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Quinta do Crasto, no coração do Douro

Texto Bruno Mendes

A Quinta do Crasto, situada no coração do Douro, entre a Régua e o Pinhão, é propriedade da família de Leonor e Jorge Roquette há mais de um século. São 70 hectares de vinha de um total de 130, que se elevam desde o rio até 600m de atitude.

Além da produção de Vinhos Douro DOC e Vinhos do Porto, aqui também se produz azeite. A paixão pelo trabalho, não só dos enólogos como também de todos os membros da equipa, juntamente com elevados investimentos em equipamento de ponta permite um conceito que concilia o respeito pela tradição e, simultaneamente, a permanente aprendizagem, aperfeiçoamento e inovação, que projectou a Quinta do Crasto nos mercados nacional e internacional.

A história da Quinta do Crasto é rica e vasta, começando pelas primeiras referências a esta Quinta que remontam a 1615. O nome Crasto deriva do latim Castrum que significa forte Romano.

Tudo isto e muito mais no vídeo abaixo.

Em Viena de Áustria, a provar vinho do Porto

Texto José Silva

Há alguns anos atrás acompanhei um grupo de austríacos, alguns deles pertencentes a uma confraria, pelo Douro acima, de autocarro e de barco, visitando algumas quintas e provando belos vinhos do Porto. Perante a satisfação geral e a rendição à beleza do Douro, desde logo houve a garantia de que nos haveríamos de encontrar novamente. Agora foi o convite dessa confraria, a St. Urbanus Weinritter Ordenskollegium, para me deslocar a Viena de Áustria, levando vários tipos de vinho do Porto, e fazer uma prova comentada desses vinhos, durante o jantar do capítulo da confraria. Acertados pormenores, achei que seria interessante dar a provar todos os tipos de vinho do Porto, no sentido de transmitir a mensagem não só da qualidade deste vinho único, como também da variedade e versatilidade das várias classes. Obtido o acordo e a vontade de provarem algumas marcas, foram contactados os produtores, recolhidas as garrafas e expedidas com tempo para a Áustria, com a indicação de armazenagem em boas condições. Assim, viajaram para o centro da Europa os seguintes vinhos do Porto:

– Pink Croft
– Dry White Rozès
– Quinta do Vallado 10-year-old Tawny
– Ramos Pinto Quinta do Bom Retiro 20-year-old Tawny
– Quinta da Devesa 30-year-old Tawny
– Vasques de Carvalho 40-year-old Tawny
– Niepoort Colheita 1999 Tawny
– Dalva 40-year-old Dry White
– Poças Special Reserve Ruby
– Quinta do Noval LBV Unfiltered 2009
– Graham’s Quinta dos Malvedos Vintage 2001
– Quinta da Casa Amarela Vintage 2011

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Cidade lindíssima – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cidade lindíssima – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Viena é uma cidade de grande beleza, com monumentos a lembrar o fausto de outrora e onde a cultura está por todo o lado, com a música de Wagner, Beethoven, Mhaler, Mozart e tantos outros a encher o ar.

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Wachau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A prova – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fiz ainda uma visita à região de Wachau, nessa altura ainda em vindimas, para provar alguns dos grandes vinhos brancos austríacos das castas Grunner-Weltliner e Rieseling e poder fazer alguma comparação com os bancos que temos por cá.

Chegado o dia da prova, rumamos às instalações que foram muito tempo ocupadas por um dos melhores restaurantes de Viena, que entretanto mudou de local, e as cedeu a uma escola de hotelaria.

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Grande qualidade – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Os estudantes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Instalações de grande qualidade e conforto, o repasto foi preparado pelos cozinheiros chefes da escola, sendo o serviço garantido pelos alunos, liderados pelo professor de sala.

Entretanto os vinhos brancos e o rosé estavam a refrescar, os tintos estavam armazenados em local cuja temperatura se revelou suficientemente baixa para os servir.

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Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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O decanter – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O meu amigo Dr. Manuel Alexandre, confrade  radicado há longos anos em Viena, onde foi durante bastante tempo delegado do ICEP, trouxe de casa um velho e lindíssimo decanter oficial do IVDP, o qual foi utilizado para decantar o Vintage 2001 da Grahm´s, que já apresentava bastantes sedimentos.

Dadas indicações simples aos alunos estagiários, foram suficientes para entenderem o que se pretendia, e os vinhos foram servidos adequadamente. A minha grande surpresa foi a ausência de copos de vinho do Porto, uma vez que estes profissionais não estavam familiarizados com este tipo de vinho.

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Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Flutes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A solução de recurso foi a utilização de pequenas flutes de espumante, que resolveram razoavelmente a situação e não prejudicaram a prova.

A prova começou com o Dry White e o Rosé, lado a lado, tendo o Rosé uma casca de limão, que lhe deu vida. Os outros vinhos do Porto foram provados durante a refeição, entre pratos, sendo explicadas as suas características, a importância das temperaturas de serviço e as várias possibilidades de harmonização para cada estilo.

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Os estudantes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E assim foram passando pela mesa os Tawnies, o Ruby, o LBV e os Vintage, sendo neste caso feita a comparação entre um Vintage recente (2011) e um Vintage já com 14 anos (2001), que ligaram mito bem com as várias sobremesas de chocolate e frutos vermelhos à disposição dos confrades.

Finalmente, para despedida, provaram-se os dois Portos de 40 anos (Branco e Tawny), com que se fez o brinde à confraria e ao vinho do Porto.

A outra surpresa da noite foi que o entronizado na cerimónia da confraria…fui eu próprio!!

