Qualidade, Rigor e…Un Petit Quelque Chose!
O nome da Quinta não é só Quinta Nova, como vulgarmente é conhecida, mas sim – Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Um nome um bocadinho grande, é certo, e que se prende sempre a algumas dúvidas e questões junto dos diferentes visitantes. Uma vez chegados à Quinta e olhando para a fachada da sua histórica adega, que exibe a data de 1764, todos os meus enoturistas – nomeadamente os brasileiros – invariavelmente perguntam como é que a Quinta se chama Quinta Nova se na realidade é do século XVIII?!
A resposta é simples. A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo nasceu na primeira metade do século XVIII, e é o resultado da junção de duas velhas quintas. Dessa junção de duas velhas quintas, surgiu uma nova quinta e daí o nome Quinta Nova. A designação Nossa Senhora do Carmo relaciona-se com a Santa Padroeira da capela localizada na propriedade junto à margem do rio Douro. Naquela perigosa zona do rio, os tripulantes dos barcos rabelos eram vítimas de frequentes naufrágios, suplicando pela protecção daquela santa. Assim, e na sequência de uma promessa dos mareantes, foi construída a pequena capela, albergando uma imagem em pedra daquela padroeira e renomeando a propriedade para Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.
Nas mãos da família Amorim desde 1999, esta propriedade é actualmente gerida pela 4ª geração da família, designadamente por Luísa Amorim. A Luísa é uma das grandes responsáveis pelo incremento do enoturismo no Douro e futuramente noutras regiões vitivinícolas nacionais também. A Quinta da Taboadella no Dão, iniciará a sua actividade em 2020 e será certamente uma lufada de ar fresco para uma região que necessita imenso de sangue novo, empreendedor e esclarecido. No entanto, as novidades não se ficarão por aqui. Outros projectos e outras regiões irão surgir em breve e disso darei futuramente a devida nota.
Desta vez irei apenas falar de 4 topos de gama da Quinta Nova. Tenho, desta feita, a minha tarefa completamente facilitada. Em breve sairão dois outros artigos, mas de momento, são mesmo os topos de gama disponíveis no mercado que prendem a minha atenção.
Antes de passar à descrição dos vinhos, impõe-se dizer que o enólogo da casa, o simpático e carismático Jorge Alves, foi este ano considerado o melhor enólogo do ano, ex-aequo com o seu amigo e sócio – Celso Pereira, pela Revista Vinho Grandes Escolhas.
QUINTA NOVA ROSÉ RESERVA 2017 (PVP +/- 17€)
Na cor apresenta-se de um rosa pálido, um tom a fugir para um salmonado intenso, à semelhança de muitos dos bons rosés franceses de La Provence. O seu aroma é complexo, com notas de pedra molhada, framboesas, groselhas e demais frutos silvestres. Notas a morangos frescos são também bastante evidentes. A sua prova de boca é uma mistura de frescura com sofisticação, fazendo dele um dos melhores rosés nacionais. Apresenta um corpo robusto, com uma acidez correcta, associado a uma delicadeza e um equilíbrio notáveis. Um rosé ambicioso, requintado e com forte cariz gastronómico, fazendo assim toda a diferença numa mesa que o mereça.
MIRABILIS BRANCO 2017 (PVP +/- 42€)
Com uma cor amarela cítrica intensa, este branco duriense revela uma enorme grandeza aromática. Laranja e flor de laranjeira no primeiro embate, pêssegos, nectarinas e damascos de seguida, passando por ligeiros e elegantes fumados e terminando com notas intensas de pedra molhada, revelando o seu enorme caracter mineral. A sua boca é absolutamente perfeita, revelando a presença de fruta de enorme qualidade, uma madeira delicadíssima e muitíssimo bem integrada, uma acidez al dente e um final longo e persistente. Não tenho receio nenhum de assumir que considero este MIRABILIS 2017, um dos melhores vinhos brancos nacionais de sempre!
QUINTA NOVA REFERÊNCIA 2016 (PVP +/- 50€)
Vinho produzido a partir da casta Tinta Roriz (75%) e Vinhas Velhas (25%). Nariz delicado, onde a fruta vermelha e algumas notas especiadas predominam. Notam-se, efectivamente, evidentes sensações de noz moscada, tomilho e pimenta preta. Na boca revela uma estrutura e um vigor, que se conjugam na perfeição com a clareza da fruta, a integração das notas fumadas e a acidez adequada. Elegância e equilíbrio são os dois adjectivos que melhor descreverão este vinho, com um final longo e persistente.
QUINTA NOVA GRANDE RESERVA 2016 (PVP: 50€)
Vinho onde impera a casta Touriga Nacional (75%) e Vinhas Velhas (25%). Mais fresco que o anterior, apresenta também uma maior definição aromática, com notas florais em evidência, cravinho e alguma fruta preta como mirtilos e amoras. Um vinho vivo, fresco e complexo. A elegância perdura na boca, onde uma textura sedosa é depois acompanhada por uma excelente acidez. Redondo e equilibrado, concentrado e fino, terminada de forma longa e focada.
Foi um privilégio ter podido participar na apresentação à imprensa destes vinhos, sempre acompanhados de notáveis iguarias e num espaço que deixa belíssimas memórias. Num mundo e sector cada vez mais competitivos, não basta saber fazer vinhos, é preciso também saber comunicá-los! Bravo Luísa Amorim –You Rock!
Olga Cardoso
*Texto inicialmente publicado no site Wine & Stuff
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