Texto João Pedro de Carvalho
Era uma vez, lá muito longe, uma região de vinhos chamada Alentejo onde a seu tempo foram convocadas algumas “fadas madrinhas “que tiveram o condão de criar cada uma delas uma Adega Cooperativa. Surgiram assim as Cooperativas de Borba, Portalegre, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Granja/Amareleja e Vidigueira. Durante décadas estas Adegas foram o expoente máximo das sub-regiões onde ficaram inseridas, os vinhos diferenciavam-se entre si e mostravam com brio as características dessas regiões e das castas que então eram quase exclusivas de umas e de outras. Depois vieram os tempos sombrios, a magia que envolvia as Adegas Cooperativas foi-se perdendo muito por causa da paragem do tempo que literalmente engoliu a grande maioria. A juntar a tudo isso, uma nova vaga de produtores sedentos pelo reconhecimento deu origem a uma vaga de novos rótulos a surgirem nas prateleiras a uma velocidade estonteante. Com tanta oferta o consumidor ficou confuso e sem saber bem para onde se virar, se por um lado tinha ali à mão os vinhos que sempre se acostumou a ter à mesa, por outro lado tinha também muitos “brinquedos” novos que lhe chamavam a atenção. Foi a necessária aposta na expansão e renovação do portfólio das Adegas Cooperativas, com a introdução de novos produtos mas essencialmente com a reformulação de toda a imagem, que se veio dar uma lufada de ar fresco que fez renascer algumas delas.
A Adega de Vidigueira é um destes casos com “final” feliz, onde a posta na renovação se fez e cujos frutos se começam agora a colher, lembro que foi considerada recentemente a “Cooperativa do Ano 2015” pela Revista de Vinhos. Numa viagem que aproxima a Adega e a sua vila, Vidigueira, a conquistas de outros tempos, à ligação com Vasco da Gama − o Conde da Vidigueira, pretende-se cumprir a promessa de descoberta e afirmação de uma região tão profundamente marcada pela cultura do vinho. O portfólio foi assim dividido em sete actos (O Prenúncio | A Partida | A Saudade | A Inspiração | A Decisão …) que os interligam numa viagem pela região, cultura e história, sempre numa descoberta.
No Acto IV A Inspiração surge este Vidigueira Alicante Bouschet 2014 a mostrar todo o temperamento da casta, austeridade a fazer-se sentir com muita fruta madura juntamente com compota, cacau, a precisar de algum tempo no copo porque tudo vem inicialmente muito enrolado num manto bem fresco. Um vinho que tem tanto de intenso como de guloso, jovem e pronto para durar em garrafa, numa prova de boca cheia de energia que o remete para acompanhar pratos de bom tempero. No Acto VI A Bonança surge o Vidigueira Reserva 2014, um 100% Syrah com estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês. Um belo vinho com tudo para agradar e conquistar no imediato, cheio e carnudo, muito sumarento e guloso com a fruta a explodir de sabor na boca, toque morno e sedoso num vinho de bela estrutura e firmeza. A frescura embala o conjunto sem deixar a fruta cair em tentações menos próprias, suculento, complexo e perigosamente atractivo, um Syrah opulento e lascivo. Abrir em ocasião onde a bonança mereça ser festejada.
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Email: geral@adegavidigueira.pt
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