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Bicicletas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fica a experiência e a sugestão ao IVDP e aos produtores para a organização dum pequeno evento em Viena, num país com abertura a coisas novas, que conhece bem Portugal, mas onde ainda há muito trabalho a fazer em prol do vinho português e em especial do vinho do Porto.

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Auf Wiedersehen – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Auf Wiedersehen!

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Quinta da Alameda, uma Vinha Velha em Santar

Texto José Silva

Foi no restaurante “Antiqvvm”, no Porto, que Carlos Lucas e Luís Abrantes apresentaram o primeiro vinho da Quinta da Alameda, sua propriedade em Santar. Amigos de longa data, estes dois empresários, embora de áreas diferentes, decidiram há uns tempos comprar a Quinta da Alameda, uma propriedade bem conhecida em Santar, em pleno coração do Dão, com grande tradição e algumas vinhas muito velhas. A par do plantio de vinhas novas, estas vinhas velhas foram acarinhadas e trabalhadas para dali tentar retirar uvas muito boas e fazer vinhos de excelência. Parece que o objectivo foi atingido neste primeiro ano, embora com uma produção muito pequena, decorrente da idade das vinhas. Para mais tarde vai ficar a recuperação de algum património arquitectónico da quinta e a construção duma adega onde as uvas sejam trabalhadas, vinificadas e os vinhos guardados para estágio e engarrafamento. Um dos objectivos é evoluir para a produção em modo biológico, pensando também na defesa cada vez mais premente do ambiente.

Nesta apresentação, o enólogo Carlos Lucas juntou-se aos chefes do restaurante, Vítor Matos e Ricardo Cardoso, e com eles construiu as harmonizações que se mostraram mais adequadas, sempre com algo de surpreendente, como as equipas do Vítor Matos sempre nos habituaram.

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Rosa Teixeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Ribeiro Santo Blanc de Noir – Foto Cedida por Quinta da Alameda | Todos os Direitos Reservados

Num espaço de grande beleza e elegância, requintado, onde a Rosa Teixeira não deixou que falhasse nada, fomos recebidos com o espumante Ribeiro Santo Blanc de Noir, já com provas prestadas. Apresentou-se amarelo com alguma evolução, muito elegante, com bolha finíssima e cordão suave. Seco, aromas de palha, tosta, alguns frutos secos, na boca tem volume, acidez muito equilibrada, muito envolvente e fez óptima companhia aos snacks Antiqvvm..

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Ribeiro Santo Encruzado 2014 – Foto Cedida por Quinta da Alameda | Todos os Direitos Reservados

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Salmão Marinado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já sentados à mesa, passamos ao vinho branco, o Ribeiro Santo Encruzado 2014, uma casta fantástica, um vinho de cor citrina, cristalino. Muito elegante e sedoso, alguma fruta branca intensa, levemente seco, fresco. Complexo, intenso mas aveludado, frescura e acidez equilibradas, alguma fruta de polpa branca com final sedoso e longo.

Fez companhia a um salmão marinado, coco, morangos, pêra abacate, coentros, capuchinha e ovas de truta e, à parte, um surpreendente tártaro de vieira com malagueta e citrinos, pérola de encruzado e salicórnia.

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Um surpreendente tártaro de vieira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Muita frescura, sabores intensos mas equilibrados, a mestria do Vítor Matos à nossa mesa. Mas ainda antes da estrela da noite, houve lugar a uma surpresa, um vinho ainda em barrica, apresentado em garrafa com rótulo provisório, o Jaen 2013. De um ano difícil, um vinho que já é muito interessante e que surpreendeu até mesmo o seu autor, como Carlos Lucas fez questão de dizer. Granada suave, muito limpo, belos aromas de frutos vermelhos, notas de fumo, sedoso. Bom volume na boca, muito, mas mesmo muito elegante, aveludado, notas de chocolate preto, excelente acidez, final longo, um grande Jaen.

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Vítor Matos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Garoupa com rabo de boi e molho de trufa toscana – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para fazer companhia à garoupa com rabo de boi e molho de trufa toscana, ravioli de tinta de choco e carabineiro, emulsão de morilles, tagliatelles de lulas e funcho.

Então sim, veio a estrela da noite, o Quinta da Alameda Reserva Especial Tinto 2012. Numa garrafa muito bem apresentada, rótulo sóbrio e elegante, tem cor rubi intensa, muito limpo. Floral, notas de frutos vermelhos, esteva, pinheiro. Grande acidez, fresco, intenso, muita fruta, notas balsâmicas, eucalipto, sedoso, taninos bem maduros, irreverentes, final muito longo, um vinho extraordinário, para se beber já ou guardar por muitos anos. Afinal foi a segunda surpresa da noite!!

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Quinta da Alameda Reserva Especial Red 2012 – Foto Cedida por Quinta da Alameda | Todos os Direitos Reservados

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Lombo de veado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E acompanhou mesmo bem o lombo de veado ligeiramente fumado com trompetas da morte e vinagre de boletus, balsâmico velho, cremoso de cherovia e espinafres, pão de pistáchios e molho de especiarias.

Um prato cheio de complexidade a dar luta a um vinho fantástico.

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Sobremesa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Regar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se com um Porto Tawny Reserva da Quinta das Tecedeiras a fazer companhia a uma sobremesa desconcertante, abóbora com requeijão e pudim apresentados num vaso, que o Vítor Matos haveria de regar, estando no prato a torta de cenoura negra, amêndoas torradas, sorvete de tangerina, creme e espuma de beterraba, legumes com xarope de sabugueiro. Sem palavras…

O Dão continua a dar que falar!

Outono na Quinta da Casa Amarela

Texto José Silva

O pai Gil, a mãe Laura e o filho Gil – eles são a Casa Amarela e a Casa Amarela são eles!

