Texto José Silva
É já uma instituição da cidade do Porto. Há 18 anos a funcionar no mesmo local, naquela ruela pedonal que ladeia o hotel Crown Plaza (antes Tiara). Por três vezes sofreu obras de renovação, embora mantendo sempre um ambiente onde impera a tranquilidade, com muita luz a entrar pelas enormes vidraças. Um pequeno balcão à entrada e uns bonitos cadeirões, onde se pode aguardar por mesa.
Sala ampla, muito bem decorada em tons carmim, com alguns apontamentos de peças orientais, que incluem duas bonitas colunas, logo à entrada.
Em frente, a entrada para a cozinha, de que faz parte o forno tradicional (tandoori), por onde passam algumas das iguarias que vêm depois à mesa.
Tudo trabalhado por mãos experientes a cargo de dois cozinheiros eles próprios indianos, já há muitos anos no Mendi: Tej Ram e Mani Ram. Depois é o cuidado apurado na compra de produtos de qualidade, uma boa parte mesmo com origem na terra mãe deste tipo de cozinha.
Na sala pairam aromas suaves de incenso a que se vão juntando aqueles outros que vêm da cozinha, das várias especiarias e tempêros que fazem da comida indiana uma das mais olorosas de todas.
À frente de tudo isto, a força e a vontade dum homem que sempre acreditou (e acredita) naquilo que faz, que deu corpo e continua a dar o espírito a este Mendi: Kamal Rajani. Nasceu na antiga Lourenço Marques, Moçambique, viveu em Inglaterra, depois foi até aos Estados Unidos e finalmente, em 1981, veio para Portugal para casar. Até que, em 1997, fundou o Mendi, onde está até hoje. Agora também ajudado pela sua filha Mafalda, a dar um toque feminino a este espaço tão agradável.
As mesas estão muito bem postas, sóbrias, e um serviço personalizado, que quase não se nota, tal a sua delicadeza, mas que também nos pode ajudar a percorrer uma ementa bastante completa, entre as muitas entradas e os pratos mais elaborados.
A refeição começa impreterivelmente com os papadom, aquelas folhas fininhas, crocantes, com especiarias, ligeiramente picantes, e que nos dão o primeiro contacto com estes paladares exóticos. Sim, porque a comida indiana (e oriental em geral) é tradicionalmente picante. Embora, numa adaptação aos paladares europeus, no Mendi se possa apreciar tudo sem picante, se assim o entendermos. O que, confesso, descaracterizará um pouco esta cozinha tão nobre. Mas podemos, isso sim, controlar o nível de picante, basta pedir ajuda: pouco, médio, forte ou muito forte. Eu gosto de começar no médio e terminar no muito forte, já com umas gotas de suor nos sobrolhos e a escorrer pela nuca.
Gosto mesmo de ter ao meu lado um pratinho com as malaguetas frescas fatiadas e ir juntando ao que vou comendo, é um imenso prazer…É um picante forte, quente, de qualidade, muito saboroso.
O nan, que é o pão típico indiano, confeccionado no tal forno (tandoori), vai acompanhar toda a refeição: fofo, baixinho, bem temperado, com muito alho, ou numa versão (sahi nan), com queijo e vegetais e, lá pelo meio, umas laminazinhas atrevidas de malagueta, uma delícia.
O cortejo da refeição começou por uma entrada mista: samosa vegetal, hara bara kabab, onion bhaji e pakora. Que se vão enriquecendo com vários molhos, entre eles um requintado molho de menta.
Depois veio o sheek kabab, que é uma espetada de borrego, também um delicioso goane e prawn, que é um saborosíssimo caril de camarão com leite de coco e finalmente um murgh makhani, caril de frango com natas, que pedi mais picante e que estava soberbo.
A acompanhar todos estes pratos, arroz, pois claro, um pulao soltinho, requintado e elegante, a fazer o contra ponto com as especiarias dos vários pratos.
Para finalizar, a sobremesa: um kulpi e um barfi, muito diferentes, sofisticados e suaves. Enquanto terminávamos a conversa, foram-se trincando umas sementes de especiarias, algumas mesmo ligeiramente adocicadas, que ajudam a fazer boa digestão.
Outras terras, outros costumes…
Parabéns ao Mendi pelos dezoito anos a servir bem!
Contactos
Av. da Boavista 1430, 4100 Porto
Tel: (+351) 226 091 200
Facebook: Mendi Restaurant
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