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Festa do Vinho na Quinta da Boeira

Texto José Silva

Embora com um atraso considerável, pois já deveria estar pronta há cerca de um ano, foi finalmente inaugurada aquela que é considerada a maior garrafa de vinho do mundo. Foi construída em fibra de vidro, nos jardins da Quinta da Boeira, em Vila Nova de Gaia, tem 32 metros de comprimento e 9,5 metros de diâmetro e uma capacidade para albergar cerca de 150 pessoas. Está inserida num evento a que se chamou “Portugal In A Bottle”, que vai decorrer até 27 de Setembro de 2014.

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“Portugal in a bottle” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Dentro desta garrafa, que pretende ser um museu vivo de homenagem ao vinho português, percorre-se o país vinícola através dum filme 3D e da promoção e comercialização de vinhos, gastronomia e artesanato que vai atrair um público interessado, entre nacionais e estrangeiros. E mesmo dentro da garrafa gigante vão decorrer provas de vinhos das várias regiões.

O “Parque Natural da Quinta a Boeira-Arte e Cultura” é o resultado da recuperação duma antiga quinta de que fazia parte um velho armazém de vinho do Porto, agora adaptado a outras funções. O espaço é dominado pela enorme mansão senhorial, erguida no meio dum jardim fantástico, rodeado de enorme muro, a dar-lhe uma privacidade muito própria. Um local tranquilo de rara beleza, com um pequeno lago e arvoredo luxuriante, para passar momentos de lazer, com um restaurante a funcionar todos os dias e uma zona para serviços maiores, usufruindo sempre de todo o complexo turístico, que inclui um parque de estacionamento.

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Quinta da Boeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Pois foi neste espaço fantástico que decorreu, entre os dias 30 de Maio e 1 de Junho, o “Portugal Wine Trophy – Portugal Grand Gold”, uma organização da Deutche Wein Market. É um concurso mundial que tem em Berlim, na Alemanha, duas edições anuais e que passa também por Seul, na Coreia do Sul, onde se realiza o “Asia Wine Trophy”.

Agora veio a Portugal, trazido pela mão da administração da Quinta da Boeira. Este prestigiado concurso tem o patrocínio do OIV e do UIOE, conhecidas pelo rigor que colocam no contrôle deste tipo de eventos. Neste primeiro “Portugal Wine Trophy” estiveram 60 jurados, 40% dos quais portugueses, que provaram 1.012 vinhos de todo o mundo e cujos resultados serão conhecidos mais tarde.

Os júris estrangeiros foram recebidos em Vila Nova de Gaia com a habitual hospitalidade portuguesa, visitaram as caves de vinho do Porto e alguns produtores de vinho. E puderam apreciar o enorme movimento de turistas nas cidades do Porto e Gaia, em divertidos momentos de lazer, em que não faltou a gastronomia tradicional do norte do país.

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Armazém Quinta da Boeira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As provas decorreram no velho armazém de vinho do Porto da Quinta da Boeira, que oferece condições fantásticas de tranquilidade e temperatura para este tipo de provas, apoiado por profissionais competentes que estiveram à altura, quer na abertura e tratamento das garrafas – as temperaturas adequadas são fundamentais – quer no serviço dos vinhos aos júris, onde o timing é precioso. Provaram-se vinhos de todo o mundo, incluindo Portugal e foram atribuídas muitas medalhas de prata e de ouro e algumas na qualidade de grande ouro, o que revelou o nível dos vinhos em concurso.

O balanço, a julgar pelas opiniões gerais dos convidados estrangeiros e dos responsáveis alemães da organização, foi muito positivo, e tudo indica que para o próximo ano a Quinta da Boeira poderá receber novamente este prestigiado concurso, provavelmente ainda com maior número de vinhos em prova.

A maior garrafa de vinho do mundo ali continuará, entretanto, a divulgar a qualidade dos produtos portugueses.

