Restaurante Caxena Uma boa escolha para do dia-a-dia

Quinta do Pôpa Homenagem 2009 para beber e quadrar

Texto João Barbosa

Quando se olha para trás, aí uns 20 anos, para situar um momento após a entrada na então Comunidade Económica Europeia (1986), que muito alterou Portugal, o país não é o mesmo. Em tantas coisas, são dois países.

Há 25 anos não havia canais de televisão privada e nem «restaurantes» MacDonalds – lembro-me de, em 1991, mocinhas adolescentes se concentrarem, junto ao primeiro «Mac», entusiasmadíssimas com a colecção de objectos que de lá traziam, como palhinhas, copos, etc. As marcas de roupa, normais na Europa, davam algum status – hoje parece ridículo.

1

Festival da Canção in aluzdomeucaminho.blogs.sapo.pt

O Festival da Canção, o Eurofestival da Canção e o Natal dos hospitais eram um acontecimento. Os dois primeiros, por serem emitidos à noite, reuniam «todo» o país e eram assunto de conversa nos dias seguintes. Já o outro programa, que durava horas infinitas, tinha como espectadores reformados e pacientes hospitalares.

O país era, talvez, ingénuo, com tanta modernidade para aprender. Ter-se-ão perdido coisas boas, mas também infelizes. Como tudo. Para mim, há 25 anos foi o começo do meu ofício, no Diário Económico, órgão onde talvez tenha sido o mais jovem redactor.

Bebia-se mais vinho e os «mais velhos» bebiam o «da casa». Havia pipos e tabernas. Nesse começo dos anos 90 um vinho duriense ganhou uma projecção enorme – julgo por causa dum prémio – e tornou-se apetecido, mais caro. Pelo pioneirismo ainda muitos o têm a marca como referência nos píncaros: o Cabeça de Burro, das Caves de Vale do Rodo. Não é o que foi, como se comprova pelos cerca de 7,5 euros com que é vendido ao público.

Passou-se do oito ao 8000. O número de agricultores diminuiu, mas aumentou o de produtores engarrafadores. Fixe! Mas são tantos, tantos, tantos, que é impossível conhecê-los todos e, mais ainda, provar todos os seus néctares. E continuam a brotar, a fonte parece inesgotável.

Por diversas razões, alguns produtores recentes ganham projecção. Uma das razões – a principal ou que deveria ser a mais importante – é a qualidade do produto que põem no mercado. Não basta. Há que ter cuidado com a designação da marca, com o aspecto do rótulo e perceber que se navega numa multidão. São cada vez mais os vitivinicultores que recorrem a profissionais de comunicação e, por isso, agências especializadas iluminam os seus clientes.

Todavia, tudo vai bater ao ponto inicial: a qualidade. Ainda jovem, a Quinta do Pôpa é uma mais-valia para os enófilos. Gente jovem e dinâmica está merecidamente a ganhar lugar nas notícias e artigos – e cá estou eu a juntar-me à festa. Todo o profissionalismo concentra-se no fundamental: qualidade e «honestidade».

2

@ Quinta do Pôpa – Foto Cedida por Quinta do Pôpa | Todos os Direitos Reservados

Esta honestidade que refiro é a de transmitir a natureza ao produto final. Vinho verdadeiro, sem máscaras ou artifícios. A Quinta do Pôpa faz vinho Quinta do Pôpa. O cuidado e o rigor têm uma origem acrescida: o saber e arte de Luís Pato, um dos homens que ousam afirmar e fazer excelentes vinhos com a complicada casta baga, da Bairrada.

Francisco Ferreira, conhecido pela alcunha do «Zeca do Pôpa, fez pela vida e conseguiu amealhar para comprar uma quinta no Douro, em 2003. Situada em Adorigo, no Concelho de Tabuaço, a Quinta do Vidiedo, com 14 hectares, foi rebaptizada, em 2008, para Quinta do Pôpa. Os netos quiseram homenagear o avô e concretizar o seu sonho de fazer vinho.

3

Vanessa Ferreira e Stéphane Ferreira – Foto Cedida por Quinta do Pôpa | Todos os Direitos Reservados

A primeira colheita foi em 2007. Este ano, Vanessa Ferreira e Stéphane Ferreira, netos do «Pôpa» lançaram o Quinta do Pôpa Homenagem 2009.

4

Quinta do Pôpa Homenagem 2009 – Foto Cedida por Quinta do Pôpa | Todos os Direitos Reservados

As uvas vieram de vinhas velhas (40%) e de talhões individuais de tinta roriz (35%) e touriga nacional (25%). Fermentações separadas em pequenos lagares de inox, macerações prolongadas, onde foram pisadas a pé. O vinho foi directamente para barricas de carvalho francês – 40% novas e 60% de segundo e terceiro anos.

Escrever acerca de evocações é-me doloroso, pelo receio de se ser deselegante ou desagradável. Remato com a sentença de que a homenagem calhou muito bem. Honra pela qualidade e respeito pela terra e suas uvas.

Contactos
Quinta do Pôpa, Lda.
E.N. 222 – Adorigo
5120-011 Tabuaço
Portugal
Email: geral@quintadopopa.com
Telemóvel: (+351) 915 678 498
Site: www.quintadopopa.com

Partilhe:
About João Barbosa
Wine Writer Blend | All About Wine

Leave a Reply

Your email address will not be published.