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Soalheiro, a excelência de 2015

Texto João Pedro de Carvalho

Desta vez vou falar da marca de Alvarinho que mais tenho em casa e que vai para longos anos tem um canto reservado no escuro da minha garrafeira. Muitos podem pensar, mas guardar os Alvarinho na garrafeira? Sim é verdade, guardo estes e outros porque a capacidade de guarda está mais que comprovada ano após ano, colheita após colheita. Para quem olha de soslaio ou fica na dúvida, então que tenha a sorte de provar um destes belos exemplares dos anos 90 ou para não recuar muito no tempo que se beba um “simples” 2007 e se for em Magnum ainda melhor.

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Soalheiro – Foto Cedida por Quinta de Soalheiro | Todos os Direitos Reservados

A evolução ou direi mesmo, a perfeição tem vindo a aumentar a olhos vistos e os vinhos a cada década que passa têm sabido espelhar isso mesmo. Hoje mais do que nunca a limpeza aromática aliada a uma energia própria dos vinhos da região (Vinhos Verdes) faz com que os Soalheiro, entre outros, ganhem outra dimensão na hora de irem à mesa. O génio da lâmpada neste caso da adega, chama-se António Luís Cerdeira e é quem tem tido a capacidade de deliciar com os seus vinhos uma legião de fans na qual eu me incluo.

Depois das recentes novidades que aqui já tive oportunidade de relatar, estará para breve o lançamento do Soalheiro Granit, chegam agora os novos 2015 de uma colheita considerada de excelência pelo próprio produtor. Neste caso são os mais jovens do alinhamento, começando pelo Soalheiro ALLO 2015 que resulta de um lote 50/50 de Alvarinho e Loureiro. Desta junção nasce um branco cheio de aromas que invocam fruta e flores frescas, vibrante, muito perfumado e ao mesmo tempo leve e divertido, num vinho que mal damos conta e a garrafa já acabou. É daqueles brancos que apetece ter à mesa num final de tarde em pleno Verão a acompanhar uns canapés ou mariscos de concha ao natural.

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Soalheiro ALLO 2015 & Soalheiro Alvarinho 2015 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

O segundo vinho é o incontornável Soalheiro Alvarinho 2015, que quanto a mim se mostra muito melhor nesta colheita que por exemplo na anterior, noto aqui mais frescura com a fruta menos exposta e com a mesma a surgir menos madura e mais airosa. Quanto ao resto é o perfil Soalheiro a funcionar onde os descritores da casta aparecem num conjunto que conquista no imediato pelos aromas limpos e bem definidos, boa intensidade de conjunto a mostrar-se tenso, muito fresco e com austeridade mineral em pano de fundo. A fruta (maracujá, líchia, citrinos) funde-se com notas florais, uma muito ligeira e fina colherada de mel a fazer toda a ligação e que se equilibra muito bem com a acidez do vinho. Beba-se desde já com uns camarões tigre grelhados ou então que se guarde por dois anos para se ter uma agradável surpresa.

Contactos
Quinta de Soalheiro
4960-010 Alvaredo, Melgaço
Tel: (+351) 251 416 769
Fax: (+351) 251 416 771
Email: quinta@soalheiro.com
Website: www.soalheiro.com

Soalheiro, Oppaco e Terramatter

Texto João Pedro de Carvalho

Nasceu em 1974 pelas mãos de João António Cerdeira a primeira parcela de apenas um hectare de uvas Alvarinho em Melgaço. o O tempo passou e hoje já sobre o olhar dos filhos Luís e Maria João Cerdeira, contam-se dez os hectares de vinha da casta Alvarinho. Durante mais de 25 anos esta marca tem sido presença à mesa, sendo de elogiar tanto a consistência como o potencial de guarda que este Alvarinho apresenta colheita após colheita. E na cavalgada dos anos as novidades foram sendo colocadas à disposição do consumidor, vinhos que quando saem para o mercado são quase sempre encarados com uma dose de experimentalismo/inovação, mas que pouco tempo depois se assumem como exemplos a seguir. Foi assim com o Primeiras Vinhas e também foi com o Reserva, ambos exemplares que elevam a casta Alvarinho para os patamares do que de melhor se faz em Portugal.

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Quinta de Soalheiro – Foto Cedida por Quinta de Soalheiro | Todos os Direitos Reservados

Na realidade são vinhos que precisam e até gostam de um tempinho de espera na garrafa, por exemplo o Alvarinho Soalheiro é exemplar que apenas o gosto de abrir com dois anos de estágio em garrafa mas as garantias a ver por colheitas como 2007 ou mesmo anteriores confirmam que nos podemos esquecer dele que não fica minimamente amuado. Neste caminho vai o Primeiras Vinhas e o Reserva, a mostrarem que há na adega do Soalheiro quem saiba educar os vinhos nesse sentido.

