Texto João Pedro de Carvalho
Comemoro a entrada no Verão com este branco, um puro Verdelho oriundo da ilha da Madeira, produzido pela Paixão do Vinho. Aquando da visita à Adega de São Vicente tive oportunidade de o provar ainda muito jovem mas a mostrar-se bastante promissor, tinha aquela austeridade dos solos de origem vulcânica em conjunto com toda a frescura Atlântica devido à grande proximidade das vinhas. Não foi o primeiro Verdelho que Filipe Santos lançou no mercado, mas depois de algumas colheitas de interregno saiu este novo exemplar com um novo rótulo.
Por aqui o calor chegou em força, da chuva passou-se num ápice para os quase 40ºC e as mudanças naquilo que se come e bebe por estas alturas fazem-se sentir. Os tintos ficam encostados e começa o espectável rodopio dos brancos e rosados, pontualmente algum espumante, mas sempre servidos bem frios com comida leve que a vontade de estar em frente ao fogão/grelha é pouca.
Já tinha colocado o dito vinho a refrescar e antes de decidir começar a cozinhar ainda o provei, apenas para me orientar no que iria preparar para o acompanhar. Na memória guardo um mítico Arroz de Lapas que comi na Madeira, mas limitado à oferta do local onde moro optei por fazer um prato típico da região do Algarve, o Arroz de Lingueirão. Enquanto o lingueirão ia cozendo até abrir as conchas, fui bebericando o copo que tinha servido, gosto de beber enquanto cozinho porque me permite enquanto entendo o vinho poder equilibrar o prato numa procura da melhor harmonia possível.
Os passos a seguir são básicos, depois de retirar o lingueirão das conchas, limpar, cortar em dois e reservar. Enquanto isso a cebola, alho, louro e azeite já devem estar a estrugir, quando assim for colocamos o tomate cortado aos pedaços e a polpa, deixamos fervilhar e juntamos a água onde ferveu o lingueirão. O toque do tomate é essencial para dar frescura ao prato em conjunto com a polpa que vai fazer parte do molho, aqui pede-se um vinho com estrutura e acidez suficientes para o acompanhar, depois é juntar o arroz e um momento antes de estar no ponto adicionar o lingueirão e finalizar com os coentros picados.
Este Verdelho que carrega com ele um ligeiro toque salino e uma fruta (citrino, maracujá) muito bem delineada e sem exageros de exuberância. O resultado é um branco com nervo e muito boa frescura a dar a entender que vai ser capaz de evoluir muito bem em garrafa. É notável a ligação que faz com pratos de peixe ou marisco nas mais variadas variantes, onde a acidez revigora o palato a cada gole. Já agora, aquele toque final de coentros é o verdadeiro toque de magia que potencia a ligação entre o vinho e o prato para uma outra dimensão de sensações e prazeres. Até dá gosto começar o Verão desta maneira.
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