 

Contactos
Rua Conselheiro Veloso da Cruz, nº. 608
Rua Teixeira Lopes, nº. 114
440-320 Vila Nova de Gaia
Tel: (+351) 223 751 338
Telemóvel: (+351) 961 360 897
Email: quintaboeira@sapo.pt
Site: www.quintadaboeira.pt

Almoço no Chalet Vicente

Texto José Silva

Num dia temperado e cheio de sol no Funchal, a Olga e eu sentámo-nos a uma mesa da esplanada dum dos restaurantes mais acolhedores da cidade Madeirense para uma refeição tranquila. Chalet Vicente, uma casa solarenga com vários espaços e recantos, entre as salas interiores e a enorme esplanada.

E, logo à entrada da sala principal, pontifica um enorme grelhador, por onde passam peixes e carnes diversos. Mas a ementa é muito variada, entre petiscos e pratos principais, havendo mesmo ao almoço um interessante serviço de buffet.

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Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Tudo aquilo é dirigido por um grande senhor da gastronomia madeirense, um homem com enorme experiência e muito bom gosto, o Nélio Ferreira, que não só nos recebeu, como nos orientou por uma refeição deliciosa, uma viagem por petiscos muito bem preparados, um desfile dos sabores da Madeira na nossa mesa, que souberam tão bem.

O bolo de caco, aquele pão fofinho delicioso, torrado e barrado com manteiga e alho, esteve sempre presente, ao longo da refeição, que começou com umas pouco vulgares mas soberbas ovas de peixe-espada preto, muito bem temperadas, suculentas e crocantes, uma boa surpresa.

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Filetes de peixe-espada preto e bolo de caco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Logo seguidas dum polvo estufado com batata doce, molho espesso e envolvente, o polvo tenríssimo, excelente. Então o amigo Nélio já tinha aberto uma garrafa dum vinho branco de mesa madeirense, dum pequeno produtor, o “Vai de Cabeça”, da casta Verdelho. À temperatura certa, esteve muito bem, seguro, fresco, com óptima acidez e aquele toque mineral intenso que dá belíssimas ligações. Como foi o caso dos bifinhos de fígado de vitela, com cebola e muito louro, delicados e extremamente saborosos. Vieram depois uns deliciosos filetes de peixe-espada preto, fofinhos e apetitosos, cobertos por um molho de banana e maracujá, uma maravilha

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Vai de Cabeça branco – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Durante a refeição, chegou ao restaurante um atum pequeno, fresquíssimo, de que nos vieram mostrar à mesa algumas partes, já limpas e preparadas. E não resistimos à proposta do amigo Nélio, e apreciamos os bifinhos de atum com molho de vilão, na companhia dumas batatas doces tostadinhas, com mel de cana, algo muito especial, a carne do lombo de atum a desfazer-se em lascas generosa, o molho espesso e bem temperado, a batata doce com paladar exótico, mesmo muito bom.

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Bifinhos de atum com molho de vilão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas não terminamos sem provar uma das especialidades da casa, as perninhas de rã panadas, bem fritas, com seu molho branco, deliciosas. E já não conseguimos ir à sobremesa… mas conseguimos deliciar-nos com um vinho da Madeira da casa Barbeito, um verdelho 10 anos que esteve muito bem. Intenso no nariz, cheio de frescura e notas de frutos secos, casca de tangerina e caramelo. Na boca é uma explosão de mineralidade, fresco e com acidez vibrante, envolvente, notas tostadas, seco, delicioso.

Perninhas de rã panadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Com o café não resistimos a outro cálice deste néctar madeirense, servido fresco, como deve ser, um final perfeito desta refeição digna dum Chalet!!

Obrigado amigo Nélio.

Contactos
Restaurante Chalet Vicente
Estrada Monumental, 238
9000-100 Funchal
Madeira, Portugal
Portugal
Tel: (+351) 291 765 818
Tel: (+351) 967 793 903
E-mail: chaletvicente@sapo.pt
Website: chaletvicente.com

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Justino’s – Prova de Vinhos Madeira

Texto José Silva

O vinho da Madeira ainda precisa de muita divulgação, ainda é um produto desconhecido para a maior parte dos apreciadores de bebidas alcoólicas, sobretudo de licorosos. E é pena, pois é um vinho de características únicas no mundo, um vinho com grande tradição, um vinho capaz de evoluir durante décadas, tornando-se mesmo num produto de colecção, uma peça rara e apetecível, só ao alcance de alguns.

