Texto José Silva
Mesmo lá no alto do Jardim da Serra, numa zona muito montanhosa, de estradas sinuosas, mas onde a paisagem ganha outra beleza, outra amplitude, é um passeio fascinante, que pode passar pela grandiosidade do Cabo Girão.
Ali temos uma perspectiva incrível da costa sul da ilha da Madeira, com escarpas a pique sobre o mar, umas centenas de metros lá abaixo, onde as fajãs amenizam a descida até à água.
Mas onde, em cada minúsculo patamar, se podem ver plantações diversas, fruto de trabalho manual em condições extremas. E muitas dessas plantações são vinhas muito velhas, onde os viticultores colhem todos os anos pequenas quantidades de uvas, que vão integrar lotes do famoso vinho licoroso da ilha. Lá mais acima, no Jardim da Serra, a mais de 800 metros de altitude, num hotel de cinco estrelas cheio de requinte, implantado num enorme jardim e na floresta adjacente, de grande beleza, funciona um restaurante igualmente requintado, liderado por um chefe francês há muitos anos radicado na ilha. Ocupa um espaço enorme num dos edifícios do complexo hoteleiro, ligeiramente elevado, completamente envidraçado de um dos lados, com vista soberba pela serra abaixo.
É uma sala ampla, espaçosa mas acolhedora, cheia de luz, decorada com requinte em tons mornos, onde predominam o castanho e o cinzento, com um belíssimo soalho de madeira e uma lareira aconchegante num dos topos. Mesas muito bem-postas, cheias de elegância, com todos os pertences em cima, incluindo óptimo serviço de copos. O serviço, a cargo de pessoal jovem, é muito competente, atencioso e simpático, muito bem dirigido. Uma ementa eclética, onde entram muitos produtos de produção biológica da própria quinta, que estão em fase de certificação, apresenta peixe e carne frescos da própria ilha, confeccionados com requinte e extremamente bem apresentados. Na nossa visita, fomos recebidos pelo próprio chefe que, num português quase fluente, nos deu as boas vindas e explicou um pouco a filosofia da sua cozinha.
Passados à mesa, apresentaram-nos vários tipos de pão, para barrar com manteiga simples e outra com ervas, ou molhar no azeite e dar-lhe um toque de flor de sal.
A oferta do chefe foi uma vieira corada, com creme de abóbora e crocante, com toque de pimenta rosa. Simples mas delicioso.
Seguiu-se um requintadíssimo creme de maçarocas da quinta, atrevido, cremoso, muito apaladado, soube muito bem, bem quente.
Por essa altura já apreciávamos o Rosé Primeira Paixão, que ligou muito bem, quer com a vieira, quer com o creme de maçarocas. Veio então o peixe espada fumado preparado em tempura, ligeiramente crocante, saboroso, consistente, e um chutney de frutas de Cornus Kousa da própria propriedade a fazer uma óptima ligação.
O vinho era já o bairradino Entre II Santos branco, a ligar muito bem, na temperatura certa. Passamos ao prato de carne, que foi um borrego orgânico recheado com acelgas, assado, que foi servido com puré de batata e castanhas. Paladares cruzados que se completaram muito bem, mais uma vez produtos locais mas confeccionados com grande requinte.
O vinho tinto também da Bairrada, Entre II Santos esteve sempre à altura. A refeição iria terminar com a mesma qualidade com que começara, uma tarte tatin de maçã domingo, gelado de chocolate e erva caninha, simples mas cheia de requinte, sabores suaves que se completaram muito bem.
No nosso caso foi jantar, mas quem vá almoçar, é aconselhável dar um passeio pela beleza dos jardins e da floresta e dar uma olhadela à horta biológica, de onde vêm muitas das ervas aromáticas e legumes que depois podemos apreciar à mesa.
Contactos
Quinta da Serra
Estrada do Chote Nº 4/6 – Jardim da Serra
9325 – 140 Camara de Lobos Madeira
Portugal
Tel: (+351) 291 640 120
E-mail: info@hotelquintadaserra.com
Site: www.hotelquintadaserra.com
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