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Ao sabor da história: Frasqueira Soares Franco

Texto João Pedro de Carvalho

Nas aventuras e desventuras de um enófilo há momentos que marcam de certa forma o nosso percurso, a origem é quase sempre um ou vários vinhos inesquecíveis. Não haverá nada mais empolgante que literalmente dar de caras com uma preciosidade e desbravar caminho até descobrir a sua história. Foi isso que aconteceu com dois exemplares raríssimos pertencentes à Frasqueira de António Porto Soares Franco, cujos vinhos fazem parte do espólio familiar da família Soares Franco localizado no quartel general da José Maria da Fonseca mais propriamente na Adega dos Teares Velhos. Recuamos ao tempo de António Porto Soares Franco, que era na altura sócio da Companhia de Aguardentes da Madeira, as ligações à ilha abriram muitas portas e oportunidades de negócio, é aqui que entra o nome Abudarham. Consultando o livro “Madeira: The islands and their wines by Richard Mayson”, ficamos a saber que José Abudarham tinha dupla nacionalidade, Inglês e Francês, e que chegou à Madeira na primeira metade do séc. XIX. Ali se estabeleceu no negócio do vinho, com acesso ao que de melhor se produzia na altura, mas também do empréstimo de dinheiro, que mais tarde iria dar origem à Companhia de Seguros Aliança Madeirense. O seu negócio do vinho era centrado em vinho engarrafado, vendido essencialmente para França e Alemanha, após a sua morte em 1869 a firma passou a chamar-se Viúva Abudarham & Filhos acabando por na passada do tempo ser vendida à Madeira Wine Association que é hoje a Madeira Wine Company. Sabendo a origem e o seu comerciante, restava apenas reparar nos detalhes que a pequena fita colada à garrafa tinha, a tinta permanente que já mal se vislumbrara no rótulo surgia ténue e a indicar 1795. Após alguma pesquisa e cruzamento de dados chega-se à conclusão que o vinho em causa é um Terrantez 1795 do qual há vários de garrafas que foram a leilão. A rolha saiu à força das lâminas, intacta e com a marca José Maria da Fonseca, sinal de que as rolhas são mudadas de x em x anos, o que foi confirmado pelo próprio produtor.

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Adega dos Teares Velhos – Foto Cedida por José Maria da Fonseca | Todos os Direitos Reservados

A segunda garrafa conta uma história diferente e que nos remete para o Vinho do Porto, também ostenta o nome Frasqueira Soares Franco cujo rótulo apenas mostra R.M 187X. Dada a idade das duas garrafas o tempo encarregou-se de comer grande parte dos rótulos e com eles a sua preciosa informação, no Madeira salvou-se a data numa fita de papel e neste Vinho do Porto ainda lhe resta algo de contra rótulo. Confirma-se posteriormente que as iniciais remetem para Ramiro Magalhães, um antigo comerciante de Vinho do Porto que morava no Bombarral. Ramiro Magalhães foi homem importante na sua terra, grande negociante de vinhos que para o seu tempo teria sido dos primeiros a ter automóvel e motorista. No contra rótulo consegue-se vislumbrar que o número que falta ficando o ano completo deste Vintage de 1878, o último ano pré filoxera. Neste caso não haverá muito mais a dizer, a informação restante apenas nos remete para o ano em causa que foi considerado ano clássico de Vintage.

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Um dos vinhos provados – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Frasqueira Soares Franco – Abudarham – Terrantez 1795: É impressionante a capacidade que este vinho tem em perfumar toda uma sala. Mal cai no copo ficamos hipnotizados pelas tonalidades que brilham no copo, um vinho com 221 anos a mostrar a razão pela qual mesmo depois de todos os vinhos servidos ao jantar, chega o Madeira e é o rei da festa. Neste caso o vinho é arrebatador e inesquecível, antes de tudo um ligeiro pico de volátil para depois ir conquistando com um tom morno e aconchegante de caramelo, baunilha, toffee, que nos preparam para o embate seguinte, uma enorme frescura. É essa mesma frescura que nos domina e deixa de mãos presas ao copo, um uau sai de imediato, é tipo aquelas montanhas russas que quando acaba queremos repetir. Aqui é igual, um vai e vem de sensações, aromas presos no tempo vão saltando do copo, fica a sensação de ligeira untuosidade carregado de frescura, no fundo algo que recorda o cheiro de cinzas de charuto. No palato é outra luta, uma conquista que nos prende com caramelo e açúcar queimado, arredonda ligeiramente num ponto que quase se trinca para depois disparar numa espiral louca de acidez com ligeiro amargo no final de boca. Inesquecível.

Blend-All-About-Wine- At the flavour of history Frasqueira Soares Franco-Vinho Madeira

Frasqueira Soares Franco – Abudarham – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Blend-All-About-Wine- At the flavour of history Frasqueira Soares Franco-Vinho do Porto

Frasqueira Soares Franco – Ramiro Magalhães – Vintage 1878 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Frasqueira Soares Franco – Ramiro Magalhães – Vintage 1878: Um Vintage com 138 anos de vida, sim disse vida porque apesar de a tonalidade lembrar um tawny velho é notável a frescura e a definição aromática. Muito preciso e delicado, enorme elegância com aromas a fazer lembrar tabaco doce, especiarias finas, casca de laranja cristalizada, fruta em passa com tâmaras, conjunto acolhedor e ligeiramente untuoso. No palato entra guloso, untuoso e com bom volume de boca, ligeiro vinagrinho, é quase como um berlinde doce e fresco que se vai desfazendo no palato até que apenas resta um fino e prolongado final de boca. Majestoso.

Justino’s – Madeira Wine

Text Bruno Mendes

O vinho Madeira representa uma importante parte da história vínica portuguesa e, uma das muitas estórias que lhe estão associadas remonta 4 de Julho de 1776, quando esteve presente no brinde à independência dos Estados Unidos da América.

As colheitas na Madeira não são fáceis, e, a Justino’s, produtora de vinho Madeira fundada em 1870, procura escolher o momento certo para colher as uvas, seleccionando apenas as que melhor se enquadram no vinho a desenhar. Desde o seco ao doce, é necessário escolher o momento certo para parar a fermentação e, a Justino’s, não se fica pela sua experiência e conhecimento, apostando numa constante melhoria das suas instalações e equipamento, potenciando assim a qualidade da sua produção, complementando os métodos tradicionais com as mais recentes tecnologias deste sector.

Para uma visão mais detalhada, veja o vídeo abaixo.

Blandy’s – Mais de 200 anos de história

Texto Bruno Mendes

É num dos arquipélagos portugueses, mais concretamente a Maderia, que podemos encontrar a Blandy’s. É uma empresa produtora de vinho Madeira, secular, com mais de 200 anos, e foi fundada por John Blandy que chegou a este arquipélago em 1808.