Mas o vinho da Madeira também tem vindo a evoluir, a modernizar-se e os principais produtores tentam fazê-lo chegar aos mais jovens, que começam lentamente a descobrir este vinho de excelência, numa certa democratização dum produto que tem ajudado a dar a conhecer esta pequena ilha atlântica por esse mundo fora, principalmente em esferas da alta gastronomia e dos provadores de topo. Mas que pode ainda fazer muito mais por este minúsculo território onde o turismo de qualidade é cada vez mais uma realidade de todos os dias, todos os meses, todos os anos.

Uma visita à empresa Justino´s e à sua adega deu-nos uma pequena ideia dessa realidade vínica que é a produção de vinho da Madeira de qualidade. Visita que é sempre um prazer, são momentos de aprendizagem daquilo que se faz nos vinhos da Madeira de grande qualidade, com uma filosofia muito própria. E a prova disso são os vinhos que foram provados em óptimas condições, numa viagem guiada por 13 vinhos da Madeira da Justino´s que iriam ficar na memória.

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3 Years Fine Medium Dry & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

Começando num dos vinhos mais modernos e jovens, o 3 Years Fine Medium Dry, que se apresentou com nariz seco, intenso, muitos frutos secos, ligeiramente tostado mas ao mesmo tempo elegante. Na boca mostrou alguma doçura aliada, por contraste, a uma bela acidez, equilibrado, um vinho ainda jovem mas por isso mesmo fácil de beber, apreciar e entender.

Um Madeira para todos os dias, para ter sempre uma garrafa no frigorífico.

Seguiu-se o 5 Years Reserve Fine Dry, um vinho já com um toque clássico, apresentando uma bonita cor âmbar dourada, cristalino, muito fresco no nariz, aquele toque seco muito agradável, com boas notas de frutos secos, sobretudo nozes. Envolvente na boca, com grande acidez a dominar o conjunto, novamente notas de nozes e amêndoas, um vinho jovem mas já a atingir a adolescência, seguro e com final longo.

3 Years Fine Rich & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

3 Years Fine Rich & 5 Years Reserve Fine Dry © Blend All About Wine, Lda.

Voltamos depois aos 3 anos de idade, agora com o 3 Years Fine Rich, um vinho muito jovem ainda mas já muito agradável, para um público talvez mais feminino, com muitas notas de frutos secos no nariz, ligeiramente frutado, com um ligeiro toque seco. Na boca apresenta-se mais doce mas com muita elegância, alguns frutos secos e notas de caramelo, e uma excelente acidez a ligar este conjunto jovem e muito atraente.

Repetiu-se também a idade de 5 anos com o 5 Years Reserve Fine Rich, este com um nariz exuberante, complexo, com ligeira tosta, algum caramelo, frutado, muito envolvente. Na boca é doce mas tem bastante frescura, apresentando-se com óptima acidez, já com um volume de boca intenso e com final longo, um vinho Madeira ainda jovem mas já com as características dum clássico, com um preço ainda acessível, numa solução de compromisso muito interessante não só para os mais jovens e os principiantes, mas também para ter sempre à mão, para o dia a dia.

Depois entramos nos vinhos mais sérios, sérios no sentido clássico do termo, vinhos já dum outro patamar, ainda assim num nível de qualidade/preço muito interessante, os vinhos de dez anos, das castas mais conhecidas e apreciadas, e que apresentaram todos aquele tom âmbar que só variou na intensidade, entre um aloirado do Sercial, até ao castanho mais carregado do Malvasia.

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10 anos Malvasia, Boal, Verdelho e Sercial © Blend All About Wine, Lda.

O Sercial 10 anos foi talvez o mais equilibrado, muito elegante e fresco no nariz, ligeiramente seco e com notas de nozes muito suaves. Na boca é sedoso, envolvente, muito acessível e com bela acidez, muito fresco e mineral, revelando-se sedoso, a deixar um grande final.

O Verdelho 10 anos é muito elegante no nariz, ainda com aquele toque seco associado a alguns frutos secos e ligeiramente tostado. Na boca revela grande estrutura e envolvência, muito elegante e com uma acidez fantástica, intensa mas segura, mesmo dominante no conjunto, ainda alguns frutos secos e final longo, a deixar o palato completamente envolvido.

