Posts By : João Barbosa

Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2005

Texto João Barbosa

O peso do vidro chateia-me. Existe alguma probabilidade de ser o primeiro a começar uma crónica vinícola desta maneira. Tem alguma coisa a ver? Tem! Não empatando: pegada de carbono e/ou respeito pela natureza. Há uns anos era sabido que, para se ter sucesso, bastava rotular uns números grandes (com um gatafunho indicador da moeda) e pôr o vinho numa garrafa com tara de 1,7 quilogramas (verídico).

O vidro é nobre, mas não se bebe. Tive de escrever isto porque o que apresento tem muito «do mundo». É um bom vinho (!), está numa boa garrafa e não pesa uma tonelada. Vidro de qualidade é fundamental para guardar um néctar pelo qual se tem a garantia que vale a pena esperar. Só isso e nem mais um grama.

A outra «metade» do «mundo» é a natureza que se encontra nos vinhos da Quinta de Foz de Arouce. Se há vinhos que merecem ser «acusados» de demonstrar terroir, este é um deles. Quanto a mim, essas sete letras são um acrónimo poético de solo, subsolo, enquadramento geofísico, agricultura e/ou vegetação próxima, casta, fauna, clima, sabedoria agrícola e de adega e… já escrevo a última componente. Não há vinho sem o homem, por isso tem de estar na equação.

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Quinta de Foz de Arouce – Foto Cedida por Quinta de Foz de Arouce | Todos os Direitos Reservados

Podem fazer-se maus vinhos tendo tudo para serem bons, mas o inverso é impossível. É também verdade que há territórios mágicos, onde nascem obras-primas, mas que o pintor compõe a «Gioconda», de Da Vinci, em vez do «Nascimento de Vénus», de Sandro Botticelli. Aí entra a última componente: o produtor – tem de exigir o seu retrato, a sua imagem e linhagem.

A Quinta de Foz de Arouce fica num não-lugar! Não fica na Bairrada, nem no Dão nem noutro sítio. Esta propriedade é única, pois se não fosse haveria, por ali, muitos vinhos desta dimensão.

Se ficasse na Borgonha, Foz de Arouce seria um «Grand Cru», um «Monopole». Aprendi na escola que se situa na Beira (Alta, Baixa e Litoral) – o não-lugar situa-se a 23 quilómetros de Coimbra.

Terei exagerado quando escrevi «Grand Cru»? Este é um vinho que não conheço irmão. Tem uma capacidade de envelhecimento notável. Estamos em 2015 e abri a de 2005. Em plena forma física, elegante, longo, fundo, complexo. Valerá a pena despejar descritores? Todo ele (o vinho) vai e vem, junta e afasta, como numa dança, com o passar do tempo no copo. Tem 14% de álcool e ninguém o diz até o ler no contrarrótulo.

A casa condal tem documentos, datados do século XVII, que referem a qualidade do vinho. Levaria tempo a contar, mas um Senhor de Foz de Arouce pregou uma partida a Filipe III de Portugal (Felipe IV de Espanha), tendo apostado barricas do seu já afamado néctar.

Este – o Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2005 – é um monumento, e duma casta que ganhou má fama. Hoje já se começam a cantar laudes à baga. Tenha origem no Dão ou na Bairrada, não é um gatinho mimado. Tem garras afiadas e prontas a espetar.

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Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2005 – Foto Cedida por Quinta de Foz de Arouce | Todos os Direitos Reservados

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João Perry à esquerda e João Portugal Ramos à direita – Foto Cedida por Quinta de Foz de Arouce | Todos os Direitos Reservados

Em termos humanos, João Portugal Ramos – genro do actual conde de Foz de Arouce – é reconhecido como um dos melhores enólogos portugueses. Ali, naquela quinta coimbrã conta com João Perry Vidal, que trata aquelas videiras por tu e conhece o nome de todas as abelhas e joaninhas.

Originalmente só havia vinhas de casta baga. Há uns anos foram cultivadas vides de touriga nacional, criando uma diferenciação entre o Foz de Arouce «normal» e o «vinhas velhas». Nasceu também um vinho branco, da casta cerceal.

Todos bons, mas há o «único».

Contactos
Quinta de Foz de Arouce
3200-030 Foz de Arouce
Lousã, Portugal
Tel: (+351) 268 339 910
Fax: (+351) 268 339 918 / 268 339 916
Email: condefozarouce@jportugalramos.pt
Website: www.fozdearouce.com

Três frescos Fiuza, cada qual com sua cor

Texto João Barbosa

Sou tradicionalista, mas não um talibã do passado. Há alterações que vêm por bem, e muitas resultam – o que, mesmo desgostando-me, me fazem engolir a prosápia. Esta coisa das tradições tem uma fragilidade: houve um dia em que se inventou e por muito tempo não foi essa herança.

Sentença sábia e desarmante coube ao meu enorme amigo Sérgio Carneiro: «As tradições são para serem quebradas». Acrescento: há obrigações para serem transgredidas – essa é outra «cumbersa».

A mudança das designações Estremadura e Ribatejo para Lisboa e Tejo são felizes e por várias razões que não vou enumerar, para não me desviar. Centro-me no Ribatejo, região que sofreu de má fama, devido à falta de qualidade de muitos dos seus vinhos.

A designação do maior rio da Península Ibérica facilita a leitura por parte dos estrangeiros e lava o antigo termo. Há talvez duas décadas que existem produtores de vinho de qualidade na região (ou reconhecidos), mas o número tem vindo a crescer. Dizer e escrever Tejo confere justiça a esses vitivinicultores.

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Fiuza Logo – Foto Cedida por Fiuza & Bright | Todos os Direitos Reservados

Uma casa antiga – sujeito deste texto – é a Fiuza & Bright, que possui cinco propriedades na região. São 25 referências, anichadas em sete famílias: Oceanus (branco, rosé e tinto), Campo dos Frades (branco, rosé e tinto); Native (branco, rosé e tinto); Três Castas (branco, tinto e espumante branco); Monocastas (e bivarietais – alvarinho, chardonnay, chardonnay e arinto, sauvignon blanc, cabernet sauvignon, merlot, merlot e touriga nacional, touriga nacional e rosé de cabernet sauvignon e touriga nacional); Premium (branco e tinto); e Ikon (branco e tinto).