Aqui utilizam-se as mais modernas técnicas de vinificação, mas sem nunca descurar as velhas e seculares tradições do vinho Madeira.

O vinho é envelhecido em duas fases. No primeiro processo o vinho sofre oxidação num espaço quente onde despontam os bouquets e se transforma o vinho em Vinho Madeira. A segunda fase é mais demorada, dura anos. Os vinhos são armazenados num local mais frio, em barris, onde apuram o seu bouquet.

Para uma visão detalhada da história e vinhos desta empresa veja por favor o vídeo abaixo.

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As Novidades da Blandy’s

Texto José Silva

A apresentação decorreu no novo hotel Porto Bay Liberdade, na baixa de Lisboa, que é propriedade da família Blandy e tem no restaurante a marca do chefe Benoît Synthon e foi feita pelo presidente da empresa, Chris Blandy e pelo director de enologia, Francisco Albuquerque.

Com a paixão e sabedoria que lhe é reconhecida, Francisco Albuquerque explicou cada um dos vinhos que foram apresentados.

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Os Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Disse que alguns dos vinhos agora apresentados e que ainda estão em barrica, têm já níveis de concentração perto do limite e por isso serão em breve engarrafados na sua totalidade.

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Os Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Começou-se pelo Malmsey 1999, de uma cor âmbar escura, cristalino. Muito elegante no nariz mas também muito intenso, com notas de casca de tangerina, alguns frutos secos, notas de madeira velha e torrefacção. Na boca é o contraste delicioso entre doçura e acidez intensa. Ainda notas de compota e marmelo, um vinho muito concentrado, vai ainda evoluir em barrica, está no ponto para colocar no mercado, estando já todo engarrafado. Curiosamente, sendo o mais doce, é o vinho Madeira mais apreciado, sobretudo no importante mercado inglês e por isso é aquele de que há menos quantidade em cave.

Seguiu-se o Bual 30 anos, que é um blend de vários vinhos, que variam entre os 11 e os 42 anos, dando uma média de 32 anos. De uma cor âmbar média, muito cristalino. No nariz apresenta-se algo floral, muito elegante, intenso e com alguma frescura. Na boca é muito concentrado, levemente seco, com grande acidez que lhe dá bastante frescura, notas de casca de tangerina, amêndoas, bastante complexo e com final longo e saboroso.

O Verdelho 1979 apresenta uma cor âmbar média-escura, muito cristalino. Nariz muito fresco, intenso, notas leves de frutos secos e compota. Na boca tem imensa frescura, alguma salinidade e uma acidez poderosa, a limpar constantemente as notas de figos, canela, cheio de complexidade. Um final imenso, com a acidez quase a afagar a língua…

O Terrantez 1977 é um reedição de um vinho já conhecido, e cuja casta é cada vez mais rara na ilha. Apresenta-se dum âmbar escuro, muito cristalino. Difícil de descrever, uma intensidade ligada a uma extrema elegância, exótico, complexo, fresco, notas de nozes e avelãs. Grande contraste entre o doce e a acidez. Acidez brutal, quase que queima a língua, muito intenso, seco, ligeiras notas de torrefacção, grande elegância e final que nunca mais acaba. Um vinho com carácter, para apreciadores.

Provou-se então o Cercial 1975, dum âmbar claro, muito cristalino. Soft, elegante, alguns frutos secos, algo exótico. Suavemente elegante na boca, sofisticado, quase que se mastiga, uma acidez intensa, equilibrada mas bem presente, envolvente, com um final longo e delicioso.

Fechou-se a prova com um fantástico Bual 1966. Cor âmbar escura, muito cristalino. Muito intenso no nariz, tostado, notas de torrefacção, especiarias, caril, amêndoas torradas. Austero na boca, muito intenso, dá-nos as notas de doçura mas a acidez limpa tudo, num contraste delicioso, complexo, ao mesmo tempo elegante mas robusto e com um final incrível. Um vinho para recordar…

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Atlantis Rosé 2015 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Atlantis Rosé 2015 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A partir destes engarrafamentos, todos os vinhos Madeira da Blandy’s vão poder contar com algumas garrafas magnum (1,5l), double magnum (3l) e três garrafas de 18 litros, para guardar.

Ao almoço, muito bem servido, mais três novidades: um vinho de mesa rosé, o Atlantis Rosé 2015 (em amostra de casco), feito a partir da casta Negra Mole, que se apresentou dum rosa salmão elegante, belos frutos vermelhos e alguma compota no nariz, seco, fresco e com óptima acidez.

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Ceviche – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma boa surpresa que acompanhou muito bem a ceviche. O jarret de borrego com puré de batata e legumes teve a companhia do Pombal do Vesúvio Tinto 2011.

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Codorniz Panada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Malmsey Harvest 2008 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se um petisco do chefe, a codorniz panada com molho asiático, algo adocicado, que foi acompanhado por outra novidade, o Malmsey Harvest 2008, um vinho moderno, mais acessível, mas com as mesmas características dum grande Madeira, sobretudo na acidez, nas notas secas, casca de tangerina e alguns frutos secos, belo vinho.

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Trouxa de maracujá – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Colheita Bual 2002 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com a sobremesa, uma trouxa de maracujá muito fresca e saborosa, bebeu-se a última novidade, um Colheita Bual 2002, cheio de estrutura mas ao mesmo tempo elegante, algumas notas de torrefacção, especiarias suaves e alguma frescura. Na boca é intenso, tem frescura e ao mesmo tempo muita doçura mas uma acidez intensa, fantástica, deliciosa, envolvente, um belo vinho.

Depois da refeição deu-se um passeio pela Avenida da Liberdade, onde já cheirava a Natal.

Mais a sul a ilha da Madeira  espera uma visita…

Contactos
Tel: (+351) 291 740 110
E-mail: pubrel@madeirawinecompany.com
Website: www.blandys.com

Pereira d’Oliveira, Madeira – Do armazenamento à venda ao balcão da adega

Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Ferreira

Não devem existir muitos lugares no mundo onde se possa comprar ao balcão e directamente ao produtor, uma garrafa de vinho do século 19. Correcção, oito vinhos do século 19 ao balcão.

Photo Credit Sarah Ahmed Pereira d'Oliveira wine list

Lista de vinhos da Pereira d’Oliveira – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Pois bem, na adega da Pereira d’Oliveira no Funchal, podemos. E que tesouro escondido é, repleto de garrafas e barris, digno de um coleccionador. Como é que a Pereira d’Oliveira tem tal fantástica e abundante colecção?! Tão abundante que torna a escolha difícil.

