Texto João Pedro de Carvalho
Sofro a bem sofrer uma valente paixoneta por Vinho do Porto e mais especificamente por Tawny datados. A escada ou caminho da tentação e também da perdição que representam os 10, 20, 30 ou mais de 40 anos é para mim um paraíso sem fim. Admito que a minha carteira não me permite gozar dos celestiais prazeres e de toda a exclusividade com que um +40 anos nos presenteia. Mas também digo que fico bastante satisfeito com os prazeres mais terrenos e acessíveis que os 10 e 20 Anos apresentam. Ora neste campo cabe trazer à conversa os mais novos exemplares do recente produtor já aqui abordado, Blackett. Na verdade, torna-se complicado ter de descer a escada, pois uma vez aqui em cima tudo parece mais bonito e airoso, são outros os luxos de um Porto 30 Anos e quem é que gosta de abdicar deles?
A apresentação do produtor foi a modos que feita no anterior artigo quando me foquei no Blackett 30 Anos. Desta vez troquei as voltas ao jogo, se é que o era, e comecei a prova pelo Blackett 10 Anos num estilo onde se esperava ser a fruta a surgir em grande quantidade como noutras casas, mas aqui não, a fruta surge mas nota-se que a evolução e mesmo todo o blend que por ali foi construído tem um bouquet ligeiramente mais evoluído e isso é bom, muito bom. Temos portanto um 10 Anos que aparenta ser um bocadinho mais velho, bem guloso e fresco, com uma grande envolvente e definição dos aromas. A fruta sim está presente nos seus retoques mais macerados, fruta passa, uma boa untuosidade que combina com os frutos secos e o toque amanteigado. No palato mostra-se muito fresco, complexo, belo equilíbrio entre a fruta/untuosidade/frescura/doçura num longo final. É a chave de ouro para terminar em beleza uma refeição de amigos, família ou mesmo aquele final de serão com a calma já instalada.
Terminando em beleza com o 20 Anos, onde me atrevo a dizer o que mais gostei da trilogia dos Porto Blackett, mais ainda que do 30 Anos. Balanço perfeito entre a energia da juventude e a sabedoria que só a idade sabe trazer, com tudo isto o resultado só pode ser muito bom. Maior presença dos frutos secos com toque de caramelo, amplo e untuoso, bem fresco, tudo a mostrar capacidade de nos cativar mais e mais. Conquistador no palato pela harmonia que mostra, ligeiramente mais seco embora com uma presença mais duradoura. É um Porto 20 Anos de grande nível que entra para o lote dos meus favoritos. É daqueles vinhos criados para acompanhar aqueles momentos só nossos, no sofá a ouvir o nosso cd favorito ou a ler o livro que nos agarra e que só o conseguimos largar quando termina, até à série que acompanhamos religiosamente ao final da noite.
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