Texto José Silva
Num ambiente rural, em pleno vale do rio Pinhão, com vinhas por todo o lado, fez-se uma prova vertical dos vinhos da Quinta do Fojo. O acesso à quinta é difícil e o troço final fez-se a pé, apreciando melhor a beleza da propriedade e da casa rural. A casa foi construída para os proprietários acompanharem as vindimas, muito bem inserida na paisagem, com pormenores muito interessantes, que têm sido mantidos e preservados.
O arvoredo envolvente faz a ligação natural com as vinhas que circundam a casa, com um enorme terreiro de permeio, para usufruir refeições de verão, como foi o caso, ou para apreciar um copo de vinho ao final da tarde na contemplação do pôr do sol duriense.
Depois do ligeiro passeio, tomamos assento à mesa para a primeira prova vertical dos vinhos da Quinta do Fojo. E desfilaram pelos nossos copos as colheitas até agora existentes:
Vinha do Fojo 1996
Num ano de grande produção, apareceram vinhos muito interessantes, como este. Granada claro muito limpo, nariz elegante e requintado, cheio de perfume, bela acidez, ainda alguns frutos vermelhos, seco, refinado.
Fojo 1996
embora do mesmo ano tem uma atitude diferente, cor granada com laivos acastanhados, mais fechado, embora elegante e perfumado. Cheio, com bela estrutura, volumoso, óptimos taninos, muita fruta vermelha madura, longo, muito bom.
Fojo 1998
num ano diferente, um vinho diferente. Granada claro, elegante, nariz fantástico, requintado, mesmo perfumado e com algumas especiarias, fascinante. Envolvente e com acidez vibrante, taninos saborosos e belos frutos vermelhos, ligeiramente seco. Final imenso…
Fojo 1999
num ano difícil, um vinho muito interessante. Granada com laivos acastanhados, nariz elegante embora algo fechado, mas cheio de requinte, com notas ligeiramente mentoladas. Acidez equilibrada, ligeiramente seco, taninos persistentes, complexo, carnudo, com final longo.
Fojo 2000
em ano de muito bons vinhos, é vermelho granada intenso, nariz ainda fechado, profundo, requintado, muito elegante. Redondo mas seco, taninos poderosos a dar-lhe estrutura, frutos vermelhos ainda cheios de frescura, excelente acidez, um vinho cheio de juventude, para durar mais uns anos.
Fojo 2001
o primeiro ano do milenium revela belos vinhos como este. Granada médio, elegante, nariz intenso, cheio, com muita fruta vermelha. Elegante e com bela estrutura na boca, taninos seguros, acidez fantástica, ainda muitos frutos vermelhos, carnudo, com grande final.
O almoço que entretanto foi servido, teve a companhia de todos os seis vinhos em prova, o que permitiu fazer várias combinações e perceber a prestação de cada um, agora com companhia. Os vinhos são muito gastronómicos, estão cheios de saúde, ainda vão evoluir por muitos anos. Seguros, com perfil evidente, as diferenças apenas influenciadas pelos diferentes anos, e preparados com as uvas das vinhas velhas do Fojo, são belos investimentos como vinhos de guarda, e, felizmente, ainda estão disponíveis todas as colheitas.
O Douro em toda a sua plenitude.
Desde o início do projecto destes vinhos da Quinta do Fojo, o acompanhamento foi liderado pelo enólogo e amigo da casa, David Baverstock. Apenas na colheita de 2001 já não acompanhou a elaboração do vinho.
Houve entretanto uma paragem na produção destes vinhos, por opção dos proprietários, mas adivinha-se o regresso para breve, agora com a colaboração da jovem enóloga Rita Marques, uma confessa fã dos vinhos do Fojo. Juntamente com a proprietária, Margarida Serôdio Borges. É uma nova dupla de mulheres a dar cartas na produção de vinhos do Douro de excelência.
As vinhas velhas lá vão continuar a dar uvas fantásticas para os vinhos do Fojo…
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