Parte da explicação reside no facto de a Pereira d’Oliveira ser uma amalgamação de seis empresas da Madeira: João Pereira d’Oliveira, João Joaquim Camacho & Sons, Júlio Augusto Cunha & Sons, Vasco Luís Pereira & Sons, Adegas do Torreão e, muito recentemente, Barros e Sousa.

Photo Credit Sarah Ahmed Filipe & Luis Pereira d'Oliveira

Filipe & Luis Pereira d’Oliveira, 6ª e 5ª geração de produtores Madeira – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Mas essa não é a principal razão. Luís Pereira d’Oliveira, juntamente com o seu irmão Aníbal, representam a quinta geração da família à frente do negócio que em 1850 foi fundado por João Pereira d’Oliveira. Sendo o responsável pelas vendas, conta-me a história, uma história que me parece familiar (estou a falar da Caves São João’s million bottle cellar in Bairrada). Revela-me que a empresa apenas começou a exportar há 30 anos porque a terceira e quarta geração – o seu pai, tio e avô – não tinham qualquer interesse em fazê-lo. Os três preferiam vender os vinhos exclusivamente na Madeira e em Portugal Continental, o que explica o porquê de a Pereira d’Oliveira ter 1.600.000 litros de vinho Madeira com mais de 20-30 anos. Uau!

Photo Credit Sarah Ahmed Pereira d'Oliveira deformed Moscatel bottles

Garrafas de Moscatel deformadas da Pereira d’Oliveira – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Apesar de hoje em dia a empresa exportar vinho Madeira para 16 países, velhos hábitos demoram a morrer. Quando pergunto a Pereira d’Oliveira (Luís) sobre a compra da Barros e Sousa, diz-me que apenas aconteceu por uma razão – para ampliar a porta da adega/instalações de 600 metros quadrados (que já é uma das três instalações da Pereira d’Oliveira no Funchal). Com 1030 metros quadrados, a vizinha Barros e Sousa vai ajudar a aliviar a pressão do espaço e permitir à Pereira d’Oliveira manter uma longa tradição de engarrafamento on demand (não existem planos para pôr de parte novos vinhos para perpetuar a marca Barros e Sousa).

Esta prática (engarrafamento on demand) engloba uma concentração tipo elixir e intensiade por que é conhecida esta empresa da Madeira. Por exemplo o Bastardo 1927, engarrafado pela primeira vez em 2007, 60 anos depois dos 20 mínimos exigidos para um Madeira Frasqueira de topo.

Com o seu toque acelerado a “vinagrinho”, o super-complexo estilo da casa é também conhecido por outra tradição de longa duração. O Madeira da Pereira d’Oliveira é envelhecido em barris de madeira muito antigos (a maior parte com mais de 60 anos, alguns até com mais de 100). Um processo que, quando executado devidamente e durante um longo período de tempo, confere uma subtil interacção do vinho, da madeira, do calor e do oxigénio, que lentamente realça as inúmeras camadas.

O mundo moderno venera a rapidez mas aqui não há lugar para isso. Ou como Pereira d’Oliveira o diz, “Não gostamos de andar rápido porque isso pode originar algo desinteressante”. Apesar do contexto desta afirmação ser o de continuar um pequeno e independente negócio de família, espelha profundamente a filosofia de vinificação que aqui se pratica. Uma filosofia que permace intacta desde que o enólogo Filipe da sexta geração se juntou ao seu pai, Aníbal.

Photo Credit Sarah Ahmed Filipe Pereira d'Oliveira behind the counter

Filipe Pereira d’Oliveira ao balcão – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

A política de “manter o rumo sem mudanças bruscas” é também uma benção para os turistas, especialmente para aqueles que frequentemente saem dos cruzeiros e visitam a ilha sem terem carro à disposição. A Pereira d’Olivereira é absolutamente firme no que toca a estar no coração do Funchal e, situada no número 107, na rua dos Ferreiros, esta adega com atmosfera do século 17 (originalmente uma escola) está a um passo do porto, a norte da catedral da cidade..

Embora a selecção de Madeiras para prova impressione, torna-se quase insignificante quando comparado com o que se pode comprar do outro lado do balcão. Com 56 Madeiras single vintage (Colheita e Frasqueria) à venda, pode-se festejar quase qualquer aniversário que nos venha à cabeça. Mas tomem nota, devem contactar o Livro de Recordes do Guinness se o vosso ano de nascimento está compreendido entre 1850 e 1895.

Aqui estão as notas de prova do meu top 7 deste número 107 (preços de adega)

Photo Credit Sarah Ahmed A fine selection of Pereira d'Oliveira Frasqueira madeira

Uma excelente escolha de vinhos Frasqueira – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Pereira d’Oliveira Sercial 1971 (Madeira)
Mogno com reflexos vermelhos. Fantástico perfil da variedade com a sua acidez de toranja, notas doces de tangerina e goiaba. Muito enfumaçado, longo e agradável. Concentração com linha e longevidade. €94/garrafa

Pereira d’Oliveira Terrantez 1971 (Madeira)
Âmbar profundo, com um nariz e palato complexos. Mais rico que o Sercial, com uma acidez a laranja (não a toranja), mais madura e arredondada. No entanto mais seco, mais saboroso com um delicioso suporte de tabaco, cedro e especiarias secas. Muito persistente com um fundo mineral/iodo num final longo. €110/garrafa

Photo Credit Sarah Ahmed Pereira d'Oliveira Bastardo 1927

Pereira d’Oliveira Bastardo 1927 – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Pereira d’Oliveira Bastardo 1927 (Madeira)
Esta garrafa em particular foi retirada do barril em 2014; o 1927 é o único Bastardo da Pereira d’Oliveira, e portanto, extremamente raro. A tonalidade carregada relembra-nos que a Bastardo é uma uva tinta e não branca. É mais robusto, mais doce e com mais fruta no seu palato doce-picante e tâmara amarga. A acidez sumarenta  está bem integrada, misturando-se e extendendo a fruta até um final longo com especiarias escuras, suaves sementes pretas de cardomomo e leve cigarrilha de café crème. O final é um pouco poeirento mas a fruta é generosa o suficiente para manter à distância qualquer adstringência da madeira. €300/garrafa

Pereira d’Oliveira Verdelho 1912 (Madeira)
Esta casa é conhecida pelo Verdelho. Filipe Pereira d’Oliveira diz-me que é um fã do seu estilo meio-seco (e tal como eu, um firme fã do Terrantez). Este tem um um palato avivado fora do comum para um vinho de 102 anos. Não se deixem enganar pela sua tonalidade de mogno maduro – as aparências iludem. Revela goiaba fresca, jovial e picante, chutney de tâmaras carnudas com tamarindo amargo e um toque de pele de toranja. Uma maravilha. Espero ser assim tão cheia de energia se chegar aos 102 anos!! Juntamente com o Terrantez 1880, a minha escolha da prova. €330/garrafa

