Texto João Pedro de Carvalho
Em visita recente ao Douro Superior tive oportunidade de provar algumas colheitas daquele que é um dos melhores brancos feitos em Portugal, o Conceito da enóloga Rita Marques Ferreira. No total foram provadas quatro das seis colheitas já lançadas no mercado, relembro que a primeira colheita deste branco foi 2006, mas em prova apenas estiveram os 2008, 2009, 2010, 2011 aos quais se juntou à última da hora o 2012.
Este fantástico vinho branco nasce em terras de Cedovim (Douro Superior), na Quinta do Cabido, onde residem os 10 hectares de vinha exclusivamente destinados para castas brancas, num planalto localizado a 500 metros de altitude. A transição de solos faz com que por ali mande o granito, em parte responsável pela excepcional qualidade destes vinhos, a outra parte provém da mão da enóloga, influenciada pelo tempo que esteve em Bordéus, onde foi aluna e estagiária do “guru” dos brancos de Bordéus (Denis Dubourdieu).
Na visão muito própria que a enóloga tem pela região e pelos vinhos que cria, nascem brancos de Conceito muito particular, num perfil diferente, mais fresco, sem arestas e onde o detalhe e equilíbrio é palavra de ordem. Dominam as castas locais, Rabigato, Códega do Larinho e Gouveio provenientes de vinhas muito velhas. A passagem por madeira tem vindo a ser afinada e as barricas novas deram lugar a barricas usadas (madeira Francesa e do Cáucaso).
A boa notícia, ou confirmação daquilo que poucos pensavam no início, é que a evolução dos vinhos em causa tem sido fabulosa e não é obra do acaso. Aliás, o Conceito branco tem vindo a ser afinado ao longo das suas “curtas” seis colheitas de história, mostrando-se sempre predicados mais que suficientes para conquistar, por direito próprio lugar entre os grandes vinhos brancos de Portugal.
Conceito branco 2008 (DOC Douro)
Complexo, amplo com a sensação de pão torrado a mostrar uma barrica muito bem integrada num conjunto cheio de harmonia, que alia frescura com flores e fruta de qualidade (citrinos, pêra) envolta em leve calda. Nada beliscado pelo tempo, boca com muito sabor, frescura e finesse, corpo cheio de detalhe num fundo fresco e mineral. Final longo e persistente.
Conceito branco 2009 (DOC Douro)
Mais amplo e texturado que o 2008, muita frescura num blend com uma fruta (citrinos, pêssego) sólida, bem madura e limpa, nada tocada pelo tempo e com grande pureza de conjunto. Um pouco menos expressivo mas sempre com harmonia e classe, tão características, mostra notas fumadas de uma madeira plenamente integrada, que o arredonda e embala no palato, sem perder o travo fresco e mineral de fundo.
Conceito branco 2010 (DOC Douro)
A partir desta colheita a madeira nova perdeu presença, dando ainda mais lugar à fruta (toranja, lima, pêssego) que se apresenta desta forma com maior frescura e definição. O conjunto mantem-se de igual forma em grande nível, complexo e profundo, mais floral e mineral, embora muito mais rico em delicadeza. Mineralidade sentida num conjunto fresco, com vigor que mostra maior sensação de pureza durante toda a prova.
Conceito branco 2011 (DOC Douro)
Vem na boa linha do 2010, aqui muito fino de acidez e conjunto, muito mais delineado nos aromas e sabores. Conjunto complexo, com boa exuberância da fruta (citrinos, pêra). Madeira em grande harmonia, mostra-se afinado, com boca cheia de sabor e frescura, muita classe numa prova repleta de prazer e vivacidade.
Conceito branco 2012 (DOC Douro)
Somos dominados pelos citrinos e pela mineralidade, da madeira pouco ou nenhum sinal, apenas aquela nota de pão torrado que marca toda a linha. Depois quase que ficamos reféns de uma ligeira austeridade mineral que nos domina por instantes, quer o nariz quer o palato, num conjunto ainda tenso, cheio de nervo que se pode até confundir, por momentos, como algo duro no palato e fechado no nariz.
Contactos
Conceito – Vinhos
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