e o Cabernet Sauvignon, o piscar de olhos a um perfil inspirado nos vinhos de Bordéus nunca foi escondido nesta casa. No final dessa mesma década foi colocado no mercado aquele que seria o topo de gama, um vinho que ainda hoje me trás muito boas recordações, um vinho de excelência que dava pelo nome de Quinta de Pancas Premium. Depois o tempo deu passadas bem largas e assistimos a uma renovação do que por ali era feito, perdeu-se algum encanto mas não se perdeu o “savoir faire” e exemplo disso foi o lançamento do Grande Escolha.

Nos dias de hoje assistimos ao renascimento da Quinta de Pancas alicerçada numa nova estratégia que inclui juntamente com a Quinta do Cardo a separação da Companhia das Quintas, apresentando-se agora com imagem renovada, assinada por Rita Rivotti. Os vinhos, rótulos incluídos, também foram alvo dessa mesma renovação e foram apresentados recentemente. Como gama de entrada estão os Pancas na versão tinto e branco, ambos da colheita de 2015, num perfil simples e bastante directo, centrados na fruta madura bem fresca e convidativa, são a meu ver belíssimas compras para um consumo diário.

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Os novos vinhos – Foto Cedida por Quinta de Pancas | Todos os Direitos Reservados

Na gama Quinta de Pancas também em modo branco 2015 e tinto 2014, aqui melhor o branco na forma como se mostra, o tinto mais coeso e pouco falador ficando melhor na fotografia o Pancas 2015 pela jovialidade e forma desempoeirada como se mostrou. Já o branco mostra toda a candura da fruta madura, fresca e airosa, com ligeiro arredondamento. É um claro salto em frente na qualidade e no prazer que proporciona, para se terminar com os dois Reserva, também em formato branco com um 100% Arinto de 2014 e o tinto Reserva de 2013. O Reserva branco teve passagem por madeira durante 8 meses, o suficiente para lhe acalmar o espírito e conferir maior complexidade ao conjunto, dominado pela fruta madura com citrinos a fazer lembrar uma tarte de limão, ligeira baunilha e biscoito. Palato a condizer, bastante frescura suportada por uma bela estrutura. Também o Reserva tinto 2013 tem muito para mostrar, num perfil mais arredondado com nota de fruta vermelha bem rechonchuda, pleno de harmonia e sabor, madeira pouco presente e que dá lugar à fruta para que se destaque. Com vigor no palato, saboroso e com muito boa frescura a embalar a prova que pede comida por perto. Na passagem breve pelos vinhos ainda em estágio, direi que o futuro é uma vez mais prometedor para os lados da Quinta de Pancas.

Contactos
Quinta de Pancas
Porto da Luz, 2580-383 Alenquer
Tel: (+351) 263733219
Email: info@companhiadasquintas.pt
Website: www.companhiadasquintas.com

Soalheiro – Alma Mater

Texto João Pedro de Carvalho

Uma história que começou nos anos 70 quando João António Cerdeira, com o apoio de seu pai, António Esteves Ferreira, plantou a primeira vinha de Alvarinho. Nascia em 1982 na Quinta de Soalheiro primeira marca de Alvarinho de Melgaço, gerida na actualidade por Maria Palmira Cerdeira e seus filhos. Um perdurar que se faz através das gerações da família Cerdeira, naquele que foi o meu primeiro contacto com a casta Alvarinho, curiosamente com o Soalheiro Alvarinho 1994, na altura um jovem. É caso para dizer que na passada do tempo, depois da afirmação, da consagração e finalmente a consolidação do projecto, chega portanto aquela altura de desbravar novos caminhos e desafios com o lançamento de novos vinhos.

São novas maneiras de entender e mostrar a casta Alvarinho, a primeira abordagem neste sentido foi um tal de Quinta de Soalheiro lá para o ano de 1999, mais recentes o Primeiras Vinhas seguido do Reserva. Mais recentes são estes dois lançamentos, do qual um é estreia absoluta e o outro é a segunda colheita. Em estreia absoluta o Soalheiro Alvarinho Granit 2015, fruto de uma selecção específica de vinhas plantadas acima dos 150 metros em solos de origem granítica. A fermentação ocorre a uma temperatura acima do normal em vinhos brancos em inox com battonage sobre as borras finas. O objectivo é mostrar a expressão da casta, bem como a expressão dos solos num lado mais seco, austero e mineral. Destaca-se boa exuberância com foco na fruta associada à Alvarinho, perfil muito limpo com grande elegância. Palato forrado a fruta, solidez com fundo mineral envolto em secura. Todo ele muito preciso e focado, mais uma bela criação deste produtor.