Photo Credit Sarah Ahmed Pereira d'Oliveira Moscatel cask

Barril de Moscatel da Pereira d’Oliveira – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Pereira d’Oliveira Moscatel 1875 (Madeira)
Já antes tinha tido a sorte de provar um Moscatel muito velho, fino e raro – o 1928 Morris Muscat de Rutherglen e o José Maria Fonseca Apoteca Moscatel de Setubal 1902. Ambos eram intensamente viscosos. Ainda não tinha encontrado nenhum Moscatel na Madeira, mas a imagem de marca da ilha realmente transporta e distingue este Moscatel – diria que é o melhor de entre estes exemplares muito velhos que provei. Por isso, embora tenha uma cor mogno muito escuro, com uma correspondente concentração super intensa de açucar Demerara, escuro, ligeiramente amargo, com especiarias poeirentas(cardamomo preto, tamaraindo), café do campo e melado, é muito nivelado e a acidez bem integrada oferece uma certa precisão já para não falar da impressionante longevidade. Não é viscoso o que confere a este vinho uma fantástica energia e brilho. €760/garrafa

 

Photo Credit Sarah Ahmed Pereira d'Oliveira - the oldest madeiras tasted

Pereira d’Oliveira madeira – os vinhos mais velhos que provei – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Pereira d’Oliveira Terrantez 1880 (Madeira)
Relativamente pálido, naquilo que parece ser um traço dos Terrantez. Muito interessante, mas acima de tudo, uma incrível elegância, longevidade e integração para a idade que tem. Uma boa base de especiarias delicadas e tabaco conferem-lhe linha e entusiasmo. Brilhante equilíbrio e serenidade. Juntamente com o Verdelho 1912, a minha escolha da prova. €780/garrafa

Pereira d’Oliveira Sercial 1875 (Madeira)
É difícil acreditar que este Sercial tem quase mais 100 que o primeiro (também ele um Sercial) dos sete magníficos vinhos que escolhi. A semelhança com a família estão bem patentes,  em termos varietais e estilo da casa. Goiaba, pele de toranja e até umas notas de maça acabada de cortar cantam por entre o véu de fumo e minerais. O seu distinto aroma vulcânico, iodo e algas servem de lebrete palpável do muito peculiar terroir montanhoso, oceânico e vulcânico da ilha. Incrível longevidade, persistência e delicadeza. Acho até que pode ser outro dos meus favoritos… €760/garrafa

Contactos
Rua Ferreiros 107
9000-082 FUNCHAL
( )
Tel: (+351) 291 220 784
Fax: (+351) 291 229 081
Site: perolivinhos.pai.pt

J.Faria & Filhos, no reino da Tinta Negra

Texto João Pedro de Carvalho

De forte implementação no mercado regional da Madeira, a J. Faria & Filhos, Lda. apenas começou a comercializar Vinho Madeira em 1993, apesar de ter sido fundada em 1949 onde a principal actividade era o fabrico de licores tradicionais e concentrados de frutos. Com o crescimento do mercado regional a empresa alargou o leque de produtos passando a comercializar licores, Aguardente de Cana-de-açúcar (Rum da Madeira), Brandy, Vinhos da Madeira e Concentrados de frutos.

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J. Faria & Filhos, Lda. © Blend All About Wine, Lda.

A produção de Vinho Madeira na J. Faria & Filhos tem como base a casta Tinta Negra, que dá origem a uma alargada gama de vinhos com destaque para os 5 e 10 anos. Numa visão geral são vinhos feitos para agradar e que se encontram facilmente na grande distribuição. Um produtor que se pode dizer recente e sem toda a carga histórica a que estamos acostumados noutros lados, resta apenas indicar os dois vinhos que mais se destacaram em toda a prova.

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5 anos Meio Doce © Blend All About Wine, Lda.

5 anos Meio Doce
O mais equilibrado da gama dos 5 anos, com ligeiro crescimento no copo, consensual, muitas tâmaras e notas de bolo de mel, ligeira frescura em fundo a aguentar o conjunto. Na boca mantém a mesma prestação, simples e direto, ligeira complexidade num conjunto simples e descomplicado.

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10 anos Seco © Blend All About Wine, Lda.

10 anos Seco
Foi o vinho que mais gostei da prova, novamente os tons da Tinta Negra a marcarem presença embora o conjunto mostre um pouco mais de complexidade e uma maior frescura, com notas de fruto seco, ligeiramente salgado, num final médio.

Contactos
Travessa do Tanque, 85/87
9020-258 Funchal
Tel: +351 291 742 935
Fax: +351 291 742 255
E-mail: info@jfariaefilhos.pt
Site: www.jfariaefilhos.pt

Henriques & Henriques

Texto João Pedro de Carvalho

Durante muitos anos a família Henriques foi a maior proprietária vinícola da ilha da Madeira, com as primeiras vinhas plantadas por ordem do Infante D. Henrique no ano de 1425. Daquela que foi uma tradição familiar passou a empresa fundada em 1850 pelas mãos de João Gonçalves Henriques. Após a sua morte em 1912, foi criada entre os seus dois filhos, Francisco Eduardo e João Joaquim Henriques, uma sociedade que deu origem ao nome Henriques & Henriques.

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Henriques & Henriques Wine Lodge & Shop © Blend All About Wine, Lda.

Em 1968, com a morte do último Henriques, João Joaquim Henriques, conhecido por “João de Belém”, que não tendo descendentes fez com que a empresa fosse herdada pelos seus três amigos e colaboradores: Alberto Nascimento Jardim, Peter Cossart (que fez 53 vindimas na companhia) e Carlos Nunes Pereira. Em Junho de 1992, é feito um avultado investimento na construção de novas instalações em Câmara de Lobos e um novo centro de vinificação na Quinta Grande, onde em 1995 se planta um novo vinhedo, 10 hectares, sendo dos poucos produtores de vinho da Madeira que possui vinhas próprias. Foi o filho de Peter Cossart, John Cossart, que deu seguimento à gestão da empresa mas que acabaria por falecer em 2008. Num passado recente a multinacional francesa La Martiniquaise (dona da Justino’s Madeira) tornou-se sócio maioritário da H&H, passando desta forma a controlar cerca de 70% da produção total do Vinho da Madeira, mantendo-se o Dr. Humberto Jardim como C.E.O.

