O Tesouro de Colares Restaurante de Castro Flores

A Vida Aquática Com Monte d’Oiro

Texto Ilkka Sirén | Tradução Teresa Calisto

Viajar por Portugal é uma experiência. Atravessando as pequenas aldeias de carro, um sem número de rotundas e lindas paisagens fazem parte da diversão de saltar de região de vinho em região de vinho.

A maioria das pessoas tem esta imagem de Portugal: que é a terra do sol que nunca acaba. Com certeza que poderá apanhar tempo muito bom quando estiver em Portugal, mas porque o país está pendurado na beirinha da Europa, com os dois pés firmes no Oceano Atlântico, o tempo pode tornar-se bastante difícil, às vezes. Esta viagem foi uma dessas vezes.

Partimos para uma prova na Quinta Monte d’Oiro perto de Lisboa. A Mãe Natureza consegue ser uma absolutista porque abriu as comportas no exacto momento em que entramos no carro. O nosso carro converteu-se imediatamente num submarino, à semelhança do carro naquele filme do James Bond. A água caía do céu em quantidades bíblicas. Os limpa-pára-brisas limpavam à velocidade máxima, os bacalhaus nadavam na faixa oposta e eu tenho quase a certeza de ter visto o Kraken. É surpreendente o quão difícil é conduzir quando não se vê mais de um palmo à frente do nariz.

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As vinhas na Quinta do Monte d’Oiro – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Conseguimos, no entanto, encontrar a propriedade e até a chuva parou, por um breve momento. Depois de darmos uma espreitadela às vinhas, localizadas mesmo em frente à adega, fomos até à cave e tivemos uma prova bastante extensa, dos brancos aos tintos, das colheitas mais recentes às mais antigas. Enquanto beberricávamos os vinhos, a Mãe Natureza continuava a protestar lá fora e a tempestade transformou-se em trovoada.

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A Quinta sob um Céu Tempestuoso – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Juntou-se a nós José Bento dos Santos, broker de metais numa vida anterior, que adquiriu a propriedade Monte d’Oiro em 1986. A quinta é conhecida por produzir vinhos que acompanham bem a comida, feitos não só de castas Portuguesas, mas também de Syrah, Viognier e Petit Verdot.

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José Bento dos Santos – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Provámos vários patamares de vinhos e passado um pouco, começou a surgir um padrão. Os vinhos eram consistentemente bons, contidos nos aromas e guiados pela acidez e estrutura. As regiões de vinho de Lisboa são geralmente bastante frescas em comparação ao Alentejo, por exemplo. A influência do Atlântico é muito presente, dando com frequência aos vinhos frescura e tornando-os muito bebíveis.

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Prova na Cave – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Se há uma coisa que eu trouxe desta prova foi que os vinhos de Monte D’Oiro envelhecem bastante bem. Apesar de alguns anos se mostrarem melhores que outros, o que é normal, os vinhos mantêm a sua pose e continuam a mostrar grande carácter.

As minhas duas escolhas da prova:

Quinta do Monte d’Oiro Reserva 1999
Tinto baseado em Syrah com grandes cojones. Aromas maravilhosamente amadurecidos de tapenade de azeitona preta, ervas e bagas vermelhas. Estrutura de taninos suave e ainda alguma boa acidez vibrante. Um vinho que pode continuar durante muitos anos. Muito bom.

Quinta do Monte d’Oiro ‘Homenagem a Antonio Carqueijeiro’ 1999
Ligeiramente mais desenvolvido que o Reserva. Mostrando mais daqueles aromas rústicos, de celeiro, mas ainda com algum agradável perfume de cereja e especiarias. Faz-me lembrar um pouco os vinhos Saint-Joseph. Beba agora ou espere um par de anos, mas certifique-se que tem boa comida para o acompanhar.

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Os Vinhos da Noite – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Depois da prova era altura do jantar. O Sr. Bento dos Santos é um gastro-entusiasta, para não dizer mais. Aparentemente trata Paul Bocuse por tu, entre muitos outros elogios. Para resumir um longo jantar, nós comemos o que foi, de acordo com o anfitrião, a melhor carne da Europa, premiado por uma espécie de revista de carne de vaca. Quem diria que havia uma revista só para carne de vaca? Bom, o jantar estava absolutamente delicioso, claro. O que o tornou ainda mais delicioso foi que nós bebemos 5 tipos diferentes de rum como digestivo. Eu não levantei objecções. Em suma, um grande insight para uma das melhores adegas de Lisboa, e que foi, apesar do tempo horrível, uma visita que valeu bem a pena.

Contactos
Freixial de Cima
2580-404 Ventosa Alenquer
Tel: (+351) 263 766 060
Fax (+351) 263 766 069
Email: geral@quintadomontedoiro.com
Site: www.quintadomontedoiro.com

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