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O pai Gil, a mãe Laura e o filho Gil – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Têm construído este projecto, uma vida dedicada ao Douro, à Quinta da Casa Amarela e aos seus vinhos. Vinhos feitos com paixão, uma grande paixão, que partilham com clientes e amigos, com simplicidade, sem salamaleques, mantendo sempre um nível de qualidade de que não abdicam.

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Quinta da Casa Amarela – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Casa Amarela – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E fazem muito bem! Levam os seus vinhos por todo o país, mas também por alguns outros países. Um trabalho de persistência, de muitas horas ao volante ou dentro de aviões, muitas provas comentadas, mas muitos clientes satisfeitos. E as parcerias com colegas produtores de outras regiões: primeiro foi com o Paulo Laureano e os seus néctares alentejanos, depois o Paulo Rodrigues da Quinta do Regueiro e o Alvarinho de Melgaço, finalmente com Sir Cliff Richard e os seus vinhos algarvios. Tudo com a ajuda do enólogo Jean-Hugues Gros, o francês que também se apaixonou pelo Douro e por lá ficou, a fazer vinhos muito bons. Visitar esta quinta é sempre um prazer, somos recebidos como família, há já muitos anos.

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A nova sala de barricas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A beleza da casa coberta de vinha virgem – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A beleza da casa coberta de vinha virgem, agora a pintar-se daquelas tonalidades outonais, a nova sala de barricas, em que pedra e madeira fazem um casamento perfeito e a velha sala dos tonéis, onde a música clássica de fundo dá aquele toque de magia e recato.

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A velha sala dos tonéis – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Que os vinhos certamente agradecem.

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Aquela árvore enorme – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Cá fora, aquela árvore enorme já se confunde com as paredes da casa, imponente e autoritária.

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As vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Aguardam pelo merecido descanso de inverno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá mais acima, as vinhas repousam, aguardando pelo merecido descanso de inverno. Mas estávamos ali para provar os vinhos, sabendo que a Laura Regueiro não deixaria de nos presentear com uma refeição caseira, como só ela sabe apresentar.

Já no conforto da sala de estar, começamos pelo branco Casa Amarela Reserva 2014, cheio de frescura e acidez muito equilibradas, notas de fruta de polpa branca muito elegantes, persistente e a ligar muito bem com umas tostinhas com queijo gratinado e uma deliciosa compota de pimento.

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Casa Amarela Reserva 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Norte Sul 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o Norte Sul 2013, também com frescura, exótico, jovial, muito agradável, simples mas com estrutura, uma boa surpresa. Agora já estávamos numas fatiazinhas de bola de carne, muito típica na região, fofinha a saborosa.

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Bola de carne – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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II Terroir XIV – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Terminamos os aperitivos com o outro branco de parceria, o II Terroir XIV, em que a mineralidade do Alvarinho casa muito bem com a elegância e frescura do branco do Douro. Intenso, muito elegante, com óptimo volume de boca, um vinho gastronómico.

Já sentados à mesa, deliciamo-nos com uma sopa de acelgas com crocante de cebola, muito apaladada e bem quente.

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Sopa de acelgas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Casa Amarela Reserva Tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E já se abria o Casa Amarela Reserva Tinto 2013, que se apresentou pleno de aromas florais, com frutos vermelhos, intenso mas muito elegante, com notas de fumo, muito fresco, aveludado, com os taninos já bem casados e final saboroso.

Veio então para a mesa um soberbo joelho de porco assado no forno, muito bem temperado, a desfazer-se na boca, com batatas a murro e couves salteadas, mais uma rodelas de tomate bem maduro e cebola carnuda, bem temperados. Que bom!

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Joelho de porco assado no forno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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PL-LR IX – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para os copos, o tinto PL-LR IX, uma ligação fantástica com tintos de duas regiões, tão distantes e tão próximas. Aromas complexos, aveludado, ligeiras notas de fumo e alguma fruta preta madura. Na boca tem óptimo volume, é carnudo, intenso, poderoso, com acidez muito equilibrada e final longo.

Ainda a saborear o prato de carne, apreciamos o tinto Casa Amarela Grande Reserva 2011, uma bonita homenagem ao avô Elísio. Dum ano incrível, é um vinho distinto, muito elegante, requintado, cheio de complexidade aromática, com muito boa acidez e uma boca cheia, com longo final. Ainda vai durar muito anos na garrafa…se lá chegar!

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Casa Amarela Grande Reserva red 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Crumble de maçã – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente a sobremesa: primeiro o crumble de maçã que é obrigatório nesta casa, depois uma tira de queijo de meia cura na companhia de uvas brancas e tostinhas.

Primeiro abriu-se o Porto Tawny 10 Anos, com aromas de frutos secos intensos, notas de mel, de marmelo, excelente acidez e muita frescura.

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Quinta da Casa Amarela Porto Tawny 10 Anos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quinta da Casa Amarela Porto Vintage 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para o queijo foi a vez do primeiro Vintage comercializado pela casa, e logo o 2011!! Com fruta preta muito madura, notas de chocolate, levemente balsâmico, gordo, cheio, poderoso mas ao mesmo tempo elegante, um belo representante do que de melhor se faz nos vinhos do Porto modernos. Uma bela refeição, como sempre, entre gente boa, na companhia de vinhos com carácter.

E o Douro agradece…

Contactos
Quinta da Casa Amarela
Riobom
5100-421 Lamego
Tel: (+351) 254 666 200
Fax: (+351) 254 665 209
Mobile: (+351) 962 621 661
E-mail: quinta@quinta-casa-amarela.com
Website: www.quinta-casa-amarela.com

Vinho engarrafado era para as festas

Texto João Barbosa

Há 50 anos, um registo «não se diluía no mar de marcas que actualmente existem e não estava tão sujeito “aos gostos dos mercados” e às classificações dos líderes de opinião. Permitia, por isso, fidelidade por parte do consumidor, que fortalecia as marcas, as empresas, o negócio e o estilo do vinho» – explica Virgílio Loureiro.

