Quinta de Santiago Um Royal Flush da Vasques de Carvalho

Adega Mayor: Três Caiados, Monte Mayor e Solista

Texto João Barbosa

Escolher um nome tem muito do que se lhe diga. Hoje, uma minha bisavó não seria baptizada com 11 nomes para acabar por ser tratada por um diminutivo. No domínio das marcas a tarefa não é menos complicada.

Apresentar um produto tradicional com uma designação que evoque a região, seja facilmente memorizável, agradável ao ouvido e não atrapalhe a pronunciação noutros idiomas exige concentração.

A marca Caiado é certeira. Caiar significa pintar com cal, uma tinta simples e barata feita com calcário e água. A imagem do Alentejo e do Algarve brancos deve-se à aplicação do óxido de cálcio como revestimento das casas, protegendo-as dos elementos e amparando o calor. Por isso, Caiado não precisa de legenda explicativa.

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Adega Mayor – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

O patrono destes vinhos é Manuel Rui Nabeiro, um homem do povo que fez fortuna com o negócio do café. Campo Maior é uma vila encostada a Espanha, nos tempos das fomes – problema endémico – saltava a fronteira e fazia pela vida, fugindo aos guardas. Hoje, tem a maior empresa de cafés do país, a Delta, que enfrentou e venceu a Nestlé, nas gamas comerciais. E a Delta Q que ganhou à Nespresso.

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Adega Mayor – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

O vinho está no sangue dos portugueses e Manuel Rui Nabeiro não é excepção. Em 1997 foram plantadas as primeiras videiras na Herdade da Godinha e em 2000 na Herdade das Argamassas. A adega, inaugurada em 2007, tem o traço de Álvaro Siza Vieira, arquitecto portuense e vencedor do Prémio Pritzker, em 1992 – o «Nobel» da Arquitectura.

Vinte anos não é muito, mas podem fazer-se balanços. Desde o começo, a Adega Mayor tem reconhecimento da crítica e dos consumidores. Em traços gerais o que se pode dizer: vinhos marcadamente alentejanos, em aromas e paladares, com frescura e com uma pujança tranquila – força e não brutalidade.

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Caiado branco – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Caiado Rosé – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Caiado tinto – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

O Caiado Branco 2014 está talhado para os comeres do Verão, como a sardinha assada e a salada com pepino e pimento. É um lote de antão vaz (40%), arinto (30%) e verdelho (30%).

O Caiado Rosé 2014 é um lote de aragonês (40%), castelão (50%) e touriga nacional (10%). Embora possa ir para a mesa para fazer dueto com pratos com especiarias (penso que peixe e marisco serão um pouco frágeis), o ideal é sábado à tarde ou dia de férias. O sol a pôr-se e enquanto se não começa a jantar…

O Caiado Tinto 2014 tem a «bizarria» do cabernet sauvignon. Penso que a casta não das que melhor se mostrem em Portugal, apesar de alguns tintos icónicos. Aqui (20%) dá malícia ao aragonês (50%) e trincadeira (30%). Malícia, porque achei inesperado.

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Monte Mayor branco – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Monte Mayor Reserva tinto – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

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Solista Verdelho – Foto Cedida por Adega Mayor | Todos os Direitos Reservados

Monte Mayor Branco 2014 fez-se com antão vaz (30%), arinto (20%) e verdelho (50%). Tenho o problema de não gostar (há poucas excepções) da casta antão vaz. Põe-se a questão do «gostar» e do «ser bom», que são diferentes, conjugada com o dever de rigor e de verdade, para com quem lê. É um vinho que não tem defeito, mas por via desse aspecto pessoal tenho dificuldade em ficar empolgado. Em síntese: a antão vaz é provavelmente a variedade branca mais emblemática do Alentejo e este vinho tem todas as características para acompanhar as comidas mais leves que o Verão exige. Não fosse uma mais-valia, esta uva não faria parte dos lotes de «todos» os produtores alentejanos.

Monte Mayor Reserva Tinto 2013 exige comida com mais lume. É um vinho robusto, não é bruto. Os 14,5% de álcool aconselham prudência, até porque «engana» um bocadinho. Exceptuando a Lapónia, beberia este vinho no Outono noutra qualquer latitude. É um lote de alicante bouschet (30%), aragonês (40%) e touriga nacional (30%).

Guardei para último um «brinquedo», o Solista Verdelho 2014. Este é manganão, com os 14% de álcool e a surgir descontraído a assobiar… É felizmente fácil. É fruição. É Verão!

Contactos
Herdade da Argamassas, 7370-171
Campo Maior – Portugal
Tel: (+351) 268 699 440
Fax: (+351) 268 699 441
E-mail: geral@adegamayor.pt
Website: www.adegamayor.pt

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