Texto José Silva
É uma quinta cheia de história, que faz parte da história do vinho, pertencente à família Serpa Pimentel durante 4 gerações.
Os vinhos da quinta evoluíram imenso em meados do século passado, graças ao trabalho intenso do sr. eng. Eduardo Serpa Pimentel, avô da actual geração, com quem tive o prazer de provar várias vezes. Era um homem conhecedor, de mente aberta e fazia várias experiências nas vinhas durienses, de que recolhia ensinamentos que partilhava com quem o quisesse ouvir. Lembro alguns brancos que fez com castas como Rieseling e Gewurstraminer, coisas diferentes num Douro então ainda muito conservador. Os vinhos, esses, continuaram a fazer-se e chegaram à actualidade de boa saúde e recomendam-se. Estão mais modernos, mais acessíveis, diria mesmo mais apetecíveis e voltaram em força à prateleiras comerciais e à restauração, com imagem renovada, mais moderna, mas mantendo a classe dum nome bem conhecido. Graças também a novos investimentos que têm vindo a ser feito pelos novos proprietários – Maria do Céu Gonçalves e Paulo Pereira – empresários portugueses radicados em França, que compraram a maioria do capital da empresa e que agora a gerem juntamente com a família Serpa Pimentel.
Na vertente turística o restaurante e o hotel são já uma referência no Baixo Corgo e mesmo em todo o Douro, tal a qualidade da oferta.
Uma unidade muito bem integrada na velha arquitectura da quinta, com 15 quartos onde a beleza e o conforto são uma constante, com um serviço cuidado, impecável, também por isso mantendo uma taxa de ocupação elevada ao longo de todo o ano.
Numa sala de grande beleza, cheia de luz, funciona o restaurante onde, para além de deliciosos pequenos almoços, são servidas refeições com muita qualidade, preparadas com produtos portugueses e mesmo regionais, quando possível, em confecções simples e saborosas.
Na última visita apreciamos de entrada um folhado de alheira e espargos sobre cama de repolgas salteadas em azeite da Pacheca muito saboroso.
A que se seguiu um naco de novilho com cogumelo portobelo e risotto de salpicão de Vinhais, carne muito tenra e saborosa, cogumelo a saber a terra, carnudo e um risotto bem conseguido, com um produto muito português, o salpicão.
Para sobremesa uma delícia de café e queijo, com macarron de pistáchio, na companhia de panacota de frutos vermelhos, muito bem apresentado.
Estes paladares foram acompanhados pelo Pacheca Branco Colheita já de 2014, cheio de frescura e muito elegante, uma acidez intensa num lote de castas muito equilibrado, um belo vinho. Depois foi o tinto, também colheita mas de 2012, com boa fruta no nariz, equilibrado, bom volume de boca e óptima estrutura, a pedir comida. Para a sobremesa foi o Porto Vintage de 2012, ainda cheio de fruta no nariz, muito vivo, fresco, notas intensas de frutos pretos bem maduros, chocolate e tabaco, com uma bela complexidade, a augurar grande futuro.
Acabamos a noite com um Tawny novo, muito agradável, com aromas de frutos secos, boa estrutura, sedoso, intenso e com óptima acidez. Claro que ambos os Portos estavam refrescados…
De manhã foi um passeio pela adega com as suas grossas paredes de granito, mas sobretudo pela quinta e tudo o que está à volta, com o Douro logo ali adiante.
As vinhas, ainda nuas, à espera das temperaturas primaveris para abrolhar, têm uma beleza muito própria que não me canso de apreciar, estendem-se à beira do rio, e vão pela encosta acima.
As várias casas da quinta, que respiram antiguidade, continuam a receber-nos com dignidade.
Os largos e as alamedas da quinta sugerem passeios retemperantes para apreciar toda aquela beleza, num vale que se estende até ao rio Douro.
Os vinhos, esses, repousam na adega até serem consumidos…
Contacts
Quinta da Pacheca
Cambres – 5110-424 Lamego
Portugal
Tel: (+351) 254 331 229
Fax: (+351) 254 318 380
Website: www.quintadapacheca.com
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