É já nas novas instalações que o processo criativo tem continuidade, as novidades fazem eco por entre os consumidores e acabam de chegar para já, dois novos vinhos ao mercado. O primeiro de nome Terramatter é da colheita 2014, um Alvarinho com uma vindima mais precoce, sem filtração e sujeito a depósito cujo envelhecimento é feito, essencialmente, em barricas de castanho (pipas tradicionais da região do Minho). A tonalidade é ligeiramente mais carregada que o normal na casa, nota-se algo fechado com a espectável precisão aromática que o produtor nos tem acostumado em todos os seus vinhos. Denso, bom volume de boca com muita elegância e frescura, sensação de ligeira untuosidade. Travo mineral vincado em fundo numa passagem plena de sabor e frescura. Está a meu ver ainda muito novo e será bastante interessante acompanhar a sua evolução, haja garrafas que o permitam.

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Terramater Alvarinho 2014 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

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Oppaco Vinhão e Alvarinho tinto 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

A outra novidade é o primeiro Soalheiro tinto de nome Oppaco, colheita 2013, baseado nas castas Vinhão e Alvarinho. Novamente a palavra inovação em foco, uma vez que se trata do primeiro vinho tinto da região com lote de uvas tintas e uvas brancas. O resultado é um vinho que alia a rusticidade da casta Vinhão, domada pela frescura e elegância que a casta Alvarinho mostra nas mãos de Luís Cerdeira. Grande frescura de conjunto, aromas limpos e definidos, aquela rusticidade que se faz sentir num misto de fruta muito presente mas ao mesmo tempo a mostrar um conjunto muito novo e cheio de energia. Diferente e senhor do seu nariz, identidade própria a pedir comida regional por perto, desde Galo de cabidela a uns Rojões à moda do Minho.

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Alvaredo . Melgaço
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Quinta de Soalheiro – Alvarinho em todas as Direcções

Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Ferreira

‘Scales fall from the eyes’ (“Tirar as palas dos olhos”). É uma frase dramática. Uma frase que utilizo por duas vezes nesta peça e que portanto, caro leitor, me senti na responsabilidade de investigar a sua origem. Provavelmente já sabe que vem da Bíblia, do conto de Saulo, um perseguidor de cristãos, que após ter sua visão restaurada por um Cristão, vê a luz e converte-se ao Cristianismo.

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Dá-me a luz do sol; A Quinta de Soalheiro é um hotspot para o Alvarinho – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

A minha conversão ao Vinho Verde, ou mais propriamente ao Alvarinho, esteve longe de ser uma experiência religiosa. Mas confesso que tenho sido um pouco evangélica em relação ao Alvarinho desde que o descobri, há cerca de 12 anos atrás, na Prova Anual de Vinhos de Portugal. Estava um dia invulgarmente quente e ensolarado em Londres – e qual sítio melhor para saciar a minha sede do que a mesa de Vinho Verde?

À medida que dava o meu primeiro gole do Alvarinho Palacio da Brejoeira, experienciei o meu primeiro momento “scales fall from eyes” (abrir os olhos). Percebi que o Vinho Verde não era apenas um agradável produto comercial, gaseificado, e meio-seco. O Brejoeira era tão elegante e requintado como a sua delicada garrafa flute. E ganhava aos pontos ao Rias Baixas Albariño que eu na altura vendia em Oddbins.

O meu segundo momento “scales fall from eyes” (abrir os olhos)? Foi uma prova vertical na Quinta de Soalheiro com o enólogo Luis Cerdeira. Provamos este, a primeira marca de Alvarinho em Melgaço, da colheita de 1995. Outro mito desmentido. Nem todo o Vinho Verde é, como dizemos na Hugh Johnson Pocket Wine, “DYA” (drink the youngest available – beber o mais jovem dísponível). O 1995 (unoaked) estava glorioso.

Plante a casta certa (Alvarinho) no lugar certo (Monção e Melgaço) e este prospera, mesmo depois de 14 anos em garrafa! Daqui para a frente, valerá a pena procurar nos rótulos de Vinho Verde por essa sub-região de alta importância, Monção e Melgaço, já que estão em andamento planos para permitir que que todos os produtores de Vinho Verde, e não apenas aqueles localizados em Monção e Melgaço, coloquem Alvarinho no rótulo frontal.

O que faz o Alvarinho de Monção e Melgaço tão especial? A pista está no nome da quinta dos Cerdeira. Soalheiro significa ensolarado, localizado no interior e abrigado da influência do Atlântico. Monção e Melgaço é a região do Vinho Verde mais seca e ensolarada. As percentagens hl/ha também são mais baixas, o que explica o porquê dos Alvarinhos desta Sub-Região terem a concentração necessária para envelhecer tão brilhantemente, isto já para não falar da sua grande complexidade e requinte.