Não bebi muitas vezes os Ikon, mas fiquei com boa impressão dos píncaros da Fiuza & Bright. Sou assíduo consumidor dos vinhos Fiuza em restaurantes, pois garantem qualidade, há variedade e preços «amigos», factor importante porque os comerciantes de restauração carregam nos preços. Esta opção acontece com outros vinhos da região, como os da Quinta da Lagoalva de Cima, que será tema um dia destes.

Quem me conhece, nem que seja pela escrita, sabe que me recuso a indicar vinhos com boa relação de qualidade e preço – depende da bolsa, da importância dada, do conhecimento enófilo e do momento – porém aqui arrisco. Contudo, como sei que existe uma barreira psicológica nos cinco euros, não posso deixar de referir que se trata de vinhos acima desse patamar, em preço de venda ao público.

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Fiuza Sauvignon Blanc – Foto Cedida por Fiuza & Bright | Todos os Direitos Reservados

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Fiuza Touriga Nacional – Foto Cedida por Fiuza & Bright | Todos os Direitos Reservados

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Fiuza Cabernet Sauvignon and Touriga Nacional Rosé – Foto Cedida por Fiuza & Bright | Todos os Direitos Reservados

Em apreciação estiveram três vinhos: Fiuza Sauvignon Blanc 2014, Fiuza Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional Rosé 2014 e Fiuza Touriga Nacional 2013. Três vinhos «modernos» – comparando com os tradicionais e de perfil fácil de agradar em toda a parte – com as castas bem expressas e muito fáceis de prazer.

O Fiuza Sauvignon Blanc 2014 tem a virtude do maracujá, toranja e alguma pêra rocha não muito madura. É refrescante e tem um tempo final com nota. Só acontece – mais uma vez demonstro o meu mau feitio – não sou apreciador de vinhos tropicais, especialmente de maracujá. É uma questão pessoal, não é defeito do vinho; até antes pelo contrário, mostra a variedade de uva.

Fiuza Touriga Nacional 2013 exibe a plasticidade da casta, que vai das violetas do Dão; às cerejas, amoras, framboesas, morango e suas geleias e compotas no Douro; aos morangos, salada de frutos do bosque e suas geleias e compotas no Alentejo; à «escuridão» das ameixas quase em passa, um toque de figo, «salada» de frutos do bosque neste vinho, que foi amenizado com estágio de seis meses em barricas de carvalhos americano e francês, conferindo um toque de noz-moscada, baunilha e uma finura distante de caramelo (aguentar no copo).

O favorito, o «engraçado» Fiuza Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional 2014. Duas grandes castas que não bulham, mas dançam. Fresco, com verdura de trincar, a evocação de pimento da casta francesa, violetas – é o que dá apanharem as uvas propositadamente para os rosados e ainda com o benefício de baixo teor alcoólico – amoras e morangos.

Contactos
Fiuza & Bright, Lda.
Travessa do Vareta, nº11
2080 – 184 ALMEIRIM
Portugal
Tel: (+351) 243 597 491
Fax: (+351) 243 579 247
Email: info@fiuzabright.pt
Website: www.fiuzabright.pt

O Cavalo Maluco e os outros «índios» da Herdade do Portocarro

Texto João Barbosa

Começo este texto exactamente como comecei o anterior. Escrever acerca dum dos meus três vinhos portugueses favoritos é difícil pela preocupação do bom senso, prazer, memórias e qualidade intrínseca.

Gosto de certezas, incluindo a certeza da incerteza. Gosto que uma Coca-Cola seja uma Coca-Cola, sempre igual. Gosto da certeza da incerteza dos grandes vinhos: todas as colheitas são diferentes, porque não há anos de climatologia gémea. Mas que tenham um perfil comum e a qualidade que os torna príncipes. Os anos são o corpo e o perfil é o apelido.

A Herdade do Portocarro situa-se no litoral alentejano – território que está num sítio que burocracia muda de lugar. Bizarria não chamar alentejanos aos vinhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines. Esta propriedade fica no Concelho Alcácer, zona mais conhecida pelos arrozais e pelos pinhais.

Se todos os vinhos da Herdade de Portocarro são merecedores de comentário elogioso, dois destacam-se: o Anima e o Cavalo Maluco. O primeiro por ser uma «desarrumação» que José Mota Capitão, o produtor, causou. O segundo porque… é o tal, um dos meus três tintos portugueses favoritos.

Nesta propriedade da Península de Setúbal, embora lá não esteja, fazem-se cinco tintos, um branco e um rosé. Não comento, por não ter provado os Alfaiate Branco 2013 (esgana-cão, galego-dourado, arinto e antão vaz) e o Autocarro Nº 27 2013 (aragonês, touriga nacional e cabernet sauvignon).

Os vinhos com a marca Herdade do Portocarro são inesperados. Não sei se os entendo. Nunca foram o que esperava. Não lhe vejo parecenças com outros da zona. Será o famoso terroir, personagem fugidia que surge do nada e desaparece e que tanta gente diz ter convívio?

O Herdade de Portocarro 2011 tem mineralidade e frescura de boca. Fez-se com as castas aragonês, touriga nacional e cabernet sauvignon. Encorpado, mas não bruto. É um lavrador na cidade.

Partilho com José Mota Capitão a admiração pela casta touriga franca. Torço o nariz a um possível passeio, em larga escala, da rainha das castas do Douro pelo país. Dos vinhos não durienses, só o Herdade de Portocarro Partage Touriga Franca 2008 me dá um prazer ao nível (dos do) da sua região berço. Confirmo que esta variedade precisa de amigos; a solo não me faz palpitar o coração. Vale, pelo menos, a experiência.

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Herdade de Portocarro – Foto Cedida por Herdade do Portocarro | Todos os Direitos Reservados

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Herdade de Portocarro Partage Touriga Franca – Foto Cedida por Herdade do Portocarro | Todos os Direitos Reservados

José Mota Capitão veio para a ribalta com o primeiro vinho em Portugal feito exclusivamente com a casta sangiovese – julgo que não minto, até talvez tenha sido pioneiro no seu plantio. Ano após anos, a italiana mostra-se sensual, mas não frágil. Sotaque italiano, mas não cidadania. É dali, de São Romão do Sado, Freguesia do Torrão, Concelho de Alcácer do Sal, (Distrito de Setúbal), («Península de Setúbal»), Alentejo Litoral. Aposto – mas não sei a resposta, porque não perguntei – que é a casta que partilha o maior afecto deste vitivinicultor.

