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Da Escrita ao Vinho: Parte 1 – Os Vinhos de João Afonso

Texto Sarah Ahmed  | Tradução Patrícia Leite

Eu adorei as minhas três curtas, mas doces, participações em vindimas, particularmente na Cullen Wines, em Margaret River, Austrália. Estive lá na altura certa: as uvas chegavam à adega inteiras e rapidamente.

A natureza ditava o que se fazia e quando se devia fazer, o que, apesar de ser fisicamente exigente, era mentalmente relaxante – não valia a pena programar as coisas! E como é delicioso provar os frutos do nosso trabalho! Ainda fico entusiasmada ao lembrar-me que fui eu que fiz a “batônnage” do Cullen 2007 Chardonnay, um vinho que recebeu o prémio de Melhor Chardonnay do Mundo nos Decanter World Wines Awards em 2010.

E confesso que, se o tempo voltasse atrás, eu ficaria extremamente tentada a voltar a fazer vinho, em vez de apenas escrever sobre ele. Talvez devesse seguir as intrépidas pisadas de três produtores de vinho Portugueses que estão a fazer isso mesmo. As suas estórias são inspiradoras. Aqui fica a primeira. As de Richard Mayson e Tiago Teles virão a seguir.

João Afonso nasceu em Coimbra em Fevereiro de 1957. Estudou Educação Física na Universidade de Lisboa e apaixonou-se pela sua primeira carreira, o ballet, quando uma bailarina apresentou a dança ao estudante de desporto. Dois anos depois, dançava pelo mundo fora com o célebre Ballet Gulbenkian, onde passou 15 anos.

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João Afonso – Foto cedida por João Afonso | Todos os Direitos Reservados

 

Afonso diz que se apaixonou pelo vinho mais lentamente já que “os bailarinos falam sempre e (quase) exclusivamente sobre port de bras, cou-de-pie, pirouettes, grand jete… e performances de dança. Comem e bebem pouco, porque têm que estar em boa forma física todas as manhãs”.

No entanto, a semente da ideia de fazer vinhos foi plantada quando em 1983, a mulher de Afonso lhe deu uma cópia do livro “Conhecer e Trabalhar o Vinho” do aclamado professor de Enologia da Universidade de Bordéus, Émile Peynaud. Acrescenta ele “a minha avó era uma pequena produtora de vinho na Beira Alta e, de certa forma, eu estava com saudades dos velhos tempos quando tudo o que comíamos e bebíamos era feito em casa e as coisas tinham outro sabor e outro gosto (nem sempre o melhor, mas mais genuíno, sem sabores sintéticos e fáceis …)”.

Embora tenha frequentado um curso intensivo de uma semana sobre fazer vinho na Escola da Anadia, Bairrada, em 1987 (Afonso tinha desde há muito, uma paixão pelos vinhos maduros da Bairrada), a sua carreira itinerante e de grande notoriedade como o bailarino principal da companhia, impediu-o de perseguir seriamente o seu interesse pelos vinhos. Foi apenas quando a sua carreira na dança terminou em 1993 que, tanto o conhecimento como o interesse floresceram, especialmente depois de ter conhecido o Professor Virgílio Loureiro do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa (na altura, enólogo na Quinta dos Roques e Quinta das Maias no Dão) e João Paulo Martins (o jornalista de vinhos).

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João Afonso – Foto cedida por João Afonso | Todos os Direitos Reservados

 

Em 1994, Afonso tinha começado a fazer vinho, a partir dos dois hectares da vinha envelhecida Ribeiro na Beira Alta. Foi plantada no início do século XX quando a sua avó era ainda uma criança. Primeiro, surgiu um tinto, no ano seguinte, um vinho branco, usando barricas antigas fornecidas por Dirk Niepoort da Niepoort.

Apesar de Afonso estar muito contente com os vinhos, que ele descreve como “extraordinários (na minha modesta opinião)”, o princípio do fim da sua primeira aventura na produção de vinhos, veio quando o seu irmão mais velho arrancou a vinha envelhecida.

Por sorte, Niepoort e Loureiro já tinham apresentado Afonso a Luís Lopes, o director da, na altura, recentemente lançada, “Revista de Vinhos” e, segundo as suas palavras, “como a produção de vinho era um assunto familiar melindroso (eu tenho mais quatro irmãos), comecei com o fantástico e mais fácil assunto da escrita de vinhos, em Maio de 1994”. Ele ainda escreve para a Revista de Vinhos e, entre 2000 e 2008, escreveu o seu próprio guia para vinhos no mercado português. Também escreveu dois livros sobre vinhos “Entender de Vinho” e “Curso de Vinho”. No entanto, ele admite, “escrever não é de todo o que prefiro fazer. Também é uma forma de arte, mas às vezes (muitas vezes) não tem nada a ver com “o lado bom da vida”. Para Afonso, o lado bom da vida é “ver e sentir a beleza e a felicidade”. Uma sensação que ele experimentou vividamente em 2009, quando descobriu uma velha e pequena vinha (3.9 hectares) em Reguengo, Portalegre, à venda e decidiu que a sua missão era protegê-la e recuperá-la.