«O vinho engarrafado era para dia de festa e o mais procurado era o do Dão. A fama tinha sido conquistada mais pelo pioneirismo do engarrafamento do que pela qualidade. A marca era “colectiva”, associada à origem e sobrepunha-se quase sempre à marca da empresa. Havia também marcas individuais, algumas delas lendárias, fruto da qualidade do vinho e, principalmente, da genialidade com que era publicitado» – informa Virgílio Loureiro.

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Rótulo Grão Vasco – Foto Cedida por Sogrape Vinhos | Todos os Direitos Reservados

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Rótulo Grão Vasco – Foto Cedida por Sogrape Vinhos | Todos os Direitos Reservados

Um caso emblemático é o Grão-Vasco, surgido em 1958, após a visita de Fernando Guedes (Sogrape) ao Dão. A marca escolhida foi o nome pintor Vasco Fernandes (Grão-Vasco – séculos XV e XVI), natural de Viseu.

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Buçaco Branco Reservado – Foto Cedida por Palace Hotel do Bussaco | Todos os Direitos Reservados

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Buçaco Tinto Reserva – Foto Cedida por Palace Hotel do Bussaco | Todos os Direitos Reservados

Entre o Dão e a Bairrada há o clássico Buçaco (branco e tinto), do Palace Hotel do Bussaco. Por burocracia, não tem data de colheita, mas o número do lote indica o ano da vindima. Alexandre Almeida, sobrinho do fundador, conta que tudo começou por ser o «vinho da casa» e a primeira garrafa data de 1917.

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Palace Hotel do Bussaco – Foto Cedida por Palace Hotel do Bussaco | Todos os Direitos Reservados

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Garrafas – Foto Cedida por Palace Hotel do Bussaco | Todos os Direitos Reservados

Na tradição, os vinhos são feitos com a junção de uvas da Bairrada e do Dão – eram vinhos tradicionais dos agricultores, não de enólogo. «Desde logo com a ideia de permitir ao viajante a descoberta da gastronomia local e dos seus vinhos, enquanto vivência duma genuína afirmação cultural». À mesa serviam-se pratos tradicionais, «a par da cozinha, então moderna, de Escoffier».

No ano de 1964 surgiu o Adega Cooperativa de Borba Reserva, conhecido simplesmente por «rótulo de cortiça», pelo seu uso em vez de papel.

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Adega Cooperativa de Borba Tinto Reserva – Foto cedida por Adega de Borba | Todos os Direitos Reservados

Alguns vinhos mudaram de nome: o Tinto Velho (1878) hoje é José de Sousa. O Conde d’Ervideira Reserva (cerca de 1880) existe, mas acima dele existe Conde d’Ervideira Private Selection. É um vinho ressuscitado, a produção foi abandonada em 1954 e retomada em 1991.

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José de Sousa Tinto Velho 1996 – Foto Cedida por José Maria da Fonseca | Todos os Direitos Reservados

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José de Sousa – Foto Cedida por José Maria da Fonseca | Todos os Direitos Reservados

O Gaeiras Branco, feito com a casta vital, viveu grande prestígio nas décadas de 60 e 70 – mas começou a receber prémios a partir de 1876.

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Casa das Gaeiras Reserva Vinhas Velhas – Foto Cedida por Casa das Gaeiras | Todos os Direitos Reservados

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Casa das Gaeiras tinto – Foto Cedida por Casa das Gaeiras | Todos os Direitos Reservados

Morreu durante uns anos, ressurgindo com a colheita de 2013 – o herdeiro é o Casa das Gaeiras Vinhas Velhas.

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Casa das Gaeiras – Foto Cedida por Casa das Gaeiras | Todos os Direitos Reservados

O lugar de Peramanca deu o nome a um dos mais reputados vinhos do Alentejo. Registado, no século XIX, por José António Soares, foi valorizado, mas acabou. Em 1987, a marca Pêra Manca foi doada à Fundação Eugénio de Almeida, na condição de surgir apenas em anos excepcionais. O primeiro branco é de 1990 e o tinto de 1991. O rótulo original tem por base uma aguarela de Alfredo Roque Gameiro (1864 – 1935), mas em 2003 foi redesenhado e simplificado.

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Pera-Manca Tinto 1998 – Foto Cedida por Cartuxa | Todos os Direitos Reservados

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Pera-Manca Branco 1996 – Foto Cedida por Cartuxa | Todos os Direitos Reservados

John Reynolds, neto de Thomas Reynolds que comprou a Herdade do Mouchão, decidiu plantar uma vinha da casta alicante bouschet – pela primeira vez em Portugal. O Mouchão também ressuscitou, em 1985. A adega foi erguida em 1901 e a produção decorreu até à ocupação da Reforma Agrária (marxista).