Os Anima comprovam o princípio da incerteza. Saem sempre muito bem, têm os traços dos irmãos e o apelido. Não são clones nem gémeos. Comentar um determinado ano só faz tanto se comentar todos os outros. Conselho a quem puder… compre, saboreie e conclua.

O Tears of Anima 2014 é um rosé de sangiovese. Tem a vantagem da casta que outros não ousam, resultando em aromas mais próximos dos vinhos brancos – e dos frescos: citrinos, líchias e ameixas colhidas em momento adiantado. Tem o carácter que deviam ter «todos» os rosados: baixo teor alcoólico. Em Portugal valoriza-se muito a capacidade dos vinhos portugueses serem gastronómicos… é uma vantagem? Bebam este pelo prazer de conversar e descontrair da praia que nos tornou encarnados, pelo esquecimento de nos barrarmos com protector solar factor 20.000!

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Herdade do Portocarro Tears of Anima – Foto Cedida por Herdade do Portocarro | Todos os Direitos Reservados

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Herdade do Portocarro Cavalo Maluco – Foto Cedida por Herdade do Portocarro | Todos os Direitos Reservados

É momento do meu amor: Cavalo Maluco. Nome estranho! Tudo tem uma razão. Em menino, José Mota Capitão brincou – como em várias gerações – aos índios e cowboys. As crianças tendem a gostar dos vencedores … o miúdo que hoje faz vinho queria ser índio… talvez um dia venha o Touro Sentado!

O Cavalo Maluco 2011 é, possivelmente, o mais «doido» de todos. O ano foi grandioso e o chefe Lakota galopou. É filho de uvas de touriga franca, touriga nacional e petit verdot.

É melhor do que o anterior?! E do que o outro antes?! Sei lá, verdadeiramente. Acho que sim. O mesmo conselho a quem puder: compre, saboreie e conclua.

Maritávora Grande Reserva Branco Vinhas Velhas, príncipe do Douro

Texto João Barbosa

Começo este texto exactamente como vou começar o próximo. Escrever acerca dum dos meus três vinhos portugueses favoritos é difícil pela preocupação do bom senso, prazer, memórias e qualidade intrínseca.

Gosto de certezas, incluindo a certeza da incerteza. Gosto que uma Coca-Cola seja uma Coca-Cola, sempre igual. Gosto da certeza da incerteza dos grandes vinhos. Assim acontece com esta firma da região do Douro.

Maritávora é um nome mágico se pensarmos no drama da família Távora, exterminada pelo primeiro marquês de Pombal. Nem sei como alguém conseguiu manter o apelido. O actual proprietário da Quinta de Maritávora – em Freixo de Espada-à-Cinta – não tem parentesco com essa família aristocrática.

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A família Junqueiro em Maritávora – Foto Cedida por Maritávora | Todos os Direitos Reservados

A propriedade foi comprada, em 1870, pelo pai do poeta Guerra Junqueiro, tio bisavô de Manuel Gomes Mota. Conheci-o quando fazia um programa de agricultura para a RTP. Queria criar um enoturismo diferente, levando gente constante mente àquele ermo para fazer um vinho exclusivo. Porquê? Porque a vila vive das excursões para ver as amendoeiras em flor, porque ninguém sabe que quem desenhou o Mosteiros dos Jerónimos também ali esteve, porque tem uma estranha torre de sete lados.

Eu e o repórter de imagem chegámos no momento de jantar. Não há restaurantes sofisticados, come-se o que é da terra – princípio das filosofias do quilómetro zero, da slowfood e da sabedoria de Alexandre Dumas (pai).

No restaurante de província, Manuel Gomes Mota abriu uma garrafa:

– Uau!

Um vinhaço e «esquisito». O que era aquilo? Disse muita coisa e quase sempre ao lado, excluindo o evidente.

– Amanhã, quando visitares a quinta, vais perceber.

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Manuel Gomes Mota – Foto Cedida por Maritávora | Todos os Direitos Reservados

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Jorge Serôdio Borges – Foto Cedida por Maritávora | Todos os Direitos Reservados

Verdade! O chão xistoso (tão xistoso) e as videiras centenárias. Vinho de mineralidade grandiosa e «confusão» das castas baralhadas nas vinhas, coisa antiga.

O que é terroir? É uma «coisa» que não há vitivinicultor que não reivindique. O que é um terroir? É uma «coisa» complexa e rara. Maritávora tem! Bons chãos (não só xisto em calhau), climatologia própria, boa vinha (cultivo está em modo biológico)e enologia de Jorge Serôdio Borges, um dos enólogos que melhor conhecem o Douro.

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Vinhas – Foto Cedida por Maritavora | Todos os Direitos Reservados

A Maritávora comercializa um leque de opções, é impossível escrever acerca de todas. Tudo começou com um branco e um tinto. Aptos para receberem a designação Grande Reserva, só mais tarde foi adoptada.

Quanto a mim, os Maritávora Grande Reserva Tinto sofrem do padecimento dos filhos segundos. As tarefas de responsabilidade adjudicadas ao mais velho quando tem dez anos são negadas ao mais jovem, ainda que tenha 12 anos.

Os topos da gama tintos «ficam» na sombra. Não por demérito, mas porque os claros são especiais. O Maritávora Grande Reserva Vinhas Velhas Tinto 2011 é complexo e denso, terá uma longa vida. Feito com uvas das castas touriga nacional, touriga franca, tinta roriz e «outras». O estágio foi de 18 meses em barricas novas de carvalho francês.

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Maritávora Grande Reserva Vinhas Velhas 2011 tinto – Foto Cedida por Maritávora | Todos os Direitos Reservados

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Grande Reserva Vinhas Velhas 2011 branco – Foto Cedida por Maritávora | Todos os Direitos Reservados

A minha paixão são os Grande Reserva Vinhas Velhas Branco. O de 2011 tem o carisma e a personalidade cativante dos irmãos que o antecederam, com benefício do factor ano. As castas são côdega do larinho, rabigato, viosinho e «outras». Conviveu três meses em barricas novas de carvalho francês, com battonnage. Tudo igual ao de 2012… de 2010…

Iguais?! Claro! Mineralidade fulgurante e uma «coisa estranha» que é frescura com calor – tem a climatologia, as exigências das uvas, as do solo e as da madeira nobre. Longo, fundo e variado no tempo em que é bebido.

