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A nova imagem da Churchill’s

Texto José Silva

Uma empresa de produção de vinhos do Douro que existe apenas há 35 anos, fundada em 1981 por John Graham, mas que atingiu já a maioridade, produzindo vinhos de mesa e do Porto de grande qualidade, com características muito próprias e uma imagem aguerrida que não deixa ninguém indiferente.

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John Graham – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em 1999 a Churchill’s comprou a Quinta da Gricha, no Douro, na zona de Ervedosa do Douro, perto de S. João da Pesqueira. São vinhas com alguma altitude, algumas delas muito velhas e com uma enorme variedade de castas, mesmo algumas dezenas, que dão origem a vinhos cheios de complexidade e elegância e uma frescura e acidez só possível com vinhas com aquela localização. Para os vinhos brancos de mesa compram uvas na outra margem do rio, na região de Murça, beneficiando, para além da altitude, de alguns solos graníticos.

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Centro de Visitas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em Vila Nova de Gaia têm um simpático Centro de Visitas, resultante da recuperação de instalações antigas, onde funciona um espaço para provas e loja de venda, mas onde também se podem apreciar tonéis de grande volume, onde envelhecem paulatinamente alguns dos vinhos do Porto da empresa. Foi ali que recentemente apresentaram à imprensa um novo vinho tinto, o Quinta da Gricha 2013. E que decorreu num almoço informal elaborado pelo chefe Victor Sobral.

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Directora Comercial Maria Emília Campos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Enólogo Ricardo Nunes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Antes disso, os CEO da empresa, John Graham e Maria Emília Campos, e o enólogo Ricardo Nunes, fizeram uma apresentação da empresa e dos vinhos que estavam a ser provados, onde se incluía o novo vinho tinto.

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Vista soberba – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na sala superior deste delicioso espaço em Gaia, com uma vista soberba sobre as duas margens do rio e a ponte de D. Luís, provaram-se sete vinhos, começando com a curiosidade dum rosé, de que apenas fazem 2.000 garrafas, com screw cap. Um vinho jovem, muito fresco e com excelente acidez, sem grandes pretensões, mas muito agradável, mesmo para acompanhar alguns petiscos simples. Esgota num ápice! Depois foi o branco, composto por rabigato e viosinho, muito elegante, cheio de frescura e com uma acidez persistente que o torna muito gastronómico, um belo vinho. Seguiu-se o primeiro tinto, o Churchill’s Estates 2013, um entrada de gama composto por Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, elegante, simples e equilibrado. O Churchill’s Estates Touriga Nacional apresentou-se cheio de estrutura, perfumado, volumoso, muito elegante, com óptima acidez, muito característico, um belo tinto. Provou-se depois um Churchill’s Grande Reserva poderoso, resultante de vinhas velhas, com muitas, mesmo muitas castas da região, de várias propriedades, a dar-lhe complexidade, profundidade, uma boca ao mesmo tempo volumosa e exótica, um vinho para durar ainda muitos anos em garrafa.

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Os vinhos provados – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Veio então o novo vinho, o Quinta da Gricha 2013, também com origem em vinhas muito velhas, mas apenas da Quinta da Gricha, que se apresenta como a expressão máxima do terroir desta quinta. Muito mineral, com notas de frutos pretos,, cheio de corpo, com uma acidez fantástica, exuberante, um grande vinho tinto do Douro.

Finalmente provamos o Porto Quinta da Gricha Vintage 2013, um vintage clássico cheio de estrutura, com notas de cravinho, amora, figo, ameixa preta, chocolate preto e casca de laranja, muito complexo. Volumoso e com uma acidez incrível, muito freso, notas de especiarias, mirtilos, ainda jovem, vai ser muito interessante prová-lo daqui a alguns anos.

Seguiu-se então o almoço servido pelo chefe Victor Sobral, que começou com um robalo marinado com verduras, muito fresco, delicioso, que aguentou muito bem um surpreendente Dry White Port, cheio de frescura e levemente especiado.

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Robalo marinado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Chocos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois serviu-nos um naco de bacalhau sobre cama de grelos e puré de grão, com cebola caramelizada, muitíssimo bem conseguido, que casou muito bem com o vinho branco.

E depois a surpresa dum prato do litoral alentejano de que é originário, chocos com tinta e favas, fantástico. E que aguentou com galhardia os tintos Touriga Nacional 2012 e Grande Reserva 2011. A fechar a refeição beberam-se um Tawny 20 Anos e um Vintage de 1997, ambos já a um nível muito elevado. Lá em baixo, o Douro passava, pachorrento…

A apresentação de um antigo produtor – Quinta Dona Matilde

Texto João Barbosa

A cada curva do Douro parece haver uma quinta ou um recanto particular. É um rio com carisma, um vale em que a natureza e o homem se juntaram na criação. Nas curvas e contracurvas, alturas e margens, modo de encarar o Sol e ampla variedade de castas escreve-se um livro grande. Nem tudo merece ser personagem ou capítulo, mas é um calhamaço.

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Quinta Dona Matilde – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

A Quinta Dona Matilde tem direito a entrar na estória. Se vou buscar a imagem de livro é porque existe enredo acerca desta propriedade. Este domínio pertenceu, durante quatro gerações, à família Barros, que a comprou em 1927.

