Texto José Silva
Num dos muitos rendilhados de ruelas estreitas de Évora, encontramos a rua do Inverno.
Mas a casa de bem comer de que vamos à procura irradia calor humano durante todo o ano: é a Taberna Típica Quarta-Feira.
Espaço pequeno, rústico, castiço, uma sala airosa, bem arrumada, e um simpático balcão com um arco de tijolo ocre, por detrás do qual está a cozinha.
Mesas bem postas e garrafas de vinhos alentejanos um pouco por todo o lado. Pelo ar já pairam aromas de tempêros alentejanos, fáceis de identificar.
A Taberna Típica Quarta-Feira é dirigida pelo José Dias, Zé Dias para os amigos, um beirão nascido no Sabugal em 1948. Em 1964 foi para Évora para uma tipografia e por ali se radicou. Até que, há 25 anos atrás, abriu o restaurante, depois de ter tido café e cafetaria.
Na cozinha está a D. Luísa, natural de Monte do Trigo, em Portel, que veio para Évora há 24 anos. Conheceram-se através duma irmã dela e, como cozinhava muito bem, o Zé Dias já não a deixou fugir do restaurante onde comanda a cozinha desde então. Ali pratica-se cozinha tradicional alentejana. O borrego assado no forno e o esparregado são uma referência. A jovialidade e simpatia do Zé Dias fazem o resto.
Já dentro do restaurante, apreciamos muitos dos vinhos ali expostos, alguns já desaparecidos do mercado há muito, mas que o Zé Dias vai guardando e gerindo, para que possam ser apreciados pela vasta clientela da casa, que vem um pouco de todo o país, com muitos estrangeiros à mistura, que a fama foi-se espalhando. O Zé Dias recebe-nos, senta-nos à mesa, orienta-nos naquilo que havemos de comer, faz pedidos à cozinha, abre garrafas de vinho e acima de tudo diverte-nos com as suas muitas e muitas histórias, pejadas de personagens muito interessantes. Mas que o Zé Dias trata por igual, com simpatia e hospitalidade.
Já sentados à mesa, veio excelente pão alentejano, para acompanhar o presunto muito fininho e paio de porco preto delicioso.
E um enorme cogumelo recheado, servido bem quente.
Um arroz soltinho e o tal esparregado fantástico, com ligeiro toque de vinagre, fizeram muito boa companhia a um cachaço de porco preto assado no forno com batatinhas aloiradas aos cubos, tudo bem quente. Na mesa fez-se silêncio. O vinho branco e tinto da casa, da responsabilidade do Paulo Laureano (pode ler um artigo de Sarah Ahmed sobre Paulo Laureano aqui), foi escorrendo pelos copos.
Para sobremesa veio uma encharcada e uma espécie de bolo de bolacha, de confecção própria, uma gulodice irresistível. Mas também havia uma cerejas carnudas do Fundão, acabadas de chegar.
Lá se foi a dieta!!
A despedida do Zé Dias é sempre: “Até á próxima!”
Contactos
Rua do Inverno, 16 – 18
7000 – 599 Évora
Portugal
Tel: (+351) 266 70 75 30
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