Veio então o Boal 10 anos, um clássico, talvez a casta mais equilibrada. Enorme elegância no nariz, exótico, complexo, extremamente agradável nos aromas. Na boca tem doçura evidente mas muito bem ligada com uma acidez intensa, que por vezes se sobrepõe à doçura e torna este vinho fascinante, com bom volume de boca, ligeiramente seco, um grande vinho!

Para terminar esta série de vinhos de 10 anos provou-se o Malvasia 10 anos, que se apresentou com um nariz suave e elegante, com notas de nozes, amêndoas e avelãs e alguma frescura. Apesar de ser o mais doce dos quatro, tem uma bela acidez, sendo a doçura elegante, com alguma complexidade, um vinho redondo, bem construído, um vinho mais acessível mas de muito belo efeito.

Chegou então a altura de passarmos a outro patamar, com três vinhos já com mais idade, ainda assim muito frescos e vivos, capazes de ser apreciados em ocasiões diversas e mesmo de fazer boas harmonizações com alguma comida, entre entradas e algumas sobremesas.

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Colheita 1995 e Colheita 1996 © Blend All About Wine, Lda.

 © Blend All About Wine, Lda.

O Colheita 1995 apresenta uma cor âmbar escura muito elegante, cristalino, límpido, muito apelativo. Nariz poderoso, intenso, muito envolvente, com a complexidade dos frutos secos bem presente, mas também ligeiras notas cítricas muito agradáveis. Redondo e intenso na boca, tem uma bela acidez, persistente, bem ligada com notas adocicadas, a dar ao conjunto vivacidade e estrutura, proporcionando um belo final.

Num registo semelhante esteve o Colheita 1996, com uma cor âmbar média muito elegante e agradável. Nariz bastante floral, intenso, os frutos secos bem evidentes a dar-lhe muita elegância. Na boca é ainda a elegância que sobressai, com notas doces envolventes, a acidez equilibrada mas sempre presente, ligeiramente tostado, um vinho muito agradável onde a nota predominante é mesmo a elegância.

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Terrantez Old Reserve © Blend All About Wine, Lda.

Nos grandes vinhos Madeira não pode faltar a casta Terrantez, muita rara e constantemente em perigo de desaparecer, apesar dos esforços louváveis dos principais produtores em tentar mantê-la, pois é um património da ilha sem igual. Provou-se o Terrantez Old Reserve, que apresentou uma cor âmbar clara, cristalina, muito limpo. Uma casta que produz os vinhos mais secos, aqui esteve no seu melhor, muito suave no nariz, limpo e exótico, mesmo inebriante. Excelente na boca, notável, seco, muito seco, com notas de nozes e amêndoa amarga, compota, muito suave, mas com óptima acidez e um grande final!

A prova chegava ao fim e entramos num patamar superior, com aqueles vinhos da Madeira a que um apreciador deseja sempre chegar, vinhos raros mas ainda cheios de força, ainda com muito para dar durante muitos anos.

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Sercial 1940 © Blend All About Wine, Lda.

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Malvasia 1933 © Blend All About Wine, Lda.

Primeiro veio o Sercial 1940 que apresentou uma cor âmbar escura, intensa, com laivos esverdeados, cristalino, muito elegante. Um nariz fantástico, cheio de requinte, mas ao mesmo tempo exuberante e ainda muito fresco. Na boca é soberbo, seco, com ligeiras notas de vinagrinho e uma acidez acutilante, intensa mas muito agradável, notas de nozes e toque citrino muito suave, um final muito longo, fantástico!

Terminamos esta prova de vinhos da casa Justino’s com o Malvasia 1933, já uma peça de colecção. Duma cor âmbar acastanhada, escuro, muito elegante. Grande nariz, cheio de frutos secos, complexo mas ainda fresco, cítrico, incrível. Enche a boca numa explosão de sensações, tostado, aveludado mas com uma acidez indescritível, poderosa, a liderar o conjunto, mas deixando que toda a diversidade de sabores esteja sempre presente, incluindo um delicioso e ligeiríssimo vinagrinho. Estrutura, corpo, intensidade, numa palavra…excelente!