Em Maio de 2006, Manuel Ângelo Barros vendeu o Grupo Barros ao Grupo Sogevinus. A Quinta Dona Matilde foi agregada com os restantes activos. Contudo, o vinho é um diabrete e cedo começou a importunar o empresário que vendera a propriedade.

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Quinta Dona Matilde – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

Assim, Manuel Ângelo Barros e família decidiram que tinham de regressar ao vinho. Tantas voltas deram que acabaram por recomprar a Quinta Dona Matilde, no final de 2006 – os restantes activos permaneceram na Sogevinus.

A quinta situa-se em Canelas, entre Peso da Régua e o Pinhão, dentro do espaço demarcação inicial do Douro, estabelecida em 1756. Todo o domínio vinícola, 28 hectares, está classificado como Letra A – a mais alta da tabela de pontuação a cargo do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. Além das uveiras, a Quinta Dona Matilde tem olival tradicional, pomar, onde se destacam limoeiros e laranjeiras, jardins e terra deixada à natureza. Tudo isto soma 93 hectares.

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Quinta Dona Matilde – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

O Vinho do Porto foi sempre o destino das uvas desta quinta. Uma pequena parte ficava por fortificar, mas apenas para consumo da família. Na década de 60, a firma produziu um rosé e, na de 90, branco – mas sempre marginais. Na reencarnação familiar, a produção de vinho do Douro está a par da de Vinho do Porto. Actualmente vende uvas ao grupo The Fladgate Partnership.

Manuel Ângelo Barros afirma que não tem pressa em pôr os vinhos à venda, decisão raríssima em Portugal. Agora apresentaram a vindima de 2011, referente a tintos. Já o branco anunciado é o de 2015. A tradição da casa era a de fazer tawnies e assim será, embora a fabricação de néctares com indicação de idade esteja, para já, afastada. Decidido está a aposta na família dos rubis, nomeadamente vintages. A viticultura é competência de José Carlos Oliveira e a enologia é da responsabilidade de João Pissarra.

O Dona Matilde Branco 2015 é um lote feito com as castas arinto, gouveio, rabigato e viosinho. As uvas foram prensadas e a fermentação decorreu em cubas de inox.

Pela natureza montanhosa e com um rio a cortá-la, a região do Douro é generosa em variedade de características. Porém, este vinho surpreendeu-me, pois nunca diria tratar-se de um néctar daquela demarcação.

Não gosto muito de enumerar descritores sensoriais, mas justifica-se fazê-lo agora, para que conte por que não encontro o Douro neste branco. É um vinho em que predominam os perfumes de fruta tropical, especialmente de maracujá e ananás, associado a anis, uma pitada de erva-doce, tangerina e um pouco de limão. Na boca, o carácter tropical impõe-se. Vai indo e indo e com frescura.

E isto que acabo de escrever é bom ou é mau? É um vinho bem feito – bom! Em termos de gosto pessoal não me preenche. Seguidamente pergunto-me se este carácter tropical e imprevisível é dele ou foi uma vontade do enólogo e do produtor. Se é resultado apenas da natureza, calo-me já. Se é intencional, digo que vejo razão para o Douro produzir vinhos com este perfil.

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Os vinhos – Foto Cedida por Quinta Dona Matilde | Todos os Direitos Reservados

O Dona Matilde Tinto 2011 é claramente um Douro e exemplar do ano. Trata-se dum lote de tinta amarela, touriga franca e touriga nacional – todas vinhas velhas, indica o produtor. Parte das uvas foi pisada em lagar. O vinho estagiou um ano em madeira. É guloso sem ser doce, suave, fresco e com bom tempo de boca. Tem aroma mentolado, um muito fino fumado de lenha de azinho. Belo!

O Dona Matilde Reserva Tinto 2011 é um lote, em que a touriga nacional representa metade. Somam-se touriga franca (30%) e um ramalhete de várias outras, misturadas numa vinha velha, em que predomina a tinta amarela. Parte das uvas foi pisada em lagares de granito. O vinho estagiou 18 meses em barricas novas de carvalho francês.

É o Douro bem mostrado: esteva, menta, madeira e fumo de lenha de azinho, ameixa preta, doce de amora, geleia de morango (calma e mansa), figo, um pouco de tabaco loiro e xisto – tudo bem casado. Na boca continua duriense, ocupa o espaço plenamente, suave, com taninos a rirem-se (sem trincarem a pele), fresco e seco, longo e fundo.

Antes de passar aos generosos, quero referir que estes três vinhos pedem mesa. Os tintos dão esperanças de boa evolução em garrafa.

O Quinta Dona Matilde Porto Colheita 2008 é um tawny diferente do comum, a meio caminho do rubi. É resultado de um estágio em madeira menos demorado. Três anos em tonéis de carvalho e quatro em pipas de 600 litros.

É um vinho feliz e agradável surpresa. Tem o que se espera de um tawny e lembra um rubi. Lá estão os frutos secos, o caramelo, baunilha e uma pitadinha de iodo. A par das compotas de amora, ameixa, cereja, morango… É fundo e denso, longo.

