Texto José Silva
Foram dois dias a comemorar uma data de grande importância para o Douro e para a Ramos Pinto: os 25 anos dos vinhos Duas Quintas. (João Pedro de Carvalho também escreveu um artigo sobre este tópico, leia aqui)
A que se juntaram outras duas datas que também mereceram celebração: o fim das vindimas na Ramos Pinto e a jubilação de João Nicolau e Almeida, quer como director de enologia, quer como administrador delegado da empresa, depois de 40 anos de trabalho intenso e dedicado.
Nas instalações da Ramos Pinto em Gaia, depois da chegada dos convidados nacionais e estrangeiros, teve lugar uma prova muito bem organizada de 23 brancos Duas Quintas, entre clássicos e reservas. Os vinhos apresentaram-se em grande forma, a revelar uma evolução extraordinária em garrafa. O mais antigo, de 1994, apresentava um amarelo intenso, muito limpo, com nariz suave e aveludado e deliciosas notas de evolução. Grande complexidade, boa estrutura, com uma acidez incrível, fino e muito elegante, um belo vinho. O mais recente, de 2014, apresentou uma cor citrina muito clara e é uma explosão de aromas de fruta no nariz, ligeiramente floral, muito jovem. Fresco, acidez intensa, cheio de fruta madura, seco, exótico, a pedir comida. O 2014 Reserva também é amarelo citrino, muito elegante. Aromas intensos de fruta madura, ligeiras notas vegetais, com uma complexidade deliciosa. Intenso, grande equilíbrio entre a fruta e as notas vegetais, exótico, seco e com grande acidez, a prometer grande evolução. Um reserva moderno.
Depois foi a visita divertida ao museu da Ramos Pinto, que ajuda a entender a filosofia do seu fundador, cujo espírito se mantém em toda a empresa até ao presente.
Seguiu-se um óptimo almoço, na companhia de alguns dos vinhos provados e lá fomos até ao Douro, em passeio tranquilo.
Chegados à quinta do Bom Retiro, foi a surpresa da festa das vindimas, com direito a petiscos, o vinho a escorrer pelos copos e até um grupo de música a tocar num palco bem montado. A coisa prometia!
E veio outra surpresa, esta para João Nicolau de Almeida: um palanque com a representação da garrafa do Duas Quintas alusiva aos 25 anos e os cantares populares com versos dedicados à historia da empresa e ao homem, colega, companheiro e amigo que agora se vai retirar. O João fartou-se de agradecer, muito emocionado. Não faltaram os seus filhos e até os netos.
Enquanto a festa continuava cá fora, apreciamos um óptimo jantar e de seguida acompanhamos a última lagarada, com os pisadores a trabalharem os mostos em dois lagares de granito, para vinho do Porto.
No dia seguinte uma chuva ligeira fez-nos companhia, mas não retirou o ânimo de todos para uma prova épica de 23 tintos, entre clássicos e reservas.
Os vinhos estavam ali, decantados, e nós servíamo-nos à vontade, orientando a prova como entendêssemos, com tempo para apreciar.
O mais antigo, de 1990, dum rubi claro, já não vai evoluir mais, mas ainda assim apresentou um nariz fantástico, elegante, sedoso, perfumado. Na boca está muito equilibrado, suave, taninos muito maduros, um senhor idoso mas com muita classe. O mais recente, de 2013, é granada muito escuro, carregado. Aromas florais, violetas, urze e notas de framboesa. Na boca é intenso, ainda austero, com notas florais, taninos poderosos e óptima acidez. Apesar disso já tem o perfil de elegância que lhes é característico. O mais velho dos reservas, de 1992, é um vinho extraordinário, duma cor rubi intensa, muito limpo. Nariz cheio de souplesse e elegância, com notas suaves de madeira e fumo. Na boca é muito fino, com taninos muito maduros, notas de tabaco, final sedoso muito longo. Grande vinho!
Seguiu-se um almoço volante, servido no alpendre da casa, com muitas vinhas ao fundo e a morfologia do Douro por companhia.
Quem quis voltou aos brancos e no final bebeu-se vinho do Porto e cantaram-se os parabéns. Acabara de se virar uma página na longa história dos vinhos do Douro.
De regresso a casa, passaram-me pela memória algumas das histórias divertidas do João Nicolau de Almeida, com o seu sorriso franco e contagiante.
Assim adormeci no autocarro…
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