Alguns dos mais antigos vinhos da Henriques & Henriques, fazem parte do lote dos primeiros grandes Madeira que tive a oportunidade de provar e que me despertaram o interesse pelo Vinho da Madeira, por curiosidade eram todos Boal como por exemplo o Old Wine Boal 1887, Solera Boal 1898 ou o Reserva Velhíssima W.S. Boal que faz parte de um quarteto de sonho cujas diminutas quantidades já não permitem que sejam colocados em prova.

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Barricas de “Canteiro” Henriques & Henriques © Blend All About Wine, Lda.

Após a visita tive oportunidade e provar vários vinhos, destaque rápido para o descomprometido Monte Seco Extra Dry 3 Anos, feito a partir da casta Tinta Negra, cheio de retoques a lembrar um Fino de Jerez sem aquele característico toque da “flor” e que nos sugere um vinho ideal para acompanhar entradas, com uma abordagem simples, directo e bastante seco. Outros vinhos da Henriques & Henriques já foram devidamente abordados no artigo anterior da Olga Cardoso.

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H&H Verdelho 20 Anos © Blend All About Wine, Lda.

H&H Verdelho 20 Anos
Os Madeira 20 Anos são recentes no mercado, têm a particularidade de as quantidades serem reduzidas e o lote ir variando, por isso alguns são mesmo edições exclusivas e irrepetíveis. Neste caso é um Verdelho, casta que tem a particularidade de conseguir manter durante muito tempo os seus aromas e sabores frutados, algo que se destaca e bem neste vinho de muito bom recorte. Frutos tropicais com maracujá bem fresco, ananás em calda, especiarias, madeira velha, laca, melado, complexo a mostrar harmonia entre concentração e frescura. Boca a condizer, acidez bem presente com sabor inicial a fruta, abrindo depois num conjunto untuoso e com boa concentração, algum fruto seco a complementar, final longo e persistente.

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H&H Century Malmsey Solera 1900 © Blend All About Wine, Lda.

H&H Century Malmsey Solera 1900

Um dos vinhos emblemáticos deste produtor, perde-se no tempo a idade da Solera que lhe deu origem, remonta certamente ao séc XIX e o resto são detalhes que apenas enriquecem e aguçam a vontade de o ter no copo e contemplar o precioso líquido. Um vinho que transborda na complexidade, madeira antiga das barricas, frutos secos, passas de figo com nozes, mel, nariz de aconchego pela sensação de untuosidade e ao mesmo tempo de frescura. Caixa de charutos, desdobra-se como que por finas camadas de aromas e sabores, boca de veludo marcada pela frescura, concentração e uma tremenda elegância. Há vinhos que não se esquecem e este é certamente um deles.

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H&H Verdelho Reserva Ribeiro Real N.V. © Blend All About Wine, Lda.

H&H Verdelho Reserva Ribeiro Real N.V.
Este vinho e o momento que envolveu a sua prova, são a essência do que é o mundo do Vinho da Madeira, algo único, arrebatador e direi mesmo impossível de acontecer em qualquer outra parte do mundo. Para tal basta ter em conta que a responsável pela prova em mais de 19 anos a trabalhar na H&H nunca tinha sequer provado o dito cujo tal a sua raridade. Perde-se no tempo o registo capaz de nos dizer com precisão a sua idade, embora tudo aponte para a metade do século 19. Proveniente de vinhas localizadas na zona conhecida pelo Ribeiro Real, os mais de cinquenta anos que passou em Canteiro tornaram-no concentrado, glicérico, deram-lhe um refinadíssimo e profundo bouquet, ao olhar é percetível aquela bonita coroa esverdeada. O resto é um monumento à casta Verdelho, engarrafado em 1957, com aroma da madeira velha onde morou, laca, toques de laranja/toranja cristalizada, iodo, muita frescura e elegância num conjunto profundo e misterioso. Boca em perfeita sintonia, meio seco, saboroso com a concentração a ser compensada pelo arrasto mineral acompanhado por uma acidez que revitaliza o palato, repete o toque de toranja bem no final da boca. Inesquecível.

Contactos
Sítio de Belém 9300-138
Câmara de Lobos
Madeira – Portugal
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Yes we can: Madeira Vintners – Uma nova abordagem ao Madeira

Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Ferreira

A Declaração de Independência dos Estados Unidos, assinada em 1776, foi comemorada com um copo de vinho Madeira. Mas não é o terceiro presidente dos Estados Unidos (o autor da Declaração), Thomas Jefferson, que me vem à cabeça quando me encontro com Paulo Mendes. Em vez disso, lembro-me do slogan de campanha de Barack Obama ‘yes we can’.

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“Yes, we can” in onlifesuccess.net

O negócio mais difícil

Mendes, o CEO tenaz e arquitecto de raça rara de uma nova empresa da Madeira, teve que ser criativo, até pouco ortodoxo, uma vez que, como é o primeiro a admitir, “A Madeira Vintners tem uma enorme desvantagem – não tem vinhos velhos”.

Embora Mendes se esteja a referir à desvantagem de recriar o perfil estilístico da Madeira a partir de um stock jovem (o vinho Madeira é em grande parte um casamento de vinhos velhos e jovens), essa falta de vinhos velhos quase foi fatal do ponto de vista legal (descrito mais abaixo). A lei prevê que até mesmo as novas empresas devem possuir 120,000 litros de Madeira.

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Paulo Mendes a todo o gás – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Com tudo isto o começo não foi encorajador para este consultor de gestão altamente experiente, que confessa: “no começo eu era o consultor arrogante que pensava que tudo e todos estavam errados”. Quando se deu conta de que “o negócio do vinho é um dos, se não o, negócio mais difícil que eu já vi na minha vida”. Um homem com um curriculum vitae bem considerável voltou a estudar entre 2010-2012, completando MBAs em Wine Marketing & Gestão de Vinhos na Escola de Negócios de Bordéus e em Marketing de Vinhos e Vinificação na Universidade da Califórnia, Davis.

Ainda assim, ele deve ter ido buscar energias ao sucesso da regeneração alcançada na Co-operativa Agrícola do Funchal (“CAF”), o fornecedor de produtos agrícolas e jardinagem que tem sido gerido desde 1999 por este perspicaz estrategista nado da Madeira. Foi o excedente de caixa gerado por esta “profunda” regeneração que incentivou a CAF a diversificar o seu vinho Madeira em 2008 (a Madeira Vintners é uma divisão independente da CAF). Mendes claramente brilha perante os desafios.

Entre a espada e a parede

Naturalmente, de início os planos de Mendes giravam à volta da compra de stocks maduros de vinho Madeira ou da aquisição de uma empresa estabelecida para que cumprisse as normas mínimas de armazenamento e produzir vinho Madeira desde o princípio. Infelizmente, diz-me, nenhuma das empresas existentes estava disponível para vender stock e “perdemos todas as propostas de aquisição”, mais recentemente para a Pereira d’Oliveira, que adquiriu a Barros e Sousa no ano passado. Isto deixou-o entre a espada e a parede.