O Quinta Dona Matilde Vintage 2011 é mais uma prova de que o ano foi muito generoso para com os vitivinicultores portugueses. É um lote de tinta amarela, tinta barroca, rufete, touriga franca e touriga nacional. O vinho estagiou dois anos em tonéis de carvalho, tendo sido depois passado para garrafa. Lá estão as muitas compotas que animam os vintage, do nariz à boca – profundo e longo.

Os vintage novos são o que são, mas também serão uma outra coisa. Devem beber-se já ou guardar-se? Sei lá! Sei lá se estou vivo amanhã. Sei que, se me mantiver acordado por mais anos, estará mais acima. Quem puder que o beba e guarde.

Contactos
Quinta D. Matilde
Bagaúste
5050-445 Canelas PRG
Portugal
E-mail: info@donamatilde.pt
Website: www.donamatilde.pt

Marcolino Sebo Wines – Quinta da Pinheira Colheita Seleccionada 2010 and Visconde de Borba Reserva 2011

Texto João Barbosa

Foi na indústria extractiva que Marcolino Sebo conseguiu com que pagar terra arável. Estremoz é terra de mármore e de vinha. Parcela a parcela junto 190 hectares, dos quais 130 estão com vinha.

A história vitícola de Marcolino Sebo começa em 1975, quando o país ardia de paixões políticas, quase desembocando numa guerra civil que dividiria o país ao meio – fico por aqui quanto à história de Portugal.

Até 1999, Marcolino Sebo vendeu as uvas para a Adega Cooperativa de Borba, tornando-se num fornecedor destacado. Nesse ano fez a primeira vindima em nome próprio e estreou a adega.

Todas as vinhas estão dentro da demarcação do Alentejo, dentro da sub-região de Borba. Nem todos os seus vinhos são DOC Alentejo (denominação de origem controlada), vários estão classificados como Regional Alentejano. Além dos vinhos tranquilos, Marcolino Sebo também produz licorosos e vende aguardentes bagaceira e vínica. Acrescente-se uma pequena produção de azeite.

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Marcolino Sebo in marcolinosebo.com

Tudo se aproveita e se poupa. Os generosos permitem-lhe não desperdiçar vinho que dificilmente venderia. As aguardentes são adquiridas a quem lhe compra subprodutos vínicos. As barricas já sem utilidade são usadas para o estágio dos espíritos.

O vinho é quase todo tinto: seis tintos, três brancos, um rosé, um licoroso branco, uma aguardente vínica (velha) e uma aguardente bagaceira. Porquê tantos tintos? Porque são os mais procurados – simples.

Numa gama tão larga, a ementa de Marcolino Sebo vai dos 2,5 euros até aos 20. Monte da Vaqueira (branco e tinto) é a base. As ideias que fogem ao perfil principal surgem com a marca Quinta da Pinheira, mas o emblema vai para as prateleiras como Visconde de Borba. O licoroso e as aguardentes são vendidos com o nome do produtor.

Bem, ao que interessa. Não experimentei a gama toda, mas ainda assim a amostra foi vasta. Síntese elaborada por Jorge Santos, com um orgulhoso sotaque alentejano e grande simpatia.

Portugal tem a sorte (mérito) com os seus vinhos generosos/licorosos – diferenciação burocrática para designar vinhos fortificados e que sinceramente só atrapalha. Com Vinho do Porto, Vinho da Madeira e Moscatel de Setúbal, entre outros, brilhar não é fácil. Estes néctares são tradicionais em quase todo o país e o Alentejo é uma das suas pátrias. Portanto… O MS Licoroso Branco, feito com um lote de rabo de ovelha e de roupeiro, está nessa família antiga. Tem frescura e é guloso. Quanto ao resto, não se pode comparar.

Jorge Santos explicou-me que os vinhos da casa pretendem responder a duas questões: a tradição e o mundo. Mas discordo! Está bem, isso da tradição, mas não encontrei outro sotaque que não fosse o das frases cantadas do «idioma» alentejano. Sublinho que Marcolino Sebo tem também vinhas de castas não portuguesas.

Só por si, isto que escrevi acima não é nem positivo nem negativo – pois há bom e mau no que é antigo e nas «viagens». Neste caso, o balanço é claramente positivo, seja nos néctares mais agarrados à pátria alentejana, seja nos que resolveram passear um bocadinho.

Olhando para o conjunto… e tratando-se de Alentejo, onde nos brancos pontifica a casta antão vaz… epá! A culpa não é nem do produtor, nem do enólogo, nem da casta. Não gosto da antão vaz! Está bem, esquecendo-me do gosto pessoal, há que dar voto de confiança.

Reconheço que há alguma injustiça escolher para comentar só alguns vinhos. Qual o critério a seguir? Ficar pelos topos de gama? Apontar aos de preço mais democrático? Dos vários critérios possíveis, vou escolher pelo lado materno – alentejana, embora duma terra sem vinha (Castro Verde).

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Visconde de Borba Reserva 2011 in marcolinosebo.com

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Quinta da Pinheira Colheita Seleccionada in marcolinosebo.com

Vou assumir conscientemente o gosto pessoal – já conto um pormenor deste assunto. O Quinta da Pinheira Colheita Seleccionada 2010 (alicante bouschet, aragonês e trincadeira) e o Visconde de Borba Reserva 2011 (alicante bouschet, aragonês, tinta caiada e trincadeira) agradaram-me no «ponto G» enófilo, pelo seu forte sotaque.