Ao contrário do que pensei originalmente, encontrei mais marcas do que esperei. É impossível lembrar todas. Enumero mais algumas: Caves do Solar de São Domingos, Colares Chitas, Viúva Gomes, Lagoa Reserva, Messias Santola, Messias Vinho Verde, Messias Rosé, Frei João, Porta de Cavaleiros, Montes Claros, Pasmados…

Os 25 anos do vinho Duas Quintas

Texto José Silva

Foram dois dias a comemorar uma data de grande importância para o Douro e para a Ramos Pinto: os 25 anos dos vinhos Duas Quintas. (João Pedro de Carvalho também escreveu um artigo sobre este tópico, leia aqui)

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O Bolo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A que se juntaram outras duas datas que também mereceram celebração: o fim das vindimas na Ramos Pinto e a jubilação de João Nicolau e Almeida, quer como director de enologia, quer como administrador delegado da empresa, depois de 40 anos de trabalho intenso e dedicado.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nas instalações da Ramos Pinto em Gaia, depois da chegada dos convidados nacionais e estrangeiros, teve lugar uma prova muito bem organizada de 23 brancos Duas Quintas, entre clássicos e reservas. Os vinhos apresentaram-se em grande forma, a revelar uma evolução extraordinária em garrafa. O mais antigo, de 1994, apresentava um amarelo intenso, muito limpo, com nariz suave e aveludado e  deliciosas notas de evolução. Grande complexidade, boa estrutura, com uma acidez incrível, fino e muito elegante, um belo vinho. O mais recente, de 2014, apresentou uma cor citrina muito clara e é uma explosão de aromas de fruta no nariz, ligeiramente floral, muito jovem. Fresco, acidez intensa, cheio de fruta madura, seco, exótico, a pedir comida. O 2014 Reserva também é amarelo citrino, muito elegante. Aromas intensos de fruta madura, ligeiras notas vegetais, com uma complexidade deliciosa. Intenso, grande equilíbrio entre a fruta e as notas vegetais, exótico, seco e com grande acidez, a prometer grande evolução. Um reserva moderno.

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Quadro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Quadro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois foi a visita divertida ao museu da Ramos Pinto, que ajuda a entender a filosofia do seu fundador, cujo espírito se mantém em toda a empresa até ao presente.

Seguiu-se um óptimo almoço, na companhia de alguns dos vinhos provados e lá fomos até ao Douro, em passeio tranquilo.

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Almoço – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A dançar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Chegados à quinta do Bom Retiro, foi a surpresa da festa das vindimas, com direito a petiscos, o vinho a escorrer pelos copos e até um grupo de música a tocar num palco bem montado. A coisa prometia!

E veio outra surpresa, esta para João Nicolau de Almeida: um palanque com a representação da garrafa do Duas Quintas alusiva aos 25 anos e os cantares populares com versos dedicados à historia da empresa e ao homem, colega, companheiro e amigo que agora se vai retirar. O João fartou-se de agradecer, muito emocionado. Não faltaram os seus filhos e até os netos.

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Palanque – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Lagarada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Enquanto a festa continuava cá fora, apreciamos um óptimo jantar e de seguida acompanhamos a última lagarada, com os pisadores a trabalharem os mostos em dois lagares de granito, para vinho do Porto.

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A casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No dia seguinte uma chuva ligeira fez-nos companhia, mas não retirou o ânimo de todos para uma prova épica de 23 tintos, entre clássicos e reservas.

Os vinhos estavam ali, decantados, e nós servíamo-nos à vontade, orientando a prova como entendêssemos, com tempo para apreciar.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O mais antigo, de 1990, dum rubi claro, já não vai evoluir mais, mas ainda assim apresentou um nariz fantástico, elegante, sedoso, perfumado. Na boca está muito equilibrado, suave, taninos muito maduros, um senhor idoso mas com muita classe. O mais recente, de 2013, é granada muito escuro, carregado. Aromas florais, violetas, urze e notas de framboesa. Na boca é intenso, ainda austero, com notas florais, taninos poderosos e óptima acidez. Apesar disso já tem o perfil de elegância que lhes é característico. O mais velho dos reservas, de 1992, é um vinho extraordinário, duma cor rubi intensa, muito limpo. Nariz cheio de souplesse e elegância, com notas suaves de madeira e fumo. Na boca é muito fino, com taninos muito maduros, notas de tabaco, final sedoso muito longo. Grande vinho!

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Almoço – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Caldo Verde – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se um almoço volante, servido no alpendre da casa, com muitas vinhas ao fundo e a morfologia do Douro por companhia.

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Vinhos do Porto Ramos Pinto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Parabéns – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Quem quis voltou aos brancos e no final bebeu-se vinho do Porto e cantaram-se os parabéns. Acabara de se virar uma página na longa história dos vinhos do Douro.

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No alpendre – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

De regresso a casa, passaram-me pela memória algumas das histórias divertidas do João Nicolau de Almeida, com o seu sorriso franco e contagiante.

Assim adormeci no autocarro…

Contactos
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4400-266 Vila Nova de Gaia
Portugal
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Vinho de todo o lado – e a começar no Douro

Texto João Barbosa

Durante o período da Guerra Colonial, o Exército era abastecido com vinho engarrafado. «Nessa altura era proibido vender vinho a copo, porque o Estado desconfiava que era oportunidade para adulterar o vinho». Em 1965 rebentou o escândalo do «vinho a martelo», uma bebida «obtida por fermentação de açúcar e junção de água e corantes» – conta Vasco d’Avillez.

Branco ou tinto? Cheio! «A maioria das pessoas não fazia ideia do que era um vinho bom e bebia aquilo a que estava habituada, quer fosse tinto deslavado quer fosse branco oxidado e pesadão» – explica Vasco d’Avillez.

O enólogo Virgílio Loureiro conta que, «até à década de 60, o vinho em Portugal pouco mais era do que sempre foi ao longo dos últimos 250 anos. O local de culto do seu consumo e de compra era a taberna, onde era quase invariavelmente vendido a granel. A exigência dos clientes não era muita, pois o copo era servido cheio – não dando azo a que se pudesse apreciar o seu aroma – e geralmente bebido de um trago».

As tabernas de Lisboa e Porto, embora com preferências de origem (não regiões demarcadas) vendiam vinho de diferentes locais. O vinho provinha sobretudo da terra de origem do taberneiro.