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Soalheiro Alvarinho Granit 2015 & Soalheiro TerraMatter 2015 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Já na segunda edição apresenta-se o Soalheiro TerraMatter 2015, elaborado com uvas em regime de produção biológica, não sujeito a filtração, fruto de vindima precoce e maloláctica parcial em barricas de castanho. Diferente e arrebatador pela maneira como conquista no imediato, tanto pela diferença mas pela qualidade que uma vez mais é apanágio desta casa. Fantástica prestação de finesse, energia e definição aromática. Não há lugar a qualquer espécie de “massacre” olfactivo num vinho focado e preciso, belíssima presença com muito ainda para dar, o tempo que dura no copo apenas o demonstra. Denso, bom volume de boca com muita elegância e frescura, sensação de ligeira untuosidade. Travo mineral vincado em fundo numa passagem plena de sabor e frescura da fruta. Está a meu ver melhor que o 2014 e tal como seria de esperar, ainda muito novo pelo que será bastante interessante acompanhar a sua evolução, haja garrafas que o permitam.

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Papa Figos Branco 2015 e Papa Figos Tinto 2014

Texto João Barbosa

A repetição de palavras ou de rimas em latim faz-me sempre pensar tratar-se de magia. Não sei que livros andei a ler ou que filmes andei a ver. Bem, cá vai:

– Oriolus oriolus.

É o nome latino de papa-figos, um passarinho bonito comum na Europa e que pode ser visto até a uma parte da Ásia, voa até ao Cazaquistão e à Mongólia.

É um passarinho com ar simpático que os meus olhos de urbanita não conseguem identificar sem ajuda de quem sabe. Além de simpático é bonito. Não sou ornitólogo e fico por aqui, pois o tema não é acerca de aves.

Os Papa Figos fazem um par de vinhos do Douro. A Casa Ferreirinha (Sogrape) apresentou há poucos dias as novas edições. O branco é de 2015 e o tinto é de 2014. Se os papa-figos são uma alegria para os olhos, os Papa Figos dão bom prazer gastronómico.

Quando escrevo gastronómico não me refiro apenas à mesa, mas à globalidade do significado gastro. Palavra grega que significa estômago. Hoje pareço um sábio. Já escrevi latim e agora foi grego.

Ou seja, tanto o tinto quanto branco (sobretudo este) são apetecíveis no Verão. Mas tenho de fazer um aviso. O rubro apresenta uma graduação alcoólica de 13,5%. Nesta fase do ano em que se pedem comidas mais leves e que a praia pede mergulhos recomenda-se prudência.

É um tinto que tem frescura natural, o que já se sabe que nos pode enganar. Acresce que no calor, quando é fácil os vinhos se tornarem sopa, devem ser refrescados. Costumo deixá-los mais frios do que os normalmente recomendáveis 16 graus. Isto porque rapidamente aquecem. Ainda que a noite possa ser o momento do dia mais indicado, o Verão é muitas vezes injusto para os enófilos.

Voltando ao motivo por que disse que é globalmente gastronómico. É porque se bebe facilmente numa noite de conversa, daquelas sem tempo para acabarem. Nas férias, sempre que posso descontraio-me com amigos com quem nem sempre consigo privar, devido às horas curtas nas semanas de ofício.

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Papa Figos tinto – Foto Cedida por Sogrape | Todos os Direitos Reservados

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Papa Figos branco – Foto Cedida por Sogrape | Todos os Direitos Reservados

O branco é mais comedido em relação ao álcool. Tem saudáveis 12,5%. E pensar que nem há muitos anos os produtos deixavam derrapar as vindimas dos brancos. Não quero com isto afirmar que devam ter sempre baixo volume alcoólico, pois há néctares que estão bem.

Há mais uma razão por que este vinho me caiu no goto: a touriga franca, omnipresente, ou quase, nos tintos do Douro. Aqui representa 30% do lote. As tinta barroca representa a mesma percentagem e a tinta roriz está em 15%. A touriga nacional, que prefiro a do Douro à tão festejada do Dão, dá uma gulodice que aprecio, sem que se torne enjoativa. Está sóbria, representando 15%.

As uvas vieram do Douro Superior, cultivadas principalmente em encostas voltadas a Norte e mais acima na montanha. A maceração pelicular fez-se em depósitos de inox, assim como a fermentação alcoólica. Um quarto do lote estagiou oito meses em barricas de carvalho francês. O engarrafamento ocorreu um ano depois das vindimas.

O branco fez-se com uvas das castas rabigato (50%), viosinho (20%), arinto (18%) e moscatel galego (5%). A fruta veio igualmente do Douro Superior, de zonas altas. Um quinto do lote estagiou três meses em barricas usadas de carvalho francês. A parte restante foi mantida em depósitos de inox.

