Texto Ilkka Sirén | Tradução Teresa Calisto
Se há uma coisa que sei, uma coisa da qual tenho a certeza absoluta, é que o Inverno na Finlândia é inevitável. Enquanto estação, não é das minhas preferidas. Não por causa da neve, que por vezes pode chegar até à cintura. Nem mesmo do frio, que pode atingir os 40ºC negativos em algumas partes da Finlândia. É a escuridão que me afecta verdadeiramente.
Mas do Outono, gosto. De certa forma, até gosto mais do que do Verão. A natureza na Finlândia é para além de linda quando as cores do Outono começam a aparecer. Há algo de verdadeiramente mágico nesta estação. Dias solarengos e frescos, folhas no chão, longos passeios na floresta… aah, que bom!
Os sons crepitantes de uma sauna aquecida a lenha, são possivelmente os sons mais relaxantes deste planeta e é algo que associo às noites escuras de Outono. Há também algo no Outono que faz com que eu sinta uma sede fora do normal de bom vinho. Não que precise de muitas razões para beber vinho, mas a atmosfera lareira-aconchegante-hey-vamo-nos-enroscar do Outono, faz com que realmente se queira beber vinho como se não houvesse amanhã.
Uma escapadela rápida para o campo depois de uma viagem de trabalho intensiva, é o que veio mesmo a calhar. Fui buscar um amigo meu ao aeroporto de Helsínquia numa noite, já tarde, e, enquanto conduzíamos pelo denso nevoeiro, a garrafa que eu tinha deixado no chão do carro, começou a chamar a atenção dos viajantes sedentos. O meu amigo estendeu a mão para a garrafa, que se revelou ser um vinho espumante rosé da região Távora-Varosa. Esta peculiar região de vinho montanhosa, partilha fronteira com o Douro a norte e o Dão a sul. É bastante remota e a maioria das vinhas crescem entre 500 a 800 metros acima do nível do mar.
Enfim, a garrafa que estava no chão do carro ficou meio vazia antes de chegarmos ao nosso destino, mas quando finalmente chegámos e nos instalámos, tive oportunidade de a provar antes que desaparecesse.
Terras do Demo Touriga Nacional Rosé Bruto 2012
Algumas bolhas de rosé são bastante delicadas e frescas, outras são mais substanciais, com mais carne à volta do osso. Este vinho está precisamente no meio desses dois estilos. À primeira vista, pôs-me a pensar “Não é exactamente champanhe, pois não?”. Ignorante, eu sei, mas no ponto. Depois de algum tempo, este revelou-se um vinho espumante muito decente, com um bom benefício para o seu custo. A garrafa promete demasiado, sem dúvida. Quer dizer, é uma garrafa lindíssima: o colar exsuda prestígio e tal, vestida para impressionar. Mas o líquido no interior é mais terra a terra. Uma boca agradável e cremosa, com um saboroso e ácido final de arando. Sentado ao fundo do cais, a ver o pôr-do-sol, este vinho pode ser um delicioso e inesperado prazer, desta curiosa “DOCsinha”.
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