A demarcação da região do Douro data de 1756, a empresa que a instituiu ainda existe – conhecida por Real Companhia Velha. Durante séculos, o Vinho do Porto era o negócio, os vinhos tranquilos não tinham relevo.

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Real Companhia Velha Grandjó – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

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Real Companhia Velha Grandjó – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

Esta firma detém marcas icónicas do Douro. Em 1912 foi criada a Grandjó, específica para vinhos de colheita tardia. Só na década de 60 surgiram os primeiros vinhos sem Botrytis Cinerea, para responder à procura de vinhos mais leves.

Em 1913 nasceu o Evel – «leve» escrito ao contrário. «O objectivo foi criar um vinho elegante, macio e leve», explica Pedro Silva Reis que preside à Real Companhia Velha. «Os primeiros vinhos, tais como hoje, correspondiam às características descritas: elegantes, macios e, de certo modo, leves. Naquela época existiam poucas marcas e apenas uma pequena parte do vinho consumido era engarrafado e rotulado. A marca notabilizou-se a partir dos anos 30 e 40, pelo que será de supor que terá demorado alguns anos até se considerar um verdadeiro sucesso». Nas duas décadas seguintes, o Evel chegou à mesa do chefe do Estado, passando os rótulos a ostentar a designação de «Fornecedora da Presidência da República».

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Real Companhia Velha Cellar – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

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Pedro Silva Reis – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

Real Companhia Velha tem também o oposto do Evel. O Porca de Murça, criado em 1928, homenageando um monumento pré-histórico. «Vinhos tintos potentes e encorpados. A produção dos brancos só aconteceu anos mais tarde. A marca atingiu altos níveis de fama entre as décadas de 40 e 60. Recentemente, a marca voltou a viver momentos de glória ao tornar-se a marca do Douro mais vendida no mundo» – afirma Pedro Silva Reis.

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Barca Velha 1952 – Photo Provided by Sogrape Vinhos | All Rights Reserved

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Casa Ferreirinha Colheita Seleccionada 1960 Reserva Especial – Photo Provided by Sogrape Vinhos | All Rights Reserved

Quando se fala no Douro, há dois vinhos obrigatórios, considerados, por muitos, como os dois melhores de Portugal: Barca Velha (1952) e Ferreirinha Reserva Especial (1960). A Sogrape estabeleceu que os vinhos com maior potencialidade de guarda se designem por Barca Velha e os que previsivelmente terão longevidade inferior se chamem Ferreirinha Reserva Especial.

O espírito e o estilo nunca mudam. Até ao presente saíram 17 Barca Velha e 16 Ferreirinha Reserva Especial (entre 1989 e 1987, a legislação não permitiu o uso do adjectivo «especial».

Dois magnatas

Texto João Barbosa

Abel Pereira da Fonseca foi um próspero negociante de vinhos. Em 1906 abriu um entreposto no Poço do Bispo – fica fora dos percursos turísticos, mas o edifício é interessante de ver para quem tenha mais tempo. A avenida não existia e os barcos acostavam para descarregar o vinho vindo da margem Sul do Tejo.

À época, as tabernas costumavam ter associado o negócio do carvão. Este empresário criou a rede Val do Rio, onde se podia beber um bom vinho e em ambiente asseado. Em 1928 eram cerca de 50 estabelecimentos e em 1937 já chegavam à centena. A classe média lisboeta podia beber o seu vinho sem ter de se juntar à malta suja e pobre.

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Abel Pereira da Fonseca, Lda no Poço do Bispo – Foto Cedida por Companhia Agrícola do Sanguinhal | Todos os Direitos Reservados

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Abel Pereira da Fonseca – Foto Cedida por Companhia Agrícola do Sanguinhal | Todos os Direitos Reservados

Fernando Pessoa, um génio mundial da poesia, era uma pessoa estranha, a quem poucos conheciam amigos. A meio da tarde, levantava-se da cadeira do escritório, onde se aborrecia com a realidade, e dizia:

– Vou ter com o meu amigo Abel.

O amigo Abel era o copo na taberna Val do Rio, da firma Abel Pereira da Fonseca. Uma vez fotografado, assinou o retrato: «Apanhado em flagrante delitro».

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Fernando Pessoa “em flagrante delitro.” – Foto Cedida por Companhia Agrícola do Sanguinhal | Todos os Direitos Reservados

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A assinatura de Fernando Pessoa “em flagrante delitro” – Foto Cedida por Companhia Agrícola do Sanguinhal | Todos os Direitos Reservados

Nesse ano de 1937, Abel Pereira da Fonseca deixou o negócio – a marca ficou com outros, coisa de negócios que não vêm ao caso – e fixou-se na Quinta das Cerejeiras, no Concelho de Bombarral. Aí criou uma marca emblemática que resiste.

O Quinta das Cerejeiras tornou-se numa referência de qualidade, expostas nas cartas de vinhos dos melhores restaurantes. O gosto e o padrão de consumo mudou. Os dez anos de estágio em garrafa foram muito reduzidos. Ainda assim, os Quinta das Cerejeiras Reserva são uma referência da região de Lisboa e obrigatória para quem se interessar pelos néctares nacionais.

Outro magnata de renome foi João Camillo Alves, barbeiro na vila suburbana de Bucelas, que se pôs como intermediário entre os produtores da vila e os burgueses lisboetas que ali iam veranear. Daí a vender na capital fui num instantinho.

A empresa Caves Camillo Alves faz hoje parte do grupo Enoport, que agrupa outras grandes firmas de outrora, como as Caves Velhas ou as Caves Dom Teodósio – Teodósio Barbosa, outro magnata do vinho de há cem anos.