Contactos
Justinos´s, Madeira Wines, S.A.
Parque Industrial da Cancela
9125-042 Caniço, MADEIRA
Tel: (+351) 291 934 257
Fax: (+351) 291 934 049
Email: justinos@justinosmadeira.com
Website www.justinosmadeira.com

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Jantar da Rota das Estrelas

Texto José Silva

Foi o primeiro de vários jantares inseridos na “Rota das Estrelas”, que este ano começou na ilha da Madeira, tendo como anfitriões o complexo turístico Cliff Bay, o seu restaurante “Il Gallo d´Oro” e o chefe Benoît Sinthon, detentor duma estrela Michelin. Mas nesta edição foi decidido inovar, o que é sempre muito interessante, sobretudo vindo de quem vem, pois normalmente são coisas com muita qualidade.

E foi assim que foi anunciado o primeiro jantar desta rota para as caves Blandy, servido no seu Lodge. Dia 19 de Março rumamos ao Convento de S. Francisco, o Lodge da Madeira Wine Company, para participar num evento fantástico.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Na beleza das caves, aproveitando todos os recantos e salas, muito bem decoradas e iluminadas, espalhavam-se mesas e banquinhas, com camilhas e atoalhados, ocupadas pelos chefes residentes e convidados e as suas equipas, numa panóplia de cores e imagens de extrema elegância e beleza. O pessoal de sala fazia o acompanhamento, recolhendo pratos e copos e substituindo tudo de imediato. Em cada um dos locais as equipas, lideradas pelos chefes, preparavam ao vivo petiscos deliciosos, muitos deles mesmo servidos quentes, cujos aromas se espalhavam pelo ar, dando um ambiente de grande restaurante àquele local fantástico.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

E assim todos podiam passear à vontade, parando em cada banca para apreciar a comida que ia sendo servida, para trocar impressões com os chefes e tirar umas fotografias, num ambiente descontraído e informal, em que o mais importante era a comida. Mas também os vinhos, que neste evento serviram de suporte aos imensos petiscos e que tiveram a presença das “Portugal Wine Ladies”, um conjunto de mulheres ligadas à produção e comercialização de vinhos portugueses, que deram um toque feminino precioso para que as harmonias fossem bem conseguidas. O que foi completamente conseguido, um sucesso, e por isso também elas estão de parabéns. Os seus vinhos fizeram belas ligações com os petiscos de cada chefe e elas puderam explicar os vinhos e espalhar a sua simpatia por todo o lado.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Os chefes presentes, alguns deles bem conhecidos e mesmo detentores das afamadas estrelas do guia Michelin, estiveram no seu melhor, preparando e explicando a quem quis os pratos e as suas confecções. Alguns dos chefes cozinharam mesmo ao vivo, fazendo as delícias dos participantes. O anfitrião Benoît Sinthon, foi acompanhado por Ricardo Costa, do “Yeatman”, Vitor Matos, do “Largo do Paço”, Vincent Farges, da “Fortaleza do Guincho”, Miguel Lafan, do “L´And”, Paulo Morais, do “Umai”, Olivier Barbarin, do “Châteux d’Audrieu”, Sebastien Broda e Pascal Picasse, do “Le Park 45”, Henrique Sá Pessoa, do “Alma”, Joe Barza, chefe consultor no Líbano, Adam Simmonds, do “Danesfield House”, Fernando Agrasar de “As Garzas”, José António Campoviejo, do “El Corral del Indianu” e José António González do “El Nuevo Molino”.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Havia pratos de peixe e marisco confeccionados, ostras frescas com champanhe e caviar, havia sushi e sashimi, havia foie gras, havia carnes de borrego e de vitela, havia petiscos sofisticados de pequenas dimensões e pratos mais elaborados em quantidades maiores. E havia doçaria imensa, da mais tradicional à mais requintada. Havia uma mesa com muitas variedades de pão e havia uma enorme quantidade de queijos deliciosos. Junto aos chocolates estavam os vinhos Madeira, da Madeira Wine Company, que estiveram em muito boa companhia. E houve música tocada ao vivo, dando uma nota quase burlesca ao ambiente daquele espaço fantástico com mais de duzentos anos.

