Texto João Barbosa
Boa noite, bem-vindos a minha casa. Sentem-se, que já vos sirvo o vinho. Hoje jantamos na sala. Estou com groove.
– Estamos todos!
– Na sala?! O betinho emaluqueceu!
– Cala-te, Pedro. Deixa-me acabar. Estou com groove e…
– Estamos todos!
– Bem, se agora responderam em coro… vou amuar e dançar até à cozinha para trazer uns aperitivos. Ainda bem que a boa-onda é geral.
[Regressado à sala]
– Ainda ninguém pôs música?! Querem que me zangue? Temos três vinhos para hoje… e têm uma lógica. Vão numa sequência… Pim! Pam! Pum!
[Todos a dançar a música «You never can tell», de Chuck Berry… Pulp Fiction].
– Ena, ainda agora começou a festa e já o tapete está todo pingado de tinto… yuuuuupiiiiiii!
– O que estamos a beber?
– Hot Lips 2012. Deixa-me mudar a música… «Why don’t you do right», pela Katherine Turner… [«Quem tramou Roger Rabbit»].
– Roger Rabbit! Mas conta mais do vinho…
– É tinto…
– Ya!
– Isso é óbvio.
– Diz!
– Douro.
– Conta lá!
– Duh!… Ainda não percebeste que temos de ser discretos… as paredes têm ouvidos. Podemos estar a ser escutados… as castas são secretas.
– Lol.
– Olha, a garrafa acabou. O que devo abrir agora?
– Essa… essa aí. Diz In The Flesh 2012.
– Cool!
– Ora põe aí a tocar «Slave to Love», do Bryan Ferry…
– Enapá! Do «Nove semanas e meia»… ui!
– Só de pensar na Kim Basinger…
– E eu no Mickey Rourke.
– Nunca percebi o que as mulheres vêem nele…
– Azaritos! Coisas de miúdas. Esquece, azaruncho!
– O que se passa com o vinho?
– O que se passa, como?!
– Está sempre a acabar…
– Agora abre essa…, já todos estão prontos? Vamos a isto!
– Uau! Está delicioso! É o quê?
– Não vais querer saber…
– Psicopata!
– Saca esse disco e põe este a tocar, se fazes o favor.
– É o quê?.. Boa escolha.
– O quê?… o quê?
– «Push it to the limit».
– Paul Engemann?!
– Ya!
– Scarface!…
– Yes!
– Acertei! Diz-me o que estamos a comer?
– Tens de descobrir. Este jantar é um policial.
A Quinta do Pôpa, além dos vinhos «formais», tem uma vertente conceptual e, até agora, com humor, designada de Pôpa Art Projects. Primeiro surgiram o Lolita e o Milf. Para este momento, o segundo episódio, a ideia brinda ao mundo da sedução, do crime e do cinema.
As garrafas desta trilogia (Pôpa Fiction) são de litro, uma pequena provocação… ou melhor, um certo agitar das ideias. Cada vinho tem um nome e rótulo próprio, cuja arte é de Mário Belém.
Hot Lips 2012 é um vinho guloso, descontraído e por isso perigoso. Recomendo para antes do primeiro jantar a dois. … É isso! Suave e sensual.
Já o segundo é o In The Flesh 2012, mais «substancial» na boca. Mais carnudo. «Um pedaço de mau caminho», dizem os irmãos Stéphene e Vanessa Ferreira, os vinhateiros. Pois… é que também escorrega, mas pede uns acepipes. Petiscos quentes, folhados, enchidos e alguns queijos.
O terceiro vinho do gangue é o The Great Escape 2012. É uma espécie de Al Capone. Impõe respeito e exige comida com força e potência. Mais rústico e aconselhável com comida.
Bebe-los num só evento tem piada e lógica, porque há uma clara evolução do estilo dos vinhos, desde o mais fácil até ao que pede um desassossego na mesa.
Basta fantasiar um bocadinho e até se «escreve» – oralmente – um enredo policial, em que cada pessoa à mesa acrescenta um parágrafo. Depois de tudo e se ainda houver disposição, jogar o Cluedo – um dos jogos que melhor prazer dá quando se está ébrio.
Contactos
Quinta do Pôpa, Lda.
E.N. 222 – Adorigo
5120-011 Tabuaço
Portugal
Email: geral@quintadopopa.com
Telemóvel: (+351) 915 678 498
Site: www.quintadopopa.com
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