Texto José Silva
Tem quase 300 anos esta propriedade ribatejana e diz-se que por ali poderá ter passado Pina Manique. Foi comprada pelo empresário Canas da Costa e foi um amor à primeira vista para a sua filha Sílvia, arquitecta de profissão. Para além da recuperação impecável da casa senhorial, onde agora funciona um belíssimo turismo rural com 11 suites, Sílvia apaixonou-se completamente pelas vinhas.
E assim nasceu um projecto vitivinícola de sucesso, com a contratação do enólogo Jaime Quendera e a sua enorme experiência. São vinhas que têm entre 15 e 25 anos, com algumas castas autóctones mas também de outra regiões e mesmo estrangeiras, que ali encontraram solos e clima a que se adaptaram muito bem: arinto, tamarez, trincadeira das pratas, tincadeira preta, touriga nacional, tinta roriz, merlot, syrah, cabernet sauvignon e alicante bouschet.
Graças aos solos predominantemente argilo-calcários, mas onde a influência das águas do rio Tejo, nas suas ancestrais cheias em que invadia as margens, é enorme, estes vinhos adquirem não só acidez mas até alguma mineralidade que os torna também apetecíveis. No turismo rural fazem-se também eventos, onde se bebem os vinhos da casa e onde são servidas refeições confeccionadas na enorme e bem equipada cozinha, ou então preparadas por um amigo da casa, o sr. Afolfo Henriques, o conhecido homem da aldeia da Maçussa.
As 11 suites são todas diferentes, algumas delas a recuperação de espaços já existentes e com muitas peças de mobiliário que foi também recuperado, de grande beleza. O edifício central, de forma quadrada, encerra um enorme terreiro, com árvores frondosas, de belo efeito. À volta da casa estão as vinhas e algum olival, a moldar a paisagem de toda a quinta. No conjunto de edifícios da quinta está a adega, pequena, simples mas bem equipada, incluindo a sala de barricas, fundamentais para estagiar alguns dos tintos que tanto apreciamos.
Desta vez foi uma refeição que culminou a apresentação das novas colheitas da Quinta da Lapa. Em primeiro lugar o pão, da Maçussa, que o próprio Adolfo Henriques coze, estaladiço por fora, fofo por dentro, a rescender, saboroso, irresistível. Depois alguns petiscos: melão com presunto, apaladado e fresco, ovas de bacalhau com tomate seco, requintado, salmão fumado, aveludado e de paladar sofisticado e, claro, o queijo chèvre da Maçussa, nas versões ao natural e panado com rúcula e compota. Uma maravilha.
O prato principal foi um delicioso cabrito assado no forno, com arroz de cogumelos e batatinha assada e, à parte, uma simples mas soberba salada de alface e cebola roxa.
Terminou-se com um bolo de chocolate em boa companhia, uma gulodice pegada.
E provaram-se as novas colheitas da Lapa, a começar pelo espumante Quinta da Lapa Bruto Natural preparado só com Arinto, com muita frescura e elegância, acidez sempre bem presente, um belo espumante.
O Quinta da Lapa Branco Reserva 2014, feito com Arinto e Tamarez, é muito fresco no nariz, com algumas notas tropicais mas também cítricas e uma boca cheia de frescura e acidez equilibrada.
Há vários vinhos mono casta, a começar pelo Quinta da Lapa Touriga Nacional 2012, casta que se adaptou francamente bem ali, com muita intensidade aromática, floral e elegante. Na boca é persistente, intenso, com muito boa fruta, óptima acidez e final prolongado.
O Quinta da Lapa Merlot 2013 apresenta-se autoritário, fugoso, frutos pretos bem maduros e algumas notas de chocolate, com belo volume, taninos bem casados e acidez intensa, um conjunto muito equilibrado.
O Quinta da Lapa Syrah Reserva 2012 apresenta aromas de frutos pretos e algumas especiarias, complexo, intenso. Na boca tem grande volume, é poderoso mas ao mesmo tempo equilibrado, com taninos sedosos e um belo final.
Finalmente o Quinta da Lapa Cabernet Reserva 2012, com aromas complexos de frutos selvagens, plantas do monte, algumas notas vegetais e especiarias com muita elegância. Na boca aparecem frutos pretos muito maduros, uma óptima acidez, taninos bem domados, muito complexo e intenso.
O Quinta da Lapa Reserva 2011, talvez o mais complexo de todos, tem aromas de fruta muito madura, especiarias, notas de fumo e chocolate. Na boca é bastante harmonioso, persistente, sedoso, com final longo, um vinho cheio de finesse. Vieram então os dois vinhos especiais desta casa ribatejana.
O Quinta da Lapa Nana Reserva 2011 é uma sentida homenagem da produtora à sua mãe. Apresenta-se com muita fruta, algumas notas de especiarias, muito fresco. Na boca é muito elegante, persistente, aveludado, com fragrâncias de frutos vermelhos e algum floral e final longo e seguro.
Finalmente o Quinta da Lapa Reserva 2013 Homenagem 500 anos Santa Teresa d’Ávila – um vinho de comemoração, cheio de fruta e especiarias no nariz, muito elegante, altivo. Intenso e equilibrado na boca, simples mas ao mesmo tempo autoritário, um vinho especial, de homenagem a Teresa de Ahumada, e cujo poema de fé se encontra eternizado numa lápide existente na Quinta da Lapa:
“Nada te perturbe, nada te espante,
tudo passa, Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem a Deus tem, nada lhe falta.
Só Deus basta.”
Do Ribatejo, com carinho…
Contactos
Agrovia, Sociedade Agro-Pecuária, SA
Quinta da Lapa
2065 – 360 Manique do Intendente
Tel: (+351) 263 486 214
Mobile: (+351) 917 584 256
Email: geral@quintadalapa-wines.com
Website: www.quintadalapa-wines.com
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