Iguais?! Não! Felizmente, não. É tão boa a incerteza dos grandes vinhos!

Contactos
Quinta de Maritávora, EN221, Km88
5180-181 Freixo de Espada-à-Cinta
Portugal
Tel: (+351) 214 709 210
Fax: (+351) 214 709 211
E-mail: mgm@maritavora.com
Website: www.maritavora.com

Homenagem ao Cante – Adega Cooperativa da Vidigueira homenageia Património da Humanidade

Texto João Barbosa

A palavra cooperativa arrepia muita gente. Em parte com razão, mas não totalmente. Quando, há poucas décadas, começaram a surgir em Portugal as cooperativas vitivinícolas o resultado foi claramente positivo e a vários níveis.

Os agricultores ganharam força comercial, pela união, obtiveram melhores preços do que se vendessem a empresas privadas, conseguiram certeza no escoamento da produção. Em termos técnicos, as cooperativas conseguiram apetrechar-se com o melhor que havia nesse momento. Ou seja, o vinho melhorou de qualidade.

Depois «descansaram», mas mudou o mundo e o país. Na década de oitenta, as cooperativas alentejanas tomaram a dianteira e auxiliando-se de técnicos competentes e «actualizados», como o caso de João Portugal Ramos, contribuiram, e em muito, para a afirmação do Alentejo como terra vitivinícola de sucesso.

Porém, os apoios da União Europeia e a estabilização política (no caso do Alentejo ainda se colocou a questão da Reforma Agrária, de índole marxista) levaram a que os agricultores quisessem avançar com os seus próprios negócios.

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Rolhas da Adega Cooperativa da Vidigueira – Foto Cedida por Adega Cooperativa da Vidigueira | Todos os Direitos Reservados

Houve cooperativas que morreram, definharam, sobreviveram e tiveram sucesso. O mundo gira e hoje não há razão para se tomar por desajeitado o que se produz nas cooperativas. A Adega Cooperativa da Vidigueira conheceu dias complicados e agora reergue-se. Felizmente, há várias a recuperar.

A Vidigueira era famosa pelos seus brancos, onde brilhava a casta antão vaz… a tal que não gosto. Se a variedade faz sucesso no mercado e se cultiva em toda a região, por maioria de razão, ali tem de se dar muito bem.

Fazer bem feito e ter resultados dá para o orgulho. Acaba por ser curioso que quase toda a informação prestada pela Adega Cooperativa da Vidigueira seja de carácter economico-financeiro e muito centrada nos investimentos. Não há nada de errado, e traduz muito.

Um retrato frio: mais de 300 associados, 1.500 hectares de vinha, mais de 2,2 milhões de vinho tinto vendidos no ano passado e acima de 2,1 milhões de branco. Sete marcas de vinho, com diversas variedades,  e uma aguardente bagaceira. Por isso, centro-me num néctar icónico, para a empresa, associados e região.

Há quem diga que quando se juntam dois brasileiros se começa logo o samba. Há quem diga que quando se juntam dois alentejanos se começa logo a cantar. O cante (designação que só recentemente ouvi falar, conhecia como «canto» ou «cantar») é polifónico e originalmente participavam apenas homens. São canções dolentes, por vezes arrepiantes… As mulheres costumavam cantar nos trabalhos no campo, mas hoje há grupos corais que as aceitam.

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Homenagem ao Cante branco – Foto Cedida por Adega Cooperativa da Vidigueira | Todos os Direitos Reservados

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Homenagem ao Cante tinto – Foto Cedida por Adega Cooperativa da Vidigueira | Todos os Direitos Reservados

O cante tornou-se Património Imaterial da Humanidade em 2014. Daí nasceu a vontade de criar dois néctares comemorativos, branco e tinto da vindima passada. Não comento vinhos de homenagem, não tenho esse direito. Essas obras nasceram para o brinde, na alegria ou na tristeza. Digo só: bem alentejanos!

Contactos
Bairro Indústrial
7960-305 Vidigueira
Tel: (+351) 284 437 240
Fax: (+351) 284 437 249
E-mail: geral@adegavidigueira.pt
Website: www.adegavidigueira.com.pt

Herdade Paço do Conde, do Alentejo mais alentejano

Texto João Barbosa

Julgo que se chega a velho, não é a idoso, quando as memórias aparecem com frequência. Ai! Dizem-me as costas, o coração e os pulmões que já não tenho lugar no banco de suplentes duma equipa de futebol de escalão amador.

É a vida! Digo isto porque o produtor que apresento foi-me dado a conhecer num momento especial da minha vida. Isso não faz dum vinho, ou outra coisa, nem bom nem mau. No caso bom, mesmo. E porquê?

Porque os vinhos que mais me atraem têm um caracter diferenciador, que pode versar várias características. Como todos, com excepção quando a análise tem mesmo de ser às cegas e salas imaculadas, a afectividade ou a história pesa-me nas preferências. O que tem este?

A proveniência, até há pouco anos impensável. Baleizão fica no coração do Baixo Alentejo, que é quente, seco e ondulado. Pouco se sabe acerca desta aldeia e pouco se sabia… terra com vincado teor político, nomeadamente ao Partido Comunista. O resto da história não vem ao caso.

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As vinhas onduladas da Herdade Paço do Conde – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

O que vem aqui é a planura. O Alentejo levemente ondulado, verde na Primavera e loiro do trigo maduro e da palha deixada depois da ceifa. É o Alentejo onde o calor é mais calor. Vinho? Bem, a viticultura, até à crise da filoxera, no século XIX, era cultivada em «todo» o lado, muito embora fosse residual em vários locais. Veio o pulgão e as vides não regressaram.

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Herdade Paço do Conde – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

A Herdade Paço do Conde fica nesse campo quente. Pensar em calor é normal, mas deduzir que o vinho sai dali em forma de sopa ou de compota não é verdade. A sabedoria técnica e o empenho permitem belos resultados em locais «surpreendentes».

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O olival perto do Guadiana – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

Esta propriedade tem a vantagem da proximidade do Rio Guadiana, que lhe dá água e fornece frescura. Porém não se pode exigir que não transmitam a envolvência, o que até seria mau sinal, por contrariar a dádiva da natureza.

São 2.900 hectares, dos quais 150 têm vinha plantada. O olival ocupa 1.100 hectares, com as tradicionais cultivares da região e outras exóticas: arbequina, azeiteira, cobrançosa, frantoio, galega (é a Rainha em quase todo o país, com um carácter suave e doce) e picual.