O pormenor a que me referia é que, ao almoço, com Jorge Santos e Sónia Sebo (filha de Marcolino Sebo e gestora da firma), fui «obrigado» a conhecer vários «elementos da família». No final, já alegres, o enólogo entregou-me três garrafas (as referidas e Quinta da Pinheira Tinto 2011) e disse-me que eram os «seus», aqueles cujo sotaque cantado lhe dão o calor da região.

Pois, sim. É verdade! Bem falam cantando.

Todos ali cantam. E o cante alentejano é Património Imaterial da Humanidade, sentenciou a UNESCO.

Contactos
Quinta da Pinheira – Arcos
7100 Estremoz
Tel: (+351) 268 891 570
Fax: (+351) 268 891 571
Email: geral@marcolinosebo.com
Website: www.marcolinosebo.com

Dois rosados do Tejo – Casal da Coelheira 2015 e Tyto Alba 2015

Texto João Barbosa

A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo tem vindo a enviar vinhos para prova e que merecem aprovação – se mo permitem. Não dá para escrever acerca de todos, mas alguns mostram-se tão felizes que não há desculpa ou prioridade que os empurrem da sala das obrigações.

As firmas que produzem estes dois néctares são bem diferentes, começando pela dimensão até à natureza social. A empresa Casal da Coelheira tem origem no início do século XX e representa 250 hectares, dos quais 64 são de vinha. Contrariamente à anterior, a Companhia das Lezírias é uma sociedade anónima detida inteiramente pelo Estado – 17.800 hectares (1.500 hectares estão arrendados), sendo 130 hectares de vinha.

Sendo enorme, pensava que era ainda maior. Ainda assim, a Companhia das Lezírias é provavelmente a maior propriedade portuguesa. Se os números que tive acesso estão correctos, a área quase chega perto do dobro da cidade de Lisboa (10.000 hectares – Wikipédia).

Irei escrever mais, mas posso resumir estes dois vinhos numa interjeição:

– Oh Verão! Vem cá já! Não te demores.

O Casal da Coelheira 2015 é fantasticamente simples, feito com base em touriga nacional e syrah. Cumpre brilhantemente a função de diversão com que foi provavelmente concebido. Fácil no trato, prazenteiro, guloso sem ser um xarope, onde pontifica o aroma da groselha. Está decidido! Este é obrigatório para este Verão! Não o colocaria a acompanhar comida – eventualmente uma salada de frango com frutas. Quer conversa, vai ajudar na sedução… irá dar um contributo positivo para a taxa de natalidade.

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Casal da Coelheira Rosé 2015 in casaldacoelheira.pt

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Tyto Alba Vinhas Protegidas Rosé 2015 in tytoalba.pt

O Tyto Alba Vinhas Protegidas 2015 é uma revelação absoluta. O nome é bonito! E mais bonito quando se sabe que homenageia uma ave magnífica: a coruja-das-torres – que em Portugal conhece mais designações.

É uma revelação – para mim – porque não estava à espera de nada que se lhe compare.

– O que é isto?! Meus Deus!

Foi mais ou menos assim. Sou aficionado dos rosados, gosto dos doces aos extra-secos. Ponderados todos, este é (provavelmente) o rosé português melhor que bebi! Se não é o melhor que bebi, é pelo menos o que mais prazer me deu.

Nem sequer beneficiou de nenhum acontecimento que o balizasse. Um normal dia da semana, em que não estava stressado ou relaxado, nem triste nem alegre, nem cansado nem atlético, nem faminto nem saciado. Penso que estava no «ponto zero» ou no «ponto 50» numa escala de zero a 100.

– O que é isto?! Meus Deus!

Fresquíssimo, elegante, escorregadio, animal-de-festa, uma complexidade incomum, muito fácil, excelente para pratos leves, excelente para conversar, magnífico para dançar. Com a vantagem de ter apenas 12,5% de teor de álcool. Fiquei com uma vontade que aquele momento não terminasse.

O Tyto Alba Vinhas Protegidas 2015 resulta da junção de touriga nacional e de merlot. Conhecendo o calor da região e olhando para a graduação alcoólica deste néctar, tenho a dizer:

– Vale bem a pena não considerar os rosados como subprodutos dos tintos.

Depois dos anos iniciais – em que os rosados eram bizarrias, vistos como moda passageira, solução para aproveitamento de sobras ou curiosidade para ajudar a vender «o» vinho – hoje fazem-se em Portugal muitos rosés «verdadeiros» ou «honestos», feitos com vontade de os fazer e de os construir bem. Quer um, quer outro, estão na secção dos bons rosados nacionais.

Só posso aplaudir quem quis colher as uvas mais cedo e se empenhou em fazer um vinho e não uma sobra – não quero dizer que não existam bons rosados mais alcoólicos e resultando de aproveitamento de uvas colhidas para tintos.

Ao contrário da coruja-das-torres, o Tyto Alba Vinhas Protegidas 2015 voa de dia e de noite. A ave é uma espécie protegida. O vinho deve ser caçado até à extinção. E também ajudará a fazer crianças!

