Texto Olga Cardoso
Estamos perante um vinho que gerou uma certa celeuma aquando da sua saída para o mercado. Para muitos, ascendeu prontamente ao melhor Batuta de sempre. Para outros, tornou-se numa fonte de discordâncias e contestações. Terá o produtor o direito de alterar o perfil de um vinho deste segmento, com este estatuto e com tamanha fileira de apreciadores?
Pois parece-me um tema de elevado interesse para uma animada discussão. Razões assistirão às diferentes facções. Tanto quanto conheço do Dirk Nieepoort e da sua paixão por vinhos, os dogmas e os status quo não serão certamente factores determinantes. Sem comprometer a qualidade, a sua fidelização de clientes, assentará mais na busca permanente da diferenciação, na vontade de ir mais além, de querer fazer mais e melhor e de experimentar até à exaustão numa busca incessante pela excelência.
Este Batuta mostrou-se mais desafiador e mais irreverente. Talvez um pouco mais contido à entrada, mas com o tempo em copo foi-se soltando e revelando todo o seu esplendor. Fruta e barrica em perfeito equilíbrio como se impunha. Os frutos eram de cariz silvestre. Amoras e mirtilos em evidência.
A tosta é já ligeira e muito bem integrada. Notas balsâmicas aparecem aqui e ali. Sensações terrosas e resinosas marcam a sua presença.
Tudo num registo muito bem desenhado e sem arestas. A sua acidez é perfeita e os seus taninos, embora presentes, são já muito suaves e sedosos. A sua longevidade parece ser já uma certeza, assim como o seu carácter e o seu enorme equilíbrio.
Desenganem-se os amantes da testosterona, pois não será aqui que irão encontrar a sua “terra prometida”. Um vinho que sem deixar de ser potente é também muito elegante, pleno de vitalidade e fulgor, um vinho com enorme profundidade e com um final ad infinitum!
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Niepoort (Vinhos) S.A.
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