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Romeira Vinho Tinto – Foto Cedida por Enoport | Todos os Direitos Reservados

Obviamente que esta firma detém marcas que cruzam gerações. A mais emblemática talvez seja a Romeira. Trata-se de vinho tinto nascido numa região onde apenas as uvas brancas são elegíveis para vinho com denominação de origem.

A constituição da Quinta da Romeira, em Bucelas, remonta ao século XVII, e desde então tem conhecido diferentes proprietários, tendo há cerca de um ano voltado a ser transaccionada. A marca Romeira, pertencente às Caves Velhas, foi criada em 1912. Na década de 70, do século XX, o enólogo Manuel Viera fazia um lote com uvas da Península de Setúbal. Posteriormente passou a ser todo ele produzido em Palmela e hoje faz-se no Alentejo.

Quando se fala em vinho de Bucelas tem de se referir o Bucellas, criado pelas Caves Velhas em 1939. O consumidor tem sempre razão, conforme dita o aforismo? Não! E infelizmente, negócio é negócio e as empresas não são para dar prejuízo. Os vinhos de Bucelas viviam longos anos, excelentes. Os Bucellas Garrafeira eram «o» Bucelas. O último foi o de 1998 e bebi-o este ano. Colossal!

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Serradayres Colheita 1986 – Foto Cedida por Enoport | Todos os Direitos Reservados

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Serradayres Reserva 2013 – Foto Cedida por Enoport | Todos os Direitos Reservados

Muito antigo é o tinto Serradayres (Enoport), comercializado pela primeira vez em 1896, pelo Conde de Castro Guimarães, no Ribatejo – hoje região do Tejo. Já agora, a residência condal situa-se em Cascais e é um espaço museológico a ver.

Ainda dentro da mesma casa, o Lagosta (Enoport) é uma referência antiga, datada de 1902. Vinho leve e descomplexado, mas sem o peso histórico de outras marcas.

E eu que pensava que arrumava o assunto em poucas linhas… esperem, que já sirvo mais uma rodada.

Uma aliança entre o vinho e a arte, no coração da Bairrada

Texto José Silva

Já há uns anos pertencente ao grupo Bacalhôa, a Aliança tem sabido manter e mesmo refinar uma entidade muito própria e, apesar de produzir vinhos noutras regiões vinícolas, é com a Bairrada que se identifica profundamente e é ali que continua sediada.

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Aliança Vinhos de Portugal – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

Se são os seus espumantes que lhe dão prestígio e reconhecimento no mercado, os seus vinhos bairradinos têm vindo a crescer paulatinamente, afirmando-se hoje como vinhos de excelência numa região que se libertou de algumas amarras e viaja hoje à vontade, a toda a bolina, sempre rumo à qualidade. As suas aguardentes lá continuam em repouso nas profundezas das caves, sem pressas, mantendo a extraordinária qualidade a que nos habituaram.

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Aliança Underground Museum – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

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Aliança Underground Museum – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

Em recente visita, fizemos um agradável passeio pelas caves e o seu revolucionário museu a que chamaram “Aliança Underground Museum”, onde estão alojadas centenas de peças fantásticas da vastíssima colecção do proprietário da empresa, que vale bem a pena conhecer. Essa viagem cultural é partilhada por muitos dos vinhos que ali se produzem e estão guardados nas caves.

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Aliança Underground Museum – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

E onde, obviamente, os espumantes são reis incontestados, até pela quantidade de garrafas em estágio. São corredores escuros e baixos, cheios de bolores que atestam a humidade constante que, aliada às temperaturas baixas com pouquíssima amplitude térmica, proporcionam condições ideais para o desenvolvimento destes vinhos com gás natural.

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Aliança Underground Museum – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

As aguardentes ocupam a parte mais profunda das caves, com uma quantidade incrível de cascos de madeira muito velhos, que as acariciam naquele ambiente surreal.

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Francisco Antunes – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

E foram vinhos e espumantes da casa que provamos, numa interessantíssima prova dirigida pelo Francisco Antunes, ditector de enologia da casa, grande conhecedor da região, muitos anos a produzir vinhos tranquilos e espumantes, viciado na caça e duma boa disposição contagiante.

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Aliança Branco Reserva 2014 – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

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Aliança Tinto Reserva 2012 – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

Começamos pelo Aliança Branco Reserva 2014, feito com Maria-Gomes, Bical e Arinto. Um vinho de combate. Amarelo citrino, cristalino, muita fruta branca no nariz, algo floral, muito elegante. Na boca é seco, muito fresco, citrino com volume médio, um vinho moderno. A €2,15 a garrafa é um excelente opção. Passamos ao Aliança Tinto Reserva 2012, feito com Baga, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Muita fruta, muita frescura e juventude. Na boca é intenso, persistente, mantém bastantes notas de fruta madura, taninos já domados mas bem presentes, um vinho a pedir comida.

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Aliança Tinto Baga 2009 – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

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Aliança Rosé Baga-Bairrada Bruto – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

O Aliança Tinto Baga 2009 revelou toda a excelência aromática da casta Baga. Intenso, muita fruta, notas de compota. Redondo, bom volume de boca, frutos vermelhos muito maduros, taninos poderosos, bem vincados, excelente acidez e final longo. Belo vinho que já se bebe muito bem, mas que vai envelhecer muito bem por muitos anos. Passamos então aos vinhos com bolhinhas, começando pelo Aliança Rosé Baga-Bairrada Bruto, uma novidade no mercado. Duma cor salmão muito suave, com bolha muito fina, apresentou-se muito elegante no nariz, ligeiramente floral, com notas de frutos vermelhos. Na boca é seco, com óptima acidez, bela estrutura e muita elegância, um espumante moderno.

