Texto João Pedro de Carvalho
A Bairrada está diferente, no reino da Baga surgem ventos de mudança com parte dos novos produtores a fugir ao registo mais tradicional que terá por sua vez afastado muito consumidor dos vinhos da região. Na verdade o perfil mais clássico da Bairrada nem sempre fácil não consegue cativar no imediato, é preciso na maioria dos casos tempo de guarda e isso é coisa que nos dias de hoje o consumidor não pretende fazer. Quem compra um vinho quer tirar todo o prazer o mais rapidamente possível, por isso é necessário oferecer vinhos mais prontos a beber cujo perfil seja mais adequado aos tempos modernos sem que a identidade/imagem da região saia beliscada.
São já poucos os que ainda se orgulham em manter aquele perfil mais clássico e que deu fama à região, enquanto outros enveredam com os seus vinhos por um caminho de diferentes aromas e sabores apostando em castas mais reconhecidas internacionalmente como Sauvignon Blanc, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir ou Cabernet Sauvignon, sem por isso deixarem de lado as tradicionais Bical, Arinto, Maria Gomes e Baga.
A marca Quinta do Ortigão surge no início do ano 2001 por decisão familiar, onde aliando o saber acumulado de três gerações se apetrechou com uma moderna e bem dimensionada adega. Tive a oportunidade de provar os dois últimos lançamentos deste produtor cujos vinhos são criados pelo reconhecido enólogo Osvaldo Amado.
Quinta do Ortigão Arinto/Bical 2014 é um vinho que se mostra muito preciso de aromas com especial destaque para a fruta que surge bem madura e muito limpa, citrinos e fruta de polpa branca, perfume floral a juntar-se ao travo mineral que domina todo o segundo plano. Já de si bastante agradável, no palato torna-se ainda mais convincente e prazenteiro, frescura acentuada sempre com uma estrutura bem firme, fazem a ligação perfeita com por exemplo, um spaghetti marinara.
Com a prova do Ortigão Reserva 2010 deixamos de ter um Bairrada e passamos a ter no copo um Regional Beira Atlântico; que estagiou 9 meses em barricas novas de carvalho Português. O resultado é um tinto muito apelativo, convidativo e fácil de se gostar. Com tudo muito bem arrumado nada destoa nem fica fora de contexto, fruta madura e saliente com toque de arredondamento conferido pela madeira. Na bonita complexidade que tem, acrescenta ainda um ligeiro travo vegetal na companhia de especiarias em fundo. Na boca o pendor gastronómico destaca-se ao primeiro sorvo, uma saudável e ligeira ponta de austeridade com fruta a explodir de sabor num final longo com boa dose de especiarias, onde a frescura está bem presente. Agradou a todos os que estavam à mesa fazendo muito boa ligação com uma clássica Shepherds’ pie.
Para mais vinhos da Quinta do Ortigão veja o artigo anterior do Ilkka’s Sírén aqui.
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Tel: (+351) 231 503 209
E-mail: allemos@quintadoortigao.com
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Site: www.quintadoortigao.com
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