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João Afonso – Foto cedida por João Afonso | Todos os Direitos Reservados

 

Porquê Portalegre? Afonso responde: “Eu escolho o Norte do Alentejo por três razões: a paisagem é semelhante à da Beira Alta (mais bonita e eu sinto-me em casa); é mais perto (de Lisboa) que a Beira Alta; e, acima de tudo, tem vinhas antigas com materiais envelhecidos (sem selecções de cultivadores de viveiros): castas envelhecidas, todas misturadas no mesmo enredo de vinho. Se podemos falar de “terroir” em Portugal, a Quinta das Cabeças, ou seja, o Reguengo pode ser um”. De facto, e como um bom presságio, depois de ter comprado a quinta, ele soube que o altamente respeitado enólogo alentejano Colaço do Rosário (criador do Pêra-Manca) identificou a encosta da Quinta das Cabeças como o melhor sítio para criação de uvas em todo o Alentejo.

Oito meses depois, Afonso tinha feito os seus primeiros vinhos: Equinócio (branco) e Solstício (tinto), parcialmente fermentado em ânfora de barro, como tinha sido a tradição regional durante séculos). No entanto, ele afirma nunca ter tido uma visão para o vinho: “Eu não sou um enólogo” diz, “Eu só tento proteger a minha vinha e colher as uvas para deixá-las tornar-se vinho”. A confiança de Afonso em deixar que as vinhas falem, advém da sua crença na vinha: “Eu gosto de a ver. Gosto de me sentir dentro dela. Eu não faço vinho, a vinha é que o faz. Eu deixo que os meus olhos escolham por mim”.

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Foto cedida por João Afonso | Todos os Direitos Reservados

A abordagem não intervencionista começa com a vinha, que é organicamente certificada e cultivada de forma biodinâmica. Para Afonso “perceber a nossa propriedade, seguir o calendário lunar de Maria Thun e aplicar as preparações biodinâmicas em doses homeopáticas, resulta em vinhas ainda mais genuínas e intensas”. Para além disso, ele jurou nunca voltar a usar químicos, depois de ter pulverizado os seus olivais em 1999 contra as traças: “o cheiro era tão terrível que achei que, se as oliveiras tivessem pernas, teriam fugido rapidamente!”.

Então, o idílio rural corresponde às expectativas? “Sim. Completamente” é a resposta de Afonso. Uma vez que ele é pouco inspirado pelos “vinhos globalizados ou em voga” (vinhos com Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Viognier, Sauvignon Blanc, Touriga Nacional…) que ele acredita terem resultado numa perda enorme da tradição vitivinícola, ele orgulha-se intensamente do facto de Cabeças ter “dado provas que é possível fazer bom vinho com uvas que toda a gente despreza”.

Para além disso, a experiência de Afonso implica que ele nunca tenha tido ilusões sobre os desafios inerentes à venda do seu próprio vinho. Ele explica “escrever sobre vinhos ensinou-me a dificuldade de vender vinhos, mesmo vinho muito bom, e eu já tinha tido essa experiência na Beira Alta”. Escrever implicou que Afonso compreendesse bem a importância de ter uma história diferente e genuína e não fazer apenas algo semelhante a outros vinhos: “Teria morrido à partida”, diz.

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Vinhas – João Afonso – Foto cedida por João Afonso | Todos os Direitos Reservados

Afirma ainda “A única hipótese é fazer algo completamente diferente, algo bom e algo difícil de encontrar”. Entrando neste tema e olhando para o quadro geral, ele observa “Portugal é diferente. Não existe isso [as castas e os terroir] em mais nenhum lado senão aqui. E nós fazemos mesmo vinhos muito bons… Eles são puros, bons e falam uma língua simples, sumarenta e fantástica com aqueles que os sabem perceber”. Então por que motivo devemos escolher o seu vinho, pergunto? Porque, responde ele, “é o sabor de uma vinha alentejana de 1920, através dos olhos e das mãos de um crítico de vinhos – um ex-bailarino”. Esta é uma proposta verdadeiramente única. E para reforçar, posso acrescentar que Equinócio e Solstício são também excelentes propostas para amantes de vinhos excitantemente autênticos com uma sensação palpável de lugar.

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Almoço nas Casas do Côro

Texto José Silva

A visitar vinhas, apreciar a paisagem arrebatadora do rio Douro e a provar vinhos pelo Douro Superior, era chegada a hora de repousar e de nos sentarmos à mesa. Foi o que fizemos na magnífica sala de jantar das Casas do Côro, depois duma interessante visita guiada ao complexo turístico. A sala está muito bem decorada, bom gosto por todo o lado, sóbria, muito acolhedora, até a luz é delicada, um local “cozy”. Mesa muito bem posta, com tudo o que é necessário para uma refeição tranquila e de qualidade.

