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Dois rosados do Tejo – Casal da Coelheira 2015 e Tyto Alba 2015

Texto João Barbosa

A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo tem vindo a enviar vinhos para prova e que merecem aprovação – se mo permitem. Não dá para escrever acerca de todos, mas alguns mostram-se tão felizes que não há desculpa ou prioridade que os empurrem da sala das obrigações.

As firmas que produzem estes dois néctares são bem diferentes, começando pela dimensão até à natureza social. A empresa Casal da Coelheira tem origem no início do século XX e representa 250 hectares, dos quais 64 são de vinha. Contrariamente à anterior, a Companhia das Lezírias é uma sociedade anónima detida inteiramente pelo Estado – 17.800 hectares (1.500 hectares estão arrendados), sendo 130 hectares de vinha.

Sendo enorme, pensava que era ainda maior. Ainda assim, a Companhia das Lezírias é provavelmente a maior propriedade portuguesa. Se os números que tive acesso estão correctos, a área quase chega perto do dobro da cidade de Lisboa (10.000 hectares – Wikipédia).

Irei escrever mais, mas posso resumir estes dois vinhos numa interjeição:

– Oh Verão! Vem cá já! Não te demores.

O Casal da Coelheira 2015 é fantasticamente simples, feito com base em touriga nacional e syrah. Cumpre brilhantemente a função de diversão com que foi provavelmente concebido. Fácil no trato, prazenteiro, guloso sem ser um xarope, onde pontifica o aroma da groselha. Está decidido! Este é obrigatório para este Verão! Não o colocaria a acompanhar comida – eventualmente uma salada de frango com frutas. Quer conversa, vai ajudar na sedução… irá dar um contributo positivo para a taxa de natalidade.

Blend-All-About-Wine-Casal da Coelheira Rosé 2015

Casal da Coelheira Rosé 2015 in casaldacoelheira.pt

Blend-All-About-Wine-Tyto Alba Rosé 2015

Tyto Alba Vinhas Protegidas Rosé 2015 in tytoalba.pt

O Tyto Alba Vinhas Protegidas 2015 é uma revelação absoluta. O nome é bonito! E mais bonito quando se sabe que homenageia uma ave magnífica: a coruja-das-torres – que em Portugal conhece mais designações.

É uma revelação – para mim – porque não estava à espera de nada que se lhe compare.

– O que é isto?! Meus Deus!

Foi mais ou menos assim. Sou aficionado dos rosados, gosto dos doces aos extra-secos. Ponderados todos, este é (provavelmente) o rosé português melhor que bebi! Se não é o melhor que bebi, é pelo menos o que mais prazer me deu.

Nem sequer beneficiou de nenhum acontecimento que o balizasse. Um normal dia da semana, em que não estava stressado ou relaxado, nem triste nem alegre, nem cansado nem atlético, nem faminto nem saciado. Penso que estava no «ponto zero» ou no «ponto 50» numa escala de zero a 100.

– O que é isto?! Meus Deus!

Fresquíssimo, elegante, escorregadio, animal-de-festa, uma complexidade incomum, muito fácil, excelente para pratos leves, excelente para conversar, magnífico para dançar. Com a vantagem de ter apenas 12,5% de teor de álcool. Fiquei com uma vontade que aquele momento não terminasse.

O Tyto Alba Vinhas Protegidas 2015 resulta da junção de touriga nacional e de merlot. Conhecendo o calor da região e olhando para a graduação alcoólica deste néctar, tenho a dizer:

– Vale bem a pena não considerar os rosados como subprodutos dos tintos.

Depois dos anos iniciais – em que os rosados eram bizarrias, vistos como moda passageira, solução para aproveitamento de sobras ou curiosidade para ajudar a vender «o» vinho – hoje fazem-se em Portugal muitos rosés «verdadeiros» ou «honestos», feitos com vontade de os fazer e de os construir bem. Quer um, quer outro, estão na secção dos bons rosados nacionais.

Só posso aplaudir quem quis colher as uvas mais cedo e se empenhou em fazer um vinho e não uma sobra – não quero dizer que não existam bons rosados mais alcoólicos e resultando de aproveitamento de uvas colhidas para tintos.

Ao contrário da coruja-das-torres, o Tyto Alba Vinhas Protegidas 2015 voa de dia e de noite. A ave é uma espécie protegida. O vinho deve ser caçado até à extinção. E também ajudará a fazer crianças!

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