E é isto! Boas férias para quem vai e continuação de bom trabalho para quem fica.

Quinta do Vale Meão

Texto José Silva

Visitar a Quinta do Vale Meão é sempre um enorme prazer, é mesmo uma aventura deliciosa. Uma das quintas que pertenceu a D. Antónia Adelaide Ferreira, uma das mais conhecidas, é há já muitos anos pertença dum seu trineto, Vito Olazabal, um homem do Douro, profundo conhecedor da região, um apaixonado por estas terras, estas vinhas e estes vinhos. Casado com Luísa Nicolau de Almeida, filha de Fernando Nicolau de Almeida, ligada ao Douro também visceralmente. Os filhos ali vivem e trabalham, o Xito nas vinhas e na enologia, a Luísa na difícil tarefa de divulgar e vender aqueles néctares de excelência. O Douro corre-lhes nas veias, são uma família com “patine”…Em recente visita, aquando dos Encontros do Douro Superior, fomos recebidos, como sempre, com simplicidade e simpatia, com a qualidade e o bom gosto que se lhes reconhece.

Numa nova área junto à piscina, pais e filha (o filho encontrava-se no estrangeiro) foram inexcedíveis, como habitualmente.

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A piscina – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O relvado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Ali à nossa frente, a paisagem falava por si e é muito difícil de descrever: a seguir à piscina o relvado (onde os miúdos jogam umas futeboladas), depois os vinhedos que vão até ao rio e mais ao fundo a morfologia deste Douro superior, brilhante, cheia de luminosidade, única.

Depois das boas vindas, o Vito comentou os vinhos que íamos provar, acompanhados de vários petiscos que se espalhavam já pela mesa, à nossa disposição. O Meandro branco, bem fresco, já corria pelos copos e a conversa amena alternou com a soberba da paisagem que dali se desfruta. Este branco está óptimo, com nariz algo exótico, apelativo, cheio de frescura e elegância, secundado pelo ataque de boca que alia frescura à acidez, com fruta branca madura e notas cítricas a deixar adivinhar ligeira mineralidade. Apetece sempre mais um copo…

Já em franco convívio, fomos convidados a subir para o imenso terreiro que ladeia a casa, com enormes árvores que providenciam a sombra apaziguadora da inclemência do sol. Ali, junto ao gradeamento sobranceiro à piscina, foram montadas as mesas, muito bem aparelhadas, para o repasto.

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Tiras de casca de laranja crocantes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Caldo Verde – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pãozinho regional, umas curiosas tiras de casca de laranja crocantes e lá veio um tradicional caldo verde a rescender, delicioso. Foram então servidos o Meandro tinto 2013 e a grande novidade, o Monte Meão 2013, feito a partir de uvas da Vinha da Cantina, da casta…Baga! Isso mesmo, Baga no Douro Superior!!

E que bem que está o vinho, cheio de estrutura, intenso, com garra, muito equilibrado e com óptima acidez, uma bela surpresa.

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Monte Meão 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como prato principal saboreou-se o bacalhau assado na brasa, lascado, com batata e ovo cozidos e azeitonas, polvilhado de salsa, cozinhado no ponto. A acompanhar, uma salada de tomate, outra de verduras e uma salada de porretas, como por ali se chamam, feita com os talos verdes do alho francês, muito saborosos. Então já se bebia também o Quinta do Vale Meão 2013, uma bomba deliciosa, cheio de estrutura, volumoso, muito frutado, intenso, um vinho extraordinário, um dos grandes tintos do Douro Superior. A conversa continuava muito interessante com o humor e a boa disposição dos anfitriões, com tantas e tantas outras histórias para contar, se pudéssemos por ali ficar até o sol se pôr.

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Tábua de quiejos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bolo de chila e amêndoas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas era chegado o final do repasto, com uma simpática tábua de queijos e um delicioso bolo de chila e amêndoas. Muitos continuaram nos tintos, outros atacaram o vinho do Porto Vintage de Vale Meão, do ano de 2001! Oh! La! La!

Uma deliciosa interpretação do que é um grande Vintage, um perfume, uma essência, cheio de corpo, acidez vibrante a equilibrar o conjunto, não apetece mais nada, para uma última espreitadela àquela paisagem que nunca cansa… Na hora da despedida, uma última olhadela para trás, onde o enorme portão da quinta exibe com galhardia, no ferro forjado: Quinta do Vale do Meão – Antónia Adelaide Ferreira – 1894.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O portão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma família com patine…

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