Texto José Silva
A Herdade do Perdigão tem 70 hectares de terreno onde estão plantados 40 hectares de vinha, das castas Antão Vaz, Verdelho e Arinto, nas brancas e Trincadeira, Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet, nas tintas.
Mas a vinha mais velha, com cerca de 30 anos de idade, tem várias castas misturadas. Destas uvas são produzidas 800.000 garrafas por ano, 85% das quais de vinho tinto. Mas já produzem 10.000 garrafas de espumante.
É um projecto familiar, que tem vindo a crescer, e onde foram feitos alguns investimentos importantes em tecnologia, sobretudo em cubas de inox, rede de frio e prensas modernas, no sentido de melhorar o produto final.
O que tem acontecido, com alguns vinhos já premiados em vários concursos, mesmo internacionais.
As vinhas estendem-se à volta das instalações onde se encontra a adega e uma confortável sala de provas que funciona também como loja de venda, para os muitos apreciadores que cada vez mais visitam os produtores, provam os vinhos e compram os que mais gostaram. É o enoturismo a funcionar bem e a evoluir.
Sentados nesta sala, provamos nove vinhos, que nos deram uma boa ideia do perfil do que ali se produz. Começamos pelo Terras de Monforte Branco 2014. Algo exótico no nariz, revelando logo uma boa acidez. Notas tropicais sem exagero, muito fresco. Bela acidez, muito mineral, seco, ligeiras notas salinas, fruta branca, muito elegante. Seguiu-se o Herdade do Perdigão Reserva Branco 2011, feito só com Antão Vaz. Fermentado em barricas , apresenta alguma austeridade no nariz, mas muito elegante, suave, com ligeiro toque cítrico. Notas de madeira bem casada, alguma baunilha, acidez bem presente, belo volume e alguma complexidade na boca.
Veio então o Herdade do Perdigão Reserva Branco 2010, também só de Antão Vaz. Um vinho que revela logo na cor alguma evolução, que é evidente no nariz, com a madeira elegantemente presente. Na boca já não tem tanta frescura, mas mantém-se elegante e seguro, persistente e com imenso final, a provar que os vinhos brancos também envelhecem bem. Seguiu-se o Herdade do Perdigão Reserva Tinto 2012, produzido com uvas de vinhas velhas. Retinto na cor, quase opaco, brilhante. No nariz é intenso, cheio de fruta preta e algumas notas de baunilha, com madeira bem evidente. Bom volume de boca e uma acidez fantástica, intensa, a casar bem com a madeira. Muitas notas de frutos pretos, de chocolate, um vinho persistente dum ano muito bom, que ainda vai melhorar na garrafa. Recuando uns anos, provamos o Herdade do Perdigão Tinto Reserva 2005, já com laivos acastanhados, brilhante. Apresentou-se algo evoluído no nariz, com notas vegetais muito elegantes, madeira bem casada, ainda com alguma fruta, chocolate e algum fumo. Bela acidez, intenso, a madeira bem evidente mas taninos muito redondos. Um vinho austero, muito interessante.
O Herdade do Perdigão Tinto Reserva 2004 apresentou-se ligeiramente mais claro, também com laivos acastanhados a caracterizar a evolução, com a idade. No nariz nota-se a evolução mas também a elegância, austero mas ainda vivo. Na boca tem ainda alguma fruta muito madura, intenso, com uma acidez fantástica a dar-lhe equilíbrio, notas suaves de fumo, chocolate preto, final muito longo.
E recuamos ainda no tempo para provar o Herdade do Perdigão Tinto Reserva de 1999. Cor impressionante, muito escuro, acastanhado, muito elegante. Grande intensidade aromática, notas de torrefacção, fumado, exótico, vai abrindo no copo. Muito robusto, mesmo austero, apresenta notas de fumo com uma acidez incrível para um vinho desta idade. Ainda ligeiras fragrâncias de fruta, notas vegetais muito suaves, algum fumo, a precisar e abrir no copo, uma boa surpresa.
Veio então um vinho muito especial, o Herdade do Perdigão Tinto 20 Anos, da colheita de 2008, um vinho de celebração, uma edição especial limitada. Preparado a partir de uvas de vinhas velhas e de Alicante Bouschet, apresenta-se muito escuro, opaco. No nariz é elegância, mais elegância, intenso mas sedoso, algo fumado com ligeiras notas vegetais. Continua a persistência elegante na boca, com uma acidez soberba, intensa, ligeiras notas apimentadas, alguma fruta madura, toque sedoso de pimentos verdes, ainda fresco, com taninos maduros, madeira muito bem integrada para um delicioso final, muito longo. Grande vinho!
Terminamos a prova com o Espumante Herdade do Perdigão 2012, preparado a partir de uvas das castas Arinto e Antão Vaz. Apresenta uma cor amarela citrina, cristalino, com bolha muito fina persistente e cordão intenso. Suave no nariz, seco, tostado, com notas de palha. Muito fresco na boca, acidez intensa, seco, cremoso, notas de panificação, pão torrado, alguns frutos secos, complexo, a pedir comida, com final persistente. Um belo espumante alentejano.
Com as vinhas como pano de fundo, partimos pelo Alentejo fora.
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Website: herdadeperdigao.pt
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