Texto João Pedro de Carvalho
Quintas de Caiz é um projecto muito recente no panorama vínico nacional que fica enquadrado na região dos Vinhos Verdes. Fruto da paixão que a família Freitas tem pela terra e da vontade de criar algo distinto que fosse ao mesmo tempo um bom exemplo daquela região, mais propriamente daquelas encostas por onde serpenteia o rio Tâmega. Os três vinhos Encostas de Caiz provados, todos de 2014, daquela que foi a primeira colheita a ser colocada no mercado.
Vinhos irrequietos, com os nervos próprios de terem sido engarrafados muito recentemente quando me tinham chegado às mãos. Digo e repito que regra geral os vinhos oriundos desta região beneficiam quase sempre com um a dois anos de estágio em garrafa, aquele tempo mais que suficiente para deixarem os nervos de lado e quando se mostram estarem sem tremideiras ou faltas de memória. Com um arejamento prévio a coisa compôs-se e a prova foi bastante convincente da qualidade destes novos Encostas de Caiz.
O primeiro vinho provado foi o Encostas de Caiz Grande Escolha 2014, lote feito de Alvarinho e Loureiro. De todos o que menos disse, com o Loureiro completamente sequestrado pelo Alvarinho o conjunto precisa de tempo com tudo ainda muito tenso e em fase de afinação. Não obstante mostra-se envolto em frescura, com nervo suficiente para se poder desembrulhar à vontade num par de anos. Melhor o Encostas de Caiz Grande Escolha Alvarinho 2014, se bem que também este a mostrar que precisa de mais algum tempo em garrafa. Muito fresco e bem afiado nos aromas e sabores, conjunto bastante apertado, tenso e pouco ou nada tropical com domínio de frutos de pomar bem maduros embrulhados em frescura com nuances de flores e a austeridade mineral a dominar em pano de fundo.
Para o fim fica aquele que mais gostei, que mais agradou e que mais depressa desapareceu das garrafas, o Encostas de Caiz Grande Escolha Avesso 2014. Conquista no imediato pelo combo entre fruta ligeiramente exótica com toque de pêra e citrinos ao que se junta o aroma floral. Perfumado e convidativo mostra um fundo marcado pela mineralidade, muito boa capacidade de revitalizar o palato com pratos de gastronomia oriental onde o tempero mais forte costuma imperar. Neste caso todos os vinhos serviram para acompanhar umas belíssimas sardinhas assadas no carvão.
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