Sandeman – 226 anos a fazer história

Texto Bruno Mendes

A história da Sandeman Sandeman começou há 226 anos atrás, em 1790, quando Geroge Sandeman pediu um empréstimo de 300£ ao seu pai para começar o seu negócio de vinho do Porto e vinho Sherry em Londres. Fundou o negócio tendo em vista criar uma pequena fortuna para se poder reformar no final do século, mas acabou por criar uma das maiores empresas do mundo do vinho.

A Sandeman foi a primeira empresa de vinho do Porto a colocar marca no barril, em 1805. Todas as pipas eram então marcadas com o nome George Sandeman & Co de modo a assegurar a qualidade. No entanto esta marca só seria registada em 1877, o ano seguinte ao primeiro ao qual se pôde finalmente registar marcas formalmente.

No vídeo abaixo encontrará mais detalhes sobre esta empresa bem como os vinhos comemorativos dos 225 anos de existência.

Quinta do Vallado

Texto Bruno Mendes

É uma das Quintas mais antigas e famosas do Vale do Douro. Foi propriedade de Dona Antónia Adelaide Ferreira, construída em 1716, e permanece até aos dias de hoje na família. Estamos a falar da Quinta do Vallado, próxima do Peso da Régua, nas margens do Rio Corgo.

Em 1993, numa altura em que a direcção já estava a cargo de Guilherme Álvares Ribeiro e da sua mulher Maria Antónia Ferreira, a empresa decidiu ampliar a sua área de actividade fazendo assim produção, engarrafamento e comercialização com a sua própria marca. Até então e durante 200 anos, a Quinta do Vallado tinha como principal actividade a produção de vinhos do Porto que eram depois comercializados sobe o nome Casa Ferreira, também pertencente à família.

Hoje em dia a Quinta do Vallado conta com 70 hectares de vinha plantada, 20 dos quais com vinhas com mais de 80 anos e, os restantes 50 com vinhas de idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos. As castas aqui plantadas mais predominantes são a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Barroca, Tinta Amarela e Sousão nas tintas e a Viosinho, Rabigato, Moscatel, Verdelho (Gouveio) e Arinto nas brancas.

Concluídas em 2009 as novas adega e cave contam com a mais avançada tecnologia e uma arquitectura de qualidade, tornando a Quinta num espaço fantástico e num dos lugares a visitar no vale do Douro (Baixo Corgo).

Mais recentemente, a Quinta do Vallado abriu as portas de uma outra propriedade, situada no Douro Superior (Foz Côa). A Quinta do Orgal (Casa do Rio) com magnificas instalações e vistas sobre o rio – veja aqui do que falamos.

Para uma visão mais detalhada confira o vídeo abaixo e o artigo da Sarah Ahmed sobre esta Quinta aqui.

Quinta Vale D. Maria VVV Valleys e muita história

Texto João Barbosa

Ler nomes não portugueses em rótulos de Vinho do Porto é tão banal quanto um português chamar-se Silva ou Santos. Os van Zeller vivem há tantos anos em Portugal que o apelido se tornou tão português quanto o meu.

Contrariamente à maioria das famílias «estrangeiras», os van Zeller não eram comerciantes, mas nobres. O registo mais antigo dos Zeller data de 1215, na Guéldria (Países Baixos). O primeiro de que há registo em Portugal é João van Zeller, cônsul da Prússia em Lisboa e que se casou no Porto, em 1687.

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Quinta Vale D. Maria – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

Em 1780 foi fundada a Van Zeller’s & Co para negociar Vinho do Porto, sendo vendida no século XIX. A história dá muitas voltas e as marcas foram oferecidas, em 2006, a Cristiano van Zeller, o chefe.

O factor mais importante, a quinta pertencia à família de Joana van Zeller, tendo um seu trisavô feito registo em 1868, mas a posse é mais antiga – ligada à muito antiga nobreza rural, com vínculos que chegam a ser anteriores à independência de Portugal (século XII). O «modelo» português de uso de apelidos é tão rebuscado, que teria de escrever 20 parágrafos para explicar.

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Joana van Zeller – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

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Francisca van Zeller – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

Isto vem a propósito porque vinho sem história é uma coisa e com história é outra, muitas gerações de nobres e plebeus que construíram identidades únicas. Como dizem os vinhateiros Rothschild, no negócio do vinho, o mais difícil são os primeiros 150 anos.

São 12 referências, escolho cinco. Os CV (topo-de-gama), os VVV (novidade) e a Francisca. Situada em Sarzedinho, a propriedade chegou aos actuais proprietárias com apenas 19 hectares, dos quais dez com vinha, com 41 castas. Hoje são 45 hectares com Vitis vinífera, virados de Oeste a Este, passando por Sudoeste, Sul e Sueste. A enologia está a cargo de Cristiano van Zeller, Joana Pinhão e Sandra Tavares da Silva.

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Cristiano van Zeller – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

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Joana Pinhão – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

O CV Branco 2014 fez-se com umas duma só parcela, vinha velha situada a 600 metros de altitude, composta principalmente por rabigato, códega, donzelinho branco, gouveio, samarrinho e viosinho. É uma interessante junção de citrinos, algum anis, farmácia e terra, sendo volumoso e longo na boca.