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Casas do Côro Reserva © Blend All About Wine, Lda

E como as Casas do Côro também têm os seus próprios vinhos, foram eles que acompanharam toda a refeição. E fomos guiados pelos dois proprietários da casa: a Cármen foi descrevendo os pratos, o Paulo explicou-nos os vinhos. Tudo com um serviço de sala impecável, quer a servir a comida, quer a tratar e servir os vinhos. Vinhos que são elaborados por dois amigos da casa, Dirk Niepoort, que faz os vinhos Douro Rosado e Branco Reserva, e Rui Madeira que trata os vinhos Beira Interior Branco, Tinto e Tinto Reserva e vinhos Douro Tinto Grande Reserva. As Casas do Côro situam-se na linha de separação destas duas regiões.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

E foi com um branco da Beira Interior que começamos, o Casas do Coro Branco, já de 2013, um vinho feito com castas menos conhecidas, ainda assim bem interessantes, sobretudo na frescura que transmitem ao vinho. Dum amarelo citrino muito claro, cristalino, apresenta aromas de flores do monte, muito suave e elegante. Na boca é bastante sedoso, com uma acidez muito equilibrada, alguma fruta branca, pêra, ameixa, notas de citrinos intensas e alguma mineralidade a deixar um belo final.

Entretanto o pão veio para a mesa, da região, saboroso, e apreciou-se uma deliciosa bola de azeitona com azeite virgem e orégãos, muito bem elaborada, crocante mas fofa por dentro, muito boa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Do Douro veio um rosé da autoria de Dirk Niepoort, o Casas do Côro Rosado 2013, dum rosa pálido, com notas secas e elegantes no nariz, alguns frutos vermelhos, na boca apresentando uma boa acidez e muita elegância, volumoso, aveludado, envolvente e fresco.

Como entrada veio à mesa um rolo de bacalhau com puré tosco de verduras na cocote, muito quente, uma boa ligação entre o bacalhau e as verduras, um conjunto cremoso, e por cima um crocante delicioso a fazer o contraste, excelente. E não faltou a sopa, um creme de legumes da horta, olorosa e muito saborosa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se ainda um outro vinho branco, este do Douro, o Casas do Côro Branco Reserva 2012, onde Dirk Niepoort deu largas ao seu reconhecido bom gosto, com toque precioso de madeira, muito bem casada, aromas ligeiramente florais e fragrância suave de baunilha, belo volume de boca, muito envolvente, um casamento perfeito entre acidez e frescura, um vinho algo exótico com final longo e sedoso.

O prato principal foi um delicioso cabrito de leite assado no forno, que se apresentou desossado, em lascas pequenas, na companhia de batatas assadas no forno, tostadinhas, e um rolo de verduras muito saboroso.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se então o tinto Casas do Côro Beira Interior Reserva 2011, um ano que está a dar grandes vinhos tintos. Boa fruta no nariz, algumas notas de barrica e um delicioso toque mineral a dar-lhe grande elegância. Na boca tem persistência, lembra frutos silvestres, algum chocolate preto, ligeiramente especiado e com notas de fumo a par de alguma frescura, num vinho muito equilibrado.

Enquanto se apreciava este vinho tinto veio à mesa alguma doçaria de confecção própria e o queijo curado com umas tostinhas crocantes a dar o final à refeição.

Depois, já era hora de partir, Douro abaixo…

Contactos
Marialvamed – Turismo Histórico e Lazer, Lda
Largo do Côro
6430-081 Marialva – Portugal
Tel: (+351) 917 552 020
Fax: (+351) 279 850 021
E-mail: info@casasdocoro.pt ou reservas@casasdocoro.pt
Website: www.casasdocoro.pt

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Aphros: Na vanguarda da Biodinâmica em Portugal

Texto Sarah Ahmed  | Tradução Patrícia Leite

Vasco Croft coloca dinâmica na Biodinâmica, o método holístico de cultivo no qual ele tem sido pioneiro na região dos Vinhos Verdes (e sobre o qual poderá consultar toda a informação neste site.

Desde a última vez que visitei em 2010 a quinta deste anterior Designer de Mobiliário e Arquitecto, em Ponte de Lima, o portefólio ganhou uma “cara nova” com um novo nome (Aphros e não Afros) e novos rótulos.

Croft explica que a mudança do nome foi motivada por um pedido dos EUA, o seu maior mercado de exportação, onde havia preocupações sobre a possível confusão do nome com África ou com o estilo africado de penteado. Felizmente (não me parece ser pessoa de ceder em vão), diz que “o novo nome, que corresponde à escrita em Grego, mantém-se em sintonia com o nome original, que significa “a espuma mítica de onde surge Afrodite”. Tudo está bem quando acaba bem.

