Contra todas as expectativas Herdade do Mouchão

Vins de Soif: Os Super-Sofisticados Vinhos Quotidianos de Portugal na Moda

Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Ferreira

Os vinhos de Tiago Teles não poderiam encontrar maior contraste do que o EXPLICIT tinto, the subject of my last post.  Não foi surpresa nenhuma para mim que Teles tivesse sido influenciado pelas suas últimas viagens a Beaujolais e à Borgonha. Os vinhos tintos de 2013, Gilda e Maria da Graça, são tão perfumados e femininos quanto os EXPLICT tintos são musculados e masculinos. Os níveis de álcool são pólos opostos! O EXPLICIT 2012 com 15.5%, o Maria da Graça 2013 com 11%.

Qual dos estilos gosto mais? Na verdade, gosto dos dois. Como Dave Powell, fundador da Torbreck Wines (produtor de ousada alta octanagem, mas sempre equilibrada, belezas de Barossa) uma vez memoravelmente me disse. “não significa que queira comer bife todas as noites”.

Para mim, um dos aspectos mais excitantes do vinho é a diversidade de estilos. Com um número vertiginoso de variáveis associadas ao terroir, castas, vindimas e vinificação, apreciar o vinho é excitante, uma aventura interminável. Na verdade, agora que penso nisso, reconheço que os tintos de Teles são ambos estreias para mim. Acho que nunca tinha provado nem um lote de Merlot, Tinta Barroca e Tinta Cão, nem um lote de Alfrocheiro e Alicante Bouschet.

Contudo, como Teles realçou na entrevista do ano passado, as castas são menos importantes do que a origem e, sem dúvida, ambos os tintos, como ele diz “transmitem exactamente o perfil calcário e frio da Bairrada”. Quase se pode sentir o frio dos ventos do Noroeste Atlântico desta região costeira e o barro húmido sob os seus solos calcários.

Em Londres, a intervenção mínima de Teles, o estilo “vin de soif” (leve, fresco, de matar a sede, baixo teor alcoólico) é actualmente moda nos bares de vinhos e lojas independentes que surgiram na minha freguesia, em Hackney. Se este estilo lhe for apelativo, da próxima vez que for a Londres faça um percurso por estes sítios, Trangallán, Brawn, Sager & Wilde, Rawduck, Primeur, VerdenNoble Fine Liquor, Bottle Apostle e Borough Wines.

Aqui estão as minhas notas sobre os tintos 2013 de Teles:

Tiago Teles Gilda 2013 (Bairrada)

Este lote de Merlot, Tinta Barroca e Tinta Cão vem de solos argilosos e calcários. As uvas foram colhidas na segunda semana de Setembro. O tom pálido de carmesim/rubi revela o delicado estilo vin de soif. Nariz fresco e vivo, o palato revela jorros suculentos e brilhantes de ameixas e framboesas acabadas de apanhar – adorável pureza de frutas e animação. Ao abrir, notas de tabaco e especiarias aumentam o interesse. Taninos gentilmente agitados conferem textura e prolongam um equilibrado e sereno final. 12.5%

Tiago Teles Maria da Graça (Vinho do Portugal 2013)

A Alicante Bouschet tem polpa roxo escuro (a maior parte das uvas tintas tem polpa vermelha). Os seus pigmentos mancham as folhas das vinhas e conferem uma tremenda profundidade, escura como tinta, aos vinhos, e no entanto este lote de Alicante Bouschet e Alfrocheiro ainda é mais pálido do que o Gilda. Sem madeira, também é mais delicado, ao estilo Beaujolais com os seus suaves taninos sedosos (para acompanhar peixe), perfume floral de peónia e frutos silvestres e suculentos. Delicado e fresco é delicosamente digerível e tem apenas 11%.

Aqui estão os três mais vivos “vin de soif” tintos Portugueses que eu recomendaria:

Campolargo Alvarelhão 2012 (Bairrada)

Feito por Raquel Carvalho, que também fez os vinhos de Teles, esta rara uva tinta produz um tinto muito perfumado, frutado, fresco com pimenta branca, violetas e a caruma levam-no aos seus tons de cereja amarga subtilmente carnuda e salgada. Uma massagem de taninos de fruta empresta uma aderência muito suave e atractiva. 12.5% abv

Filipa Pato & William Wouters Post Quercus Baga 2013 (Bairrada)

Este pálido vinho rubi é feito a partir das mesmas uvas Baga de vinha velha que o Pato’s Nossa Calcario. Contudo, ao contrário do Nossa, que é envelhecido em carvalho (quercus), este vinho foi envelhecido subterraneamente em duas ânforas de 300 litros. Ânforas porque, primeiro são feitas de barro – o solo da região (que de facto dá o nome à região). Em segundo porque o barro permite uma micro-oxigenação suave que, juntamente com uma abordagem não interventiva, de extração vis a vis (simplesmente passa por uma longa fermentação com as películas), é responsável pelos seus taninos suavemente finos. A fruta sempre bonita e pura – cereja vermelha, caroço de cereja e ameixa suculenta e, embora delicada, brilha intensamente, perdurando no palato. Adorável – um tinto para um dia alegre de verão num piquenique. 11.5% abv

Anselmo Mendes Pardusco 2012 (Vinho Verde)

Após o desengace e esmagamento, este lote de 40% Alvarelhão, 30% Borraçal, 25% Pedral e 5% Vinhão foi fermentado a frio durante 12 horas e prensado após apenas 12 de fermentação com as películas. É fresco, viçoso, seco e persistente com baga vermelha e cereja e um toque floral no final. Muito arredondado nos taninos, acidez e fruta, bebe-se extremamente bem para um Vinho Verde tinto. 12.5%

Contacts
1350-316 LisboaS. Condestável
Portugal
Email: tiagoteles@outlook.pt
Site: www.tiago-teles.pt

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