No entanto, graças a uma vindima generosa em 2012, foi concedida uma isenção especial dos requisitos de armazenamento para novas empresas à Madeira Vintners; a primeira colheita, nesse mesmo ano, foi processada na adega da Barbeito. Com um enorme suspiro, Mendes diz que circulavam rumores a Madeira Vintners não era mais do um veículo estatal criado para comprar os excedentes de uva. Rumores esses que devem ter sido frustrantes já que, e deixando de parte o facto de que a Madeira Vintners (CAF)  é propriedade privada, foram um soco no estômago na estratégia da Madeira Vintners para o sucesso. A Madeira Vintners é altamente selectiva no que toca à origem das uvas.

Má matéria-prima, maus resultados

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Mendes ao lado de pequenas caixas que podem albergar 30Kg nas quais as uvas são colhidas – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Em relação a esta estratégia, Mendes explica que está a apostar na qualidade e proveniência da sua matéria-prima, numa tentativa de diferenciar a Madeira Vintners da competição. Alerta para a dura realidade de que “ou temos qualidade acima da média, ou estamos mortos” certamente faz sentido porque com apenas vinhos jovens para vender, a Madeira Vintners terá como alvo os consumidores de nível de entrada os quais Mendes acredita não estarem actualmente bem servidos. Descartando muitos dos 3 anos Madeiras, 3 anos de nível de entrada do circuito turístico como “impróprios para consumo, apenas para uso culinário”, acredita que é imperativo para a ilha para aumentar a quantidade de vinhos básicos de qualidade se querem que novos consumidores explorem a categoria e não a descartem.

Por esta razão, abandonou o mercado local e tradicional, de modo a controlar melhor a qualidade da uva. Na opinião de Mendes, porque os produtores da ilha são predominantemente pequenos (muitos dos quais são jardineiros ou agricultores, não viticultores), querem vender as suas uvas à primeira oportunidade e os agentes que operam no mercado são pagos ao quilograma, não há incentivos para que as uvas pendurem até que tenham atingido o equilíbrio ácido e de açúcar correcto. São muitas as uvas, diz, colhidas no nível mínimo de maturação (9% de potencial de álcool) e para Mendes, que franze perante o “Madeira que se parece com Porto,” estas uvas altamente ácidas exigem elevadas adições de açúcar desnecessárias.

Tirando o intermediário da equação, a Madeira Vintners lida diretamente com maiores e contratados produtores que são por sua vez mais profissionais. Ainda assim, a Madeira Vintners trabalha com eles intensivamente para garantir que as vinhas são devidamente cuidadas e as uvas colhidas no momento ideal. Em troca, a Madeira Vintners assegura a compra das uvas colhidas mais tarde e mais maduras, pagando mesmo um valor acima da média aos seus produtores.

Não é o único incentivo financeiro para a qualidade. Mendes também paga mais aos produtores que mantiverem baixos os níveis de ácido glucônico, cuja formação está associada à Botrytis cinerea (um bolor). Se tiver demais a Madeira Vintners não vai sequer vindimar.

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Mesa de Selecção – Foto de Madeira Vintners | Todos os Direitos Reservados

O rigoroso processo de seleção continua na nova e brilhante adega da empresa onde, Mendes vangloria-se, a Madeira Vintners é a única empresa a separar as uvas na recepção, bem como na vinha utilizando uma tabela de classificação. Diz que há uma diferença quântica em relação às que são uvas separadas e as que não são; as primeiras têm aromas frutados e nenhuma da rusticidade associada ao bolor. Estimando que 5-10% das uvas colhidas à mão são descartadas, diz, “é doloroso e caro, mas nós acreditamos que, se separarmos as uvas, teremos uvas imaculadas”.

Terroir interessa

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Diferentes produtores, Diferentes Terroirs – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Este ano, a Madeira Vintners comprou 110 toneladas de apenas 20 produtores cuja produção anda à volta de três toneladas – uma quantidade considerável para os padrões da Madeira. Permitindo à Madeira Vintners processar cada vindima dos produtores em separado (a adega está equipada com fermentadores de formato relativamente pequenas, albergando entre uma a dez toneladas). “Para quê estragar os vinhos, misturando”, pergunta, “quando você podemos reflectir o produtor, os solos e o clima?”

Ao adoptar esta abordagem de pequenas quantidades, Mendes está deliberadamente a criar diferença em relação à competição. Como diz pragmaticamente, “para sobreviver e trazer complexidade, estamos a trabalhar com o maior número de quantidades quanto possível nas vinhas”, incluindo o Listrão (a.k.a. Palomino) e o Caracol, da ilha vizinha, Porto Santo, cujos solos calcários diferem do terreno vulcânico da Madeira. Interessado em agradar a um novo público, do qual, admite, os conhecedores costumam fazer parte. Mendes tem como objetivo “levar ao entusiasta da Madeira uma nova abordagem em que as ‘terroir’ interessa”, considerando mesmo a rotulagem dos vinhos por produtor e/ou vinha.

O Pequeno colisor de partículas da Madeira

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Large Hadron Collider in news.discovery.com

A complexidade derivada do Terroir é uma coisa, mas então e a intensidade e complexidade únicas derivadas do envelhecimento dos melhores Madeiras (com cinco ou mais anos)? Essas características (tradicionalmente obtidas através da oxidação do envelhecimento em barril) definem o vinho Madeira e são um pré-requisito para a obtenção de selo de aprovação do Instituto do Vinho da Madeira. Será que o tempo será um inimigo de Mendes até ter acumulado stock de vinhos velhos?

Enquanto diz “Por sermos uma nova empresa não significa que não acreditemos que o tempo é fundamental”, Mendes acredita ter encontrado uma solução alternativa – os seus próprios aceleradores de partículas de vinho Madeira. Essencialmente, trata-se de “utilizar vários e diferentes processos na adega”, que, se tudo correr como planeado, vai ajudar a atingir a complexidade e perfil dos Madeiras 5-10 anos em apenas três anos.

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Tinta Negra fermentada em pele versus sozinha – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Durante a fermentação, estas técnicas incluem, a fermentação em barril, maceração a frio, flotação, fermentação completa da pele e fermentação maloláctica. Fez parte de um programa de degustação de vinhos de 2013 que mostrou como esses métodos podem alterar o perfil do Madeira, às vezes de forma dramática.

A Fermentação em barril introduziu uma maior complexidade derivada de madeira e cognac (os barris foram adquiridos a Remy Martin). Quanto maior for o barril (que variam desde 350 litros a 600 litros), melhor a integração do carvalho.

