Texto José Silva
Mesmo sobre a marina de Cascais, encostado às muralhas da cidadela e com uma vista soberba para a baía, é um espaço amplo todo em vidro, parece que o mar entra por ali dentro.
Decoração moderna, airosa, com alguns elementos antigos e meia dúzia de sofás à entrada, para aguardar por mesa ou mesmo petiscar qualquer coisa e beber um copo antes da refeição.
Mesas bem-postas, com simplicidade mas muita qualidade e serviço a cargo de gente jovem, simpática, atenciosa, muito profissional. Uma das características desta casa de bem comer é que abre ao meio-dia e serve ininterruptamente até à meia-noite, sejam petiscos seja uma refeição completa. Isto é suportado por uma cozinha muito bem equipada onde trabalha uma equipa de profissionais liderada pelo chefe Pedro Mendes, já com grande experiência a liderar equipas desta área, que dão resposta muito positiva áquilo que lhes é pedido. O chefe aposta numa ementa em que os produtos do mar dominam naturalmente a oferta, entre marisco e peixe fresco, utilizando mesmo algas que dão ligações cheias de frescura, a saber a mar. E trabalha mesmo alguns produtos sazonais, na sua época, como é o caso das túberas, de que se fez recentemente um jantar bem agradável.
Que começou pelo “montado alentejano”- cabeça de xara, bolota e túbera – a que se seguiu um arroz cremoso de túberas e lombinhos de porco alentejano com farinheira do mesmo.
Terminou-se com cinco texturas de laranja, muito bem conseguidas. Mas vamos provar alguns pratos da ementa deste restaurante Maria Pia.
Começa-se pelo couvert, que apresenta pão de azeitonas e pão caseiro, e por vezes umas tostinhas fininhas estaladiças, para molhar na esmagada de coentros ou barrar com manteiga normal, manteiga de beterraba ou manteiga com tinta de choco. Belo começo!!
Não faltam as sopas e os caldos: sopa de tomate cremosa, com ovo batido e croutons aromatizados, canja de amêijoas do Algarve deliciosa e um refrescante gaspacho batido, ligeiramente picante, em que o tomate dá um creme espesso que envolve os outros vegetais crus. Que bem que soube!
Como entradas podem aparecer umas ostras trabalhadas, sempre a saber a mar, as bocas de caranguejo do Atlântico com emulsão de limão, deliciosas, ceviche de robalo bem temperado e tártaro de atum com sésamo e gengibre, e pataniscas de atum com molho de soja.
Ou uma travessa de amêijoas com limão e coentros, para comer à mão e molhar o pãozinho no molho, uma maravilha.
Sempre do mar vem a açorda negra de marisco com choco frito, uma bela ligação, as gambas extra quentes picantes sobre linguini negro e os fritos de robalo com risoto de algas, todos deliciosos.
Ainda o risoto de bacalhau cremoso, o xerém de berbigão do Algarve com lulas em tempura e um desconcertante arroz de coentros com robalo à Bulhão Pato, excelentes!
Fechou-se em êxtase com atum braseado, creme de beterraba e legumes salteados, o atum no ponto, textura fantástica, os legumes variados muito bem trabalhados.
Já na esplanada, não se resistiu a um preguinho com carne excelente, em pão de azeitona e maionese de alho, tenro e saboroso, mesmo muito bom…O crumble de maçã com gelado quase que já não coube. A carta de vinhos está ainda a evoluir, e prometem-se muitas novidades, a mais importante das quais será uma esplanada num miradouro por cima do restaurante, com muito marisco fresco e espumantes, vinhos brancos e alguns rosés, bem frescos, sempre a correr, com aquela paisagem por companhia.
Vai ser bonito, vai!!
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