Quanto aos rótulos, têm um padrão de três círculos interligados, que foram desenvolvidos a partir de gravuras do seu primo José Pedro Croft, um artista plástico internacional. Não foi só a ligação à família que o fez interessar-se pela imagem. Croft explica: “Espero que esta imagem seja uma lufada de ar fresco no mundo dos rótulos de vinho e que torne a arte contemporânea e o vinho mais próximos”. A propósito, acho que a rotulagem dos vinhos portugueses tem vindo a melhorar. Os rótulos estão mais coloridos e com mais personalidade, o que ajuda os vinhos a destacarem-se nas prateleiras e dá a conhecer aos consumidores algo sobre as pessoas por trás dos vinhos. Uma coisa muito positiva.

Mas o que conta verdadeiramente é o que está na garrafa e, na Aphros, as mudanças vão muito para além da aparência. Croft tem vindo a expandir de forma sustentada o portefólio com um ambicioso Vinhão em madeira (Aphros Silenus), Aphros Rosé, Aphros “Ten” (um Loureiro com baixo teor de álcoo, 10% vol.), Daphne (um Loureiro muito interessante que teve contacto com as películas da uva) e, mais recentemente, AETHER (um lote 50:50 de Loureiro e, para minha surpresa, Sauvignon Blanc, uma casta não-nativa).

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Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

O surto de crescimento na Aphros estende-se às vinhas e também aos vinhos. Em 2009, Croft adquiriu e instalou vinha na Quinta de Casa Nova na freguesia vizinha de Refóios, que foi cultivada desde o início de forma biodinâmica. Planeia ainda transformar uma casa em ruínas num wine bar e, já este ano, deu início aos trabalhos para uma nova adega com capacidade de produzir 120.000 garrafas. Depois disso, ele irá provavelmente “brincar” com um Aphros Pinot Noir da Quinta de Valflores, uma exploração vizinha que arrendou a longo prazo à família Bossert de Oregon, EUA (o que explica a casta Pinot Noir)!

Entretanto a pequena adega original (situada, conforme a tradição, debaixo da casa) da Quinta do Casal do Paço, propriedade histórica da família Croft, continuará a ser utilizada para os lotes mais pequenos, os vinhos artesanais. Sendo pertença da família desde o século XVII, as uvas da quinta eram vendidas às cooperativas locais até Croft dar início à marca Afros/Aphros em 2005. Ele reestruturou as vinhas e começou a cultivá-las de forma biodinâmica com a colaboração de Consultores franceses da área, primeiro Daniel Noel, agora Jacques Fourès; a quinta está certificada na íntegra desde 2011 pela Demeter (Agricultura Biodinamica). É aqui que o composto (na foto) é semeado com preparações biodinâmicas feitas exclusivamente a partir de matéria orgânica, sendo depois aplicado na vinha de acordo com os ciclos dos planetas. Quantidades homeopáticas das preparações são diluídas primeiro com água da fonte, dinamizada pela forma do fluxo da corrente (na foto), e depois energizada pela agitação no tanque de cobre (na foto). São também preparados aqui bio-estimulantes experimentais (na foto).

Mas para Croft nem tudo anda à volta do vinho. Ele Salienta que “[F]azer vinhos por si só não chega”. Para ele, “ser biológico ou biodinâmico é uma questão, em primeiro lugar, de consciência, relacionada com a compreensão e respeito pela Natureza e com a criação de uma relação profunda com a Terra da qual nós somos parte”. Afirma ainda que “não é só uma técnica, muito menos uma opção de Marketing”. É por isso que a sua visão se estende “para a criação de um centro agrícola / cultural”, com um espaço de permacultura e “floresta de alimentos” na Quinta do Casal do Paço – um “santuário” para diferentes espécies de plantas.

Este tipo de aumento da biodiversidade da quinta ajuda a natureza a auto-regular-se (por exemplo, incentiva os predadores naturais que matam as pragas da vinha ou desencoraja as pragas, proporcionando-lhes algo para comer que não seja a vinha!). E a floresta de alimentos irá fornecer produtos da quinta para o wine bar previsto para a Quinta de Casa Nova.

Estou desejosa de conhecer o wine bar numa futura visita mas, entretanto, posso recomendar vivamente que procurem a gama de vinhos Aphros. No mês passado, provei os últimos lançamentos (expostos infra) com Rui Cunha, o Consultor de Enologia de Croft, e aproveitei para lhe perguntar sobre os benefícios de trabalhar de forma biológica e biodinâmica. Ele lembra-se, rindo, que “as pessoas pensavam que era um pouco de loucura no início”. Rui Cunha encontrou-se com praticantes da Biodinâmica alemães e franceses durante as suas viagens, mas a sua prova de fogo aconteceu na Quinta da Covela. Diz que “foi assustador” quando Nuno Araújo (o anterior proprietário desta quinta dos Vinhos Verdes) anunciou que iam começar a converter toda a quinta para a produção Biodinâmica. Isto aconteceu em 2004, num período em que os cursos de enologia em Portugal não faziam qualquer referência ao modo orgânico da agricultura Biodinâmica.

