Texto João Pedro de Carvalho
Uma história que começou nos anos 70 quando João António Cerdeira, com o apoio de seu pai, António Esteves Ferreira, plantou a primeira vinha de Alvarinho. Nascia em 1982 na Quinta de Soalheiro primeira marca de Alvarinho de Melgaço, gerida na actualidade por Maria Palmira Cerdeira e seus filhos. Um perdurar que se faz através das gerações da família Cerdeira, naquele que foi o meu primeiro contacto com a casta Alvarinho, curiosamente com o Soalheiro Alvarinho 1994, na altura um jovem. É caso para dizer que na passada do tempo, depois da afirmação, da consagração e finalmente a consolidação do projecto, chega portanto aquela altura de desbravar novos caminhos e desafios com o lançamento de novos vinhos.
São novas maneiras de entender e mostrar a casta Alvarinho, a primeira abordagem neste sentido foi um tal de Quinta de Soalheiro lá para o ano de 1999, mais recentes o Primeiras Vinhas seguido do Reserva. Mais recentes são estes dois lançamentos, do qual um é estreia absoluta e o outro é a segunda colheita. Em estreia absoluta o Soalheiro Alvarinho Granit 2015, fruto de uma selecção específica de vinhas plantadas acima dos 150 metros em solos de origem granítica. A fermentação ocorre a uma temperatura acima do normal em vinhos brancos em inox com battonage sobre as borras finas. O objectivo é mostrar a expressão da casta, bem como a expressão dos solos num lado mais seco, austero e mineral. Destaca-se boa exuberância com foco na fruta associada à Alvarinho, perfil muito limpo com grande elegância. Palato forrado a fruta, solidez com fundo mineral envolto em secura. Todo ele muito preciso e focado, mais uma bela criação deste produtor.
Já na segunda edição apresenta-se o Soalheiro TerraMatter 2015, elaborado com uvas em regime de produção biológica, não sujeito a filtração, fruto de vindima precoce e maloláctica parcial em barricas de castanho. Diferente e arrebatador pela maneira como conquista no imediato, tanto pela diferença mas pela qualidade que uma vez mais é apanágio desta casa. Fantástica prestação de finesse, energia e definição aromática. Não há lugar a qualquer espécie de “massacre” olfactivo num vinho focado e preciso, belíssima presença com muito ainda para dar, o tempo que dura no copo apenas o demonstra. Denso, bom volume de boca com muita elegância e frescura, sensação de ligeira untuosidade. Travo mineral vincado em fundo numa passagem plena de sabor e frescura da fruta. Está a meu ver melhor que o 2014 e tal como seria de esperar, ainda muito novo pelo que será bastante interessante acompanhar a sua evolução, haja garrafas que o permitam.
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