Estou ansiosa por partilhar estas experiências de ‘abrir os olhos’ em Junho numa prova mini-vertical na Quinta de Soalheiro (e uma visita ao Palácio da Brejoeira), quando eu estiver a conduzir o Premium Tour da Blend – All About Wine, de produtores de excelência do Douro e Vinho Verde. Espero que se possam juntar a mim.

Aqui estão as minhas notas sobre os últimos lançamentos da Quinta de Soalheiro:

Quinta de Soalheiro Alvarinho Bruto 2013 (Vinho Espumante IG Minho)

Amarelo pálido com bolhas de tamanho considerável. Manga verde no nariz, seguido de um palato cremoso a salada de frutas, muito focado na fruta. É, de facto, muito vínico – mais parecido com um vinho de mesa do que um espumante. Também porque as bolhas não são muito persistentes, embora a fruta seja. E também tenho a certeza que o intuito de Cerdeira não era um espumante tipo champanhe. Pelo contrário, a intenção é destacar fruta ensolarada da Soalheiro. Sim, pensa que apenas a Austrália transporta o sol para copo, acontece que este também. Muito agradável, divertido e irresistível, trouxe-me memórias da minha primeira prova com Cerdeira num longo almoço de convívio no restaurante Panorama. Foi a companhia perfeita a caranguejo barrado em pão rústico e saboroso. Isto é para beber! 12.5%

Quinta de Soalheiro Dócil 2014 (IG Minho)

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Quinta de Soalheiro Dócil 2014 – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Este Alvarinho meio-seco, equilibrado e com textura, mostra uma cascata de sabores à medida que se abre, desde doce de pêra cozida, casca de pêra e lichia a maracujá. Uma lenta e muito suave pulsação de acidez desperta os sabores. Muito diferente dos estilos mais secos – um Alvarinho em câmara lenta. 9% , 48g/l de açucar residual.

Quinta de Soalheiro Alvarinho 2014 (Monçao e Melgaço)

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Quinta de Soalheiro Alvarinho 2014 – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Esta foi uma colheita complicada devido às chuvas no fim de Setembro e Outubro. No entanto a Soalheiro já tinha colhido a sua fruta. A amplitude da concentração e complexidade deste vinho fica demonstrada pelo quão bem sabe no segundo dia, quando do copo saltam madressilva, maracujá e lúpulo. Muito expressivo, e no palato mostra maracujá suculento, lichia e pêssego branco. Uma acidez persistente e agradável no final, atractivo para os apaixonados pelos poderosos Sauvignon Blancs da Nova Zelândia. 12.5%

Quinta de Soalheiro Primeiras Vinhas Alvarinho 2013 (DOC Monçao e Melgaço)

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Quinta de Soalheiro Primeiras Vinhas Alvarinho 2013 – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

O nome ‘Primeiras Vinhas’ – um dos meus Alvarinhos favoritos – pressupõe que este seja proveniente das vinhas mais velhas da Soalheiro (mais de 30 anos de idade). De um ano excelente e de amadurecimento lento (com mais chuva de Inverno do que o que é costume, e com Julho e Agosto muito secos e quentes mas com noites frias), é um vinho adorável, com várias camadas, sendo porém, de expressão muito suave e elegante. Basta dizer que não salta do copo em direcção a nós como o seu irmão mais novo, mas procure e encontrará! No nariz, damasco ceroso e, no palato revela camadas de laranja vigorosa (um apelativo toque amargo), madressilva, pêssego cremoso amarelo e branco, borras agradáveis e notas de frutos secos nogados (15% deste cuvée foi fermentado em barril). Uma acidez dançante e minerais cintilantes levam a um final muito longo e suave, com uma fantástica ressonância de back palate. Lindo. 13%

Quinta de Soalheiro Reserva Alvarinho 2013 (DOC Monçao e Melgaço)

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Quinta de Soalheiro Reserva Alvarinho 2013 – Photo by Sarah Ahmed | All Rights Reserved

O Reserva foi fermentado e envelhecido em barricas de carvalho francês (em novas e em já utilizadas), em “batonnage” com borras finas, até ao final de Junho de 2014. Por vezes achei este vinho demasiado amadeirado para o meu gosto mas, o 2013 mostra uma fantástica transparência a alperce, pêssego, lichia e ananás. Um pingo de sabor a baunilha e ervas secas acrescentam interesse. Grande postura e equilíbrio; muito bom. 13%

A propósito, a gama de Alvarinhos da Soalheiro extende-se a uma aguardente Alvarinho e a ‘allo’ uma mistura minhota das castas Alvarinho e Loureiro. Tal como tinha dito, em todas as direcções!

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