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Equipa – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

À frente do trabalho enológico está Rui Reguinga, técnico que conhece muito bem o Alentejo e que tem capacidade imaginativa para fazer diferente de fórmulas. Ora, essas características fazem com que não sejam vinhos de enólogo, mas onde o «alquimista» assina ao deixar que o produtor e o seu vinho brilhem e falem por si.

Bebi vários vinhos deste produtor na apresentação que fez no restaurante Eleven, em Lisboa. Cartada certa! Ligação à comida para melhor se perceber o que está no copo. Para começar veio o Herdade Paço do Conde Branco 2014, acompanhado por carpaccio de polvo e vinagrete de laranja. Visto não comer pescados, não sei da ligação além do que me disseram. Se «resistiu» a uma vinagreta é porque tem fibra fresca. Como tenho uma «avaria» quando me põem antão vaz no copo, a opinião sai fora da norma. Não amei, mas a culpa é da minha antipatia. As restantes castas que fazem o lote são a arinto e a verdelho.

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Herdade Paço do Conde branco 2014 – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

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Herdade Paço do Conde Reserva tinto – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

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Herdade Paço do Conde Winemakers Selection tinto 2011 – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

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Azeite da Herdade Paço do Conde – Foto Cedida por Herdade Paço do Conde | Todos os Direitos Reservados

O Herdade Paço do Conde Reserva 2014 é um «tintão», excelente para escoltar a comida mais forte e temperada do Alentejo.

O chefe do Eleven, Joachim Koerper, resolveu saltar barreiras com as sapatilhas atadas. E conseguiu! Leitão confitado com chutney de tomate e maracujá juntou o óbvio ao exótico. Dois vinhos e dois casamentos de memorizar: Herdade Paço do Conde Reserva Tinto 2011 e Herdade Paço do Conde Winemakers Selection 2011 (tinto). Ácidos, doces e gordura… tão diferentes quanto recomendáveis, as ligações.

A sobremesa foi uma variação de «floresta negra», em que provou que um tinto pode bem chegar para os finais dos repastos. No caso, Herdade Paço do Conde Colheita Seleccionada 2013.

Contactos
Monte Paço do Conde,
Apartado 25, 7801-901 Baleizão – Beja – Portugal
Tel: (+351) 284 924 416
Fax: (+351) 284 924 417
Email: geral@encostadoguadiana.com
Website: www.pacodoconde.com

Adega Mayor: Três Caiados, Monte Mayor e Solista

Texto João Barbosa

Escolher um nome tem muito do que se lhe diga. Hoje, uma minha bisavó não seria baptizada com 11 nomes para acabar por ser tratada por um diminutivo. No domínio das marcas a tarefa não é menos complicada.

Apresentar um produto tradicional com uma designação que evoque a região, seja facilmente memorizável, agradável ao ouvido e não atrapalhe a pronunciação noutros idiomas exige concentração.

A marca Caiado é certeira. Caiar significa pintar com cal, uma tinta simples e barata feita com calcário e água. A imagem do Alentejo e do Algarve brancos deve-se à aplicação do óxido de cálcio como revestimento das casas, protegendo-as dos elementos e amparando o calor. Por isso, Caiado não precisa de legenda explicativa.

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Adega Mayor – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

O patrono destes vinhos é Manuel Rui Nabeiro, um homem do povo que fez fortuna com o negócio do café. Campo Maior é uma vila encostada a Espanha, nos tempos das fomes – problema endémico – saltava a fronteira e fazia pela vida, fugindo aos guardas. Hoje, tem a maior empresa de cafés do país, a Delta, que enfrentou e venceu a Nestlé, nas gamas comerciais. E a Delta Q que ganhou à Nespresso.

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Adega Mayor – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

O vinho está no sangue dos portugueses e Manuel Rui Nabeiro não é excepção. Em 1997 foram plantadas as primeiras videiras na Herdade da Godinha e em 2000 na Herdade das Argamassas. A adega, inaugurada em 2007, tem o traço de Álvaro Siza Vieira, arquitecto portuense e vencedor do Prémio Pritzker, em 1992 – o «Nobel» da Arquitectura.

Vinte anos não é muito, mas podem fazer-se balanços. Desde o começo, a Adega Mayor tem reconhecimento da crítica e dos consumidores. Em traços gerais o que se pode dizer: vinhos marcadamente alentejanos, em aromas e paladares, com frescura e com uma pujança tranquila – força e não brutalidade.

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Caiado branco – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Caiado Rosé – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Caiado tinto – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

O Caiado Branco 2014 está talhado para os comeres do Verão, como a sardinha assada e a salada com pepino e pimento. É um lote de antão vaz (40%), arinto (30%) e verdelho (30%).

O Caiado Rosé 2014 é um lote de aragonês (40%), castelão (50%) e touriga nacional (10%). Embora possa ir para a mesa para fazer dueto com pratos com especiarias (penso que peixe e marisco serão um pouco frágeis), o ideal é sábado à tarde ou dia de férias. O sol a pôr-se e enquanto se não começa a jantar…

O Caiado Tinto 2014 tem a «bizarria» do cabernet sauvignon. Penso que a casta não das que melhor se mostrem em Portugal, apesar de alguns tintos icónicos. Aqui (20%) dá malícia ao aragonês (50%) e trincadeira (30%). Malícia, porque achei inesperado.

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Monte Mayor branco – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Monte Mayor Reserva tinto – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Solista Verdelho – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

Monte Mayor Branco 2014 fez-se com antão vaz (30%), arinto (20%) e verdelho (50%). Tenho o problema de não gostar (há poucas excepções) da casta antão vaz. Põe-se a questão do «gostar» e do «ser bom», que são diferentes, conjugada com o dever de rigor e de verdade, para com quem lê. É um vinho que não tem defeito, mas por via desse aspecto pessoal tenho dificuldade em ficar empolgado. Em síntese: a antão vaz é provavelmente a variedade branca mais emblemática do Alentejo e este vinho tem todas as características para acompanhar as comidas mais leves que o Verão exige. Não fosse uma mais-valia, esta uva não faria parte dos lotes de «todos» os produtores alentejanos.

Monte Mayor Reserva Tinto 2013 exige comida com mais lume. É um vinho robusto, não é bruto. Os 14,5% de álcool aconselham prudência, até porque «engana» um bocadinho. Exceptuando a Lapónia, beberia este vinho no Outono noutra qualquer latitude. É um lote de alicante bouschet (30%), aragonês (40%) e touriga nacional (30%).