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Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Tal como Croft, Nuno Araújo contratou o Consultor Francês Daniel Noel e, diz Rui Cunha que “vimos um aumento imediato da qualidade das uvas. Eram menos produtivas e de repente mais equilibradas; com o tempo, tornaram-se mais consistentes no rendimento”. Acrescenta que a maturação tem sido mais lenta e a acidez maior, que provou ser particularmente útil num clima quente. Claro que, sendo o sabor o teste final, Rui Cunha diz que “as uvas sabem muito melhor”. Refere ainda que é como comparar um fruto da nossa própria árvore com um fruto comprado, que tenha sido cultivado de forma convencional (ou seja, com produtos químicos – fertilizantes, herbicidas e pesticidas). Quanto às especificidades, Rui Cunha admite que não pode explicar o motivo de algumas práticas biodinâmicas funcionarem, mas já viu em primeira mão como a preparação biodinâmica 500 (um composto de estrume de vaca) dá muito maior vitalidade ao solo e apenas 200 gramas de 501 (pó de quartzo) pode ter um impacto significativo na produção – “as folhas tornam-se mais espessas, ficando mais resistentes ao sol (a queimaduras) e insectos”.

Vasco Croft tem notado que, ultimamente, cada vez mais produtores portugueses estão a trabalhar de forma biológica ou biodinâmica, mesmo que não certifiquem os seus vinhos. De acordo com o Instituto da Vinha e do Vinho, Portugal tem agora cerca de 2.500 hectares de vinhas biológicas certificadas, que são cultivadas por 485 produtores de uva e 52 produtores de vinho certificados como Biológicos. Referindo-se a “uma tendência mundial de respeito pela terra e pela tradição e autenticidade dos vinhos”, na sua opinião, “[I]sso é bom, porque a era agro-química já desapareceu em termos éticos e científicos, pertence ao passado, mesmo que ainda permaneça por um tempo devido à inércia”.

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Aphros AETHER 2013 – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Aphros Ten 2013 (Vinho Verde)
Ten foi produzido pela primeira vez em 2011 e provém de uvas Loureiro de vinhas mais jovens. O seu nome é uma referência ao baixo teor alcoólico (claro está, cerca de 10% vol.). O vinho de 2013, uma amostra da cuba, é muito bonito – este Loureiro meio-seco é um floral clássico com notas de pó-de-talco, sabor cristalino de lima e toranja e ainda uma pitada de casca de frutas cítricas. A acidez vivaz e de fazer crescer água na boca mantém o foco e equilíbrio (melhor do que na colheita de 2011, em que faltou um pouco de vitalidade). Muito bom; um excelente vinho para se beber avidamente e com o coração. 10%

Aphros Loureiro 2013 (Vinho Verde)

Há aqui uma série de factores para fazer um vinho mais sério, concentrado e estruturado. Primeiro, a uva vem de vinhas mais velhas. Em segundo lugar, o contacto com as películas da uva durante cerca de 4-6 horas (na prensa) e, uma vez prensado, o mosto é fermentado a temperaturas ligeiramente mais elevadas. É envelhecido nas borras com batonnage, o que dá corpo e complexidade. Assim, embora liderem os sinais florais do Loureiro, o vinho é muito mais firmemente estruturado, focado e mineral. Muito fino, longo e persistente. Acho-o mais puro do que as colheitas anteriores. Rui Cunha concorda comigo, salientando que esta colheita beneficiou com a aquisição de uma prensa (antes a prensa era alugada e não estava sempre disponível no momento ideal em função da vindima). Agora, as uvas podem ser colhidas precisamente no momento certo e ir directamente para a prensa, o que explica a precisão encantadora deste vinho. Muito bom mesmo e tem potencial de envelhecimento. 11,5%

Aphros AETHER 2013 (Minho)
Este vinho é um lote 50:50 de Loureiro e Sauvignon Blanc, produzidos na quinta. Rui Cunha explica que adora a casta Sauvignon, mas também há uma lógica empresarial subjacente a este vinho. A Aphros está a usar a mais conhecida casta francesa para “abrir portas” para os mercados de exportação. Para mim, Aether é um vinho de duas metades. O Loureiro impõe-se no nariz com as suas notas encantadoras, e até celestiais, de flores e talco. O Sauvignon domina na boca, com a mineralidade do giz, notas de rebentos de groselha e um final crocante mais marcado do que os Aphros Loureiros. É agradável e limpo, com o poderoso carácter varietal do Sauvignon, mas tenho que admitir que, pessoalmente, viro-me sempre mais para o charme do Loureiro! 12%