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Cubas de pequenas dimensões versus barris Remy Martin – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

A maceração a frio em peles durante três dias antes da fermentação produziu um Malvasia mais escuro, com mais especiarias e textura, mais homogéneo e desenvolvido. Um Caracol de 2014 fermentado em peles é muito mais escuro e mais intensamente frutado e picante.

Também foi fascinante ver a diferença entre vinhos fermentados com o sem temperatura controlada (20 graus Celsius). O controlado originou um vinho muito mais equilibrado, com mais frutas e fragrância para equilibrar o álcool.

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Mendes com as cubas de aço inox com temperatura controlada – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Embora cerca de 10% dos vinhos estarem a ser envelhecidos em canteiro (barril) durante um período mínimo de cinco anos, Mendes afastou-se da tradição em relação ao processo de aquecer os vinhos em tanque, estufagem (tradicionalmente os vinhos são mantidos durante três meses a 45-50º C). A sua abordagem mais diferenciada visa introduzir uma maior complexidade – diferentes opções de mistura – através de diferentes tamanhos de estufa (40,000 litros, 10.000 litros e 1,000 litros) e de aquecer as estufas a temperaturas ligeiramente mais baixas do que o normal, com variações de temperatura mais lentas e ao longo de períodos mais longos. O objetivo é imitar o envelhecimento em porão de carga de quando o Madeira foi transportado pelo Equador alcançar o seu paladar de assinatura a terra queimada (madeirado).

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Micro-Oxigenação durante a estufagem – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Mendes também está a apostar na utilização da micro-oxigenação durante o processo de estufagem para replicar a oxidação tradicional em barril. Das amostras de 2014 que provamos, os que tiveram um trabalho de oxigênio provaram ser mais encorpados – mais precoces.

Sem coragem não há glória

Ainda sem vinhos para mostrar o fruto dos seus esforços, a pergunta à qual todos esperam resposta é, conseguirá este underdog remar contra a maré da tradição, ou correrá Mendes o risco de se tornar um cruxificado messias como o actual presidente dos Estados Unidos? Só o tempo o dirá, mas, como dizem, sem coragem não há glória.

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A variedade é o sabor da vida – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Estou ansiosa para provar os primeiros lançamentos da Madeira Vintner. Eles estão actualmente agendados para 2016, desde que Mendes (e os clientes seleccionados) ache que estão prontos.  Enquanto os vinhos fortificados lutam para permanecer importantes à geração X e Y, a nova perspectiva de Mendes sobre o Madeira – vinhos baseados em terroir, complexos, mas limpos com álcool inferior mas equilibrado (18 graus no máximo) e níveis de açúcar e acidez mais baixos – é certamente um ponto de vista bem-vindo.

Contactos
Cam. Sao Martinho, 56 Funchal
Madeira 9000-273
Portugal

Instituto do Vinho Madeira – Uma Masterclass que fez toda a diferença!

Texto Olga Cardoso

Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P. – IVBAM, é o organismo responsável pela fiscalização das actividades vitivinícolas regionais e pela certificação e controlo de qualidade do Vinho da Madeira.

Trata-se de um organismo que, dotado de autonomia administrativa e financeira, se preocupa eficientemente pela consolidação e crescimento sustentado da produção dos artigos tradicionais regionais, sem nunca esquecer a manutenção da qualidade e a sua promoção eficaz e crescente, quer a nível nacional, quer a nível internacional.

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Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P. – IVBAM – Foto cedida por IVBAM | Todos os Direitos Reservados

A Madeira possui cerca de 400 hectares de vinha. Os terrenos agrícolas caracterizam-se por declives muito acentuados, que regra geral se encontram sob a forma de socalcos, designados por poios. A água de rega na Madeira é captada nas zonas altas da ilha e é conduzida através de canais denominados por “levadas” que integram um impressionante sistema de 2150Km de canais.

O sistema de condução mais tradicional é o da “latada” (pérgola), no qual as vinhas são conduzidas horizontalmente. Mais recente é o sistema de condução em espaldeira, que, no entanto, só pode ser utilizado em terrenos com declives menos acentuados.

Por regra, a vindima ocorre entre meados de Agosto e meados de Outubro e é feita de forma totalmente manual. Os esforços são muitos e os rituais espelham a dificuldade relativa a todo um sistema de minifúndio espalhado por uma orografia extremamente acidentada.

Falar de Vinho Madeira é o mesmo que falar em dramatismo. Dramaticidade essa que se manifesta não só na paisagem avassaladora da ilha, como também no método de vinificação dos seus vinhos e no seu longo período de estágio.

Dramaticidade é de facto uma palavra que assenta bem não só na Madeira mas em tudo o que é Português. Somos um povo dramático sim…e isso manifesta-se em diferentes aspectos da nossa cultura.

A nossa canção ou música nacional é o  Fado – existirá outra tão forte, triste ou sentida? Realmente percebo a dificuldade de alguém proveniente do Norte da Europa, pessoas normalmente mais frias, precisas e desprovidas de sentimentos tão melancólicos, ou de alguém proveniente de países mais alegres e descontraídos como são os países do continente Sul Americano.

De facto, não deve ser fácil perceber todos estes nossos sentimentos exacerbados!

Mas voltando a falar de vinho…é realmente um orgulho ser Português. Somos ainda neófitos no que respeita a vinhos de mesa. Ganhámos hoje vários prémios internacionais e somos já contemplados por publicações como a Wine Spectator com lugares cimeiros no que concerne aos melhores vinhos do mundo. Mas nesta área, há ainda um longo caminho a percorrer, isto se quisermos manter e incrementar todo este reconhecimento de qualidade.

Produzimos pouco mais de 6 milhões de hectolitros por ano. Querer estar no topo do mundo no que diz respeito à qualidade, exigirá muito de nós no futuro. Querer espalhar a boa nova pelo consumidor internacional e não ficar cingido apenas ao reconhecimento das revistas, exigirá muito mais ainda. Sim, porque não se esqueçam que uma coisa é o reconhecimento da imprensa e outra, bem diferente, é a aceitação dos consumidores, esses sim, irão permitir o crescimento dos vinhos portugueses.

A imprensa compra vinhos? Não. O trade compra vinhos? Sim, mas para vender e só enquanto isso financeiramente se justificar. Então quem é que temos de conquistar? Os consumidores – naturalmente!

Ora bolas, lá estou eu a divagar…voltemos então ao Vinho Madeira e ao IVBAM.

Este ano fui 4 vezes à Madeira e estou prestes a embarcar novamente. É verdade…não me canso e penso até ficar muito mais ligada àquela ilha no futuro.