Guardei para último um «brinquedo», o Solista Verdelho 2014. Este é manganão, com os 14% de álcool e a surgir descontraído a assobiar… É felizmente fácil. É fruição. É Verão!

Contactos
Herdade da Argamassas, 7370-171
Campo Maior – Portugal
Tel: (+351) 268 699 440
Fax: (+351) 268 699 441
E-mail: geral@adegamayor.pt
Website: www.adegamayor.pt

Quinta de La Rosa – vinhos concentrados e elegantes

Texto João Barbosa

A família Bergvist chegou a Portugal para produzir pasta de papel, a partir da madeira de pinheiro, instando-se em Albergaria da Serra, junto Rio Caima, perto de Constância, banhada pelo Tejo. Mais tarde passaria a utilizar o eucalipto.

O engenheiro sueco D. E. Bergqvist depressa aprendeu onde fica a cidade do Porto, vindo a casar-se com Claire Feueheerd, proveniente duma família no negócio do Vinho do Porto desde 1815. A Quinta de La Rosa, junto ao Pinhão, foi dada presente pelo técnico à sua apaixonada.

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Quinta de La Rosa – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

A data de 1815 é importante, pois foi é a data da Batalha de Waterloo e do fim do império de Napoleão. O antepassado Feueheerd veio para a cidade Porto, uma vez que precisava de reconstruir a vida, visto ter estado do lado do imperador francês enquanto político da cidade livre hanseática de Bremen. Curiosamente chegou a um país que lutou contra França e instalou-se numa cidade com forte presença inglesa nos negócios.

A propriedade chamava-se Quinta dos Bateiros e do outro lado fica a Quinta das Bateiras e um presente deve ser único, nomeadamente no nome. Porquê La Rosa? Sim, uma propriedade no Douro com um nome castelhano? Para mais com as diferentes origens da família… É que o pai de Sophia Bergqvist – que hoje dirige o negócio – tinha uma marca de Xerez chamada La Rosa. Ainda assim devo sublinhar que o artigo «La» foi usado durante séculos em português, como a famosa nau «Flor de La Mar» que se afundou com um enorme tesouro, em 1512.

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Sophia e Tim Bergqvist – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

É um passado distante, que daria para horas. A história recente da Quinta de La Rosa tem um marco no ano de 1988, quando produziu o seu primeiro vinho. Até essa data, os Bergqvist vendiam as uvas à Sandeman, um negócio iniciado em 1938. Apenas em 1985 é que o Vinho do Porto passou a poder estagiar no Douro, deixando de ser obrigatório fazê-lo em Gaia. Mas «o primeiro vinho a sério foi em 1991», diz Sophia Bergqvist.

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As vinhas íngremes – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

A Quinta de La Rosa é muito íngreme e com diferentes exposições solares. A conjugação dos factores luz, temperatura e altitude contribuem para a complexidade dos seus vinhos. Jorge Moreira, o enólogo, garante que ali os vinhos só podem sair muito concentrados, pois é a natureza que o impõe.

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Jorge Moreira – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

Penso que os tintos saem beneficiados, embora os brancos não deixem de ser de grande qualidade. O Quinta de La Rosa Branco 2014 traduz-se em mineralidade e notas de casca de limão verde e de pêra pouco madura. É um lote de gouveio, rabigato, malvasia, viosinho e códega de larinho.

O Quinta de La Rosa Branco Reserva 2014 é mais potente e exige comida na mesa. É bem seco e fresco, dominando os aromas de limão e tangerina, com notas abaunilhadas. Aqui, o carácter mineral é menos evidente. As castas são as mesmas do anterior.

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Quinta de La Rosa branco – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa branco Reserva – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa Rosé – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

O Quinta de La Rosa Rosé 2014 ficou aquém do que esperava. A soma das uvas de touriga nacional, touriga franca, tinta barroca e tinta roriz não transmitiram o Douro. Não sendo pesado, os 13,5% de álcool tornam-no contra-indicado para o almoço.

Os primeiros vinhos que conheci da Quinta de La Rosa foram os tintos e logo me apaixonei. Penso que estão uns socalcos acima dos brancos e bem acima do rosado. O douROSA Tinto 2013 é um retrato do Douro que mais gosto, com a terra de xisto e as ervas bravias secas. É seco sem ser austero e fez-se com touriga nacional, touriga franca, tinta barroca e tinta roriz.

O Quinta de La Rosa Tinto 2012 partilha esses traços identitários com o anterior e acrescenta alfarroba, menta, pimenta branca. É longo na boca. Um belíssimo vinho.

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douROSA tinto – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa tinto – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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La Rosa Reserva tinto – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa Vintage Port – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

Um grande vinho – mesmo grande – é o La Rosa Reserva Tinto 2012. Tem tudo o que se pode esperar da região, desde a mineralidade do xisto, às cerejas, framboesas, geleia de morango, gomas pretas e chocolatinhos After Eight. Taninos muito agradáveis, vai como veludo. É fresco… e são 14,5% de álcool. Quase todo de touriga nacional, com uma parte de touriga franca.

O Quinta de La Rosa Port Vintage 2012 ainda está fechado, vai revelando alfarroba, cereja e um ramalhete de notas florais ainda pouco nítidas. É untuoso e vai longo. Dêem-lhe uns anos.

Contactos
Quinta de la Rosa
5085-215 Pinhão
Portugal
Tel: (+351) 254 732 254
Fax: (+351) 254 732 346
E-mail:holidays@quintadelarosa.com
Website: www.quintadelarosa.com

Vinhos Tiago Cabaço – tão jovem e já…

Texto João Barbosa

Entre as várias diferenças entre as mulheres e os homens, a estética dos corpos é das mais divertidas, porque opostas. As senhoras vivem aterrorizadas com a linha, podem ser magras, mas os espelhos dizem-lhe que estão mais volumosas. Os homens podem até estar balofos que o reflexo é sempre o Tarzan representado por John Weissmuller.

Uma outra diferença, ainda no mesmo âmbito, é a da idade: as senhoras tendem a ter a noção do passar dos anos, adoptam as suas estratégias para se sentirem confortáveis. Os cavalheiros, não fossem as «repentinas», «invulgares, «inexplicáveis» e «singulares» dores de burro, pensam terem sempre dez anos e aptos a jogar futebol – obviamente que Cristiano Ronaldo apenas dá uns toques quando comparado com o Homo Sapiens sapiens masculino.