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Aliança Baga-Bairrada Bruto 2013 – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

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Aliança Bruto Vintage 2010 – Foto Cedida por Aliança Vinhos de Portugal | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o Aliança Baga-Bairrada Bruto 2013, citrino, cristalino com bolha fina muito elegante. No nariz tem notas de maçã verde, alguns frutos secos, tosta. Na boca impressiona pela frescura e acidez vibrante, seco, intenso, notas ligeiramente tostadas e final longo e saboroso. Um óptimo bairradino. Terminamos a prova com um clássico, o Aliança Bruto Vintage 2010. Amarelo ligeiramente torrado, bolha finíssima e cordão persistente. Nariz exótico, com notas de frutos secos, nozes, tosta, noz moscada. Na boca é poderoso, seco, muita complexidade, acidez intensa, volumoso, cheio, cremoso, com final imenso, um espumante de excelência.

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Petingas e carapauzinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bolinhos de bacalhau e rissóis de leitão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Passamos então à mesa, onde provamos alguns destes vinhos, para fazer companhia a um conjunto de petiscos – petingas e carapauzinhos, bolinhos de bacalhau e rissóis de leitão.

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Galo assado no forno com arroz de ervilhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Queijo, marmelada e pão-de-ló – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois foi um galo assado no forno com arroz de ervilhas, para terminar queijo, marmelada e pão-de-ló. Os vinhos da Aliança continuavam a escorrer pelos copos.

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Vinhos da Aliança – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

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Até à próxima – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

Já cá fora, foi a despedida, até à próxima…

Contactos
Aliança – Vinhos de Portugal SA
Rua do Comércio, 444
Apartado 6
3781-908 Sangalhos
Portugal
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Fax: (+351) 234 732 005
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Website: www.alianca.pt

Caves da Montanha

Texto João Pedro de Carvalho

Ainda pela Bairrada, o passeio encerra com a visita a um dos maiores produtores da região, as Caves da Montanha (Anadia). A produção anual ronda o milhão e setecentas mil garrafas, tendo actualmente cerca de 2 milhões de garrafas guardadas nas longas caves subterrâneas das quais cerca de vinte mil supera os vinte e quatro meses de estágio em garrafa. Em Portugal o espumante de qualidade nem sempre foi uma realidade, é algo que tem vindo a crescer e a afirmar-se junto dos consumidores na última década. Nunca por cá se bebeu tão bom vinho como nos dias de hoje, é uma realidade, mas a somar a tudo isto também é verdade que a Bairrada se assume cada vez mais como a região onde produzir espumante fará mais sentido.

Fundadas em 1943 por Adriano Henriques, a empresa tem passado de pais para filhos estando actualmente na quarta geração com Alberto Henriques ao comando. Apesar do leque de ofertas se estender um pouco por todas as regiões com os mais diversos produtos é nos espumantes da Bairrada que a meu ver mora a alma deste negócio. A equipa de enologia composta por António Selas e Bruno Seabra, juntamente com Alberto Henriques têm sabido encontrar o rumo certo e juntos têm dado o seu contributo para um renascimento da região da Bairrada.

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Caves da Montanha Chardonnay-Pinot 2009 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Para este refresh de toda uma região, muito tem contribuído a Comissão Vitivinícola da Bairrada na pessoa do seu dinâmico presidente José Pedro Soares. Mas todo este assunto é merecedor de um artigo próprio, por agora o que interessa destacar são os espumantes que se provaram nas instalações das Caves da Montanha. O primeiro de todos foi um Montanha Grande-Cuvée Baga 2009, nascido num ano considerado de excelência pelo produtor. Um espumante que mostra um perfil mais clássico se assim se pode chamar, combina notas de alguma evolução com a frescura da fruta madura, notas de biscoito e ligeiro fruto seco. Boa presença de boca, com a fruta a marcar presença em quantidade e sabor, muita frescura com elegância e final de boa persistência. Um espumante com energia suficiente para acompanhar pratos de maior temperamento.

Em 2008 surge a primeira referência do Montanha Grande-Cuvée Chardonnay-Baga, todo ele cheio de frescura no nariz, com leve biscoito e notas de pêra, muita fruta associada à casta Chardonnay com leve fermento. Boa exuberância de conjunto, mousse fina e elegante com acidez a limpar o palato num espumante de fácil harmonia à mesa. O Montanha Real Grande Reserva 2009 é o topo de gama, sai quase de dois em dois anos e mostra-se nesta colheita com um blend de Chardonnay, Arinto, Pinot e Baga. Aroma com cocktail de frutas, ligeiras notas de biscoito, alguma geleia, muita frescura e vigor. Boca com envolvência que preenche o palato, frescura com sensação de cremosidade, final seco e prolongado.

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Caves da Montanha Chardonnay-Baga 2008 – Foto Cedida por Caves da Montanha | Todos os Direitos Reservados

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Caves da Montanha A.Henriques Edição Especial 70 Anos 2006 – Foto Cedida por Caves da Montanha | Todos os Direitos Reservados

Para o final ficou o A. Henriques Edição Especial 70 Anos Bruto 2006, um espumante feito à base de Chardonnay, Arinto e alguma Baga, que combina muito boa frescura com notas da passagem do tempo. Envolto numa delicada e muito fina complexidade que combina aromas de polpa branca da Chardonnay , os travos mais citrinos da Arinto, com a Baga a conferir robustez ao conjunto. Em fundo notas de biscoito com tisana, algum pão torrado num conjunto complexo que na prova de boca se mostra bastante elegante combinando ligeira cremosidade com a boa frescura da fruta. Brilhou a acompanhar um leitão assado à Bairrada.

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