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CV branco 2014 – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

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CV tinto 2014 – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

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Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca tinto 2013 – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

O CV Tinto 2013 é um lote de 25 castas, onde se destacam donzelinho tinto, rufete, sousão, tinta amarela, tinta francisca, tinta roriz, touriga franca e touriga nacional, de vinhas com mais de 80 anos. É muito complexo de aromas e paladares; desde flores, a frutos do bosque, menta, especiarias, fumo de lenha de azinheira, terra… um paladar repleto de subtilezas, fresco, com «carne», volumoso, denso, elegante – até contraditório nos perfumes e sabores. Majestoso.

Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca Tinto 2013 é o vinho da herdeira, saído da parcela plantada quando fez 18 anos, em 2004. São 4,5 hectares com tinta francisca, sousão, touriga franca, rufete e touriga nacional. Elegante como uma princesa – qualificação já atribuída à «morgada».

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Vale D. Maria VVV branco 2014 – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

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Vale D. Maria VVV tinto 2013 – Foto Cedida por Quinta Vale D. Maria | Todos os Direitos Reservados

Os triplo V: Vale do Rio Torto, Vale do Rio Pinhão e Vale do Rio Douro. Os três V, do numeral romano cinco, ilustram as 15 gerações de vinhateiros. O V que sempre identificou os melhores vinhos da família.

O Vale D. Maria VVV Valleys Branco 2014, castas não reveladas, é fresco e guloso, da fruta e da baunilha, na avaliação olfactiva. Longo e fundo na boca.

O Vale D. Maria VVV Valleys Tinto 2013, castas não reveladas, tem a gulodice da fruta vermelha e notas terrosas. É muito «fino», elegante e fundo.

V de vitórias!

Quinta do Gradil, fomos conhecer os novos vinhos e o novo restaurante

Texto João Pedro de Carvalho

Faz relativamente pouco tempo visitei a Quinta do Gradil, no sopé da Serra de Montejunto. Segundo informação retirada do site do produtor, é considerada uma das mais antigas, senão a mais antiga, herdade do concelho do Cadaval, com uma forte tradição vitivinícola que se prolonga desde há séculos. Adquirida, nos finais dos anos 90, pelos netos de António Gomes Vieira, precursor da tradição de vinhos na família desde 1945. Os novos proprietários iniciaram, em 2000, o processo de reconversão de toda a área de vinha primando por castas de maior qualidade. Nos 120 hectares de vinha encontram-se plantadas variadíssimas castas brancas e tintas. Sauvignon Blanc, Arinto, Viosinho, Viognier, Chardonnay, Petit Manseng, Cabernet Sauvignon, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tannat, Petit Verdot, Syrah, são alguns exemplos. Esta rica paisagem de vinha é responsabilidade do Engº. Bento Rogado sendo todas estas uvas vinificadas na adega, coordenada pelo Eng.º Pedro Martins, sob a batuta atenta dos enólogos Vera Moreira e António Ventura.

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O restaurante in quintadogradil.pt

O palacete e capela, em fase muito avançada de degradação aquando da aquisição da Quinta pelos novos proprietários, foram limpos e contam agora com um projecto ambicioso de recuperação. A adega sofreu melhoramentos, estando projectada uma reformulação profunda nos próximos 2 anos, e as cocheiras recuperadas deram lugar a uma sala de tertúlias. Foi no renovado restaurante da Quinta, a cozinha está a cargo do Chefe Daniel Sequeira, que fomos recebidos e onde tivemos oportunidade de provar e harmonizar algumas das novidades com pratos da nova carta. Um momento de boa disposição onde os vinhos mostraram um à vontade muito grande com a mesa e neste caso com as propostas do Chefe.

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Mini Alheira de Caça em cama de grelos – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

O primeiro vinho a ser servido,  o Quinta do Gradil Sauvigon Blanc e Arinto 2014 mostrou-se jovem e com boa frescura, boa ligação entre as castas a juntar o lado mais exótico e vegetal da Sauvignon com os citrinos e a frescura da Arinto. Uma boa combinação que resulta num vinho directo e bastante agradável à mesa com entradas de bom tempero como foi o caso da fotografia acima colocada.

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Quinta do Gradil Sauvigon Blanc e Arinto 2014 in quintadogradil.pt

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Quinta do Gradil Chardonnay 2014 in quintadogradil.pt

Quinta do Gradil Chardonnay 2014 mostra um perfil mais anafado que o anterior com o vinho a mostrar ter mais algumas gorduras que lhe conferem untuosidade e peso. A fruta surge em formato de polpa branca com pêra e melão, tudo envolto em boa frescura, com o suave aconchego da barrica num conjunto bem equilibrado.

Enquanto os varietais mostram o melhor de cada ano, os Reserva são os mais especiais da casa e apenas são criados quando a qualidade alcançada é de patamar superior. Assim sendo saiu este Quinta do Gradil Reserva branco 2013, um lote de Arinto e Chardonnay com passagem por madeira. Um vinho que se mostra bastante mais sério, coeso com boa complexidade, frescura e ligeira untuosidade a envolver toda a fruta, ligeira carga vegetal com ervas de cheiro. Boa amplitude na prova de boca num vinho com boa presença, saboroso e fresco.