Não sou excepção. Quando conheci Tiago Cabaço achei-o jovem. Até aí, tudo ok. O problema é que trouxe-me à memória uma refeição espantosa no restaurante da sua mãe, o São Rosas, em Estremoz. Agora a memória tem um lapso: estive lá no primeiro ou no segundo dia de aberto… em 1994!

– Meu Deus! Estou velho!

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Tiago Cabaço Wines © Blend All About Wine, Lda

O Tiago Cabaço tem 33 anos, portanto quando lá fui deveria estar a dar chutos numa bola de futebol, provavelmente sonhando em ser o Luís Figo – quanto a mim, o melhor jogador português de sempre, com o devido respeito ao Senhor Dom Eusébio da Silva Ferreira, o Pantera Negra.

Conta que os amigos mais próximos viviam a 3,5 quilómetros de distância, pelo que a infância viveu-a com os trabalhadores da casa que, muitas vezes, depois dum dia cansativo, jogavam futebol com ele. É claro, Tiago Cabaço tem hoje mais uns dez centímetros de altura do que eu… Bem, vamos ao vinho.

Começou a «trabalhar», a enfardar palha, com seis anos, ganhava 2.000 escudos por dia (dez euros, correspondentes a 27,5 euros, após actualização com base coeficiente de desvalorização de moeda, cálculo oficial fornecido pelo Ministério das Finanças). Aos 14 anos tornou-se piloto de motas, tendo ganho campeonatos, vindo a abandonar em 2003.

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Tonéis © Blend All About Wine, Lda

Entrou no negócio do vinho em 2000, distribuindo a produção da família, o Monte dos Cabaços, feitos na Herdade de Trocaleite. Por considerar que faltavam referências na oferta, decidiu avançar como vitivinicultor. A primeira obra em 2006, referente à vindima de 2004. Foram 50.000 garrafas, hoje são 500.000, devendo este ano alcançar as 600.000 – a capacidade máxima da adega.

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Barricas © Blend All About Wine, Lda

«Os vinhos fazem-se no campo» – defende Tiago Cabaço, que quer intervenções mínimas na adega. O objectivo é sempre o cume, uvas para fazer os Blog. Será depois Susana Estebán, a enóloga, decidido o que fazer com o quê. «Nunca foi usado ácido para corrigir um vinho» – garante.

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Vinhas © Blend All About Wine, Lda

Conta que cresceu numa propriedade sem electricidade, gás nem água canalizada, onde estava já plantada vinha. Dos primeiros três hectares de alicante bouschet, em 2006, passou para 82 hectares, de alvarinho, antão vaz, arinto, encruzado, gouveio, marsanne, roupeiro, sauvignon blanc, verdelho (da Madeira), verdejo (de Rueda) e viosinho, nas brancas e as tintas, alicante bouschet, aragonês, cabernet sauvignon, petit syrah, petit verdot, syrah touriga nacional e trincadeira. Faz 17 referências, incluindo uma marca branca para a cadeia de supermercados Pingo Doce. Em breve haverá uma novidade fora do vinho… pediu segredo! Mais tarde contarei.

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© Blend All About Wine, Lda

Os solos da propriedade são franco-argilosos e xistosos (30%). As uvas brancas vão sobretudo para o chão de xisto. A rega abrange 60% da plantação, mas não acontece mais do que duas vezes no ano. No tempo do pintor – quando as uvas passam de verdes a amarelas ou roxas – é fornecida alguma água, momento que se de faz uma monda de cachos, pois «se for mais cedo, o bago fica maior» – esclarece o produtor. Uma ligeira rega poderá ser realizada no final da mudança de coloração.

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Mesa de Prova © Blend All About Wine, Lda

As marcas mais emblemáticas ligam-se a designações da internet: blog, .Com e .Beb. Vamos então a eles.

O .Com Branco 2014 foi feito com as castas antão vaz, verdelho (da Madeira) e viognier. É um vinho descontraído. Por força de não ser apreciador da casta antão vaz – raramente tiro algum prazer de néctares em que faz parte – não lhe vejo grande interesse. Mas esse é um problema meu. A verdade é que a generalidade dos consumidores aprecia, ou não fosse tão plantada no Alentejo.

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Tiago Cabaço Wines © Blend All About Wine, Lda

Tiago Cabaço Encruzado 2013 foi a estreia da assinatura. O produtor disse ser muito reticente em dar o seu nome a um vinho, mas a pressão, criada com a notoriedade, levaram-no a ceder. Um vinho com esta casta branca do Dão é uma homenagem ao pai, que a plantou pela primeira vez no Alentejo – garante o vitivinicultor. É um vinho curioso, diferente dos que se fazem na sua região de origem, mas que mantém o carácter fresco e transmissão da mineralidade do solo.

Tiago Cabaço Vinhas Velhas 2013 é um lote de antão vaz, arinto e roupeiro. Muito fresco, em que o uso de estágio em madeira não danifica a natureza, nomeadamente a tangerina. É uma dança de doce e amargo bastante agradável, termina com secura suave.

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Tiago Cabaço Wines © Blend All About Wine, Lda

O .Com Premium Rosé 2014 é filho de uvas de touriga nacional e uma boa aposta para quem aprecia rosados. Mostra-se no olfacto frutado e floral: líchias (fruta de aroma floral), limão (casca), amoras pouco maduras e violetas – aroma típico da casta cultivada no Dão e que nem sempre manifesta noutras paragens). Na boca é mineral, seco e que pede comida delicada, mas pode ir só para participar nas conversas de amigos.

O .Com Premium 2013 tem o aroma da casta no Alentejo; mais próximo de doce de amora ou groselha. É suave, fácil – muito fácil – de se gostar. Resulta da junção de uvas de alicante bouschet, aragonês, touriga nacional e trincadeira. Não o aconselho para o tempo do calor.

Tiago Cabaço Vinhas Velhas Tinto 2013 é muito alentejano. Como definir um vinho alentejano? Dizendo que é alentejano! Belo!

O Blog Alicante Bouschet + Syrah 2011 é macio e escorregadio, pela frescura. Não é delicado, é fidalgo. Podia mandar servi-lo num restaurante com finesse, quando fosse pedir a namorada em casamento. E promete vida longa, como se deseja no amor.