Naquela primeira noite da “Rota das Estrelas”, todos foram estrelas…

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Almoço nas Casas do Côro

Texto José Silva

A visitar vinhas, apreciar a paisagem arrebatadora do rio Douro e a provar vinhos pelo Douro Superior, era chegada a hora de repousar e de nos sentarmos à mesa. Foi o que fizemos na magnífica sala de jantar das Casas do Côro, depois duma interessante visita guiada ao complexo turístico. A sala está muito bem decorada, bom gosto por todo o lado, sóbria, muito acolhedora, até a luz é delicada, um local “cozy”. Mesa muito bem posta, com tudo o que é necessário para uma refeição tranquila e de qualidade.

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Casas do Côro Reserva © Blend All About Wine, Lda

E como as Casas do Côro também têm os seus próprios vinhos, foram eles que acompanharam toda a refeição. E fomos guiados pelos dois proprietários da casa: a Cármen foi descrevendo os pratos, o Paulo explicou-nos os vinhos. Tudo com um serviço de sala impecável, quer a servir a comida, quer a tratar e servir os vinhos. Vinhos que são elaborados por dois amigos da casa, Dirk Niepoort, que faz os vinhos Douro Rosado e Branco Reserva, e Rui Madeira que trata os vinhos Beira Interior Branco, Tinto e Tinto Reserva e vinhos Douro Tinto Grande Reserva. As Casas do Côro situam-se na linha de separação destas duas regiões.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

E foi com um branco da Beira Interior que começamos, o Casas do Coro Branco, já de 2013, um vinho feito com castas menos conhecidas, ainda assim bem interessantes, sobretudo na frescura que transmitem ao vinho. Dum amarelo citrino muito claro, cristalino, apresenta aromas de flores do monte, muito suave e elegante. Na boca é bastante sedoso, com uma acidez muito equilibrada, alguma fruta branca, pêra, ameixa, notas de citrinos intensas e alguma mineralidade a deixar um belo final.

Entretanto o pão veio para a mesa, da região, saboroso, e apreciou-se uma deliciosa bola de azeitona com azeite virgem e orégãos, muito bem elaborada, crocante mas fofa por dentro, muito boa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Do Douro veio um rosé da autoria de Dirk Niepoort, o Casas do Côro Rosado 2013, dum rosa pálido, com notas secas e elegantes no nariz, alguns frutos vermelhos, na boca apresentando uma boa acidez e muita elegância, volumoso, aveludado, envolvente e fresco.

Como entrada veio à mesa um rolo de bacalhau com puré tosco de verduras na cocote, muito quente, uma boa ligação entre o bacalhau e as verduras, um conjunto cremoso, e por cima um crocante delicioso a fazer o contraste, excelente. E não faltou a sopa, um creme de legumes da horta, olorosa e muito saborosa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se ainda um outro vinho branco, este do Douro, o Casas do Côro Branco Reserva 2012, onde Dirk Niepoort deu largas ao seu reconhecido bom gosto, com toque precioso de madeira, muito bem casada, aromas ligeiramente florais e fragrância suave de baunilha, belo volume de boca, muito envolvente, um casamento perfeito entre acidez e frescura, um vinho algo exótico com final longo e sedoso.

O prato principal foi um delicioso cabrito de leite assado no forno, que se apresentou desossado, em lascas pequenas, na companhia de batatas assadas no forno, tostadinhas, e um rolo de verduras muito saboroso.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se então o tinto Casas do Côro Beira Interior Reserva 2011, um ano que está a dar grandes vinhos tintos. Boa fruta no nariz, algumas notas de barrica e um delicioso toque mineral a dar-lhe grande elegância. Na boca tem persistência, lembra frutos silvestres, algum chocolate preto, ligeiramente especiado e com notas de fumo a par de alguma frescura, num vinho muito equilibrado.

Enquanto se apreciava este vinho tinto veio à mesa alguma doçaria de confecção própria e o queijo curado com umas tostinhas crocantes a dar o final à refeição.

Depois, já era hora de partir, Douro abaixo…

Contactos
Marialvamed – Turismo Histórico e Lazer, Lda
Largo do Côro
6430-081 Marialva – Portugal
Tel: (+351) 917 552 020
Fax: (+351) 279 850 021
E-mail: info@casasdocoro.pt ou reservas@casasdocoro.pt
Website: www.casasdocoro.pt