No plano dos tintos, foi apenas um o vinho provado e mostrou-se muito bem o Quinta do Gradil Syrah 2013. Guloso e com uma fruta que o torna muito apetecível, o ligeiro toque químico que desponta apenas de início no copo pouco ou nada incomoda, depois é um bazar de coisas boas a passarem à frente do nariz, desde os chocolates, especiarias, fruta com ligeira compota, boa frescura num vinho com harmonia mas que ainda mostra sinais que vai perdurar no tempo.

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Quinta do Gradil Reserva branco 2013 in quintadogradil.pt

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Quinta do Gradil Syrah 2013 in quintadogradil.pt

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Quinta do Gradil Sparkling Wine Chardonnay e Arinto 2013 in quintadogradil.pt

Por último e em jeito de despedida foi provado o Quinta do Gradil Espumante Chardonnay e Arinto 2013, um vinho que agradou pela frescura e elegância da fruta. De bolha fina mostra um bom entendimento entre as duas castas, acidez presente num conjunto com ligeira untuosidade. Bastante agradável e festivo, pronto para umas entradas servidas no terraço.

Contacts
Estrada Nacional 115 Vilar
2550 – 073 Vilar | Cadaval
Portugal
Tel: (+351) 262 770 000
Fax: (+351) 262 777 007
Mobile: (+351) 917 791 974
E-mail: info@quintadogradil.pt
Website: www.quintadogradil.pt

Quinta do Ameal, qualidade por todo o lado

Texto José Silva

Numa pequena quinta minhota que remonta a 1710, Pedro Araújo, bisneto de Adriano Ramos Pinto, vem desenvolvendo um projecto de produção de vinhos brancos no vale do rio Lima, que se têm vindo a impor como reconhecidamente vinhos de qualidade superior.

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A casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Beneficiando dum terroir  único, numa propriedade que tem margem com o rio Lima, com solos excelentes e uma exposição solar óptima, ali foi desenvolvendo as vinhas predominantemente com a casta rainha da região, o Loureiro. Chegou a ter um pouco de Arinto, que engarrafou em 2005, mas a auto-estrada que liga Ponte de Lima aos Arcos de Valdevez cortou-lhe essa vinha. Tem vindo também a plantar mais algumas vinhas e vai em breve plantar novamente um pouco de Arinto. No total tem 30 hectares de vinha, 12 dos quais em produção biológica.

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Ameal Loureiro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ameal Escolha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O primeiro Ameal Loureiro foi feito em 1999 e em 2000 aparece o Ameal Escolha, que foi o primeiro Loureiro fermentado e estagiado em barrica.

Mais tarde, em 2002, produziu o seu primeiro espumante, que só foi lançado em 2009 e em 2006 produziu outro espumante, que só vai ser lançado em 2016, com 10 anos de estágio.

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O seu primeiro espumante – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ameal Special Harvest – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E em 2007 surgiu o primeiro Special Harvest, um colheita tardia de que só houve 700 meias garrafas. E que foi produzido novamente em 2010, 2011 e 2012, estando prevista nova produção em 2015.

Fechando um círculo de novidades, em 2011 foi a vez do primeiro Ameal Solo, que é um vinho natural, depois de 10 anos de agricultura biológica. Um tributo aos solos e à vida que neles existe. Foi lançado em 2013 e feito novamente em 2014, que já está no mercado, e que é mais um vinho que esgota rapidamente. Na Quinta do Ameal são produzidas anualmente cerca de 60.000 garrafas de vinho, que são exportados para 15 países, entre os quais a Austrália, e que o Pedro Araújo tem conseguido colocar em restaurantes de renome, entre os quais muitos com estrelas Michelin, fruto dum trabalho complexo que inclui muitas deslocações a vários países, a feiras e festivais. Os vinhos da Quinta do Ameal são brancos com um perfil muito próprio, com fruta mas sem serem demasiado exuberantes, vinhos com complexidade, enigmáticos, com excelente acidez e imensa mineralidade, vinhos cativantes, que nos prendem, que apetecem. Sendo brancos produzidos na região dos vinhos verdes, nem por isso são vinhos apenas para o tempo quente, muito pelo contrário. São vinhos gastronómicos, que se bebem bem no verão, bem frescos, mas que também apetecem no inverno, por exemplo com marisco, com peixe assado no forno e mesmo com uma bacalhoada. E que o Pedro Araújo sabe como ninguém transmitir, fazer chegar aos mercados.

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Quarto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Recentemente, resolveu investir no turismo rural, potenciando a beleza natural da quinta e recuperando várias casas, de vários tamanhos.

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Sala – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

São suites divididas pelas casas, destacando-se a casa maior, com três suites e uma sala enorme que serve de sala de estar, para pequenos almoços e refeições diversas, assim como para provas de vinhos. Em todas as casas há internet gratuita de grande potência e a curiosidade de haver acesso a muitos canais de rádio de todo o mundo, com escolha de vários tipos de música, para todos os gostos.

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Decor – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quarto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As habitações têm pormenores requintados, onde foram utilizados muitos materiais da própria quinta, a partir de árvores que caíram ou tiveram de ser abatidas, e mesmo a partir de portas e portões antigos, que agora têm outro tipo de utilização, de imenso bom gosto.

O conforto está sempre bem presente, por todo o lado. Os pequenos almoços utilizam, sempre que possível, produtos naturais da quinta.

