Texto José Silva
É uma casa de bem comer já com muitos créditos, que tem vindo sempre a evoluir, ano após ano, mantendo uma linha quer de serviço quer de ofertas culinárias, muito consistente, com rigor, segura.
Nasceu duma recuperação inteligente duma parte dum velho armazém dos caminhos de ferro, na Régua, que estava em risco de ser demolido.
Utilizando o enorme pé direito e a beleza do travejamento de madeira, acrescentou-se muito vidro que deixa entrar a luz natural e ver o Douro, mesmo ali ao lado. Do outro lado é o movimento dos comboios que ali param mesmo em frente.
Um mezzanine é a sala de refeições e na parte de baixo uma sala ampla, comprida, com uma mesa a quase todo o comprimento e enormes candeeiros de belo efeito.
As paredes estão totalmente cobertas com armários onde repousam as centenas de referências de marcas de vinhos que constituem uma das melhores cartas de vinhos do Douro.
Ali o vinho é tratado como merece, com todo o cuidado, e podemos beber um copo de vinho e ler uma revista ou o jornal, mas também podemos apreciar uma refeição em alternativa.
Um local de encontro, de tertúlia, com o vinho por companhia.
Lá fora, uma velha carruagem de carga foi adaptada e é uma deliciosa esplanada para o bom tempo, com a estação ali à vista.
Em cima, as mesas estão sempre muito bem postas, impecáveis, o serviço é claramente acima da média, com profissionais capazes e conhecedores a guiar-nos por uma culinária consistente e muito bem interpretada.
O Douro bem merece um restaurante como este. Na última visita fizemos uma refeição tranquila, de grande qualidade, acompanhada por vários vinhos servidos a copo, cuja escolha foi da responsabilidade do chefe de sala.
Para a mesa vieram pão regional, azeite e azeite com balsâmico.
Começou-se por um Vértice Branco 2010, que tinha sido decantado, excelente, evoluído, muito elegante, cremoso, grande vinho. Os anos de garrafa só lhe têm feito bem.
Veio então o ensopado de perdiz e boletos, cheio de cremosidade, bem ligado, a carne requintada da ave a ligar muito bem com os paladares intensos e secos dos boletos, excelente. E o vinho casou na perfeição.
Seguiu-se o bacalhau com crosta de amêndoa e brandade de camarão. No ponto, a barandade muito bem ligada a dar-nos a suavidade do paladar do camarão, o bacalhau lascante e a curiosidade da crosta de amêndoas muito bem conseguida.
Bebeu-se o Muxagat Xistos Altos Branco 2012, muito mineral, elegante, intenso, seco, ligeiramente evoluído, com uma bela acidez, esteve mesmo muito bem.
Em contraste, ainda no bacalhau, provou-se um tinto Encosta do Bocho Reserva 2009 que foi óptima surpresa. Nariz cheio de fruta e notas de baunilha, ligeiro floral e muita complexidade. Belo volume, muito corpo, excelente acidez a contrastar com os taninos maduros bem casados com a madeira. Fruta preta intensa, um vinho poderoso mas equilibrado. Este ano de 2009 continua a dar-me belas surpresas.
Para sobremesa foi proposto um vulcão de abóbora com gelado de queijo da Serra.
Uma explosão de sabores, a versão sofisticada da clássica ligação de queijo da Serra com doce de abóbora, aqui reinterpretada.
E que teve a companhia soberba do Porto Casa de Santa Eufémia Reserva Branco Velho com mais de 30 anos. Âmbar cristalino, nariz exuberante, frutos secos intensos, elegância, casca de tangerina, muito fresco. Belo volume, intenso, acidez vibrante, seco, nozes e avelãs, muita frescura, complexidade, guloso, um grande vinho do Porto.
Com o segundo cálice, brindou-se a este Castas e Pratos, ao vinho e ao Douro…
Contactos
Castas & Pratos
Peso da Régua | Portugal
Tel: (+351) 254 323 290
E-mail: info@castasepratos.com
Webmail: www.castasepratos.com
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