Contactos
Quinta Casal do Paço
Padreiro (S. Salvador)
Arcos de Valdevez 4970-500 Portugal
Tel: (+351) 91 42 06 772
E-mail: info@afros-wine.com

Website: www.aphros-wine.com

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Casas do Côro – (En)Canto de Marialva

Texto Patrícia Leite

No mapa vitivinícola português, a freguesia de Marialva divide-se entre a região do Douro e a da Beira Interior. E é no coração desta belíssima Aldeia Histórica de Portugal, de grande importância estratégica nos alvores da nacionalidade, que encontramos as Casas do Côro, uma unidade de casas de campo, hotel vínico e eco-friendly Spa.

Na chegada às Casas do Côro de imediato percebemos como esta unidade enoturística respira história, tranquilidade e respeito pela natureza, num conceito único que resulta de uma enorme paixão pela terra e por bem-receber dos proprietários Cármen e Paulo Romão.

Source:www.casasdocoro.pt

Tudo começou há 14 anos, com a simples ideia de recuperação da primeira das casas – a Casa do Côro – que passou depois a funcionar como casa principal deste projecto turístico de excelência. Esta casa é como um pequeno hotel, a única que não se aluga na totalidade, e tem quatro quartos de casal, um quarto individual e uma suite júnior. Lá encontramos também uma magnífica sala de jantar acompanhada de uma acolhedora sala de estar.

Source:www.casasdocoro.pt

À casa principal juntaram-se mais oito casas em total respeito pela traça beirã, que manda erguer paredes em granito, xisto e madeira de castanheiro e pinho.

É possível ainda usufruir do magnífico espaço exterior em volta de cada uma das casas, bem como dos jardins e da piscina, para passear, relaxar ou até mesmo para jantar ao luar nas noites quentes de Verão.

Em plena harmonia com a Natureza, podemos ainda encontrar a suite eco-sustentável dos Bogalhais: um espaço de design rodeado de carrascos e sobreiros, com uma vista arrebatadora sobre Marialva.

Source:www.casasdocoro.pt

Actualmente as Casas do Côro têm 24 quartos, mas com os investimentos já realizados e agora em fase final, o alojamento da unidade será em Julho de 2014 no total de 31 quartos distribuídos por 6 tipologias diferenciadas, contando também com um eco-friendly Spa.

Nesta unidade de enoturismo experiencia-se ainda, claro está, a tradição da gastronomia e do vinho, num ambiente acolhedor e requintado. Na verdade, a oferta de uma gastronomia de excelência é também uma aposta das Casas do Côro, da responsabilidade de Cármen Romão. E muito do que é servido nas refeições é produzido na unidade, sendo tudo o mais comprado nas redondezas: pão cozido em forno de lenha, compotas, mel, sumos naturais de frutas da época provenientes da horta biológica, queijo curado, requeijão, chouriço e lombo, ovos caseiros, bolos, entre outros.

Source:www.casasdocoro.pt

Em 2008, as Casas do Côro entraram no negócio do vinho pela mão do amigo Dirk Niepoort. Primeiro começaram a comprar uvas às pessoas da aldeia de Marialva, mas depois decidiram começar a ter também uvas próprias e plantaram vinha. Os vinhos “Casas do Côro” provêm das duas regiões vitivinícolas que “dividem” Marialva: do Douro (Rosado, Branco Reserva e Tinto Grande Reserva) e da Beira Interior (Branco, Tinto e Tinto Reserva). Dirk Niepoort assina os vinhos Douro Rosado e Branco Reserva e Rui Reboredo Madeira os vinhos Beira Interior Branco, Tinto e Tinto Reserva e os vinhos Douro Tinto Grande Reserva.

Mas, para além de encontrarem na Loja do Côro uma oferta de vinhos seleccionada por Paulo Romão, os entusiastas do vinho têm ainda a oportunidade de viver experiências vínicas com os vários programas oferecidos pela unidade enoturística: “Casas do Côro & Gourmet & Wine Experience, “Casas do Côro & Oporto Ramos Pinto Experience”, “Casas do Côro & Wine & Train Tour Experience” e “Casas do Côro & Douro Boat & Ervamoira Museum”.

Source:www.casasdocoro.pt

Nestes programas, com duração de 3 dias, é possível usufruir de provas de vinho, de visita às quintas e adegas vitivinícolas, de momentos de degustação gastronómica e de caminhada nocturna e visita ao Património Histórico, Religioso, Arquitectónico e Natural de Marialva.

Segundo Paulo Romão e a sua mulher Cármen, muito mais do que um hotel, as Casas do Côro são sinónimo de “amor, família, cultura, história, património e terra”. Para mim, são um verdadeiro (en)Canto de Marialva!

