Texto José Silva
A apresentação decorreu no novo hotel Porto Bay Liberdade, na baixa de Lisboa, que é propriedade da família Blandy e tem no restaurante a marca do chefe Benoît Synthon e foi feita pelo presidente da empresa, Chris Blandy e pelo director de enologia, Francisco Albuquerque.
Com a paixão e sabedoria que lhe é reconhecida, Francisco Albuquerque explicou cada um dos vinhos que foram apresentados.
Disse que alguns dos vinhos agora apresentados e que ainda estão em barrica, têm já níveis de concentração perto do limite e por isso serão em breve engarrafados na sua totalidade.
Começou-se pelo Malmsey 1999, de uma cor âmbar escura, cristalino. Muito elegante no nariz mas também muito intenso, com notas de casca de tangerina, alguns frutos secos, notas de madeira velha e torrefacção. Na boca é o contraste delicioso entre doçura e acidez intensa. Ainda notas de compota e marmelo, um vinho muito concentrado, vai ainda evoluir em barrica, está no ponto para colocar no mercado, estando já todo engarrafado. Curiosamente, sendo o mais doce, é o vinho Madeira mais apreciado, sobretudo no importante mercado inglês e por isso é aquele de que há menos quantidade em cave.
Seguiu-se o Bual 30 anos, que é um blend de vários vinhos, que variam entre os 11 e os 42 anos, dando uma média de 32 anos. De uma cor âmbar média, muito cristalino. No nariz apresenta-se algo floral, muito elegante, intenso e com alguma frescura. Na boca é muito concentrado, levemente seco, com grande acidez que lhe dá bastante frescura, notas de casca de tangerina, amêndoas, bastante complexo e com final longo e saboroso.
O Verdelho 1979 apresenta uma cor âmbar média-escura, muito cristalino. Nariz muito fresco, intenso, notas leves de frutos secos e compota. Na boca tem imensa frescura, alguma salinidade e uma acidez poderosa, a limpar constantemente as notas de figos, canela, cheio de complexidade. Um final imenso, com a acidez quase a afagar a língua…
O Terrantez 1977 é um reedição de um vinho já conhecido, e cuja casta é cada vez mais rara na ilha. Apresenta-se dum âmbar escuro, muito cristalino. Difícil de descrever, uma intensidade ligada a uma extrema elegância, exótico, complexo, fresco, notas de nozes e avelãs. Grande contraste entre o doce e a acidez. Acidez brutal, quase que queima a língua, muito intenso, seco, ligeiras notas de torrefacção, grande elegância e final que nunca mais acaba. Um vinho com carácter, para apreciadores.
Provou-se então o Cercial 1975, dum âmbar claro, muito cristalino. Soft, elegante, alguns frutos secos, algo exótico. Suavemente elegante na boca, sofisticado, quase que se mastiga, uma acidez intensa, equilibrada mas bem presente, envolvente, com um final longo e delicioso.
Fechou-se a prova com um fantástico Bual 1966. Cor âmbar escura, muito cristalino. Muito intenso no nariz, tostado, notas de torrefacção, especiarias, caril, amêndoas torradas. Austero na boca, muito intenso, dá-nos as notas de doçura mas a acidez limpa tudo, num contraste delicioso, complexo, ao mesmo tempo elegante mas robusto e com um final incrível. Um vinho para recordar…
A partir destes engarrafamentos, todos os vinhos Madeira da Blandy’s vão poder contar com algumas garrafas magnum (1,5l), double magnum (3l) e três garrafas de 18 litros, para guardar.
Ao almoço, muito bem servido, mais três novidades: um vinho de mesa rosé, o Atlantis Rosé 2015 (em amostra de casco), feito a partir da casta Negra Mole, que se apresentou dum rosa salmão elegante, belos frutos vermelhos e alguma compota no nariz, seco, fresco e com óptima acidez.
Uma boa surpresa que acompanhou muito bem a ceviche. O jarret de borrego com puré de batata e legumes teve a companhia do Pombal do Vesúvio Tinto 2011.
Seguiu-se um petisco do chefe, a codorniz panada com molho asiático, algo adocicado, que foi acompanhado por outra novidade, o Malmsey Harvest 2008, um vinho moderno, mais acessível, mas com as mesmas características dum grande Madeira, sobretudo na acidez, nas notas secas, casca de tangerina e alguns frutos secos, belo vinho.
Com a sobremesa, uma trouxa de maracujá muito fresca e saborosa, bebeu-se a última novidade, um Colheita Bual 2002, cheio de estrutura mas ao mesmo tempo elegante, algumas notas de torrefacção, especiarias suaves e alguma frescura. Na boca é intenso, tem frescura e ao mesmo tempo muita doçura mas uma acidez intensa, fantástica, deliciosa, envolvente, um belo vinho.
Depois da refeição deu-se um passeio pela Avenida da Liberdade, onde já cheirava a Natal.
Mais a sul a ilha da Madeira espera uma visita…
Contactos
Tel: (+351) 291 740 110
E-mail: pubrel@madeirawinecompany.com
Website: www.blandys.com
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