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Blog ’12 by Tigo Cabaço © Blend All About Wine, Lda

Já o Blog Alicante Bouschet + Syrah 2012 é mais complexo, necessita de mais tempo para ver a luz do dia (ou da noite). É duro, com fibra… Este oferecia-o ao médico que me operou durante 12 horas… Não fui operado.

De todos que provei, o Tiago Cabaço alicante bouschet 2011 foi o que me agarrou e não deixou fugir. É complicado defini-lo em termos aromáticos, tem fruta, chocolate, minério, vegetal e especiarias… não uma de cada… ficava aqui até amanhã a debitar descritores. A boca é igualmente complexa… Sou uma pessoa das artes e a imaginação leva-me, muitas vezes, para… levava-o para uma reunião secreta, numa sala em penumbra, chamando fantasmas. Um espaço feito de pedra, móveis pesados de excelentes madeiras das antigas colónias ultramarinas, pesadas tapeçarias renascentistas e quadros da Escola Framenga do século XVII. Não é pesado, é «simbólico e ritualístico». Viverá até usar bengala. É polido, seco… Uma grande descoberta!

Contactos
Tiago Cabaço Wines
Fonte do Alqueive, Mártires
Apartado 123
7100-148 Estremoz
Tel: (+351) 268 323 233
Email: geral@tiagocabacowines.com
Website: www.tiagocabacowines.com

Os tintos da Herdade da Farizoa

Texto João Barbosa

A Companhia das Quintas, não sendo um gigante do negócio em Portugal, tem um leque de propriedades espalhadas por diferentes regiões. De cima para baixo: Quinta da Fronteira (Douro), Quinta do Cardo (Beira Interior), Quinta de Pancas (Lisboa) e Herdade da Farizoa (Alentejo).

Possivelmente, o território no Alentejano seja o menos conhecido. A Quinta de Pancas tem já uma longa vida como referência no panorama português, a Quinta do Cardo é um caso raro de reconhecimento de vinhos da sua região, a Quinta de Fronteira está no mediático Douro e a Herdade da Farizoa, embora na região portuguesa de maior sucesso de vendas, tem mais competidores de dimensão.

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Heradade da Farizoa – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

A Herdade da Farizoa foi comprada em 2000 e a adega construída no ano seguinte. Uma característica não muito comum: não se fazem brancos. O pomar de videiras é composto por alicante bouschet (oito hectares), alfrocheiro (quatro hectares), aragonês (15 hectares), cabernet sauvignon (6,5 hectares), syrah (5,5 hectares), touriga franca (menos de um hectare), touriga nacional (6,5 hectares) e trincadeira (dez hectares). Havia dois hectares com tinta caiada, que foram arrancados. Encontram-se em pousio para virem a ser cultivados com alicante bouschet.

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Heradade da Farizoa – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

A vinha ocupa uma pequena parte da propriedade – pequena para o padrão alentejano, com 156 hectares. O espaço está arrendado e é dominado por montados, de sobro e azinho, e pastagens. Existem um olival de quatro hectares. O solo é uma mistura de argila, mármore e xisto. Situa-se no concelho de Elvas e dentro da demarcação de Borba.

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Heradade da Farizoa – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

A empresa tem vindo a realizar uma reestruturação, inicialmente apenas de actividades administrativas e comerciais. A saída dos enólogos Nuno do Ó, que abraçou negócio por sua conta, e de João Corrêa, por doença, levou à contratação de Frederico Vilar Gomes para dirigir as operações de campo e enologia. É jovem e já confirmado como um dos melhores técnicos do país.

Sangue novo que trouxe inovação, alguma com um certo risco. Há liberdade para experiências. Frederico Vilar Gomes atribui responsabilidade e liberdade aos enólogos residentes em cada propriedade, pois são eles, melhor do que ninguém, a conhecer o terreno, o ambiente e as uvas. Visitei uma outra propriedade e provei uma amostra… as opiniões dividiram-se, mas se o técnico da quinta acredita, então que se faça o ensaio.

Na Herdade da Farizoa é Joaquim Mendes quem manda. Ali fazem-se os Portas da Herdade, Herdade da Farizoa, Herdade da Farizoa Reserva e Herdade da Farizoa Grande Reserva (anteriormente designado por Grande Escolha).

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Portas da Herdade – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

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Heradade da Farizoa – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

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Heradade da Farizoa Reserva – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

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Heradade da Farizoa Grande Reserva – Foto Cedida por Herdade da Farizoa | Todos os Direitos Reservados

O Portas da Herdade 2014 é uma aposta segura para os dias ao ar livre, acompanhando bem carnes greladas. É macio e escorregadio. É um lote de alicante bouschet (5%), aragonês (40%) sirah (15%) e trincadeira (15%).

O Herdade da Farizoa também alinha pela juventude e fruta, mais guloso que o anterior. Aragonês (50%), syrah (30%) e touriga nacional (20%) mostram-se bem casadas. Vai bem com os grelhados, mas massas também resultam.

O Herdade da Farizoa Reserva 2010 é um alentejano feito com touriga nacional (67%) e syrah (33%). É mais uma prova da plasticidade da casta portuguesa e da boa adaptabilidade da francesa. Ponho-o na mesa no Outono, com comidas mais fortes, mas madrugadoras face ao Inverno.

O Herdade da Farizoa Grande Escolha 2009 é um vinho que me surpreendeu. Sendo o Alentejo uma região quente e embora esta propriedade empreste frescura, a vivacidade ultrapassou as minhas expectativas. Sem marca de oxidação, com aromas de menta, restolho de trigo, pimenta branca e rosas secas. Chega com doçura e finaliza seco.

O Herdade da Farizoa Grande Reserva 2012 traz feições do mano mais velho, como a menta e o restolho do trigo. Para quem tem sangue alentejano, como eu, o perfume da lenha de azinho dá grande conforto. Somem-se-lhe pitadas de noz-moscada e erva-doce. Na boca mostra amoras e mirtilos, terra seca, cacau. Tem estrutura e fibra, mas sem bruteza. Não vem tão doce quanto o anterior e termina seco. Este é um lote de syrah (75%) e touriga nacional (25%).

Contactos
Herdade da Farizoa
7350-491 Terrugem
Tel: (+351) 268 657 552 | (+351) 93 80 90 518
Fax: (+351) 268 107 190