Contactos

Marialvamed – Turismo Histórico e Lazer, Lda
Largo do Côro
6430-081 Marialva
Portugal
 Telefone (+351) 917 552 020
Fax (+351) 279 850 021
info@casasdocoro.pt ou reservas@casasdocoro.pt
www.casasdocoro.pt

Morgadio da Calçada, de Provesende para o mundo

Texto João Pedro de Carvalho

Na pacatez da pitoresca Vila de Provesende reina um ambiente acolhedor e pleno de tradição. Pela manhã o ar fresco e puro é tomado pelo cheiro a pão cozido que percorre as ruelas e guia-nos a uma visita obrigatória à padaria.

Um dos mais antigos solares daquela vila é a Casa da Calçada, um imponente solar duriense cuja fundação remonta ao séc XVI pertença do Morgado da Calçada, mandado construir no final do século XVII pelo desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel, mantendo-se na família até aos dias de hoje.

É Manuel Villas-Boas quem nos abre o portão que dá passagem para um conjunto de antigos edifícios agrícolas, alvos recentes de uma profunda e cuidada reabilitação, que deram origem a uma bonita unidade de enoturismo. No total são oito quartos e piscina, onde o bom gosto se alia à tradição com um ligeiro e necessário toque de modernidade. Se aliarmos tudo isto à arte de bem receber de Manuel Villas-Boas, apenas faltará abordar os belíssimos vinhos que ali são produzidos.

Casa da Calçada – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Na verdade, o vinho sempre fez parte da história daquela casa e a visita à antiga adega apenas o confirma com a presença de imponentes e históricos tonéis de madeira. Os cerca de 4,5 hectares de vinhas moram lado a lado com a casa e reconversão das mesmas teve início no ano de 1980, terminando por volta dos anos 90. A vinha divide-se em três parcelas: a mais velha com mais de 100 anos, uma só de castas brancas de cerca de 2,5 hectares com idade a rondar os 20 anos e outra de castas tintas com idade aproximada de 30 anos. Foi nessa altura que se criou a parceria Casa da Calçada – Niepoort com o surgimento da marca Morgadio da Calçada, sendo todo o processo de vinificação tratado na Quinta de Nápoles (Niepoort). Também aqui os detalhes não foram deixados ao acaso e no desenho dos rótulos surge a assinatura do Arq. Siza Vieira para os vinhos tranquilos e do Arq. Michel Toussaint para os vinhos do Porto. Dirk Niepoort é um confesso admirador das vinhas de Provesende, criando ali vinhos de grande frescura e elegância, para o que muito contribuem os 600 metros de altitude e as grandes amplitudes térmicas. Em prova, nenhum dos vinhos se revelou marcado pela madeira e todos mostraram uma enorme apetência gastronómica.

Morgadio da Calçada Branco 2012, Douro – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Morgadio da Calçada Branco 2012, Douro

Fruto de um grande ano, reina aqui a limpeza e frescura da fruta madura (citrinos, ameixa branca, pera) de grande qualidade. Apenas 60% do lote passou por madeira num conjunto muito novo e cheio de energia, dominado em fundo por austeridade mineral. Prova de boca elegante, fruta presente com harmonia, alguma tosta da madeira com frescura a envolver todo o conjunto.

Morgadio da Calçada Branco Reserva 2010, Douro

Um vinho que cresce com tempo no copo, beneficia se for decantado, a mostrar um requintado bouquet com fruta presente (citrinos, ameixa branca), complexo, elegante e convidativo. Da passagem a 100% por madeira, ganhou algum peso num perfil mais estruturado e profundo, complexo e sério que o irmão mais novo. Na boca, muito boa presença com leve cremosidade, fruta cheia de sabor, num final especiado, mineral e persistente.

Morgadio da Calçada Tinto 2004, Douro – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Morgadio da Calçada Tinto 2011, Douro

Estagiou em barricas usadas, madeira discreta ampara um conjunto dominado pela frescura de fruta vermelha/negra (bagas, framboesa,) gulosa com leve doçura, toque de fumo, cacau. Todo ele elegante, com boa estrutura, palato cheio de frescura e fruta, envolvente a terminar com ligeira secura.

Morgadio da Calçada Tinto 2004, Douro

Foi o primeiro tinto Morgadio da Calçada, simplesmente delicioso, cativa no imediato. A fruta limpa, madura e muito bem definida mostra-se banhada numa capa de leve doçura, envolto em frescura e complexidade, especiarias, esteva, cacau, profundo e conversador. Boca cheia de sabor e frescura, macio no palato, muito requinte, leve traço vegetal e especiaria em final longo e persistente. Muito bom.

Morgadio da Calçada Tinto Reserva 2007, Douro

Da selecção das melhores uvas das vinhas mais velhas nasce o Reserva, sério e complexo, sente-se uma ligeira austeridade tão característica dos tintos do Douro, a pedir tempo de copo. Fruta expressiva (cereja, amoras) com notas de esteva, especiaria, nota de licor, mineral, elegante e macio no palato. Saboroso com rica textura, frescura e profundidade, num tinto de gabarito e classe.