A última viagem à Madeira, que ocorreu em meados de Novembro 2014, foi realmente marcante. Toda a equipa Blend – All About Wine’s team members ficou muito bem impressionada. Visitamos todos os produtores de Vinho Madeira e fizemos ainda uma prova genérica de vinhos de mesa Madeirenses.

Experimentamos diferentes restaurantes fantásticos da ilha e percebemos o seu enorme potencial turístico…ainda tão estranhamente esquecido no que respeita aos seus vinhos!

Os vinhos provados ao longo dos 5 dias de viagem foram muitos e de elevada qualidade. Vinhos novos, mas sobretudo vinhos muito velhos. Vários vinhos com mais de 100 anos, que nos contaram e nos provaram toda a peculiaridade desta ilha vitícola.

Alguns deles foram provados durante a MasterClass do IVBAM, muito bem conduzida pela Chefe da Câmara de Provadores – Rubina Vieira.

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MasterClass do IVBAM, conduzida pela Chefe da Câmara de Provadores – Rubina Vieira © Blend All About Wine, Lda.

Para além de bem conduzida, esta MasterClass foi ainda simpaticamente personalizada. Sim, foi uma Blend – All About Wine Masterclass – nada e criada para nós!

Provámos 12 vinhos provenientes de diferentes anos, produtores e castas. Começamos com um Colheita de 1996 e terminámos com um Verdelho de 1850.

Os que mais me impressionaram foram o Sercial 1862 e o Moscatel 1875. O Bastardo de 1927, pela sua diferença e raridade, também não me passou indiferente.

Complexidade, concentração, profundidade e equilíbrio foram características comuns a estes dois vinhos, sendo o primeiro, obviamente, bastante mais seco e muito mais delgado do que o segundo, o qual revela aspectos mais viscosos e melosos, embora se tenha mostrado muito harmonioso e sem revelar qualquer tipo de excessos. Que grandes vinhos!

Mas o que importa aqui não é falar dos vinhos e/ou produtores pelas suas particularidades ou diferenciações, isso caberá a cada um dos meus colegas, ao falarem de cada produtor individualmente.

Aqui importará falar do Vinho Madeira em toda a sua plenitude e grandiosidade. São 5 as castas ditas nobres do Vinho Madeira. Numa classificação estipulada por grau crescente de doçura temos: Sercial, Verdelho, Boal e Malvasia e sim…o Terrantez!!!

Em termos de grau de doçura ficará entre o Verdelho e o Boal, mas sendo tão raro, e correspondendo a menos de 1% das plantações da ilha, nem sequer poderá ser considerado!

Falámos de uma casta que dá lugar a vinhos absolutamente excepcionais. Pense-se por exemplo na enormidade do Terrantez 1880 da Pereira D’Oliveira…talvez um dos vinhos mais perfeitos que provei até hoje.

 

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Mesa de Prova © Blend All About Wine, Lda.

Não sendo considerada uma casta nobre, a Tinta Negra, é uma casta muito utilizada no Vinho Madeira. Hoje em dia são já consideráveis, não só em quantidade mas também em qualidade, os vinhos Madeira produzidos através dessa casta.

No que respeita à ordem de vindima, as castas colhidas, por uma habitual ordem de prioridade, são:

  1. Verdelho;
  2. Boal;
  3. Tinta Negra;
  4. Malvasia;
  5. Sercial;

No que respeita ao processo de vinificação e/ou envelhecimento verifica-se que poderá ocorrer por um de dois processos: Estufagem ou Canteiro.

Estufagem: – O vinho é colocado em estufas de aço inox, aquecidas por um sistema de serpentina, por onde circula água quente, por um período nunca inferior a 3 meses, a uma temperatura entre os 45 e 50 graus Celsius. Concluída a «estufagem», o vinho é sujeito a um período de «estágio» de pelo menos 90 dias à temperatura ambiente. A partir deste momento pode permanecer em inox, ou ser colocado em cascos de madeira, até reunir as condições que permitem ao enólogo fazer o acabamento do vinho, para que possa ser colocado em garrafa, com a garantia de qualidade necessária. No entanto, estes vinhos nunca podem ser engarrafados e comercializados antes de 31 de Outubro do segundo ano seguinte à vindima. São vinhos maioritariamente de lote.

Canteiro: – Os vinhos seleccionados para estágio em Canteiro (esta denominação provém do facto de se colocar as pipas sob suportes de traves de madeira, denominadas de canteiros) são envelhecidos em cascos, normalmente nos pisos mais elevados dos armazéns onde as temperaturas são mais elevadas, pelo período mínimo de 2 anos. Trata-se de um envelhecimento oxidativo em casco, desenvolvendo os vinhos, características únicas de aromas intensos e complexos. Os vinhos de canteiro só poderão ser comercializados, decorridos pelo menos 3 anos, contados a partir de 1 de Janeiro do ano seguinte ao da vindima.

No que respeita à fortificação, verifica-se que esta consiste na paragem da fermentação com a adição de álcool vínico a 96% vol. A escolha do momento da interrupção da fermentação faz-se de acordo com o grau de doçura pretendido para o vinho, podendo-se, com este procedimento, obter quatro tipos de vinho: o seco, o meio-seco, o meio-doce e o doce.

Para mim, falar de Vinho Madeira é o mesmo que falar em Vinhos apaixonantes, envolventes e arrebatadores. Confesso-me completamente rendida os seus encantos. Sou uma Madeira Wine Geek…é verdade!

Volúpia e sedução, luxúria e lascívia andam por aqui de mãos dadas com uma enorme sensibilidade, delicadeza e erudição. Quem disse que estas características aparentemente antagónicas não se podem harmonizar na perfeição? Será que toda esta energia telúrica, toda esta autenticidade e profundidade, consubstanciarão mesmo o sabor antecipado do paraíso?

Voltaire dizia que os Tokaji possuíam o condão de conferir vigor à mais pequena fibra do seu cérebro. Bom, o Senhor era um iluminista e eu não sou…mas acho que é realmente isto que se passa comigo relativamente ao Vinho Madeira!

Mas enquanto o Tokaji é considerado o Rei dos Vinhos e o Vinhos dos Reis (assim o disse um dia Louis XV ao oferecer um copo daquele vinho à sua amante Madame de Pompadour), permitam-me dizer que, para mim, pela sua acidez triunfante e o seu mártir processo de vinificação, condições que o tornam quase imortal, o Madeira é muito mais do que um Vinho dos Reis…é um verdadeiro vinho dos DEUSES!

E por último mas não menos importante, vejam este excelente vídeo sobre o vinho Madeira.

Vídeo cedido por Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P. – IVBAM

Contactos
Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P.
Rua Visconde de Anadia, nº44
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