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Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A Quinta – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com uma capacidade para 11 pessoas, podem fazer-se passeios pela propriedade, junto às vinhas ou junto ao rio, e há mesmo um caminho pedonal que liga a quinta a Ponte de Lima, ali a poucos quilómetros de distancia.

Pelo bom tempo a piscina é lugar de grande procura, onde podem ser servidos alguns petiscos e bebidas frescas, entre as quais os vinhos da quinta. E, por encomenda, servem-se refeições completas de vários tipos de comida.

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A piscina – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Pedro Araújo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pedro Araújo criou uma unidade hoteleira moderna, ao serviço do enoturismo, em pleno Minho.

Contactos
Quinta do Ameal – SOC. AGR. S.A.
4990 – 707 Refóios do Lima Ponte do Lima
Portugal
Telemóvel: (+351) 916 907 016
Tel: (+351) 258 947 172
Fax: (+351) 258 947 172
E-mail: quintadoameal@netcabo.pt
Website: www.quintadoameal.com

Vinhos Passagem – para lá do rio

Texto João Barbosa

Portugal tem a sorte de ter duas regiões vinícolas de excelência! Madeira e Douro/Porto, de grande classe mundial. O que é notável num país com 92.000 quilómetros quadrados. O Douro é maravilhoso porque nele se consegue fazer «tudo».

Atravessar um rio não é coisa pouca.

As fronteiras são linhas imaginadas, são fabricadas. Não é absoluto, pois montanhas e rios teimam na «imperfeição geométrica» – sobretudo nos «velhos mundos». Não é por acaso que muitas cidades, regiões ou países têm nome de rios, ou deles derivados ou ligados.

Na mitologia grega clássica, os mortos iam para o Hades (Inferno) através do rio Aquaronte. Os rios (água) são sagrados em muitas culturas ancestrais. É disso que se trata.

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Quinta das Bandeiras – Foto Cedida por Passagem Wines | Todos os Direitos Reservados

A Quinta das Bandeiras situa-se no Douro Superior, junto à aldeia de Pocinho, na margem direita do segundo maior rio a passar em Portugal. Do outro lado fica a Quinta do Vale Meão. Provem-se os vinhos e perceber-se-á como uma linha de água (nem muito larga) pode ser uma fronteira, é facto.

Claro que existe diferente exposição solar e etcetera-e-tal, em que a características do solo são cruciais. A questão da enologia: quem os faz teima (ainda bem) em tirar partido dos factores diferenciadores. Há a Quinta de La Rosa, a Real Companhia Velha e os vinhos Passagem sãoPassagem. Pretendo que seja lido como um grande elogio.

O enólogo Jorge Moreira partilha, em parte igual, a Quinta das Bandeiras com Sophia Bergqvist, que encabeça a Quinta de La Rosa, junto ao Pinhão. Gente irrequieta, que não está satisfeita com o que tem e que não quer mais do mesmo.

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Quinta das Bandeiras – Foto Cedida por Passagem Wines | Todos os Direitos Reservados

Para mim, o factor «homem» integra o terroir. Posto isto, digo que a aposta foi ganha. Acrescento que existe uma outra fronteira (clara, para mim) entre «qualidade» e «gosto». Enquanto cronista de vinho tenho a obrigação da imparcialidade – não confundir com ausência de opinião. Como enófilo, não são vinhos que me preencham. Por nenhuma razão em especial, apenas «gosto».

Cada qual com seu nariz e boca e não recuso recomendação. Quem gosta de vinho e quem gosta do Douro tem a «obrigação» de conhecer os vinhos Passagem. Ora vamos a eles:

Passagem Vinho Branco Reserva 2014 fez-se com «muitas uvas», sobretudo viosinho, gouveio, rabigato e códega do larinho, numa altitude de 400 metros. Com boa acidez, pede comida.

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Passagem Vinho Branco Reserva 2014 – Foto Cedida por Passagem Wines | Todos os Direitos Reservados

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Passagem Vinho Tinto Reserva 2013 – Foto Cedida por Passagem Wines | Todos os Direitos Reservados

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Passagem Porto Vintage 2011 – Foto Cedida por Passagem Wines | Todos os Direitos Reservados

O Passagem Vinho Tinto Reserva 2013 alinha na frescura do seu irmão branco, tendo vivido 18 meses em barricas de carvalho francês. As castas são touriga nacional (70%), touriga franca (25%) e sousão (5%). Reportando-me ao «meu gosto»: Não sou enólogo, mas às vezes arrisco umas coisas de alquimia: tem demasiada touriga nacional, falta-lhe touriga franca e o sousão é casta que não aprecio.

Mais prazenteiro (meu gosto) é o Passagem Porto Vintage 2011, feito à base das duas tourigas, a percentagem não foi revelada. Sendo objectivo: é um vintage com identidade e que «não é mais um do frasco», citando José Mourinho. O fantástico ano de 2011 foi bem surfado.

Acrescento um «vale a pena»: está fora da banda espectral duriense, mas continua a ter em si o Douro. É diferente, mas é Douro.

Contactos
Passagem Wines
Tel: (+351) 254 732 254
Email: mail@passagemwines.com
Website: passagemwines.com