Contactos
Largo da Calçada | Provesende
5060-251 Sabrosa (Portugal)
Tel: (+351) 254 732 218
Telemóvel: (+ 351) 915 347 555
E-mail: mvb@morgadiodacalcada.com
Website: www.morgadiodacalcada.com

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A aventura vai começar

Texto Ilkka Sirén | Tradução Patrícia Leite

Vou ser muito honesto. Não tenho sido um grande fã do Alentejo como região vitivinícola. Sei que isso pode aborrecer algumas pessoas mas é a verdade. Eu não tenho nada contra o Alentejo, mas tenho andado sempre mais à volta das regiões do Norte de Portugal, como Bairrada, Dão, Douro e Vinho Verde. Isto acontece apenas porque, quando viajo para Portugal, normalmente apanho o avião para o Porto, de onde podemos ir até estas maravilhosas regiões do vinho de forma bastante rápida.

O Alentejo é um pouco mais distante e normalmente não tempo para me aventurar tão longe para sul. Por esse motivo, demorei algum tempo a ir conhecer a região, mas no ano passado isso finalmente aconteceu. E tudo o que posso dizer é, UAU! O Alentejo é mais do que bonito. Como poderemos não gostar das incríveis paisagens, dos azeites, dos sobreiros e do tempo quente. Já para não falar da terra de uma das “coisas vivas” mais deliciosas do planeta, o Porco Preto Ibérico. Por isso, se gostar de bastante sol e boa comida, então deverá definitivamente visitar o Alentejo.

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Aventura ‘2012/Susana Esteban e Saca-Rolhas – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Os vinhos são diversificados, tanto no estilo como na qualidade. Poderá encontrar alguns vinhos incríveis no Alentejo, mas provavelmente irá ter também umas quantas decepções. Mas para apreciar e entender plenamente estes vinhos, temos mesmo de visitar a região e eu mal posso esperar por lá voltar para descobrir o que mais esta região tem para oferecer.

A enóloga Susana Esteban andou durante dois anos à procura de vinhas no Alentejo antes de encontrar duas parcelas, cada uma com uma personalidade própria, a partir das quais começou o que parece ser um projecto muito promissor. Frescura não é a primeira palavra que me vem à cabeça quando penso em vinho Alentejano, mas de alguma forma a Susana conseguiu fazer dois vinhos equipados com uma frescura invulgar, que faz “saltar” a fruta vibrante como uma coelhinha da Playboy de um grande bolo. Não digo que estes sejam os dois vinhos mais excitantes do mundo, mas são uma lufada de ar fresco, muito bem-vinda, que irá contribuir para aumentar a já versátil gama de vinhos do Alentejo.

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Aventura ‘2012/Susana Esteban e Saca-Rolhas – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Aventura 2012 / Susana Esteban Vinho Regional Alentejano

Se juntar um punhado de umas lindas flores roubadas do bouquet do casamento do seu melhor amigo com uma pitada de pimenta preta e alcaçuz e depois esfregar esta combinação nas mãos, ela cheiraria exactamente como este vinho. Bem, é provável que o aroma não seria exactamente o mesmo mas muito próximo. Este vinho faz-me lembrar um Zweigelt apimentado da Áustria que uma vez provei.
Simples e directo, jovem, sem madeira com um final de mirtilos (não, eu não inventei isto). Com “apenas” 13,5%, o que é bastante moderado para o Alentejo, e com alguma acidez vigorosa, este vinho tem alguma capacidade de ser bebido mais tarde. Uma bebida agradável para nós que gostamos de embarcar em aventuras vínicas.

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Procura ‘2011 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Procura 2011 Vinho Regional Alentejano

Este vinho peculiar foi o primeiro deste projecto. É um lote de Alicante Bouschet duma vinha perto de Évora com várias castas (“sabe-se-lá-quais”) de uma vinha mais velha e fresca em Portalegre. O vinho começa bastante intenso, porém delicado. Poderia até ser mais intenso se não fosse a forte acidez a mantê-lo controlado. Embora o nome do vinho seja Procura, por mais que eu procurasse não consegui nele detectar o álcool relativamente elevado. Com 14,5%, este vinho é equilibrado e tem um agradável sabor vibrante a fruta.

(Não sou um grande utilizador de decanters, mas se o for, pode querer experimentar decantar para ver se o vinho suaviza um pouco).

Contactos
Susana Esteban
Sede – Av. António Augusto Aguiar, Nº 100, 4º Esq. / 1050-019 Lisboa
Adega – Quinta Seca da Boavista / 7490-311 Mora
E-mail: susana@susanaesteban.com
Site: www.susanaesteban.com