Texto José Silva
Mesmo no limite da região demarcada do Douro, na Meda, em pleno Douro Superior, a Muxagat é um produtor bem conhecido na região.
Uma pequena adega, já com alguns anos, que tem vindo a ser ligeiramente adaptada aos tempos modernos, mas onde a produção de vinho ainda é feita acima de tudo por métodos tradicionais, aproveitando mesmo algumas técnicas antigas que dão muito boa conta de si.
Das vinhas da Muxagata, e algumas outras da região, vêm as uvas, brancas e tintas, daqueles terrenos xistosos, por vezes impiedosos, de clima extremo e grandes amplitudes térmicas, que a vinha agradece.
E que ainda são apanhadas à mão e transportadas com o auxílio da preciosa tracção animal. Outras chegam à adega em caixas de plástico pequenas, que são colocadas num contentor frigorífico, para estabilizar a temperatura, antes de serem prensadas.
Depois são prensadas nas velhas prensas verticais, a proporcionar grande qualidade, ou então nos lagares de granito, com o recurso inigualável do pezinho humano, pois claro. Sempre a tradição nesta adega que acaba por ter ainda grande funcionalidade. Depois dos mostos retirados, os vinhos obtidos vão para cubas de aço inox ou para barricas de madeira de carvalho, onde hão-de estagiar o tempo necessário até serem engarrafados.
São também utilizados balseiros de madeira e os ovos de betão, técnica moderna que ainda ali está a ser testada, mas com bons resultados. Na última visita provaram-se alguns vinhos, que confirmaram aquilo que deles se esperava e conhecia.
O Rosé 2014 apresentou uma cor rosada apelativa, com aromas de morango e framboesa intensos e um ataque de boca suave e elegante, mas com bastante estrutura, algo exótico, muito agradável com final cheio de elegância.
Depois foi o Branco 2013, com notas de frutos de polpa branca, pêra, pêssego e ameixa, levemente floral e muito mineral. Na boca tem acidez intensa, muito volume, notas citrinas e minerais com final longo e seguro.
Os Xistos Altos 2012 é um branco muito especial, tem fruta branca, algum floral, alguma mineralidade com toque fumado. Na boca apresenta-se ainda mineral, quase salgado, complexo, muito elegante e com excelente acidez. Grande final.
Cisne Tinto 2011 é um vinho concentrado, com notas florais e de frutos pretos, sobretudo amoras. Na boca é bastante elegante, com alguma fruta madura, taninos redondos, muito fino, com final longo.
Veio então o Tinta Barroca 2014, feito com uvas de vinhas de altitude, 100% Tinta Barroca, apresenta aromas de framboesa, ginja, muito fresco no nariz. Na boca é aveludado, envolvente, pequenos toques de especiarias, belo volume e final muito longo.
Terminou-se com o Tinto 2102, dum vermelho escuro, opaco, apresenta-se fresco, com aromas de frutos vermelhos e algum balsâmico, levemente floral, muito complexo. Na boca realce para os frutos vermelhos maduros, notas leves de cacau, óptima acidez e taninos seguros e bem domados, a dar-lhe um final longo e saboroso. Belos vinhos, que agradecem algum tempo de garrafa e que agora têm a responsabilidade enológica de Luís Seabra, bom conhecedor do Douro, de que se espera a continuação dum trabalho de referência, com boas surpresas…
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